Alvorada do Nada

Äntiproduções

Alvorada do Nada

Malês 1835

Clica na imagem para baixar…

Malês 1835 : negra utopia / Fábio Nogueira. — São Paulo : Fundação Lauro Campos e Marielle Franco,
2019. — (Coleção rebeliões populares ; 1)

Foram chamados de cabanos, balaios, malês e outras denominações. Para as classes dominantes, não passavam de infames e malditos. Tiveram a coragem de se levantar contra seus exploradores e opressores, e por esse motivo os poderosos se esforçam em apagar a memória de seus feitos.

Na história do Brasil, ensinada na maioria das escolas, não recebem muita atenção. Porque eram indígenas, negros, mestiços, brancos pobres, mas, sobretudo, rebeldes dispostos a dar suas vidas para mudar o mundo em que viviam.

Para levantar o véu do esquecimento, a Fundação Lauro Campos e Marielle Franco lançou a coleção Rebeliões Populares, iniciada com a publicação de Malês 1835: Negra utopia. Em cada novo volume, trataremos de relatar e decifrar uma dessas insurgências. Da Revolta dos Malês à Cabanagem. Da Balaiada ao Quilombo dos Palmares, passando pela Guerra do Contestado, Canudos e muitas outras.

Para as lutadoras e lutadores de hoje, estes livros trazem os dramas e desafios enfrentados pelos nossos antepassados nos combates contra a injustiça e a opressão. São ensinamentos preciosos. Como se sabe, sem memória, não existe amanhã.

Boa leitura.

Fonte: Fundação Lauro Campos e Marielle Franco.

 

Textos Anarquistas

Em homenagem aos anarquistas mortos na revolução russa, um acervo de textos para que nunca mais esqueçamos a traição da foice e do martelo! 🏴


Alexander Berkman – A Rebelião de Kronstadt: https://www.dropbox.com/sh/q192ujq4kdgu5sz/AABZ2SQK71M0rg7-GWx8ROaTa/Alexander%20Berkman%20-%20%20A%20Rebeli%C3%A3o%20de%20Kronstadt.pdf


Alexander Berkman – A Tragédia Russa: https://www.dropbox.com/sh/q192ujq4kdgu5sz/AACCHoXDYfyCo_3I6lCA66GYa/Alexander%20Berkman%20-%20A%20Trag%C3%A9dia%20Russa..pdf


Emma Goldman – Dois Anos na Rússia: https://www.dropbox.com/sh/q192ujq4kdgu5sz/AAC0I6Bdlbr86Kzr1lOKOYWua/Emma%20Goldman%20-%20Dois%20Anos%20na%20R%C3%BAssia..pdf


Emma Goldman – Minha Outra Desilusão na Rússia: https://www.dropbox.com/sh/q192ujq4kdgu5sz/AAC2sYOYsZhidFUMiHLkYWWFa/Emma%20Goldman%20-%20Minha%20outra%20desilus%C3%A3o%20na%20R%C3%BAssia.pdf


Emma Goldman – Trotsky Protesta Demais:
https://ithanarquista.files.wordpress.com/2017/06/emma-goldman-trotsky-protesta-demais.pdf


Juan Manuel Ferrario – As Matanças de Anarquistas na Revolução Russa: https://www.dropbox.com/sh/q192ujq4kdgu5sz/AAAi-1InTt-9B8Ck6pS8fJnTa/Juan%20Manuel%20Ferrario%20-%20As%20Matan%C3%A7as%20de%20Anarquistas%20na%20Revolu%C3%A7%C3%A3o%20Russa..pdf


Grigori Maximoff – Lições da Revolução Russa: https://www.dropbox.com/sh/q192ujq4kdgu5sz/AABdU6MQlEMzJ2XsieB2c7FVa/Grigori%20Maximoff%20-%20Li%C3%A7%C3%B5es%20da%20Revolu%C3%A7%C3%A3o%20Russa.pdf


Rudolf Rocker – Os Sovietes Traídos pelos Bolcheviques: https://www.dropbox.com/sh/q192ujq4kdgu5sz/AADtcxXnUS1YmE2CAVv_CkORa/Rudolf%20Rocker%20-%20Os%20Sovietes%20tra%C3%ADdos%20pelos%20bolcheviques.pdf


Nestor Makhno – Crítica ao Leninismo: https://www.dropbox.com/sh/q192ujq4kdgu5sz/AABhJEhcuyPZ7kVmlGzhOrV6a/Nestor%20Makhno%20-%20Cr%C3%ADtica%20ao%20Leninismo..pdf


Nestor Makhno – Lenin e o Leninismo, os Guias do Proletariado Mundial?: https://www.nestormakhno.info/portuguese/lenin.htm


Nestor Makhno – A Ideia de Igualdade e os Bolcheviques: https://www.dropbox.com/sh/q192ujq4kdgu5sz/AADy65rl8KP95fYUHT_hoBZxa/Nestor%20Makhno%20-%20A%20Ideia%20de%20Igualdade%20e%20os%20Bolcheviques.pdf


Nestor Makhno – Em Memória da Insurreição de Kronstadt: https://www.dropbox.com/sh/q192ujq4kdgu5sz/AACPCJ–fIx5dw_Xavd2hpCxa/Nestor%20Makhno%20-%20Em%20Mem%C3%B3ria%20da%20Insurrei%C3%A7%C3%A3o%20de%20Kronstadt.pdf


Nestor Makhno – A ”Revolução” contra a Revolução: https://www.docdroid.net/B7GlgqK/a-revolucao-contra-a-revolucao-nestor-makhno-pdf


Piotr Arshinov – A Makhnovitchina e o Anarquismo:
https://www.dropbox.com/sh/q192ujq4kdgu5sz/AABZ0s21hdP9Xt7ArMeuoJWna/Piotr%20Arshinov%20-%20A%20Makhnovitchina%20e%20o%20Anarquismo.pdf


Stepan Petritchenko – A Verdade sobre Kronstadt: https://www.dropbox.com/sh/q192ujq4kdgu5sz/AADSfPbWJUOd0uTC63NP7if5a/Stepan%20Petritchenko%20-%20A%20Verdade%20sobre%20Kronstadt.pdf


Erick Benítez Martínez – A Traição da Foice e do Martelo (Espanhol)
https://anarkobiblioteka3.files.wordpress.com/2016/08/la_traicic3b3n_de_la_hoz_y_el_martillo_-_erick_benc3adtez_martc3adnez2.pdf

Esvástica

En febrero de 1940, en Arizona, algunos miembros de las tribus Hopi, Pápago, Apache y Navajo firmaron un compromiso por el cual renunciaban al uso y reproducción de la “espiral solar” dado que este símbolo era muy similar a la “cruz gamada” que estaban empleando los miembros del NSDAP en Alemania.
“Por lo tanto, decidimos que desde el día de hoy y para siempre nuestras tribus renuncian al uso de este emblema conocido como Esvástica en la elaboración de las mantas, cestos, vestidos y objetos artísticos”. (Compromiso de las tribus, 1940)
En los años siguientes, entre 1940 -1960 las tribus Paiute, Ojibwe, Chickasaw, Washo, Colville, Kree, Pequot, Nipmuc, lenape, Illiniwek, Modok, Abenaki, entre muchos otros, también dejaron de usar la “espiral solar” en sus representaciones culturales dado el estigma que tenía aquel símbolo para los europeos, americanos y canadienses.
El historiador Alison Bernstein señala que lo hicieron como medio de protesta por los abusos que los alemanes estaban cometiendo en Europa, pero el antropólogo John Fox dice que el gobierno de Washington les obligó a hacerlo bajo amenazas, a lo que los indios protestaron señalado que la “espiral solar ya existía mucho antes de que los nazis aparecieran en la historia”.
Referencia:
.- American Indians and World War II, Alison Bernstein (1999).

Retomada Kaingang e Xokleng

Indígenas Kaingang e Xoklen retomam território ancestral no Morro Santana 

Noite desta terça-feira, 18 de outubro, dezenas de indígenas dos povos Kaingang e Xokleng, junto a apoiadores, fizeram uma ação de retomada em uma área de espera da imobiliação.

Há décadas, como comunidades Kaingang do Morro Santana, gravadas por Kujà ( mais espiritual ) Gah Té, que denuncia como constantes ameças de destruição de seu território sagrado, na forma de novos condomínios, velhas pedreiras, incêndios e ampação de avenidas. Para os Kaingang, ou Morro Santana, é satrado por conta de seus antepassados que foram encontrados em todas as regiões, das casas subterrenas que constroem territórios e umbigos de seus arquivos e netos que também são inseridos no solo. Como araucárias, especialmente sagrada para uma cultura Kaingang, foram derrubadas e, em seu lugar, foram introduzidas espécies exóticas, como pinus e eucalipto.

A área retomada estava sem função social há mais de 40 anos. Nos anos 1970, a chácara integrava o complexo de pedreiras do Morro Santana. Com a desativação da pedreira e a falência da mineradora de José Asmuz, em 1981, o imóvel foi hipotecado ao Banco Maisonnave e hoje é propriedade da Maisonnave Companhia de Participações, que planeja construir um grande condomínio. O projeto de loteamento, já aprovado, prevê a construção de 11 torres de 714 apartamentos e 865 vagas de estacionamentos, o que traria grandes impactos ambientais, uma vez que, já tendo sido protegido pela legislação ambiental, o local concentra grande extensão de área verde preservada, além de cursos de água que passam por dentro do terreno. A área fazia parte de uma Área de Preservação Permanente (APP), porém teve ajuste de limites e passou a ser considerada “área de ocupação intensiva”, autorizando a construção no local.

O empreendimento foi aprovado mesmo com argumentação contrária de vários conselheiros, que em reuniões junto ao Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano Ambiental (CMDUA) afirmaram ser área de importância ecológica, histórica, com potencial arqueológico comprovado, área de preservação permanente, de expressiva cobertura vegetal, de recursos hídricos, de potencial cultural, etc. Mas essa aprovação fez parte de uma manobra para contornar a decisão do Conselho: tendo sido barrado pelos conselheiros da região competente, o projeto foi enviado para o CMDUA de outra região, onde foi aprovado.

De acordo com os pareceres 006/12 e 095/12 da CAUGE, elaborados por arqueólogo responsável, a área possui características que conferem um considerável potencial arqueológico, referente à ocupação tanto histórica como pré-colonial. Por isso, julga-se necessário a realização de um diagnóstico arqueológico a partir de prospecções no subsolo, além de medidas de proteção dos bens de interesse cultural, por ocasião da etapa de licenciamento ambiental. Um projeto assim deve ser submetido ao IPHAN para análise e obtenção de autorização de pesquisa, contemplando: “trabalho de campo, pesquisa histórica, iconográfica, etnahistórica, atividades laboratoriais com o material arqueológico eventualmente recuperado e ações educativas, prevendo a paralisação temporária da obra e o salvamento arqueológico em caso de identificação de remanescentes de interesse arqueológico.” Até o momento de publicação deste texto, essa medida não foi cumprida.

Entre os anos 1960 e 1970, o empreendimento minerário-extrativista resultou na destruição da paisagem, e a gigantesca ferida aberta no morro ficou conhecida como a “Pedreira do Asmuz”, hoje sendo vista a quilômetros de distância de várias partes da cidade. Em 2017, a mineradora Depósito Guaporense e seu proprietário José Asmuz (já falecido), junto ao município de Porto Alegre, foram condenados (SENTENÇA 70009570490 2004/CÍVEL) ao pagamento de indenização pelos danos materiais e ambientais em Ação Civil Pública ajuizada pelo Ministério Público, sendo obrigados a apresentar um projeto de recuperação integral da área.

Desde 2021, a área da Pedreira passou a ser alvo de ameaça de privatização, quando o vereador Jessé Sangali defendeu, em TV aberta, a implantação de empreendimentos turístiscos no local. A comunidade prontamente reagiu à ameaça organizando um “Abraço ao Morro”. Você pode ler mais sobre esse ato aqui.

A empresa que atualmente detém a propriedade da área, Maisonnave Companhia de Participações, integrava o “Grupo Maisonnave”, que foi liquidado extra-judicialmente após crimes contra o sistema financeiro nacional. A família teria acumulado dívidas com o BNDES e diversos órgãos do Estado na casa dos trilhões de Cruzeiros,e por isso está com dezenas de imóveis penhorados pela justiça. A falência do banco Maisonnave junto ao Comind e Banco Auxiliar, em 1985, causou um rombo de 6.836.000.000.000 (6 trilhões e 836 bilhões) de Cruzeiros, dinheiro que na época era suficiente para construir 390.851 casas populares, equivalendo a cerca de 5% de todo orçamento da União. Parece que, mais uma vez, o dinheiro dos pobres foi desviado para socorrer os ricos. Nesse contexto, foi decretada a liquidação extrajudicial do Grupo Maisonnave. Em 1997, o saldo da dívida dos bancos era equivalente a R$ 400,00 milhões. Porém, até a data de publicação deste texto, não encontramos registro que seu proprietário tenha quitado a dívida, não havendo também nenhum tipo de penalização.

Resgatando as matas, os campos e as águas

O Morro Santana é um território rico em biodiversidade, localizado entre os biomas pampa e mata atlântica, contando com uma grande variedade de plantas e animais. Além disso, é o ponto mais alto da capital gaúcha (311 metros) e dele partem importantes nascentes do Arroio Dilúvio.

Por milhares de anos, a região foi um território indígena, até a chegada dos primeiros colonizadores e a fundação da “Sesmaria de Sant’anna”. Segundo relatos historiográficos, como os presentes no livro “Do Morro Santana, a cidade de Porto Alegre” (Vera Lúcia Maciel Barroso e Maria Osmari, 2004), a região do Morro Santana foi a primeira a ser colonizada, no local onde hoje se encontram os limites da capital gaúcha com a cidade de Viamão. O sesmeiro Jerônimo de Ornellas teria se valido de conhecimentos geográficos dos povos indígenas para penetrar a região e estabelecer a primeira sesmaria em local adequado.

Um exemplo da forte influência dos conhecimentos indígenas sobre a geografia de Porto Alegre é a imensidão de topônimos indígenas que nomeiam os bairros, ruas, rios, riachos e arroios da região metropolitana, como Ipanema, Nonoai, Itapuã, Iguatemi, Ubirici, Jarí, dentre tantos outros. O próprio bairro onde se encontra a retomada, Ypu, significa, em tupi-guarani, olho ou fonte d’água (Ypú: Y + bur = água + surgir). Além disso, uma das nascentes do Arroio Dilúvio, cujo topônimo original é Jacareí (jacaré pequeno), também um nome indígena, passa por dentro do território retomado. O Arroio Dilúvio vem sendo destruído pela má gestão ambiental, que se acumula ao longo das décadas, e ameaça matar o Guaíba (outro nome indígena).

Mais do que nunca, Porto Alegre está sendo vendida para a especulação imobiliária, isto é, para os ricaços e fundos de “investimento”. Ameaçam a preservação das águas e matas com o Pontal do Estaleiro (que já depredou um sítio arqueológico na orla do Guaíba para construir uma loja de departamentos gigante). Ameaçam a existência dos Mbyá Guarani, na Ponta do Arado com um enorme condomínio de luxo. Ameaçam o Quilombo Lemos com as torres do Beira Rio, em conluio com o Asilo Padre Cacique. Ameaçam tantas e tantas vidas, tantos territórios que resistem ao projeto de morte dos ricos.

Dentro desse contexto, as famílias Kaingang que hoje vivem desaldeadas no entorno do Morro Santana, na altura do bairro Passo Dornelles (referência ao “Passo do Ornelas”) sofrem com uma reintegração de posse em outra área onde as construtoras querem avançar com seus condomínios. O MP prometeu tentar providenciar o reassentamento em área do território, mas, passado o prazo estipulado, as famílias estão sem resposta. Por isso, decidiram agir e retomar seu território originário.

Em 2010, famílias Kaingang já haviam tentado retomar parte de seu território em uma área que estava sendo desmatada para construção de um Parque Tecnológico da UFRGS. A ação foi reprimida pela polícia, mas uma decisão judicial garantiu a permissão do acesso às áreas do morro pelos indígenas para coleta de cipós, ervas e plantas medicinais e matéria-prima para seu artesanato (FIOCRUZ, 2010).

A retomada do território ancestral pelos povos originários Kaingang e Xokleng é a retomada da terra pelos seus verdadeiros donos. O Morro Santana está presente nos relatos dos mais velhos (kofás), que narram como seus antepassados prezavam esse morro, não só pela riqueza de água, alimentos, ervas medicinais, etc., mas também por ser o ponto mais alto da região, o que, de um ponto de vista estratégico, propiciava uma visão panorâmica, contribuindo para a defesa contra potenciais inimigos, dentre os quais os colonizadores. Muitos umbigos Kaingang estão enterrados na mata do Morro Santana. Em todo o território que esse povo viveu e circulou, os topos de morros são especialmente importantes, eram os locais mais sagrados do território, e estão presentes desde o mito de criação dos seres humanos e dos primeiros Kaingang.

Fonte: Teia dos Povos.

Dreadlocks

O termo “Dreadlocks” vem de um movimento de guerreiros que juraram não cortar seu cabelo até que Haile Selassie, o imperador da Etiópia nesses tempos, fosse libertado do exílio após conduzir a resistência contra a invasão italiana.
O cabelo desses guerreiros se enredou e começou a se fechar com o tempo.
Como os guerreiros com os cabelos emaranhados foram “Temidos” (Dreaded em inglês),o termo “Dreadlocks” se popularizou.
O conceito ou o “estilo” de dreadlocks não surgiram como uma moda, ou como um simples penteado. Para além disso, surgiu com um significado evidente, e muitas vezes, carrega até hoje um significado implícito. Um significado de luta constante.
“O conhecimento me tornou inadequado para escravidão”.
Frederick Douglas Abolicionista.
Só seremos livres, quando entendermos que a liberdade não vem das mãos dos opressores, mas ela é fruto da unidade dos oprimidos; neste sentindo precisamos ser capazes de dialogar, nos entender e compreender que não existe nada mais importante que “nossas vidas”, para sermos respeitados temos que “convergir” em torna da unidade.
A REVOLUÇÃO não começará pelo opressor; ele tem medo da revolução. Mas ela deve iniciar por nós pretos e pretas de forma inteligente e estratégica.
Neste propósito nós do MDA acreditamos que é possível um mundo melhor para nós e nossos filhos e filhas, este é nosso maior objetivo, não buscamos o protagonismo, pelo contrário estamos aqui falando de “povo preto”, pois o protagonista é povo preto.
MDA Movimento DNA Africano.

Maria Pinto

Enterro e despedida da companheira anarquista Maria Pinto.
Hoje 18 de setembro de 2022, aos 93 anos de idade, Maria se despediu da vida que ela viveu rodeada de luta e afinidades rebeldes.
Ela foi editora do jornal anarquista O Protesto, jornal que fez parte da agitação dos anos 60, e começou a sair as ruas da cidade de Porto Alegre em outubro de 1967 até 1970 quando foi ilegalizado pela ditadura. Sendo seus participantes perseguidos.
A repressão bateu duro na casa de Maria e Manoel (Seu companheiro,exiliado da Revolução Espanhola) sem encontrá-los, porém devastando a casa.
Maria foi sequestrada a revelia enquanto abria a caixa postal do jornal no prédio central dos correios, na Praça da Alfândega, centro de Porto Alegre. Pedro Seelig delegado do DOPS “Fleury dos pampas” é quem a interroga e maltrata.
Saindo do cativeiro evadiu-se para Buenos Aires onde participou da Cooperativa de Encadernação El Faro, mantida pelos anarquistas, iniciativa que recebia os e as companheiras prófugos das ditaduras militares do Uruguai e do Brasil.
Ao longo da sua vida sempre se aproximou dos anarquistas e fez grande amizade com vários e várias anarcopunks.
Até suas últimas conversas ela se manteve com aquela rebeldia característica dos ácratas.
Maria Pinto é a última dessa geração nesta região.
Nos despediremos dela segunda feira 19 de setembro, no cemitério São Miguel e Almas, das 7h às 14h.
Porto Alegre, setembro de 2022.

ALAN TURING

Hoje é Dia da Internet e Dia Contra a Homofobia, então é dia de comemorar ALAN TURING, o incrível matemático, pai da computação. Pioneiro em IA e no conceito de algoritmo, foi processado e condenado, castrado quimicamente e morreu aos 41 anos, envenenado. Tudo porque era gay.

FONTE: Retroescavadora no Suez (Postado ontem).

Yanomami

O ABSURDO SILÊNCIO EM MEIO A CHACINA DOS YANOMAMIS
Faltam palavras para expressar o quanto estamos indignados e derrubados com o tamanho da desgraça e violência que vêm sendo cometidas contra os povos indígenas nesse contínuo genocidio que não cessa desde 1500.
Além de todo apagamento cultural que os povos originários passam constantemente.
Isolados nas aldeias e periferias do país o grito dos povos indígenas segue abafado. Os últimos casos com os Yanomamis mais especificamente na região de Aracaçá (região de Roraima) deixa uma marca gigantesca de sangue e injustiça no território falsamente chamado de brasileiro.
O governo genocida e fascista do presidente Bolsonaro segue numa crescente e cumprindo seus objetivos de extermínio enquanto a esquerda só consegue enxergar eleições e disputas parlamentares. No que se refere às mídias de esquerda Antifascistas ou qualquer coisa que o valha, apenas noticiamos tragédias e mobilizações internacionais de 1 de Maio (de russos a ucranianos, ou os franceses) . Enquanto esse silêncio for da nossa parte, enquanto não nos mobilizarmos de fato e dar a mesma ênfase que damos às mortes de ucranianos aí sim estaremos de fato a um oceano de distância de qualquer revolução real.
É óbvio que nada poderemos fazer de lugares distantes, mas nem o mínimo passo que é focar nossos esforços em divulgar essas lutas e nos aproximar desses territórios e organizar mobilizações em apoio estamos dando.
Ou a gente entende que a luta indígena é essencial para a construção de uma esquerda revolucionária coerente, ou cairemos sempre em premissas européias de como devemos formar nossas bases e frentes. O silêncio sobre esse caso nos perturba e nos afoga em uma terrível desesperança sobre toda a situação que vivemos.

Doom

Declaración Pública

En relación a hechos de negligencia en la organización y/o producción de grandes “tokatas” o conciertos punk en Chile, siendo el evento más icónico la así denominada “tragedia Doom” que ocurrió el día 16 de Abril del 2015 en Santiago de Chile, los padres de las víctimas fatales de la tragedia #Doom, hacemos público nuestra mayor preocupación para que este tipo tragedias no se vuelvan a repetir en Chile.
Por lo anterior, hacemos extensiva nuestra preocupación a las bandas punk de otros países que estén interesadas en realizar eventos en Chile, que tengan especial cuidado en no incurrir en los mismos tipos de errores que desencadenaron la tragedia Doom.

La tragedia Doom ocurrió a la entrada del local ubicado en Avenida Alameda Nº776 de la comuna y ciudad de Santiago donde el productor Sr. Fernando Sánchez Valenzuela (vocalista de la banda Curasbun), organizó el recital de la banda británica de #crust #punk “Doom”. El productor, junto a sus amistades, (que él llevó al lugar para que le ayudaran), actuaron ferozmente frente a una gran cantidad de personas jóvenes que estaban envueltas en una estampida humana en el ingreso del local, procediendo los guardias en esa instancia, a golpear y ejercer violencias de todo tipo sobre dichas personas que bajaban en masa, actitud temeraria destinada a evitar el ingreso de estas personas, que generó una limitación violenta al descenso de las personas por las escaleras de ingreso, provocando bloqueo u obstáculo, que determinó la caída, lesión, aplastamiento y muerte de 5 de las personas que allí se encontraban.
Es así, que por causa de la omisión de las medidas de seguridad reglamentarias del reglamento de condiciones sanitarias, ambientales, y de seguridad básica en locales de uso público por parte de Fernando Sánchez Valenzuela y los actos de violencia ejercidos sobre las personas en el ingreso del mismo y como consecuencia de la imprudencia ya individualizada, las 5 víctimas Daniel Isaías Moraga Azema, Gastón Eduardo Angladette, Fabián Bastián González Dames, Ignacio Nicolás Medina Rosas y Robert Rivas Clavero sufrieron lesiones que les causaron la muerte, y otras 5 víctimas, sufrieron lesiones de carácter grave, mientras que resultaron varios heridos de carácter leve.
Tales hechos fueron presentados los días 12, 16, 17, 18, 19, 22, 23, 24 y 25 de octubre de 2018 en Sala del Cuarto Tribunal de Juicio Oral en lo Penal de Santiago de Chile, quién finalmente condenó con fecha 31 de octubre del 2018 a Fernando Sánchez Valenzuela por cinco cuasidelitos de homicidio y cinco cuasidelitos de lesiones graves, ilícitos previstos y sancionados en los artículos 490 y 492, con relación a los artículos 391 y 397, todos del Código Penal, en grado de desarrollo de consumado, en los que le atribuyó a Fernando Sánchez Valenzuela participación en calidad de autor de conformidad a lo dispuesto en el artículo 15 N°1 del mismo Código, Cumpliendo su pena en libertad con firma mensual.
Declaramos que aún a 7 años de la tragedia Doom, nuestras heridas no se han cerrado, nuestros corazones sangran por la trágica partida de nuestros hijos, y nos quema el alma tener presente los relatos vividos de los hechos de parte de numerosos testigos presenciales que vieron y sufrieron las golpizas, los electrochoques, los golpes de bates y la inacción o no socorro oportuno a los punks caídos de parte de los amigos y ayudantes del Sr. Fernando Sánchez Valenzuela. Todos estos ayudantes o “guardias” quedaron impunes ante la justicia chilena, mayoritariamente por temor de algunos jóvenes punk de aparecer públicamente en el juicio acusando a uno de ellos en particular, pero no quedaron impunes frente a la memoria colectiva y de quiénes sufrimos por la negligencia de sus acciones.
Por lo anterior, y sin ánimo de acusar o culpabilizar a un “guardia” en particular, y bajo el entendido que todo lo relatado aquí son hechos de público conocimiento que están en la carpeta investigativa de la “tragedia Doom” y en la lectura de sentencia, y frente a la eventualidad que algunos de los mismos intervinientes de la tragedia Doom continúan participando en otros grandes conciertos punk, es que solicitamos a las bandas Punk que vengan a Chile exijan las más altas medidas para evitar nuevas tragedias y que en lo posible entiendan la animosidad negativa de muchos jóvenes punk contra las empresas productoras, los intervinientes y participantes impunes de la Tragedia Doom #Chile 16A.

Tina Ramos

LUTO: MORRE TINA RAMOS, A DAMA DO PUNK ROCK NACIONAL

Morre Tina Ramos, a dama do punk nacional – Reprodução

Ariel, um dos pilares do punk nacional, vocalista de bandas lendárias como Restos de Nada e Invasores de Cérebros, anunciou o falecimento de sua esposa, Tina Ramos, nesta quinta-feira (27). Tina Punk, como era conhecida, ajudou a construir a história e foi uma das principais ativistas do movimento no Brasil desde os anos 80, sendo a principal representante feminina no gênero que culminou em uma grande revolução cultural e social no país ainda durante o período da ditadura militar.

A dama do punk tinha por volta de 60 anos e estava internada há 30 dias após sofrer um AVC (Acidente Vascular Cerebral). No aviso do Ariel sobre a morte de Tina ele ressaltou a luta vivida por sua esposa nos últimos dias. “A Grande Dama do Punk Rock de SP nos deixou hoje ao meio-dia. Um AVC devastador a levou. A Tina Ramos vai me fazer muita falta e acredito para todos que a conheceram de alguma forma. Foram mais de 30 dias lutando como uma guerreira de verdade. Que a terra lhe seja leve, minha mãezinha. Sem mais”, escreveu.

Em uma das suas entrevistas, Tina contou sobre a sua vivência no punk rock ainda nos primórdios do movimento no Brasil, formado por gangues em São Paulo que disputavam por espaços e estimulavam a desobediência.

https://m.facebook.com/photo.php?fbid=10229306118056708&set=a.10212534168128442&type=3

“Não tinha como ser mulherzinha: uma punk tem que ser forte, não pode ter frescura. Quando iam bater nos seus amigos você ia sair correndo e chorar? Não, você ia defender eles”, comenta durante a entrevista para a Revista TPM, realizada por Nina Lemos em 2013. Era uma época, segundo a própria matéria, na qual o movimento usava a violência para protestar contra a ordem das coisas e contra todos os que pertenciam à caretice do mundo e das instituições.

Tina, que já era punk antes de conhecer o Ariel, casou-se com o vocalista aos 20 anos de idade. Eles se conheceram em 1982. “A gente bateu o olho e ficou. Aí fomos em um show no Rio e passamos uma semana lá. Depois, fomos viver juntos”, comenta. É importante lembrar que o punk rock no Brasil era uma contracultura que trouxe uma filosofia entre os jovens da época de questionamento, além de uma reinvindicação por liberdade, o que para aquele período era bastante perigoso.

“Você não ficava de fora só porque era mulher. Passar noites na cadeia era corriqueiro. Eles eram bandidos? Não. Eram punks. E ser punk na época era perigoso. Ser mulher e punk era muito difícil. Você vivia em um país sob ditadura, não podia se agrupar em dois ou três que já tomava geral. E por andar com um visual diferente, de minissaia, corrente, cinta-liga, era tirada de puta o tempo inteiro”, relembra durante a entrevista que pode ser conferida na íntegra clicando AQUI.

A sua participação na história ficará marcada pela sua inestimável contribuição, parceria, apoio e incentivo à cultura. Nós também tivemos a oportunidade de conversar com a Tina em um podcast junto com o Ariel. Essa entrevista está disponível no Spotify e pode ser ouvida clicando no player abaixo.

Aos amigos, familiares e principalmente ao Ariel deixamos nossas condolências, respeito e carinho. Vale lembrar o que a Tina disse a respeito do atual momento no mundo, que cabe reflexão. “Hoje as pessoas estão muito apáticas. A gente lutou por liberdade para que todo mundo ficasse em frente ao computador?”, questiona.

Pindó Mirim

Incêndio criminoso na Terra Indígena Itapuã, aldeia Pindó Mirim

As lideranças Mbya Guarani da comunidade Pindó Mirim, Terra Indígena Itapuã, município de Viamão, Rio Grande do Sul,  denunciam que, na madrugada de sábado para domingo, 14 de novembro,  invasores atearam fogo na Casa de Reza e em dois carros dentro da comunidade. Segundo as lideranças, o fogo se alastrou muito rapidamente, pois havia muito vento.

O crime ocorreu entre uma e duas da manhã e, quando as famílias perceberam, a Casa de Reza e os veículos já haviam incendiado, não sendo possível conter as chamas.

A Terra Indígena Itapuã está com o procedimento de demarcação em curso desde o ano de 2009. O relatório  circunstanciado da área  foi concluído e encontra-se na Funai em Brasília, faltando a sua publicação  no Diário Oficial da União. Pelos estudos se concluiu que a terra é de ocupação originária e tradicional do Povo Guarani.

Atualmente a comunidade está localizada em uma pequena área, de pouco mais de 20 hectares, cedida  pelo Estado do Rio Grande do Sul para o usufruto indígena, porque, de acordo com as informações,  aquela parcela de terra é de propriedade do estado. Mas, apesar disso, os Mbya Guarani sofrem pressões  externas oriundas de posseiros, madeireiros e de um pretenso proprietário.

A comunidade já informou às autoridades estaduais acerca das ameaças que sofre, mas não foram tomadas medidas no sentido de coibir essa movimentação dos invasores dentro da terra indígena.

As famílias Mbya Guarani estão amedrontadas porque, nesta madrugada, as constantes ameaças verbais que vêm enfrentando se  concretizaram através do crime de incêndio à Casa de Reza e aos veículos da comunidade.

Há a necessidade de que medidas sejam adotadas pela Funai, no sentido de demarcar em definitivo a terra; pelo Estado, no sentido de averiguar a possível participação de  policiais militares nesse processo de invasão e ameaças, pois sempre acompanham um pretenso proprietário da área; e ao Ministério Público Federal para que atue exigindo ampla investigação acerca deste crime contra o patrimônio e as vidas indígenas, ameaçadas pelo propagar das chamas, que poderia ter tido implicações muito mais severas, caso as pessoas estivessem dentro da Casa de Reza.

As lideranças exigem que os responsáveis sejam devidamente punidos, e que, com isso, cessem as ameaças, as invasões e as violências.

Porto Alegre, 14 de novembro de 2021.
Cimi Sul, Equipe Porto Alegre.

MAS SERÁ O BENEDITO ?

Benedito Meia-Légua, que. assombrou os escravagistas anos antes da abolição

Seu nome original era Benedito Caravelas e viveu até 1885, um líder nato e bastante viajado, conhecia muito do nordeste. Suas andanças conferira-lhe a alcunha de “Meia-légua”. Andava sempre com uma pequena imagem de São Benedito consigo, que ganhou um significado mágico depois.

Ele reunia grupos de negros insurgentes e botava o terror nos fazendeiros escravagistas da região, invadindo as Senzalas, libertando outros negros, saqueando e dando verdadeiros prejuízos aos racistas.

Contam que ele era um estrategista ousado e criativo, criava grupos pequenos para evitar grandes capturas e atacavam fazendas diferentes simultaneamente. A genialidade do plano era que o líder de cada grupo se vestia exatamente como ele.

Sempre que um tinha o infortúnio de ser capturado, Benedito reaparecia em outras rebeliões. Os fazendeiros passaram a crer que ele era Imortal. E sempre que haviam notícias de escravos se rebelando vinha a pergunta “Mas será o Benedito?”

O mito ganhou força após uma captura dramática. Benedito chegou a São Mateus (ES) amarrado pelo pescoço, sendo puxado por um capitão do mato montado a cavalo. Foi dado como morto e levado ao cemitério dos escravos, na igreja de São Benedito.

Noutro dia, quando foram dar conta do corpo, ele havia sumido e apenas pegadas de sangue se esticavam no chão. Surgiu a lenda que ele era protegido pelo próprio São Benedito. Por mais de 40 anos ele e seu Quilombo, mais do que resistiram, golpearam o sistema escravocrata.

Meia-Légua só foi morto na sua velhice, manco e doente. Ele dormia em um tronco oco de árvore. Esconderijo que foi denunciado por um caçador. Seus perseguidores ficaram a espreita, esperando Benedito se recolher. Tamparam o tronco e atearam fogo.

Seu legado é um rastro de coragem, fé, ousadia e força para lutar pelo nosso povo, que ainda hoje é representado em encenações de Congada e Ticumbi pelo Brasil. Em meio as cinzas encontraram sua pequena imagem de São Benedito.

Todo dia 1 De Janeiro, o cortejo de Ticumbi vai buscar a pequena imagem do São Benedito do Córrego das Piabas e levar até a igreja em uma encenação dramática para celebrar a memória de Meia-Légua.

Fonte: Twitter Alê santos em junho de 2018.

Via Cláudia Versiani

Meu respeito e admiração , pois somente com atitude se muda a realidade .

Thaciano Almuharib

Ativista do M.N.U.
Pan Africanista.
Dir. Políticas Públicas/
Sinthoress CUT👊🏿.

Giorgos e Nikos

GRÉCIA ALERTA: DOIS ANARQUISTAS MEMBROS DO ROUVIKONAS

ESTÃO AMEAÇADOS DE PRISÃO PERPÉTUA!!!

Chamado para solidariedade antes do julgamento em 13 de outubro de 2021!

 (#FREEROUVIKONAS).

Alerta e petição de apoio antes do julgamento de 13 de outubro de 2021!

APOIO A GIORGOS KALAITZIDIS E NIKOS MATARAGKAS DO GRUPO ANARQUISTA ROUVIKONAS

Dois anos após a tremenda efusão de solidariedade sem fronteiras que permitiu a dois membros do Rouvikonas evitar a prisão, uma nova ameaça de magnitude sem precedentes paira sobre o grupo. Um julgamento kafkiano aguarda Giorgos e Nikos em 13 de outubro, com base em acusações falsas. Esta tentativa de criminalizar o movimento social poderá custar a estes dois ativistas políticos prisão perpétua. O grupo deles, por mais impecável e exemplar que seja, tornou-se obviamente muito desconfortável. Uma nova mobilização internacional é necessária.

Os fatos: em 7 de junho de 2016, um traficante de drogas foi executado em Atenas, no distrito de Exarchia. Esta execução é reivindicada por um coletivo de autodefesa chamado “Milícia Popular Armada” que declara que o traficante de drogas se comportou de forma violenta, ameaçadora e perigosa em Exarchia, tanto em relação aos membros do movimento social quanto aos habitantes do bairro.

Três anos se passaram. Nenhum membro do Rouvikonas é o objeto da investigação. Em julho de 2019, Kyriakos Mitsotakis [primeiro-ministro da Grécia] chegou ao poder na Grécia e promete, entre outras coisas, pôr um fim “por todos os meios” ao grupo anarquista Rouvikonas, reconhecido em todo o país por suas ações de solidariedade e resistência não relacionadas a este tipo de processo. Após alguns meses, em março de 2020, um juiz de instrução assumiu o caso e acusou dois ativistas do Rouvikonas: Nikos Mataragkas e Giorgos Kalaitzidis, respectivamente, de assassinato e incitação ao assassinato.

Mas em junho de 2020, após suas audiências de acusação, ambos foram liberados sem fiança e o processo foi logicamente arquivado.

Mudança dramática ocorre em abril de 2021: embora o processo esteja vazio contra os membros do Rouvikonas, o Estado e os mecanismos repressivos decidem subitamente processar Giorgos e Nikos com base em acusações falsas e seu julgamento está agendado para 13 de outubro de 2021.

Esta manipulação por parte dos poderes – que fazem de Giorgos e Nikos seus reféns e visa destruí-los política e fisicamente: eles arriscam a pegar prisão perpétua! O objetivo também é prejudicar a imagem do grupo Rouvikonas e criminalizar o movimento social na Grécia, como fizeram os coronéis no poder há cinquenta anos.

Diante deste julgamento kafkiano, apoiamos os ativistas políticos e solidários Giorgos Kalaitzidis e Nikos Mataragkas e exigimos a suspensão imediata do julgamento.

Pedimos o fortalecimento do comitê de apoio internacional: support@rouvikfrancophone.net (envie seu nome, sobrenome e profissão para juntar-se aos signatários).

Também convidamos você a apoiá-los financeiramente neste confronto, que não se limita a este julgamento contra o grupo Rouvikonas: o grupo está frequentemente sujeito a procedimentos legais por razões menos sérias, mas muito caras (no total, para todas as ações atualmente em julgamento e nos próximos meses, os custos legais do grupo totalizam várias dezenas de milhares de euros):

Pra apoiar esses companheiros clique AQUI.

Finalmente, chamamos aqueles que puderem, para uma manifestação de apoio no dia do julgamento: quarta-feira, 13 de outubro, às 09h00, no tribunal de Efeteio, c/Degleri 4, em Atenas. Fotos de ações de apoio fora da Grécia também são bem-vindas.

Que nenhum de nós caia diante do poder sozinho.

Comitê Internacional de Apoio a Giorgos Kalaitzidis e Nikos Mataragk

Sobre as ações de resistência e solidariedade de Rouvikonas na Grécia (vídeo de 10 minutos):

 Algumas respostas a perguntas comuns sobre o Rouvikonas:

– Rouvikonas é também um grupo de solidariedade que frequentemente realiza ações com gregos precários e migrantes, incluindo a distribuição de alimentos e outras formas de ajuda.

– Rouvikonas é também um grupo antifascista, sobretudo desde que o Rouvikonas criou a rede antifascista Distomo (que ajudou a expulsar o Aurora Dourada do centro de Atenas, muito antes das sanções legais).

– Rouvikonas é um grupo misto onde as garotas estão muito presentes e onde o sexismo, machismo e virilismo são rejeitados (o grupo também inclui uma seção feminista muito ativa e autônoma).

– Rouvikonas inclui membros de várias nacionalidades e origens.

– Rouvikonas é composto em sua maioria por trabalhadores precários.

– Rouvikonas rejeita a vanguarda e não quer ser rotulado como tal.

– Rouvikonas não está ativo apenas em Exarchia, mas em toda a Grécia.

– Rouvikonas realiza reuniões públicas regulares para discutir com as pessoas que querem ser informadas e possivelmente se juntar ao grupo.

– Rouvikonas frequentemente realiza ações em conjunto com outros grupos (Anars de Tessalônica, Curdos, migrantes, antifas, solidariedade…).

– Rouvikonas é filiado à Federação Anarquista da Grécia – AO (anarxiki omospodia).

– Rouvikonas também participa de reuniões, concertos ou mesmo torneios de futebol antifa que reúnem diferentes coletivos.

Fonte: Agência de notícias anarquistas-ana.

Tradução: Liberto

Fonte 2: Parrhesia Rádio Web.

Fonte original: Blogyy.net.

 

Gaúcho

Muita gente pensa que “Gaúcho” é quem nasceu no Rio Grande do Sul, porém esta informação não procede. Gaúcho é o caboclo do Pampa e da região platina, mestiço do indígena com o espanhol. Quem não tem ancestralidade nativa não é gaúcho, não importa onde tenha nascido. Outra evidência desse vínculo é o termo “china”, hoje deturpado como sinônimo de “prostituta”. Chinas eram as mulheres caboclas, que tinham a pele um pouco mais clara que as mulheres indígenas, mas tinham traços indígenas marcados, dentre eles os olhos puxados, por conta disso eram apelidadas de “chinesas” (“china(s)” em espanhol). Hoje, vemos pessoas que não tem ligação étnica e cultural alguma com os gaúchos se valendo de uma “tradição” criada na década de 1960 para se dizerem o que não são (e o que nunca serão).
Quando os descendentes de italianos e alemães chegaram à região Sul, o Gaúcho já existia e estes (que hoje se reivindicam gaúchos) imprimiam nele o estigma de “bandoleiro”, “ladrão de gado”, “selvagem”, “xucro”, “não confiável”. A apropriação que eles fazem deste termo é incoerente e até injusta.
Resgatar o sentido original de quem é o gaúcho não é só um ato de justiça histórica, é reaver um bem que foi usurpado de um povo que não está morto ou extinto, mas que re-existe no cholo e no caboclo do Sul (o verdadeiro gaúcho).

Fomicídio Social

A Fomicidio Social é um coletivo que começou a 1 ano atrás.

Um grupo de amigos se juntaram na casa de um deles pra distribuir uma sopa pra moradores de rua da região da Bela Vista que sofriam com os efeitos da pandemia.

1 ano depois, essa sopa se transformou em ações quinzenais de distribuição de alimentos e roupas para pessoas em situação de rua, e para ocupações que abrigam diversas famílias.

Hoje contamos com doações e parcerias, sendo a principal delas, com o restaurante Al Janiah (@aljaniah_oficial), uma casa de Cultura e símbolo da luta palestina.

No nosso aniversário de 1 ano, decidimos gravar um curta pra mostrar as carinhas desse projeto, e falar e mostrar um pouco das ações E de como tudo começou.

Confere aí!

Edição/Vídeo/Audio: Dani Montero
Musica: DZK (Dezikilibriu Social)

Fonte: Fomicídio Social.

Mujeres y niñas palestinas

El matrimonio infantil en Palestina: ¿dónde quedan los Objetivos de Desarrollo Sostenible?

Las mujeres refugiadas en Palestina sufren una triple opresión: la vulneración de sus derechos humanos por parte de las fuerzas de ocupación del Estado de Israel, la dureza por la situación de refugio cronificado y la sociedad patriarcal.

 

“En todas las guerras del mundo la gente sufre, pero las mujeres por lo general sufren doblemente, porque asumen la responsabilidad por los niños, por alimentar a sus familias… Las mujeres generalmente son las más pobres de los pobres. Si cuando eres pobre no tienes nada, las mujeres tienen menos que nada”.

Estas son las palabras de Salam Hamdan, una activista feminista de Palestina, que, como muchas otras, se encuentra oprimida por un sistema legal anticuado, que permite la violación sistemática de los derechos humanos. Las mujeres refugiadas en Palestina sufren una triple opresión: la vulneración de sus derechos humanos por parte de las fuerzas de ocupación del Estado de Israel, la dureza por la situación de refugio cronificado y la sociedad patriarcal. Respecto a esta última, cabe puntualizar que las mujeres que viven en esta región, aparte de la ocupación israelí, también sufren violencia por parte de sus propias comunidades: la violencia doméstica, el acoso sexual o los crímenes de honor, entre otros, forman parte de la vida de muchas mujeres palestinas. En este sentido, uno de los fenómenos existentes más graves en que se ve reflejada, de manera muy visible, esta triple represión es en el matrimonio infantil.

El matrimonio infantil en Palestina 

UNICEF lo define como “el matrimonio formal o la unión informal entre un niño menor de 18 años y un adulto u otro niño”. Se trata de una realidad que todos conocemos y que, según la Comisión Española de Ayuda al Refugiado, se da principalmente por razones socioeconómicas, es decir, en mujeres que provienen de familias con bajos ingresos, con menor participación en el mercado laboral o con niveles de educación más bajos. También el patriarcado juega un papel destacado en esta situación pues, además, respalda el matrimonio forzado entre familiares de primer grado. En Palestina, la media de edad de las mujeres que se casan está en los 20 años. Sin embargo, existen muchos casos de niñas que contraen matrimonio cuando aún son menores, sobre todo en Gaza, lo que desembocó en la decisión el año pasado, por parte del primer ministro palestino, Mohammad Shtayyeh, de elevar la edad mínima para casarse a los 18 años.

El día ¿más feliz? de tu vida 

En nuestra sociedad, el matrimonio infantil parece haber quedado relegado al pasado, como una práctica de antaño de la que se habla más bien poco. Quizás no nos damos cuenta de lo vigente que sigue siendo esta práctica en muchos países del mundo, ni somos conscientes de la gravedad del asunto. ¿Seríamos capaces de imaginarnos a nosotros mismos casándonos antes incluso de poder conducir y con hijos a los 20 años? Nosotras, europeas, dueñas de una vida digna, ¿concebimos la posibilidad de cambiar nuestros años de universidad por las tareas del hogar y el cuidado de uno o varios descendientes y compartiendo nuestro día a día junto a una persona impuesta?  El día más feliz de tu vida para algunas mujeres en Palestina es solo el comienzo de una vida infeliz. Hasta que la muerte os separe, para otras, puede significar el final de una vida que, a veces, es más corta de lo que debería. Cuesta mucho imaginarlo y tampoco logramos visualizar el transcurso de nuestra vida en lugares donde no cesan los conflictos y las guerras cuyas injustas consecuencias pagan los que no deben y acaban repercutiendo de manera más dura en los sectores más vulnerables de la sociedad. La Comisión Española de Ayuda al Refugiado estableció en su informe del 2014 que “las palestinas perciben la guerra como un genocidio, por eso quieren seguir pariendo hijos, a pesar de las dificultades”, y mediante declaraciones como “parir, como resistencia” tratan de mostrar una realidad que, aunque no percibamos, existe.

Consecuencias para las mujeres y las niñas

Entre las graves consecuencias del matrimonio infantil que expone la Comisión Española de Ayuda al Refugiado cabe destacar el impacto directo en la salud de las niñas, debido a los riesgos de sufrir complicaciones durante el embarazo o en el parto. Asimismo, el hecho de contraer matrimonio a una edad tan temprana contribuye a una baja tasa de participación en el mercado laboral, al abandono escolar, o al aumento de dependencia respecto a los hombres, entre otras cosas. Según cifras de la Oficina Estadística Palestina, en los últimos años ha aumentado el número de mujeres que se han visto obligadas a ejercer la prostitución o que han contraído enfermedades de transmisión sexual al haber sido empujadas a esta profesión para contribuir o salvar la economía familiar. Así, deben hacer frente a una desprotección física y de salud, fruto de la inefectividad de la legislación vigente. Con todo, las desigualdades entre mujeres y hombres en Palestina son abrumadoras y esto viola claramente el Objetivo de Desarrollo Sostenible (ODS) número 5, que establece que es necesario “poner fin a todas las formas de discriminación contra todas las mujeres y las niñas en todo el mundo”.

El ODS 5 y el matrimonio infantil 

Una de las principales características de la Agenda 2030 y los ODS de Naciones Unidas es la incorporación de los derechos de las mujeres y, por lo tanto, del ODS 5 que es el que recoge la igualdad de género. Una de las metas que pretende alcanzar este ODS es la de “eliminar todas las prácticas nocivas, como el matrimonio infantil, precoz y forzado y la mutilación genital femenina”. Sin embargo, y a pesar de la existencia de leyes que prohíben el matrimonio infantil al ser este una práctica que viola los derechos humanos y cuyas graves consecuencias humanitarias causan impactos muy negativos en la vida, la salud y el futuro de las niñas, sigue practicándose en diversos países del mundo.

Si bien es cierto que se han producido tímidos avances en la materia, incluso por parte de Mohamed Shtayeh con la modificación de la ley jordana de 1976 –que ahora prohíbe a las adolescentes casarse antes de cumplir 18 años–, las mujeres palestinas siguen siendo oprimidas y la violencia de género en la región sigue sin ser abordada. La protección de los derechos de las mujeres en Palestina continúa siendo insuficiente y todavía necesitan el consentimiento de un tutor masculino para casarse o poder trabajar fuera de casa. Así pues, todo apunta a que el ODS  5 en los Territorio Ocupados está lejos de cumplirse si no se realizan reformas profundas en el marco legal.

Ellas nunca dirían “sí, quiero” 

La Agenda 2030 se compromete a no dejar a nadie atrás y entendemos que eso implica no ignorar la realidad que sufren algunas niñas y mujeres en Palestina y que hemos querido denunciar en este artículo. Como se afirma en la descripción del ODS 5, “la igualdad entre los géneros no es solo un derecho humano fundamental, sino la base necesaria para conseguir un mundo pacífico, próspero y sostenible”. Así pues, el cumplimiento de este objetivo es imprescindible para poder avanzar hacia un futuro más justo y que, a la vez, implicaría el cumplimiento de otros objetivos de la Agenda que, de hecho, están estrechamente relacionados.

Lo que está claro es que el objetivo de igualdad de género no es el único que no se está cumpliendo en Palestina y que la situación plantea enormes retos y desafíos para los que serán necesarios cambios muy profundos y a muchos niveles. Solo así se podrán erradicar prácticas tan nocivas sobre las mujeres; mujeres a las que hemos querido dar voz.

No callarem. Exigirem tots els drets ja conquerits i lluitarem pels que ens neguen. Igualtat en el treball i la família. Paritat en les religions que ens anorreen. Com la nostra. Igualtat en l’educació i en el poder de decisió de les escoles, de les empreses, ajuntaments, universitats, institucions. Fora per sempre la imatge cruel de tants homes comandant el món, sense la dona. No callarem les dones. No callarem”. – Rosa Fabregat


Autoras:

Ivana Ivorra Andújar es graduada en Traducción e Interpretación por la Universidad Jaume I de Castellón y ha cursado un máster en Estudios de la Unión Europea (Instituto Europeo de Bilbao). Acaba de finalizar un máster en Relaciones Internacionales, Seguridad y Desarrollo en la Universidad Autónoma de Barcelona, y es becaria en GlobalCAD, una empresa consultora especializada en desarrollo humano sostenible.

Helena Fortea Colomé es graduada en Traducción e Interpretación por la Universidad Pompeu Fabra y acaba de finalizar un máster en Relaciones Internacionales, Seguridad y Desarrollo en la Universidad Autónoma de Barcelona. Además, ha sido becaria en la Dirección General de Cooperación al Desarrollo de la Generalitat de Cataluña.


Esta es una explicación sin ánimo de lucro.

FONTE: United Explanations.

Ex-Pantera Negra será libertado…

Ex-Pantera Negra será libertado após mais de 49 anos na prisão

Jalil Muntaqim foi um dos vários radicais negros da libertação encarcerados por décadas na esteira da turbulência política e racial dos anos 1960 e 70.

Um ex-Pantera Negra que está na prisão há quase meio século finalmente venceu sua batalha de décadas pela liberdade depois que um conselho de liberdade condicional de Nova York ordenou sua libertação.

Jalil Muntaqim, também conhecido como Anthony Bottom, está sob custódia ininterrupta há mais de 49 anos, tendo sido preso e posteriormente condenado pelos assassinatos de dois policiais em 1971 no Harlem. De acordo com os termos de sua liberdade condicional, ele deve ser libertado da penitenciária de segurança máxima de Sullivan no interior do estado de Nova York até 20 de outubro.

Em uma audiência no início deste mês – pelo menos sua 10ª participação em um painel desde que se tornou elegível para liberdade condicional em 1998 – Muntaqim expressou seu remorso pelas mortes de Joseph Piagentini e Waverly Jones. Os policiais responderam ao que acreditaram ser uma chamada de disputa doméstica, mas foram emboscados e fuzilados.

Os dois comissários de liberdade condicional no painel aceitaram sua expressão de remorso como genuína.

Muntaqim, 68, foi tema de um perfil do Guardian em 2018 como parte de uma série que analisava radicais negros da libertação encarcerados por décadas na esteira da turbulência política e racial no final dos anos 1960 e 1970. Na época do incidente no Harlem, ele era um membro clandestino da ala subterrânea dos Panteras, o Exército de Libertação Negra.

No decorrer de uma entrevista filmada de três horas com o Guardian em Sullivan, Muntaqim descreveu como tinha apenas 18 anos quando se inscreveu para os Panteras, passando rapidamente a se juntar ao BLA armado e clandestino. Ele disse que em seus muitos anos atrás das grades, ele amadureceu da posição revolucionária que adotou em 1971, embora permanecesse comprometido com a causa da igualdade racial e da justiça.

“Eu agora tiro o ‘r’ da palavra e a torno ‘evolucionária’”, disse ele. “Revolução para mim é o processo evolutivo de construção de um nível superior de consciência na sociedade em geral. Sou um revolucionário evolucionário. ”

A libertação de Muntaqim foi violentamente contestada pelo sindicato da polícia de Nova York, o PBA, e pela viúva de um dos policiais assassinados, Diane Piagentini. Em um comunicado, ela disse: “Estamos com o coração partido ao ver outro assassino de Joe libertado pela política. Mas, mais do que qualquer outra coisa, estamos com raiva.”

Muntaqim fez parte de um número cada vez menor de radicais negros da libertação que foram encarcerados durante o apogeu dos Panteras Negras e que estão presos desde então. Edward Poindexter, condenado pelo assassinato de um policial em Omaha, Nebraska, completou 50 anos em uma cela de prisão em agosto.

Outros foram libertados em liberdade condicional nos últimos meses. Os sete membros sobreviventes do Move 9, liberalização negra e radicais ambientais da Filadélfia que foram presos após um cerco policial à sua casa comunal em 1978, foram todos libertados em liberdade condicional nos últimos dois anos.

Um dos sete, Delbert Africa, morreu em junho, apenas cinco meses depois de ser libertado .

Muntaqim teve dois co-réus em julgamento pelas mortes de policiais no Harlem, quando cada um deles recebeu sentenças de 25 anos de prisão perpétua. Albert “Nuh” Washington morreu na prisão em 2000 e Herman Bell foi libertado em liberdade condicional em abril de 2018.

Por Jornal GGN.

Amazônia em Kaos

Amazônia em Kaos: relatos punks abaixo da Linha do Equador

Este livro é resultado de um esforço coletivo. Os autores também são os organizadores do livro e participantes/organizadores do Encontro Nacional Punk Amazônia em Kaos, realizado na cidade de Belém – PA, no ano de 2019.

É um trabalho autogestionado com o intuito de fortalecer a cultura punk e de estabelecer novas estratégias de luta e vivências nos diversos estados brasileiros. Agrega pensamentos diversos, individuais e coletivos, coerentes com a cultura punk que preza pela liberdade e a mobilização em bando.

Amazônia em Kaos: relatos punks abaixo da Linha do Equador

Jaddson Luiz S. Silva, Joker Índio, Johnny Hardcore Nihil, Marina Knup, Mauricio Remígio, Valo Velho.
Monstro dos Mares
Setembro de 2020
ISBN: 978-65-86008-06-7
138 páginas

Encontro Punk Amazônia em Kaos

Durante o período de 19 a 22 de dezembro de 2019, foi sediado em Belém do Pará um encontro de punks, no intuito de fortalecer a cultural punk, bem como, de estabelecer novas estratégias de luta e compartilhamento de vivências punks em vários estados brasileiros. A título de explicação, destaca-se que este encontro ocorre todo o ano e, vale ressaltar, corresponde a uma mobilização de punks hardcores (HCs) geralmente ligados filosoficamente ao niilismo.
No evento ocorrido em 2018, intitulado Dezembro Negro, ficou decidido que o encontro do ano seguinte, ou seja, o do ano de 2019, ocorreria em Belém do Pará e que os organizadores teriam total autonomia para pensar o tema geral do evento. Desta forma, toda a mobilização empreendida pelos punks locais resolveu problematizar não só a realidade local da cultura punk, como também, entender o processo histórico, político e cultural que estabeleceu a atual realidade da cultura punk.

A mobilização para pensar e realizar o evento partiu do coletivo composto por punks anarquistas e niilistas intitulado Tapuru Punk. Nesse sentido, o grupo em questão integrado por Joker Índio, Ivan Barros e Jaddson, sem perder a autonomia, projetou os temas do evento no diálogo com os punks HCs através de um grupo no WhatsApp que agregava punks de várias regiões do Brasil.

Também deve ser destacada a forte participação de anarcopunks tanto antes, quanto durante a realização do evento. Houve dois lançamentos de livros de anarcopunks, além da participação dos anarcopunks de Belém do Pará nos debates, na organização da infraestrutura do evento, no transporte dos materiais e nas Gigs. Como somente a banda Tapuru Punk estava completa, muitos punks HCs e anarcopunks se organizaram de forma improvisada e tocaram músicas autorais e clássicos de bandas anarcopunks e hardcores.

Contudo, o principal objetivo foi o de construir um evento que agregasse pensamentos plurais sem perder de vista a coerência dentro da cultura punk, e que fosse construído através do diálogo, e não de forma impositiva.

Em resumo, em nossos quase quatro dias de mobilização punk, trouxemos relatos individuais de vivências punks, abordamos temáticas urgentes para nossa cultura e pensamos as diferentes realidades do punk em outras regiões do país. E tudo isso sem perder de vista as conjunturas estruturais da sociedade brasileira e os efeitos nocivos do avanço fascista.

A síntese dos debates empreendidos no decorrer do evento será apresentada no decorrer deste texto, porém, ganhará espaço fundamental nos relatos individuais que irão compor os capítulos deste livro.

Sumário

  • Encontro Punk Amazônia em Kaos
  • Agradecimentos
  • Galeria de fotos Punk Amazônia em Kaos
  • Uma Guerrilha Cultural Punk: Disparos anarcohistóricos e insubmissos do punk em Belém do Pará (Jaddson Luiz S. Silva / Joker Índio)
  • Viver para lutar: que nossas histórias sejam contadas por nós mesmxs! (Marina Knup)
  • Relato do Encontro Punk Amazônia em Kaos 2019 (Johnny hardcore nihil)
  • Ninguém educa ninguém, aprendemos juntos (Mauricio Remígio)
  • My way – a periferia de moicano (Valo Velho [Billy WolfGangZ])
  • Roteiro Punk Cabano (Joker Índio)
——————————————————————————————————————–
Baixe grátis o livro clicando “Amazônia em Kaos“.

Lucio Urtubia

Murió Lucio Urtubia, el último anarquista

El legendario anarquista español Lucio Urtubia nació en Cascante, España, el 18 de febrero de 1931 y falleció en París, Francia, el 18 de julio de 2020. Foto de una entrevista en el programa "Salvados".El legendario anarquista español Lucio Urtubia nació en Cascante, España, el 18 de febrero de 1931 y falleció en París, Francia, el 18 de julio de 2020. Foto de una entrevista en el programa “Salvados”. / Archivo Particular

 

El director de teatro español, Albert Boadella, dice que Lucio Urtubia siempre fue “un Quijote que no luchó contra molinos de viento, sino contra gigantes de verdad”. Esos gigantes eran los bancos, que en realidad, estaban representados en uno solo: el sistema. Hasta el último día de su vida el nacido en Cascante (1931) se mostró en contra del sistema capitalista.

Lucio Urtubia Jiménez tenía un plan para desestabilizar el imperio que había construido Estados Unidos. En 1962, ya con Fidel Castro en el poder y con Ernesto el “Che” Guevara viajando por todo Europa en su rol de jefe del Banco Nacional de Cuba, Urtubia le expuso en París al guerrillero argentino su plan maestro: falsificar toneladas de dólares y distribuirlos por todo el mundo.

Urtubia consideraba que, con la danza de dólares fabricada a escondidas de la banca estadounidense, la moneda del imperio se empezaría a devaluar y con ella el imperio mismo. La idea era que Urtubia haría las planchas para falsificar los dólares y Cuba haría la producción y distribución. No había pierde, pensaba Lucio.

Lucio Urtubia en la reunión con el Che Guevara. Aquella vez el guerrillero argentino desestimó la idea que tenía Urtubia para llevar a la quiebra al sistema capitalista liderado por Estados Unidos. Lucio Urtubia en la reunión con el Che Guevara. Aquella vez el guerrillero argentino desestimó la idea que tenía Urtubia para llevar a la quiebra al sistema capitalista liderado por Estados Unidos. / Archivo Particular

“Nosotros éramos unos chapuceros y hacíamos lo que podíamos, pero Cuba tenía la posibilidad de hacer lo que hacía los Estados Unidos y fabricar las toneladas que hubiera querido. El Che no me cayó bien. Como era argentino, se creía mejor, qué iba a creer en mí, un pobre diablo. Ahí se equivoca el Che”, dijo Lucio Urtubia en una entrevista con el periodista español Jordi Évole.

La negativa del régimen cubano hizo que Urtubia Jiménez, uno de los líderes anarquistas que en los 60 se camuflaban en París, cambiara de plan. “Además, nuestros abogados nos dijeron que, si nos pillaban, nos daban 20 años de cárcel. Por eso decidimos fabricar otra cosa”. Otra cosa. Así nada más.

Urtubia, que entonces tenía 31 años, puso contra las cuerdas al First National City Bank (hoy conocido como el City Bank) con un plan similar al que le había propuesto a Guevara. “Compré en Bruselas 30.000 francos en travellers cheques con documentación falsa. Después compré el papel para las falsificaciones. Costó imitarlos. ¡Es muy difícil llegar a la perfección! Yo daba el visto bueno, pero no fabricaba los cheques porque no sé nada de imprentero”, le dijo Urtubia a El País en noviembre de 2007.

Con toneladas de cheques falsos distribuidos por Madrid, Barcelona, París, Bruselas, entre otras ciudades de Europa, más de 40 personas entraban a la misma hora a la entidad bancaria y hacían el cambio de los cheques.

“Lograron conseguir siete millones de pesetas de hace 30 años. Esa misma cantidad la obtenían con la misma facilidad y precisión durante varias semanas. Se habla que lograron hurtar 20 millones de dólares”, dice José Mari Espinoza Zabalegui, editor editorial de Txalapata. La operación ilícita llevó casi que a la quiebra al City Bank.

¿Pero, para qué quería Lucio Urtubia Jiménez y su banda tanto dinero? “Para la causa anarquista. No me quedé con un solo peso. El que necesitaba, tomaba algo de dinero, el resto era para esa causa”. Querían abolir el franquismo y destrozar lo que quedaba del fascismo en Europa.

Además, los Montoneros, Tupamaros, miembros del ERP y revolucionarios latinoamericanos de toda índole, recibieron plata producto de este y otros golpes que lideró el español que nació en Cascante, Navarra, en febrero de 1931. “He sido un muerto de hambre y el ser muerto de hambre es lo que me ha dado mi riqueza. No tuve que hacer ningún esfuerzo para perder el respeto porque esta sociedad no se merece ciertos respetos”.

Esa causa, ha explicado Urtubia, era cuestionar al sistema en general y al sistema bancario en particular. Por eso le llaman el último anarquista.

“Robar a un banco no es robar. Robar es esta gente que está robando a todos los pobres. Eso sí es robar. Quitarles a los que sudan para tener unos euros, eso sí que lo es”, dice Pili Urtubia, hermana de Lucio.

“Yo no robaba, expropiaba. El que roba a un ladrón tiene 100 años de perdón. Es un honor robar a un banco. Si la gente pudiera lo haría, no lo hacen porque no pueden o porque no saben”, agrega en la entrevista con Évole, Lucio Urtubia. (La charla está en la serie “Salvados”, una serie de entrevistas que se puede ver en Netflix).

Después de varios meses de investigaciones, la gendarmería francesa captura a Urtubia, cuyo oficio en ese entonces era ser albañil. Apresarlo no sirvió de nada. La operación de los cheques falsos seguía en marcha pese a que el jefe de aquella estructura estuviera tras las rejas. El City Bank seguía con saldo en rojo y cada vez más cerca de quedar tirado en la lona.

Esa situación le dio a Urtubia un amplio margen de negociación. Consideraba, con certeza, que pese a lo que había hecho, no había motivos para que estuviese preso y le propone un negocio al banco.

“En aquella reunión fui a saludar a la gerente del banco, le tiendo la mano, y el gilipollas, con desprecio, me dice: ‘no saludo a los criminales’.

Me cago en Dios, yo criminal no soy. Ustedes son los criminales. Ustedes no saben más que hacer guerras y muertos. Ustedes son los dueños del mundo con los dólares, pero eso no les va a servir de nada. Si pagan se soluciona, sino pagan la cosa sigue”, le advirtió Lucio a aquel hombre.

“En esa negociación dieron lo que yo les pedí. Bastante dinero. A cambio les di algunas placas de falsificación y ese es el cabreo de ellos. Es la victoria de David contra Goliat. Y eso es lo que hay que hacer”, insiste.

“El final de la historia demuestra cómo Lucio tiene razón en todo lo que dice: los bancos están por encima de la justicia. Lucio tenía que haber acabado en la cárcel durante muchos años por ser un gran falsificador y sin embargo queda libre porque el banco quiere. Ellos son el Estado”, reflexiona José Mari Espinoza Zabalegui en la entrevista que está en “Salvados” de Netflix.

El del banco no fue, desde luego, el único roo que cometió Lucio, ese era la “prefectura anarquista”. El primer robo del anarquista español, lo cometió antes de los 18 años, cuando prestaba el servicio militar. Sustrajo, del almacén de una academia militar, toda clases de artículos que después vendía en el mercado negro.

“Cuando fui al servicio militar, yo, que nunca había tenido camisa, y del día a la mañana me encuentro con miles de camisas, miles de pantalones, miles de todo lo que habí y les empiezo a robar. Qué placer robar a la patria aquella. Esta tierra no me había dado más que hambre, injusticia y crímenes. Eso es lo que yo viví de niño. ¿Cómo iba a querer a aquella patria? Aquella patria de imbéciles que no habían hecho más que injusticias”.

Por suerte, para su suerte, el día que descubrieron el robo, estaba de descanso. Por esa razón huye a París y conociéndose con los anarquistas más racalsitrantes de la época, entre ellos, Francesc Sabaté Llopart, más conocido como Quico Sabaté, a quien reconoce como su maestro.

“Ojalá que estos sistemas fueran la solución, pero sabemos que está gente no se va a ningún sitio. La anarquía tampoco es la solución, nadie tiene la solución, por eso hay que luchar”.

Sinopsis de ”Lucio”, el documental

“Anarquistas ha habido y sigue habiendo bastantes en el mundo. Los que han tenido que cometer atracos o introducirse en el contrabando para la causa son numerosos. Los que han discutido estrategias con El Ché o han ayudado a Eldridge Cleaver -el líder de los Panteras Negras- son los menos. Los que unido a todo lo anterior, hayan conseguido poner contra las cuerdas al banco más poderoso del planeta mediante la falsificación masiva de traveller checks, y sin faltar un solo día a su trabajo de albañil de construcción, sólo hay uno. Lucio Urtubia, hijo de Cascante (Navarra). Lucio, hoy en día, vive en Paris, retirado. Ha sido testigo -muchas veces parte activa- de varios acontecimientos históricos que se han dado la segunda mitad del siglo XX”.

Tirado do site colombiano El Espectador.

♥ Cültura Gøtica ♥

Viver para lutar

Um ano se passou desde que o primeiro episódio de Viver Para Lutar foi projetado pela primeira vez. E antes que estivesse na internet a proposta foi sair das lógicas virtuais e que com ele criassemos espaços coletivos de discussão e reflexão que fossem presenciais. Que por meio do filme pudessemos olharmos olhos nos olhos e debater, conversar, trocar experiências: um motivo mais para conspirar. Que com as histórias de luta e ruptura tão importantes dessas companheiras anarcopunks, anarquistas e punks que compartilharam no filme suas vidas, pudessemos também agregar nossas próprias experiências e pensar juntxs sobre como seguir adiante no combate ao patriarcado e todas as dinâmicas machistas que vivemos dia após dia dentro e fora das cenas e movimentos.

 

E com essa ideia se arma toda uma longa viagem de apresentações e debates com o documentário por grande parte dessa Abya Yala, batizada de América pela colonização genocida. De abril de 2019 até aqui foram muitos quilometros percorridos pelos territórios dominados pelos estados de Brasil, Uruguay, Argentina, Paraguay, Bolivia, Peru, Ecuador, Colombia, Costa Rica e… enfim México. Uma viagem feita do princípio ao fim da forma mais punk possível. Assim como durante todo o processo de realização das filmagens, uma viagem feita somente com apoio dessa rede punk/anarquista/feminista que se extende para além de fronteiras e nos tem permitido trocar sementes de subversão e fazê-las germinar. Rede que gerou apoio em cada localidade para a organização das atividades, lugar para ficar, e mais que isso, possibilidades de muita troca em todos os sentidos. Conheci compas incríveis, com projetos incríveis, pude passar por partes desse extenso território onde explodia a revolta nas ruas, presenciar o nascimento de novos festivais de cine anarquista, e com tantas compas pudemos costurar um pouco mais nossas redes e criarmos juntxs. Foi um percurso que no sentido pessoal me inspirou muito e me encheu de forças para seguir adiante.

 

E o objetivo se cumpriu: por quilometros de estrada foram longas conversas e debates em cada cidade, muita reflexão, surgimento de projetos e iniciativas locais, momentos bem fortes de lágrimas e o compartilhar de experiências pessoais e coletivas inspiradas por essa história que segue sendo construída até hoje em cada parte do globo.

 

Em todo esse contexto já é hora de que o filme também esteja disponível virtualmente, sem que com isso o olho no olho se perda. Que as histórias dessas companheiras possam inspirar e que também sigamos contando nossa história por nós mesmxs! Que com todo esse novo contexto sigamos sempre auto-críticxs e com os olhos voltados para as novas realidades e dinâmicas do poder, que sigamos criando formas livres de viver, nos relacionar e nos organizar; desafiando a ordem, rompendo o cotidiano e nos atrevendo a seguir subvertendo!

 

Ciudad de Mexico, março de 2020

Chacina da Baixada

???? Na véspera em que se completa 15 anos da Chacina da Baixada Fluminense, a Quiprocó Filmes disponibiliza em seu canal do youtube o acesso ao documentário Nossos Mortos Têm Voz. ???? O filme poderá ser acessado livremente entre às 18h do dia 30/03 e ao longo do dia 31 de março.

 

Não esqueceremos! ????????

 

Na noite do dia 31 de março de 2005, policiais insatisfeitos com a troca de comando do 15º BPM de Duque de Caxias, percorreram as ruas das cidades de Queimados e Nova Iguaçu atirando à esmo, resultando no assassinato de 29 pessoas. O episódio ficou conhecido mundialmente como Chacina da Baixada e anualmente o movimento de mães e familiares vítimas da violência do Estado na Baixada Fluminense realiza uma caminhada em memória das vítimas, o que não acontecerá em 2020 devido a pandemia do covid-19.

 

A liberação de acesso ao filme é a forma que encontramos de homenagear as vítimas da chacina e reforçar a importância da luta das mães e familiares vítimas da violência do Estado na Baixada Fluminense.

 

Aos nossos mortos nenhum minuto de silêncio, mas toda uma vida de luta.

 

SINOPSE: A narrativa do documentário é construída a partir do depoimento e do protagonismo das mães e familiares vítimas da violência de Estado da Baixada Fluminense. Tendo como ponto de partida esses casos, mas não se limitando à violência praticada, o documentário aborda as histórias atravessadas por essas perdas. Pretende-se resgatar a memória dessas vidas interrompidas trazendo uma visão crítica sobre a atuação do Estado através das polícias na Baixada Fluminense, sobretudo no que diz respeito à violência contra jovens negros.

Anarquismo e espiritualidade?

Anarquismo e espiritualidade: uma conta pendente

Considerando os pontos com os quais o anarquismo trabalha diária e historicamente, creio que exista um que seja pouco lembrado, ou ignorado. É bem sabido que as idéias-base do anarquismo sejam especialmente as do âmbito social, cultural, político, econômico e ecológico. Há outras áreas não tão trabalhadas, mas que têm uma importância relativa na perspectiva anarquista, como arquitetura, gastronomia, etc. No entanto, há um campo que o movimento antiautoritário/libertário não conseguiu trabalhar suficientemente, apesar de um histórico importante, o campo relacionado à espiritualidade.

Quando falamos de espiritualidade e sua conexão com o anarquismo, falamos de um conjunto de crenças e/ou práticas diversas e também de religião. O anarquismo conciliou sua ideologia com as principais religiões, como é o caso do anarquismo cristão defendido por Tolstói e o comunismo cristão que afirma que o anarquismo não entra em contradição com a Igreja Católica, e mesmo o distributismo na doutrina social católica é semelhante ao Mutualismo. Entre os anarquistas católicos notáveis estão Dorothy Day e Peter Maurin, que fundou o Movimento Católico dos Trabalhadores.

O anarquismo, da mesma forma, tem suas conexões, segundo alguns autores, com o Budismo. Eles apontam que as escrituras budistas, como o Kamala Sutra, têm uma ênfase inerentemente libertária, dando prioridade ao questionamento de toda autoridade e dogma, tendo a escolha pessoal devidamente informada como arbítrio final.

O revolucionário indiano e auto-proclamado ateu Har Dayal, bastante influenciado por Marx e Bakunin, e que tentou expulsar o domínio britânico do subcontinente, foi um exemplo surpreendente de alguém que no início do século XX tentou sintetizar ideias anarquistas e budistas. Depois de se mudar para os Estados Unidos, em 1912, ele veio a fundar em Oakland o Bakunin Institute of California (Instituto Bakunin da Califórnia), que descreveu como “o primeiro mosteiro do anarquismo”.

O mais surpreendente é uma religião conhecida como Dysnomianismo que busca fundir o anarquismo com a religião e as práticas ocultas. Seu texto principal, The Chronicles of Anarchy (As Crônicas do Anarquismo) (publicado no The Pirate Bay), apresenta uma visão geral das conexões entre o anarquismo e várias filosofias espirituais tradicionais de todo o mundo, especialmente aquelas com uma inclinação mágica e oculta. Esse livro tenta combinar todos os aspectos mais anarquistas da espiritualidade mundial em uma espiritualidade anarquista prática e coerente que vê a Dysnomia, a deusa grega da anarquia, como sua deidade central. Usando drogas psicodélicas e táticas anarquistas de ação direta, aqueles que seguem esse caminho são conhecidos como Dysnômios e utilizam os princípios da neuroplasticidade para libertar seus cérebros/mentes de todo condicionamento hierárquico e legalista para chegar a um estado conhecido como Anarkhos.

Poderíamos continuar com as conexões entre o anarquismo e o judaísmo, o gnosticismo, o islã, o neopaganismo que tem como principal difusora a escritora e ativista Starhawk… O taoismo… Muitos dos primeiros taoistas, como os influentes Laozi e Zhuangzi, criticaram a autoridade e aconselharam aos governantes que quanto menos controladores eles fossem, mais estáveis e eficazes seriam seus governos. Existe um debate entre os anarquistas contemporâneos sobre se isso conta ou não como uma visão anarquista. No entanto, se sabe que alguns taoistas menos Influentes, como Pao Ching-yen, defendiam explicitamente a anarquia. Os anarquistas dos séculos XX e XXI como Liu Shifu e Ursula K. le Guin , também se identificavam como taoistas.

Fé Feérica ou a Crença nas Fadas também conta com suas conexões contemporâneas com o anarquismo como demonstrado pela figura do escritor autodenominado “elficólogo” Pierre Dubois, para ele os gnomos, fadas, duendes, farfadets, representam uma influência direta do Maio de 68 e simbolizam as forças indomáveis e acráticas da natureza frente a uma ordem binária e materialista. Para Dubois, anarquista “dans l’ame” como diriam os franceses, os contos de fadas e duendes encarnam um valor subversivo e moral frente às injustiças sociais e são uma espécie de catarses tanto para as crianças quanto para os adultos em busca do sentido da vida, e como o início de uma viagem. Recentemente, o anarquista Christopher Scott Thompson publicou seu livro “Anarquismo Pagão”, unindo práticas pagãs e mágicas com o anarquismo. Em menção especial o caso dos Whiteboys, chamados assim por usarem batas brancas, influenciados pelo reino das Fadas Mab, em sua luta contra a reintegração de posse de suas terras por parte dos latifundiários no século XVIII.

Os grupos eco-anarquistas de ação direta como o Earth First! e a Frente de Libertação da Terra, incorporam em seus comunicados e textos uma forte influência feérica, de duendes, neopagã e/ou situacionista que manifestam o simbolismo dos elfos (como também são chamados pelos ativistas) como eco-guerreiros em defesa da terra, dos animais e dos humanos.

espiritismo também contou com um forte seguimento por parte dos círculos anarquistas localizados no estado da Catalunha no século XIX. Será em Barcelona, onde o primeiro Congresso Espírita Europeu acontecerá, em 1888. Nesse momento, a cidade contará com quase cem centros espíritas.

Essa corrente teve muitos adeptos e adeptas, sobretudo entre as mulheres anarquistas, como algumas anarco-espíritas argentinas e uruguaias, tais como Juana Rouco e Virgina Bolten ou a renomada espanhola Belén de Sárraga que durante os anos 20 do século XX utilizava as mensagens do além para dar um sentido mais combativo a suas atividades no plano material.

Conexões muito menos conhecidas são as do anarquismo com as Testemunhas de Jeová. O pastor Charles Taze Russell, um pregador estadunidense considerado o fundador dos Estudantes da Bíblia – o movimento que em 1931 aderiu ao nome de Testemunhas de Jeová -, escreveu essas palavras em 1916, pouco antes de sua morte. Para muitos, parecia o cumprimento dos Atos 20:29-38.

“Nós os encorajamos, queridos irmãos, a serem heroicos nesta prova para não perder a liberdade que ganharam de Cristo, que faria levar o homem à escravidão. Chegará um momento em que a oportunidade de espalhar a Verdade será mais ou menos dificultada e as pessoas que se opõem a nós tentarão nos acusar de anarquia. Esperamos que em um dia não muito distante nos digam:

“Vocês são anarquistas, contra o governo e contra as igrejas. Eles usarão os poderes do governo contra nós e aprovarão leis para desanimar os subversivos e seremos reprimidos com eles para assim nos dividir.”

Segundo as Testemunhas de Jeová, todas as organizações religiosas que não sejam as suas ensinam falsas doutrinas. Por essa razão, se creem em acordo com o que diz o Apocalipse 16:19: Babilônia a Grande se identifica como o império mundial da falsa religião ao não apoiar nem participar nos movimentos pela união das religiões.

Todas as organizações políticas e governos, que se colocam como uma solução para os problemas da humanidade, incluindo as Nações Unidas (às quais, no entanto, aderiram como ONG há alguns anos) serão eliminadas por Jeová. Por essa razão, e também pelo respeito a outras prescrições bíblicas neste sentido, se abstêm do uso de armas e de se alistar em corporações militares, praticando a Objeção de Consciência ao uso das armas. Se abstêm de expressar seu voto político, porque somente a lei de Deus é capaz ou digna de governar o mundo. Respeitam as decisões tomadas pelas autoridades governamentais, uma vez que creem derivar de sua autoridade.

Anarquismo e o Hinduísmo têm alguns aspectos muito distantes (vide o sistema hierárquico de castas), mas rechaçam o sistema das igrejas dogmáticas: O sistema de castas é também rechaçado por muitas seitas hinduístas. Além disso, Deus é considerado como o Todo, o Absoluto (panteísmo), e cada ser humano deve ser considerado como um possível deus. Se o mesmo se tornar dono de si mesmo e não dos demais ou se submeter a outro ser humano, já que a divindade vive no interior de cada individuo.

O próprio Gandhi foi influenciado fortemente pelos pensamentos anarquistas de Tolstói e Thoreau:

“Os elementos anarquistas no pensamento de Gandhi não são poucos, nem secundários: e não é surpreendente, considerando que entre seus inspiradores estejam um Thoreau e um Tolstói. Alcançar a independência, o Swaraj, não significa que Gandhi crê em um estado igual aos do ocidente. Uma vez que os ingleses tenham sido expulsos, o poder não deverá mais pertencer a um pequeno círculo de políticos, mas sim às pessoas dispersas nas inúmeras aldeias. O debate pode ser dividido, compartido e generalizado, um instrumento de igualdade e não de opressão. Sobre a crítica à propriedade, Gandhi pode ser considerado um socialista, não teve dificuldades em definir-se como tal (em uma ocasião também se considerou um comunista). Um socialista com “fortes tendências para a anarquia.” Disse em Nirmal Kumar Bose, e é uma definição que pode ser considerada como boa, até porque as definições são válidas, logicamente”.

Wicca é uma religião (filosofia descentralizada), na qual cada participante é livre para trocar rituais, orações, etc. Os princípios dessa filosofia estão bem definidos pelos seguidores da “Red” Wiccan: “Faça o que desejas sempre que isso não prejudicar outrem.” A partir do site oficial você pode ler:

“A wicca é uma religião das bruxas, uma religião que se centra no respeito à natureza, na qual se reconhece o deus e a deusa. Muitas das técnicas wiccanas são de origem xamânica, por aí, pode defini-la voluntariamente como uma religião xamânica, ainda que hoje em dia se abandonou as duras provas de dor ou de uso de alucinógenos, adotando a meditação, a concentração, visualização, música, invocação de dança e drama-ritual. Com essas técnicas espirituais, a bruxa alcança um estado de concentração e elevação espiritual”.

O grupo (grupo de wiccanos) é independente e não possui uma autoridade central que decida acima dos seguidores. Ainda que a maioria dos wiccanos não sejam anarquistas, as diversas ramificações da wicca, junto aos milhares de wiccanos solitários (que não pertencem a alguma ramificação), são uma manifestação da estrutura intimamente anárquica inerente à religião wicca.

Os wiccanos encontraram sua religião baseada nos princípios de tolerância e respeito à natureza, afirmando seu desejo de viver em harmonia com o meio ambiente. É, portanto, uma filosofia sem dogmatismo, que recomenda o respeito aos demais. Por outro lado, os wiccanos acreditam na existência da magia, definida como “energia cósmica” e presente em cada um de nós e em cada objeto.

Stregheria nasceu no século XIV, sobre a base dos ensinamentos de Aradia e da Toscana. De acordo com os princípios da Bruxaria, o cristianismo permitiu que as classes mais ricas fizessem pobres os escravos, que, escapando de seus opressores, se tornariam ladrões e assassinos. Eles começaram a construir casas nos campos das colinas de Alban, ao redor do lado de Nemi, onde se encontram as ruínas do Antigo Templo de Diana Nemorensi (Itália Central).

Stregheria concentra-se na figura da deusa Diana e seu filho, irmão e consorte de Lúcifer. Diana, vendo os pobres continuamente oprimidos pelos ricos e o clero católico, enviou sua Filha Divina Arádia (Herodias) à Terra, para libertar as pessoas de sua escravidão e fazer florescer a Velha Religião, ensinando métodos para maldizer os opressores ricos.

Inicialmente, a Stregheria honrava ao deus romano Lúcifer, à deusa romana Diana e sua filha Aradia. Lentamente, a Stregheria foi adotando um ponto de vista cada vez mais cristianizado de Lúcifer e Diana: Lúcifer foi descrito como um rebelde valente que se opunha ao deus tirano dos cristãos, enquanto Diana se converteu em uma figura próxima, Lilith.

Stregheria carece de autoridade centralizada, no sentido teórico do termo, ainda que as deidades sejam honradas como sábias mestras da vida.

Poderíamos seguir a lista interminável do anarquismo e sua conexão com o vudu, o discordianismo, o universalismo unitário

Falta-nos uma estrutura sólida e mais trabalho para examinar os profundos nexos entre o anarquismo, a espiritualidade e a religião.

Pode até ser dito que as idéias anarquistas influenciam a maioria das principais crenças e religiões levando em conta a própria criação do anarquismo e seus cultos.

Anarkaoss

Fonte: ANA e Portaloaca.

Tradução: Daitoshi

Anarquismo e Islã?

Entrevista a Abdennur Prado, autor de “Anarquismo e Islã”

Diagonal > O livro relaciona termos como “entrega”, “servo”, “submissão”, com “ajuda mútua”, “resistência”, “coletivismo”, “oposição às estruturas de poder”, etc. Como você captura a relação entre o Islã, o anarquismo, e o misticismo?

Abdennur Prado < A relação entre o Islã, o místico e o anarquismo vem a mim naturalmente, é algo que eu compartilho com muitos muçulmanos. Ao afirmar que o Islã é uma relação direta entre Deus e cada uma das criaturas, estamos propondo uma forma mística, que ignora qualquer mediação instituída. Para acessar o “poder matriz” que move o universo não precisamos de igrejas, conselhos ou sacerdotes… Não aceitamos que nenhum poder humano que seja, nenhum conhecimento humano, nenhuma lei humana… Podemos aceitá-las por necessidade, mas sabendo que estas são meras convenções. Eu me entrego a Deus e nessa entrega me liberto, na medida em que a faço na minha própria capacidade e compreensão. Esse é o radicalismo ao qual o Islã nos convida: assumir a liberdade do homem do deserto. E conviver com o resto das criaturas desde essa entrega, a partir da consciência, da liberdade. Não falo de grandes teorias, mas uma expressão diária.

Diagonal > De acordo com a crítica de Bakunin à religião, diz que é uma crítica de sua ordem hierárquica, de inspiração eminentemente cristã. Você não vê essa relação entre religião e Estado nos países de maioria religiosa muçulmana?

Abdennur < Claro que há! O conluio de religiosos com o poder mundial é um arquétipo universal, do qual não escapa qualquer tradição. Nem mesmo o Islã que, em teoria, surgiu para lidar com essa trama… Conselhos Ulemás, os clérigos a serviço com o poder, e suas conseqüências: a violência religiosa, sexismo, o patriarcado, a homofobia, a discriminação das minorias… Tudo isso acontece hoje em nome do Islã. O Islã foi gradualmente transformado em uma religião ao serviço do poder. Portanto, considero como urgente voltar ao básico, realizando a experiência da revelação, aqui e agora, e recuperar a natureza anarquista e libertária do Islã. E, principalmente, do discurso de igualdade social e da luta contra a opressão, que está na sua origem. Por isso, creio que é muito saudável para o Islã contemporâneo a crítica atéia à religião. Apesar de nada servir o materialismo grosseiro que reduz o ser humano a um consumidor-produtor, e que hoje é o melhor aliado da globalização corporativa.

Diagonal > O capítulo “A revelação como revolução” considera que a revelação é uma revolução individual e coletiva. Esta tensão entre o individual e o coletivo que há no anarquismo, também está presente no islamismo?

Abdennur < Antes do ovo e da galinha, há Deus. Ou seja, a “realidade” é uma, mas a nossa percepção linear e fragmentada não consegue captar todos os processos. Estamos separados por nosso ego limitado, por nosso egoísmo, e não somos capazes de nos reconhecermos no outro. Por isso, precisamos da revelação: entrar em comunicação com a “realidade” diretamente. Nesse sentido, a revelação é a única força capaz de romper com o nosso solipsismo das criaturas, e tornar-nos disponíveis uns para outros. A tensão entre o indivíduo e a coletividade se resolve na comunidade, como espaço em que cada um ocupa o seu lugar naturalmente. Isso é a prova de que temos realmente deixado o nosso egoísmo, sem renunciar àquilo que somos. Por isso é tão importante opor a idéia de comunidade à idéia do Estado, ou de macro estruturas de poder, em que somos engolidos pela massa.

Diagonal > Para além do interesse e desejo de discutir que desperta sua leitura, o que você pensa que o Islã como anarquismo místico pode trazer ao debate sobre as lutas antiautoritárias?

Abdennur < Seria pretensioso para eu destacar algo… Em qualquer caso, a partir de uma perspectiva libertária, há sempre um prazer em dinamitar tópicos, em explodir em pedaços barreiras mentais herdadas, e trazer novas possibilidades. De minha parte, tenho cada vez mais claro que o que distingue os seres humanos não é se consideram crentes ou descrentes, nem os rótulos que nos “identificam”. Tenho claro que diferentes anarquistas são mais dignos representantes dos valores do Islã que muitos supostos muçulmanos. E eu vi uma verdadeira consciência libertária em comunidades muçulmanas sem sequer saberem que eram anarquistas…

Diagonal > Qual é o estado de saúde do movimento feminista islâmico? Que tarefas desempenha como co-diretor do Congresso Internacional de Feminismo Islâmico?

Abdennur < O feminismo islâmico é uma realidade emergente. Agora ele funciona de várias formas: re-leitura do Alcorão, com uma perspectiva de gênero, sensibilização e divulgação para as bases, a reforma dos códigos de família patriarcal, o reforço das redes transnacionais, a colaboração entre crentes e descrentes feministas, e assim por diante. Esta é uma tarefa gigantesca, impossível de resumir aqui. Como co-diretor do Congresso, me limito a atuar como um facilitador. Não tentamos apresentar o feminismo islâmico como um movimento monolítico, nem confirmar o nosso ponto de vista anterior, mediante a seleção de oradores, mas para reunir diferentes perspectivas e contextos.

Diagonal > O que diz o Alcorão sobre a homossexualidade?

Abdennur < Apesar do que se pretende, insisto que o Alcorão não diz nada sobre a homossexualidade… É verdade que, tradicionalmente, têm-se interpretado as passagens sobre o povo de Lot como uma condenação da homossexualidade, mas isso não resiste à mais mínima análise. Primeiro, porque o Alcorão não menciona o amor entre dois homens, mas a promiscuidade desenfreada e ao estupro. Há alguns que confundem um com o outro, mas isso só mostra até que ponto os preconceitos herdados se projetam sobre a leitura do Alcorão. Por outro lado, existem alguns versículos que sugerem uma aceitação da homossexualidade.

Atração e raiva

“Webislam é um exemplo de muitas das coisas que eu tentei mostrar neste livro. Esta não é uma militância anarquista, mas uma comunidade interpretativa, baseada na fraternidade e ajuda mútua em que não há hierarquias artificiais. Desta plataforma, fomos capazes de desenvolver um discurso islâmico contemporâneo, crítico e criativo, tanto sobre o poder constituído como com as estruturas religiosas conservadoras. Daí a atração e raiva que gera… Webislam é o marco no qual desenvolvo a minha visão do Islã como o anarquismo místico”.

Fonte: ANA e Diagonal.

O (humaníssimo) Direito ao Reparo

Contra a alienação e a obsolescência programada surge uma reivindicação prosaica, mas cheia de sentido. É preciso recobrar o poder de consertar os aparatos que se danificam — ao invés de descartá-los e afundar no consumismo

No final de 2018, conectei meu iPhone em meu MacBook usando um cabo genérico, comprado em um mercadinho. Comecei a fazer um backup. Tudo congelou. Meu iPhone não ligava, e ficou travado na tela inicial com o logo da Apple. Horas no chat de suporte da Apple e um dia depois (tirando os detalhes traumáticos), saí da loja mais próxima da empresa com meu celular “restaurado” para as configurações de fábrica.

Perdi todos os meus dados. Nada pode ser salvo.

O técnico da Apple repreendeu-me por usar um cabo não autorizado pela empresa. Tirou sarro de mim por não usar o Cloud, serviço de armazenamento online. Minha pergunta foi: “Por que a Apple não avisou que não se pode usar esses cabos para backups?” Ele riu, e disse que eu deveria saber.

Senti que a Apple estava me punindo por gastar 10 dólares em um cabo no mercado perto de casa, ao invés de pagar os 20 dólares no cabo proprietário.

Comprar um cabo de carregamento de celular é quase um gasto anual. Por que eu não deveria gastar o dobro? Por que a Apple não me avisaria para não fazer backup com ele?

Mais tarde, falei com Danny Varghese, dono de uma loja de reparos técnicos em Nova York. Ele disse que eu provavelmente não tinha perdido nenhum dado, e que ele provavelmente conseguiria recuperar tudo e consertar o problema por um preço razoável.

Por que a Apple me faz perder todos os meus dados quando isso não é necessário? Varghese explicou que eu não era a única. Ele recebe clientes como eu regularmente.

“Uma cliente veio aqui dois dias atrás”, contou. “Ela levou seu iPhone X para a autorizada da Apple. Ele estava reiniciando sozinho. Disseram para limpar o aparelho.” Ela o levou a Varghese. “Mesmo sem o programa de diagnóstico”, ele conta, “descobri que o problema estava na bateria, troquei a peça, e resolvi o problema. O celular funcionou bem — até melhor que antes.” A moça não perdeu seus dados, mas teria que mandar seu celular para fazer uma limpeza.

“Os clientes não têm que perder todos os seus dados só porque a Apple diz”, ponderou Varghese.

Não é só a Apple que nega ao consumidor o direito de consertar produtos que o consumidor compra. É a John Deere, que produz tratores. São os fabricantes de geladeiras. E mais ou menos tudo que é produzido hoje, que contenha partes eletrônicas, ou que se conecte à internet. Pode ser que você precise de uma peça de cinco centavos para consertar sua televisão de tela plana, mas sem os esquemas controlados pelo fabricante você jamais terá ideia de qual parte de cinco centavos você precisa, ou onde instalar. Então, você simplesmente compra outra TV.

Ao negar ao consumidor a estrutura, as ferramentas e a informação necessária para consertar os produtos que o consumidor possui, os fabricantes nos empurram para uma sociedade cada vez mais descartável, a um custo cada vez maior para nossos bolsos e para o planeta.

A consciência pública sobre essa questão cresceu, à medida que novos utensílios são programados para a obsolescência e as pessoas são pressionadas a comprar novas coisas — que talvez nem queiram, ou precisem. Um caso muito famoso é o da John Deere, que basicamente proíbe os agricultores — talvez algumas das pessoas mais hábeis a consertar seus equipamentos sozinhas — de fazer reparos em seus próprios tratores.

Os agricultores não são os únicos consumidores afetados. Quanto mais os eletrodomésticos incorporam tecnologias “inteligentes” de controle remoto, os fabricantes criam mais obstáculos para o reparo funcional. Colam as baterias dentro do produto, de maneira que não possam ser trocadas, e recusam-se a liberar os esquemas  para fazer reparos, tanto aos técnicos quanto ao público geral.

Se um grupo de ativistas, pensadores e cidadãos engajados tiverem êxito, no entanto, Nova York vai ser o primeiro estado dos EUA a resolver esse problema crescente.

O movimento é chamado de Direito ao Reparo. A Associação pelo Reparo lidera os esforços para conseguir que a legislação do Direito ao Reparo passe [em mais de doze estados]. 2019 marca o quinto ano em que um projeto de lei com esses parâmetros foi introduzido na Assembleia Legislativa de Nova York. Com projetos semelhantes em duas instâncias, os apoiadores acreditam que o Direito ao Reparo possa passar em breve.

Se isso acontecer, como Nova York tem uma grande influência no país, será criado um precedente que os fabricantes não conseguirão ignorar. “É altamente improvável que empresas como a Apple ou a John Deere digam ‘não vou fazer negócios em Nova York’”, disse Gay Gordon-Byrne, diretor executivo da Associação do Reparo. “Uma vez que passe em Nova York… os fabricantes terão que estabelecer uma versão do direito ao reparo”. Ela frisa: “O primeiro projeto é o que cria o padrão”, disse. Com isso, a oposição dos lobistas da indústria deveráser “insanas”.

Se quebrou, não conserte!

Os argumentos que as corporações utilizam para impedir que o público mexa em seus produtos costumam ser a respeito a softwares proprietários, preocupações com a segurança e perigos da bateria de lítio.

Os fato de os programas serem licenciados e terem copyright não significa que sejam um segredo. Gordon-Byrne explica que os livros também estão protegidos por direitos autorais, mas o texto serve para compartilhar informações, assim como os softwares são feitos para passar por sinais elétricos que representam os dados. “É completa e especificamente legal fazer o reparo de hardwares e fazer cópias de backup legal, e mexer com os softwares, inclusive fazer modificações e customizações”, completa.

Preocupações com a segurança são outras táticas de amedrontamento que os lobistas gostam de empregar, segundo Gordon-Byrne. O único problema é que a vulnerabilidade da segurança cibernética não está ligada aos reparos do dispositivo “a não ser nos filmes”, brinca. “Equipamentos são feitos ou para serem seguros, ou não.”

Um exemplo de equipamento inseguro deve ser um dispositivo que usa um chip que já carrega com um spyware. Mas Gordon Byrne argumenta que “é alarmista e ridículo dizer aos consumidores que levar seus equipamentos ao conserto fará com que fiquem mais expostos a algum novo risco — quando os grandes riscos [tais quais os assistentes pessoais que gravam todas as conversas ou outros relacionados à Internet das Coisas] vêm sendo ignorados.”

Profissionais de segurança uniram-se para apoiar o Direito ao Reparo.

Para além de softwares e segurança, a maior parte das pessoas só quer que os produtos nos quais gastam centenas (quiçá milhares) de reais funcionem. No fim das contas, se a bateria do seu fone de ouvido sem fio está acabando rápido, você deve mesmo comprar novos fones? Não é mais fácil trocar a bateria? Principalmente se você não tem dinheiro pra ficar continuamente investindo em novas tecnologias. Mas infelizmente, a bateria em seus fones de ouvido provavelmente está colada. Quando ela morre, também morrem os fones.

Mas nós não jogamos fora os carros quando sua bateria está com defeito. Nós consertamos a peça que quebrou. Pelo menos foi o que fizemos por centenas de anos.

Outra tática de pânico é realçar o que é conhecido como o “escapamento térmico”: quando uma bateria de lítio-íon morre — a bateria que provavelmente está em seu celular, notebook e até nos carros elétricos — começa a pegar fogo. É assustador ver, ou imaginar crianças expostas a isso. Mas muito raramente acontece na assistência técnica — especialmente quando ferramentas de diagnóstico apropriadas existem, e seu funcionamento está disponível e referenciado.

Felizmente, os legisladores de Nova York ouviram o mesmo disco de lobistas pelos últimos quatro anos. Os mais experientes, segundo Gordon-Byrne, estão “muito bem inoculados” a táticas de pânico. Mas há sempre os novatos, que “ainda não foram vacinados”. Até agora.

“Quando você se senta pela primeira vez com um deputado, eles dizem que isso é muito óbvio”, diz Gordon-Byrne. “Então, ouvem a história dos lobistas e, de repente, ouvem que o jeito americano será destruído. Haverá acontecimentos catastróficos. Exige algum tempo até que eles sejam postos de volta nos eixos.”

Uma longa tradição de reparos

Os projetos de lei de Nova York estão baseadas no projeto de direito ao reparo estabelecido para automóveis e caminhões comerciais que passou em Massachusetts, em 2012. Essa lei diz que fabricantes de carros devem fornecer, a preços justos e razoáveis, diagnósticos, ferramentas, controle e manuais de serviço que sejam os mesmos da concessionária. A lei garante que se você vive em Massachusetts, você deve conseguir que seu carro seja consertado em uma mecânica que tenha o mesmo acesso à informação que a concessionária. A Auto Alliance e a Automotive Service Association — grupos de comércio para as grandes fabricantes de automóveis e de concessionárias de carros, respectivamente — chegaram a um acordo que diz que os fabricantes de carros cumprirão o que se exige em Massachusetts em todo o resto dos EUA.

Gordon-Byrne explica que a proposta de lei de Nova York opera de maneira semelhante. “Se algo tem eletrônicos em si, há variações dos mesmos componentes. Você consegue entender o que há de errado. Depois do diagnóstico, você consegue a nova peça, usa ferramenta, passa de novo pelo software de diagnóstico e… Está restaurado!”

Kyle Wiens é o novo presidente da iFixIt (um site de reparos) e um apoiador do Direito ao Reparo. A possível nova lei de Nova York “vai restaurar nosso direito de consertar nossas próprias coisas. Equipamentos de agricultura, eletrônicos — tudo, menos equipamento médico.” A concessão aos equipamentos médicos foi feita para conseguir com que o projeto consiga passar, mas a questão de hospitais é algo para se pensar adiante. Os hospitais podem querer ter o direito de consertar os equipamentos que possuem, mas os fabricantes de aparelhos médicos estão exigindo que sejam utilizados seus caros contratos de serviço.

Todo o resto, porém, está coberto pelo projeto de Nova York, diz Wiens. Considere, por exemplo, o novo Mac Pro básico de US$ 6 mil [preço nos EUA, cerca de R$ 22,8 mil reais. No Brasil, o modelo atual custa entre R$ 31 mil e R$ 55 mil], que foi anunciado recentemente pela Apple. “Você consegue consertá-lo?” pergunta-se Wiens. “Essa é uma questão aberta.”

Obviamente, a questão é mais séria do que as piadas inspiradas pelo recente anúncio da Apple, que soou como algo que apareceria em uma série de comédia, mais do que um produto real que os humanos realmente queiram.

“Antigamente, havia oficinas técnicas para aspirador de pó e TV, e agora há apenas caminhões de lixo levando embora nossas coisas”, diz Wiens. Mesmo o direito de manter os produtos que você tem está sendo, há muito tempo, retirado — simplesmente porque os fabricantes promovem a sociedade descartável, em busca de mais lucros para seus acionistas.

O que aconteceu com os consertos manuais?

Quando Henry Ford criou os automóveis que marcaram o século XX, ele o fez remexendo peças — e queria que outras pessoas tivessem o direito de fazer o mesmo. Na verdade, Ford valorizava tanto o espírito do “faça você mesmo” que sua empresa produziu múltiplos “kits de conversão” pós-venda para o Modelo T. Quem o possuísse poderia convertê-lo no que quer que precisasse, incluindo um trator, uma moto de neve e uma caminhonete. O modelo de negócio da Ford, naqueles dias, encorajava o consumidor a remexer e fazer reparos, com autossuficiência.

Benjamin Franklin era um remexedor de peças. Tomas Edison e Nikola Tesla também. Essa é a raiz da inovação — a liberdade de aprender como as coisas funcionam, e experimentar com a construção de coisas novas e melhores. O crescente controle corporativo parece estar esmagando o espírito inovador.

[…]

Cultura do desperdício e a explosão do lixo eletrônico

Para além da inovação e do direito de simplesmente manter os produtos que funcionam (que empregam todos esses técnicos de bairro que ainda existem, e com quem você pode contar), Wiens vê o direito ao reparo como uma necessidade absoluta em contexto urbano.

“Remover uma geladeira antiga de um apartamento não é uma coisa fácil”, diz. Refrigeradores costumavam ter uma vida útil de 20 anos ou mais, e havia técnicos em sua comunidade que poderiam consertá-los rápida e facilmente. “Hoje em dia, se você compra uma geladeira, a vida útil esperada é de sete anos. É o menor tempo que se tem notícia. E as cidades acabam tendo que se responsabilizar por esse problema.”

Isso porque as cidades lidam com o fluxo de resíduos. Refrigeradores pesados e volumosos não entram em um caminhão de lixo comum. “Têm de ser manejados de maneira especial, pois há um motor refrigerador dentro”, lembra Wien. “Há instalações especializadas que lidam com o fim da vida útil dos refrigeradores.”

O mesmo acontece com televisões mais novas. “Não há nenhum bom motivo para trocar qualquer TV que você tenha comprado nos últimos cinco a dez anos”, declara Wien. Alguma peça barata e simples poderia ser trocada, mas ao invés disso, o aparelho inteiro vai para o lixo, e aí aparece mais um problema para a cidade.

Fabricantes que produzem geladeiras e TVs de vida útil curta, que não podem ser facilmente reparadas, criam um ônus para as cidades, que precisam lidar com um número crescente desses produtos que entram no fluxo de resíduos. Em grandes cidades, alguém pode fazer o atendimento do produto, mas as pessoas que moram em comunidades rurais e mais pobres não têm o mesmo acesso. Sem acesso fácil ao funcionamento e às partes, seu Direito ao Reparo — sua autossuficiência — é forçadamente diminuída.

Não são só as geladeiras e TVs que causam problemas para o fluxo de resíduos urbano. Ao fabricar produtos e treinar o consumidor a vê-los como descartáveis, como os telefones celulares, um perigo real pode acontecer. Baterias de lítio-íon são agora parte do fluxo de lixo, e quando esses componentes são esmagados em caminhões de lixo, podem criar o fogo de escapamento. Então, o próprio caminhão de lixo — ou a instalação de gerenciamento de resíduos — pega fogo.

O que está acontecendo agora, de acordo com Peter Mui, fundador da Fixit Clinic, na Baía de São Francisco, Califórnia, é que as seguradoras estão se recusando a cobrir centros de reciclagem por causa do risco de alguém ter jogado um equipamento eletrônico com uma bateria. “Nós projetamos esses dispositivos em um buraco negro”, segundo Mui.

De acordo com o site do iFixIt, para cada mil toneladas de eletrônicos, o aterro cria zero empregos, a reciclagem gera 15 e o conserto cria 200.

Empregos de reparo técnico são ótimos. O costureiro, o sapateiro, as oficinas de TV e celulares “são as lojas que queremos em nossos bairros”, diz Wiens. “Antigamente, havia lojas de câmeras em toda cidade, nos EUA. Agora não há nenhuma. Esse é um resultado direto da decisão da Nikon e da Canon de não vender peças de reposição para lojas independentes. Essas empresas simplesmente decidiram ‘não haverá mais peças para você’, e foi assim o fim das lojas de câmera, por volta de 2012. Como resultado dessas políticas de fabricantes, afirma Wiens, perdemos parte importante da resiliência econômica de nossas cidades.

Dentro da oficina de conserto

Mas isso não faz com que parem de surgir pequenas lojas de conserto nas cidades. Na oficina da Fixit, pessoas de todas as idades e todos os níveis de experiência se encontram em oficinas de reparo comunitário, que acontecem principalmente em bibliotecas públicas. Mui descreve as oficinas como uma “desmontagem guiada”, e diz que é “como uma reunião do AA para coisas quebradas.”

As pessoas chegam, e alguém diz “‘Olá, sou Paulo e esse é meu aparelho de DVD. Ele faz esse barulho quando eu insiro um disco’. Nós dizemos ‘OK, vamos abrir e ver o que pode estar errado’”, conta Mui, mostrando que eles ajudam as pessoas a consertar seus próprios aparelhos. “Não estamos consertando isso para o cliente. Estamos guiando-o para o conserto. Estamos espalhando o ethos de que consertar é possível.”

Mui ensina reparos técnicos desde 2009, quando começou a Fixit na Universidade da Califórnia. “Antes, tratava-se de uma oportunidade humilde de disponibilizar ferramentas, apenas para ver o que poderíamos fazer”, conta. “Mas ao longo do tempo, eu me aproximei mais da política e da defesa de direitos. Há algumas escolhas civilizatórias que enviam as coisas para o aterro prematuramente. Quanto mais eu trabalho com isso, fica mais politicamente claro que estamos operando o planeta em um nível de consumo. Nosso consumo está matando o planeta. É insustentável continuar dessa maneira. É nosso interesse, como civilização, manter as coisas a seu nível mais alto de utilidade pelo mais longo tempo possível.”

Mui acredita que as pessoas se cansam de seus produtos, ou pensam “isso está velho, preciso de um novo.” Outro problema, no entanto, é que o produto tem uma coisa muito simples que poderia ter sido consertada, e as pessoas não pensam que poderia ser reparável — a mentalidade hipercapitalista e descartável penetrando em nossos modos de vida.

Para Mui, ajudar a consertar dá poder às pessoas para que possam fazer que com que o aparelho fique “melhor do que quando era novo. Não apenas restaurado, mas agora você entende como ele quebrou e pode solucionar os problemas dele e consertá-lo muitas vezes.”

“A taxa de sucesso nos consertos é de 70%, sem acesso à assistência autorizada ou manual do fabricante. Na maior parte do tempo, simplesmente aplicamos as habilidades de pensamento crítico”, explica Mui.

Mui conta que sua inspiração veio de momentos em que viu equipamentos eletrônicos que eram facilmente reparáveis, mas cujos fabricantes “usavam uma cabeça triangular estranha ou uma chave de fenda com chave de boca, e as pessoas comuns não têm essas ferramentas.”

À medida em que o hardware e o software tornam-se mais e mais integrados, na eletrônica de hoje, a questão do direito ao reparo “fala sobre a natureza da propriedade em geral”, para Mui. “A Apple parou de fornecer atualizações para os iPhones 4 e 5. As informações pessoais contidas neles estão vulneráveis, e podem ser roubadas. Mas você tem direito à posse delas. Você gastou 500 ou 600 dólares naquilo. Ele faz tudo que você precisa. Mas a Apple decide que você não vai mais usá-lo. E se se uma terceira parte fornece a atualização, só a Apple pode dar o código para desencriptar o telefone. A Verizon decidiu por conta própria não permitir mais a ativação de telefones 3G. Então, se você quer vender o aparelho para outra pessoa, você vai ter um tijolo de 400 dólares. Não pode usar mais com a Verizon, já que a frequência está bloqueada para a rede da empresa.”

Mui aponta que a indústria de moda chamada de fast-fashion, de descarte rápido, também é parte crítica do movimento pelo reparo. “São roupas, malas, barracas e toldos” que poderiam ser facilmente arrumados, ele diz, e ainda assim essa é a segunda indústria mais poluidora da Terra, ao lado da de petróleo”.

“O conserto desapareceu. Não há mais reparos de terceiros em muitas cidades. Fica mais caro consertar que comprar algo novo”, explica Mui.

Uma das coisas que ele espera que aconteça com a FixIt é inspirar a “como projetar para a durabilidade, facilidade de manutenção e capacidade de manutenção e reparo… desde o início.”

Treinando para abandonar o descarte

Na Ethical Culture Fieldston School, uma escola particular de Nova York, alunos do ensino fundamental e médio aprendem a fazer reparos em seus próprios dispositivos.

“Existe um centro e voluntários, como um centro de reforço de matemática”, conta Jeannie Crowley, diretora de tecnologia da escola. “Nós dizemos: ‘Ok, seu celular quebrou. Vamos orientá-lo para que você mesmo possa consertar’. Falamos sobre os minerais e as ferramentas e a habilidade de fazer manutenção.”

Os estudantes, conta Crowley, passam muito tempo em seus celulares. Mas quando eles os abrem, conseguem ter um modelo mental de como os telefones funcionam, e sua relação com eles muda.

Não só a escola ajuda os alunos (e pais) a estender a vida útil de seus celulares, ela diz, “Queremos que as pessoas saiam da escola e façam projetos pensando em um ajuste para que possam prolongar a vida” dos produtos que desenharem. É assim que esperam levar as crianças para o movimento do reparo.

“As pessoas costumam pensar que crianças não devem se envolver com manutenção”, lembra Crowley. “Sentimos que o reparo é algo que as crianças precisam entender. Um de nossos objetivos é resolver os problemas para que as escolas que não têm recursos como nós possam pegar o que aprendemos e aplicar a seus estudantes.”.

Até os alunos do ensino fundamental têm a oportunidade de abrir seus computadores, fazer a limpeza, aumentar a memória RAM e deixá-los prontos para os estudantes do ano seguinte.

Crowley diz que o direito ao reparo diz respeito a muitas coisas fundamentais, incluindo a ideia de propriedade, e de economia de dinheiro. Para ela e os estudantes, também trata-se de prevenção às mudanças climáticas e sustentabilidade, contenção do lixo eletrônico, e prevenir que produtos vão para o aterro por causa de um software que tem data de validade, ou que a bateria esteja colada por dentro. “Nos tornamos uma sociedade descartável, e isso não é sustentável”, ela diz.

Reparo e sustentabilidade, ambos requerem que “os fabricantes nos deem as ferramentas, instruções e acesso a peças para completar o conserto.”

Crowley ri da ideia de que “‘é perigoso consertar seu próprio telefone, ou que crianças podem fazer algo errado.” Fazer a manutenção de seu próprio carro era uma tradição honrada — e podia ser perigoso também. As pessoas fazem reparos eletrônicos há muito tempo. Ao receber as instruções, podemos aumentar a segurança, mas os fabricantes não querem que isso aconteça, porque significa que vamos manter nossos aparelhos por mais tempo.”

Crowley diz que fabricantes querem “um ciclo de vida útil muito curta e muito lucro.” Reparos — e sustentabilidade — não se alinham a esses objetivos.

Pequenos consertos, enorme diferença

Varghese também é um grande defensor do Direito ao Reparo. “Digamos que o vidro da câmera traseira de seu iPhone quebre. A Apple dirá que você precisa de um telefone novo. É uma mentira. Você pode trocar aquele vidrinho”.

Está claro que Varghese sabe como os fabricantes operam. Ele explica por que não se tornaria um provedor de serviços autorizados pela Apple: “Eles exigem que você nunca conserte outros produtos — nem que faça isso com seus esforços, como no caso do vidro da câmera do telefone. Se você curte usar um produto, não deveria ser obrigado a trocá-lo por um melhor ou mais moderno só porque a Apple ou a Microsoft querem ganhar mais dinheiro”.

Varghese vem consertando telefones e computadores desde o colegial. “Se você lhes disser [à Apple] que caiu um pouco de água em seu computador, isso quer dizer… que sairá US$1.200 o conserto, mas que por US$1.300 você pode comprar um novo”, ele diz, evidentemente frustrado. Ele afirma que consegue fazer consertos de danos por líquido pelo preço de US$350 — mas mesmo assim, às vezes se vê envolvido em problemas. Por exemplo, recentemente, o aparelho de um cliente teve danos por líquido e ele conseguiu consertar tudo, menos a webcam. Se o Direito ao Reparo existisse, as instruções da máquina estariam disponíveis e Varghese poderia compreender como consertá-la.

Mais consumidores precisam saber do Direito ao Reparo, diz Varghese. A Apple pode ter falado que alguns problemas não podem ser consertados, mas com o Direito a Reparo, esses produtos podem se tornar plausíveis de conserto. “Um mercado aberto é bom para os negócios e para os consumidores”, diz Varghese. “É bom para todos”.

E quando o Direito ao Reparo for implementado, diz Wiens, “poderemos trazer de volta uma cultura de engenharia e de ajustes que fazia parte da experiência popular”.

É bom que isso seja feito logo. Eu adoro meu iPhone SE. É do tamanho ideal, e um dos menores iPhones que já inventaram. Sou uma mulher miúda, não quero um celular maior do que um CD Walkman dos anos 80. Se eu conseguir manter este telefone funcionando até que a Apple perceba que não todos seus clientes são homens de um metro e oitenta com mãos gigantes, ficarei muito feliz”.

Por Valerie Vande Panne | Tradução: Gabriela Leite Simone Paz

Fonte: Outras Palavras.

Morte ao rei

Porto Alegre, uma ameaça de bomba paralisou a Rua Alberto Bins no dia 13 de maio. Rua fechada, policiais com cara de posso morrer hoje, pessoas filmando com o celular, e um cordão de segurança ao redor de uma sacola plástica que continha “a bomba”!

Algum policial explicava que não sabia para quem estava dirigida, mas por segurança chamaram, para a desativação do “explosivo”, bombeiros, brigada militar, batalhão da bope, a EPTC e até um robô.

Todos ficaram desiludidos ao ver que dentro da sacola, estava um artesanato construído com um botijão de gás, cabos e um relógio.

Mas, porque deixar uma sacola com essa oferenda precisamente ali, e nesse dia? Na Internet, onde tudo é possível, os repórteres da extrema direita e do totalitarismo, postaram a noticia: Nesse dia, no salão nobre do Hotel Plaza São Rafael, celebravam a chegada de Bertrand de Orleans e Bragança, para a comemoração da abolição da escravidão. Esse personagem, para aqueles com espírito de súditos, é o príncipe do Império Brasileiro e estava, naquele dia, disposto a falar da sua antepassada Isabel, como se fosse a bem feitora dos escravos e um exemplo de “mulher brasileira”. Mas ele não é apenas isso, ele também é militante defensor da reposição da monarquia e parte ativa da TFP (Tradição, Família e Propriedade), altamente conservadora, hierárquica, racista, patriarcal, classista e católica.

O monarca foi deposto, o império caiu, até teve rei e príncipe assassinados, mas você sabe como é que é, tirano é tirano e sempre quer mandar. A monarquia quis lavar seus crimes outorgando o que ninguém pode outorgar, e fizeram da abolição da escravidão, seu gesto de bondade, e você sabe, tirano é tirano, e ainda que sem trono, ele se sente o superior. Assim, Dom Bertrand pretendia festejar o gesto magnânimo do seus ancestrais, num evento organizado pelo Circulo Monárquico do Rio Grande do Sul, ignorando que todos nós sabemos que qualquer membro da família de Orleans e Bragança que delire com a permanência da monarquia, é a continuidade dos colonizadores destas terras, é representante da escravidão, do genocídio dos povos livres que habitavam estas terras antes da sua invasão, e é a atualização dos tiranos que tentaram dominar tudo e ainda persistem nas suas tentativas.

Estamos em tempos de delírio totalitário, em que até se tira a poeira da monarquia. O presidente cogitou, antes das eleições, que um deles fosse seu vice-presidente, Luis Phillipe de Orleans e Bragança. Em Brasília, um dos seus cachorros, Eduardo, quis realizar uma sessão solene com Luis Phillipe, em homenagem à Princesa Isabel pelos 131 anos da abolição da escravatura, evento interrompido quando Integrantes do Movimento Negro ocuparam o plenário da Câmara Federal com uma faixa com o rosto de Marielle e gritando repetidamente: Parem de nos matar!

E você sabe como é que é, quem lembra sabe e quem sabe se revolta, e rebelde é rebelde, e não tem jeito não. Em Brasília interromperam a sessão solene e em Porto Alegre, alguém, um bobo da corte, ou um inimigo do rei, deixou uma simples sacola, um artesanato, e estragou a festa real.

Fonte: ANA.

As cores do invisível

LIVRO MOSTRA AS RELAÇÕES ENTRE NEGROS E IMIGRANTES EUROPEUS EM ÁREAS POBRES DE PORTO ALEGRE LOGO APÓS A ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA

Casal de negros da capital gaúcha em 1900 (Coleção Lunara/Acervo do Museu de Porto Alegre Joaquim Felizardo/Fototeca Sioma Breitman)

Nos anos que sucederam a abolição da escravatura no Brasil, em 1888, os negros que haviam se libertado do jugo de seus senhores coexistiram em áreas pobres e degradadas de Porto Alegre com imigrantes europeus, não apenas italianos e alemães, mas também judeus, pomeranos e poloneses.

Como eram as relações entre essas duas populações de trabalhadores é o tema de Além da Invisibilidade: História Social do Racismo em Porto Alegre durante o Pós-Abolição (EST Edições), livro lançado no dia 5/7 pelo historiador Marcus Vinícius de Freitas Rosa.

Pesquisa tem origem em tese de doutorado de 2014 na Unicamp

Ao contrário da maioria de seus compatriotas recém-chegados ao Brasil, esses europeus não se embrenharam em rincões para ganhar a vida com enxadas nas mãos. Preferiram tentar a sorte na capital gaúcha, o que os levou a repartir ambientes urbanos insalubres com ex-escravos.

As duas classes subalternas foram vizinhas em áreas da Cidade Baixa, como a Rua da Margem (atual João Alfredo), o Areal da Baronesa (onde hoje está instalado o Quilombo do Areal) e a Ilhota (conjunto de casebres próximo à Praça Garibaldi desmantelado nos anos 1960), além da Colônia Africana (na fronteira entre os bairros Bom Fim e Rio Branco).

Uma das descobertas da investigação é a de que, mesmo entre populações pobres, a discriminação por causa da cor se sobrepunha ao nivelamento social, como destaca o historiador:

— A pele branca era um trunfo para os trabalhadores pobres de origem europeia, ainda que fossem todos, brancos e negros, miseráveis, morando à beira de um riacho imundo. É como se dissessem: “Pelo menos, somos brancos”.

Conforme ele, o processo de deslocamento da população pobre das áreas centrais da cidade para regiões periféricas afetou bem mais as comunidades negras do que os agrupamentos de imigrantes. Esses últimos não apenas teriam dado aval para a expulsão dos vizinhos, como pediram, em diversas ocasiões, a intervenção da polícia e das autoridades de higiene do município para afastar a população negra dos locais.

— Até aqui, a maioria dos estudos mostrou que essas ações se davam por iniciativa das elites e do poder público com o pretexto de higienização e modernização do espaço urbano. A pesquisa mostrou que isso, de fato, aconteceu, mas também evidenciou que os moradores brancos, tão pobres e miseráveis quanto os negros, igualmente participaram desse processo, diz Marcus Vinícius.

 

“Na relação entre vizinhos brancos e negros, a questão racial se sobrepunha ao nivelamento social”

Marcus Vinícius de Freitas Rosa

 

 

O pesquisador formado no curso de História da UFRGS foi atraído pelo tema há 20 anos, quando investigava as origens do carnaval de Porto Alegre e os espaços lúdicos ocupados por trabalhadores negros na virada do século XIX para o XX. O material publicado em livro agora tem origem na tese de doutorado que ele apresentou no PPG de História da Unicamp, em 2014.

Além da Invisibilidade: História Social do Racismo em Porto Alegre durante o Pós-Abolição é o primeiro livro que Marcus Vinícius assina sozinho – em 2017, havia participado da obra coletiva Pessoas Comuns, Histórias Incríveis – A Construção da Liberdade na Sociedade Sul-Rio-Grandense, que relata a experiência de africanas, africanos e seus descendentes na sociedade pós-abolição no RS.

Para realizar a pesquisa, Marcus Vinícius utilizou fontes como plantas da cidade e registros de impostos prediais, além de cruzar informações da crônica policial com dados de processos judiciais sobre conflitos entre vizinhos.

O historiador aponta que o período de desagregação do sistema escravagista – não custa lembrar que o Brasil foi o último país a abolir a chaga social – e a fase pós-abolição coincidiram com o aparecimento de grande quantidade de associações de classe ligadas a profissões como padeiro, pedreiro e estivador, entre outras. À medida que essas entidades lideradas por trabalhadores brancos não davam conta das demandas sociais, econômicas e culturais da população negra, essa criava suas próprias instituições.

Uma das mais antigas é a Sociedade Floresta Aurora, fundada em 1872, portanto, bem antes da abolição da escravatura.

Para se ter ideia, na década de 1890 havia em Porto Alegre 37 associações negras. Além disso, de 1892 a 1930, circulou o jornal semanal O Exemplo, porta-voz das comunidades de ex-escravos e seus descendentes. Com o subtítulo “Jornal do Povo”, foi criado no Salão de Barbeiros Calisto,na Rua da Praia, nº 247. A publicação atendia a um público crescente, uma vez que os negros passaram a se alfabetizar em aulas noturnas fornecidas pelas associações étnicas, as quais supriam a lacuna de um serviço de responsabilidade do poder público.

A Colônia Africana, no limite entre os atuais bairros Bom Fim e Rio Branco, foi um dos espaços repartidos por populações negras e de imigrantes europeus no período pós-abolição

Na maior parte dos casos, as aulas eram dadas por negros que haviam se instruído durante o serviço militar ou com apoio de instituições religiosas como a católica Irmandade do Rosário, que promovia a educação para “homens de cor”.

Conforme Marcus Vinícius, todas essas evidências desmentem o senso comum de que a abolição havia pego a população negra desprevenida e desorganizada.

— Ficou a ideia de que os negros estavam perdidos, não sabiam para onde ir depois de 13 de maio de 1888, mas a vida associativa no período anterior e no pós-abolição mostra que a população negra estava organizadíssima, conclui o pesquisador.

O lançamento do livro aconteceu na sala 102 da Faculdade de Educação da UFRGS (Rua Paulo Gama, 110, Campus Central), tendo sido organizado pelo GT Emancipações e Pós-Abolição e o Laboratório de Ensino de História. Na ocasião, o autor deu uma aula pública sobre o tema da obra.

Para quem quiser saber mais detalhes sobre o tema, Além da Invisibilidade: História Social do Racismo em Porto Alegre durante o Pós-Abolição está à venda na Livraria Ladeira (Rua General Câmara, 385, Centro Histórico), além de disponível no portal Estante Virtual.

Fonte: Rua da Margem.

Viver para lutⒶr

O movimento anarcopunk no Brasil acaba de ganhar um registro sobre seu início e trajetória,  o projeto “Viver para Lutar” é uma série de documentários sobres as experiências da cena anarcopunk no país na década de 90. O trabalho foi produzido e dirigido por Marina Knup, integrante do movimento, tatuadora a uma das idealizadoras da editora Imprensa Marginal.

Segundo Marina, a ideia inicial era que o projeto fosse um único documentário, focado apenas na cidade São Paulo. Porém, ao longo de 12 anos fazendo entrevistas e captando material, a produtora percebeu que tinha desafio bem maior“Tudo começou cerca de 12 anos atrás, com algumas primeiras entrevistas, e com o passar do tempo foi tomando  forma e virando uma proposta mais consistente”, afirma Marina

Esse registro é contado por alguém que faz parte do movimento, que vive seu dia-a-dia, e que viu a necessidade de contar sua própria história. A proposta surge e partir da necessidade de contar nossa história a partir de nossas próprias vozes, visto que em geral sempre predominaram as visões da academia e imprensa, com seus interesses. específicos”.

Foram mais  de 100 entrevistas e a ideia de Marina virou  5 documentários temáticos dentro do tema.

Assista ao teaser do documentário

O primeiro episódio Punk, Anarquismo e Feminismo: As Minas dos anos 90”, é todo dedicado à participação das mulheres no movimento. A contribuição feminina foi marcada por um ativismo intenso. O episódio mostra as articulações, a luta contra o machismo da sociedade e dentro do próprio movimento, luta que resultou inclusive na criação do CAF (Coletivo Anarco Feminista), concebido em 1992, em São Paulo (SP), como forma de resistência.

Com as intensas lutas feministas nos anos 60 e 70, as décadas seguintes foram de conquistas das mulheres, com a percepção que nós poderíamos estar em todos os lugares. O movimento punk, o próprio rap e outros estilos sempre tiveram a participação da mulher em suas raízes. Entretanto, essa presença foi muitas vezes invisibilizada, esquecida ou até mesmo apagada.

Nos extras do primeiro episódio da série, disponível no Youtube,  Shajona, uma das integrantes do movimento anarcopunk, fala do fato de que mulheres já se reuniam antes da criação do CAF e como essas reuniões a fortaleciam:  “Éramos muito perseguidas pelo próprio movimento, as meninas também sofriam violência pelo seus companheiros, a ideia do CAF levou a gente a se conhecer”, conta.

Ela fala ainda de como lidavam com o machismo dentro do movimento “[…] Tinha muita coisa de cortar, de tesourar nossa fala. Essa ideia de visibilizar-se, ideia da autoestima, poder da palavra da expressão e de estar em todo lugar, isso a gente aprendeu com as mulheres. A gente já tinha nessa época uma rede, nossa ideia era bem grandiosa.”

Os próximos episódios do documentário serão sobre como surge o movimento anarcopunk no fim dos anos 1980 e dos 1990 e iniciativas que foram sendo desenvolvidas até o meio da década, como o projeto Anarquistas Contra o Racismo e Anarcopunk no nordeste.

“Tudo tem sido feito de forma totalmente ‘faça você mesmo’, sem verbas, editais ou financiamentos, somente com o apoio e correria e suor das pessoas envolvidas e da cena anarcopunk/anarquista”, frisa Marina

Marina tem feito uma tour pelo Brasil e com discussões e trocas de ideias e vivências. A ativista tem em sua agenda viagens por países como Uruguai, Argentina, Chile Bolívia, Peru, e México, sempre de forma independente, num trabalho que resgata parte importante da cultura punk do Brasil.

Instagram de Marina Knup@marinaknup

Toda nudez será castigada?

Nudez e vergonha do corpo

Por que o brasileiro encobre certas partes do seu corpo nas praias? Décadas atrás, havia traje de banho: as pessoas banhavam-se no mar vestidas, com trajes próprios, que, nos homens e nas mulheres, encobriam-lhes o peito e a metade superior das coxas. Depois, os homens descobriram o tórax e as mulheres adotaram o “maillot”.  A seguir, o calção de banho masculino reduziu-se a as mulheres adotaram o biquini, em que se lhes ocultam as mamas e o púbis. Surgiram, a seguir, a sunga, o “fio dental” (que seria melhor designado por fio de nádegas) e a porção superior do biquíni reduziu-se drasticamente. Hoje, é mínima a parcela do corpo humano que a moral convencional obriga a encobrir, nas praias.

As mamas e a genitália feminina são, ainda, ocultas por indumentos mínimos, se é que se pode chamá-los de roupas. Na verdade, não o são; não são trajes de banho. São a expressão da mentalidade do brasileiro, segundo a qual é moralmente necessário, por decência, por pudor, por “uma questão de ética” e de moralidade, que se velem, minimamente que seja, as mamas e a genitália (as nádegas acham-se totalmente expostas, há décadas). Da mesma forma, o homem deve encobrir as nádegas, o pênis e o escroto.

Qual a racionalidade da ocultação destas partes? Nenhuma. Assim como, dantes, nenhuma imoralidade havia na exposição do peito dos homens e na do abdômen das mulheres, nenhuma indecência há em as mulheres andarem de mamas ao vento e os homens de pênis solto.

O corpo é natural (ou não?); ele não é imoral (ou é?).  Nenhuma das suas partes deve ser motivo de vergonha (ou deve?); não há regiões do corpo mais decentes e outras menos (ou há?). “Naturalia non turpia”, diziam os antigos: o natural não envergonha, não deve envergonhar, não há porque envergonhar.

Qual é a justificativa racional, defensável, coerente, de se obrigar moralmente ao velamento de certas partes do corpo? Nenhuma. Por que o pênis deve ser ocultado? Por que as mamas devem ser encobertas? Por nenhum motivo; apenas e exclusivamente por causa da rotina mental, do costume, da imitação do uso, da repetição, do modelo mental a que as pessoas são condicionadas, a que aderem e que se perpetua por inércia.

Ninguém pense que a exposição da genitália é excitante. Quem nunca viu, observa, na primeira vez, por curiosidade; na segunda, ainda observa, ainda por curiosidade; na terceira, já viu e, mais do mesmo, a repetição enfara e desaparece a curiosidade e, com ela, o olhar. Ademais, pode excitar mais o encobrimento do que a exposição: imagina-se o que se não vê; o que se vê pode decepcionar…

E se a exposição da totalidade do corpo fosse excitante? Que mal haveria em que o fosse? Há mal na libido, na sexualidade, na excitação, na atração física, no interesse? Acaso nada disto existe? Acaso devemos fingir que nada disto existe? E acaso a excitação limita-se às partes encobertas? Só há excitação mercê da observação do que se oculta ou o restante corpo também atrai? E porventura, nas praias, as pessoas sentem-se todas e sempre atraídas e  excitadas com a observação dos corpos quase nus?

A experiência demonstra que a visão do nu completo não é excitante após a segunda ou  a terceira vezes:  o que já se viu torna-se sensaborão, perde a graça. Os brasileiros pensam em contrário, acreditam que o nudismo excita por quase total falta de experiência de observação da nudez total.

Há, no Brasil, raras praias de nudismo, isoladas, quase como se fossem campos de concentração ou lazaretos, cujos frequentadores devem ser segregados. No Brasil, apesar do calor (Rio de Janeiro, quarenta graus!), ai da mulher que andar de mamas ao vento no areal da praia! Toda a gente olhá-la-a, em regra por curiosidade (nunca viram cousa tal) e haverá policial que intervenha para coibir o atentado ao pudor, duplo índice do retrógrado da mentalidade do brasileiro, para quem o descobrimento das mamas é moralmente condenado e atentatório aos bons costumes. Para mim (brasileiro) é ridículo, é primário que os bons costumes envolvam, ainda, o encobrimento de certas partes do corpo; é idiota que se censurem as mulheres por exporem as suas mamas; é sem sentido que os homens devam ocultar o seu órgão de emissão da urina.

Que diferença há entre tapar-se o bico da mama das mulheres e não o fazer? Uma tira estreita de pano amarrada nas costas; outra tira, mais estreita, sobre os pentelhos,  resguardam a moral e a decência? A sua ausência é atentatória do pudor e dos bons costumes? Pense com seriedade, reflita por um minuto, fora da rotina mental a que está condicionado: que diferença faz? Por que tais trapinhos seriam sinônimos de pudor? Por que a sua ausência é despudorada? O mesmo em relação à genitália masculina. Em que há indecência, imoralidade, atentado ao pudor, ofensa na exposição do que é natural?

Por que nas praias de nudismo a decência é diferente, a pudicícia prescinde de tapa-sexos, o corpo exposto é decente? Em que difere a moralidade do nudista da do vestido? Em que o primeiro encara o corpo com  naturalidade e o segundo associa-o à sexualidade. Erotiza-0 não  quem o expõe, senão quem o oculta: quem o expõe, fá-lo desinibidamente, sem lhe atribuir conotação sensual; atribui-lhe sensualidade quem oculta certas partes, a que atribui papel lúbrico. O nudista não pensa só em sexo; o ocultador, sim. Para o nudista, o corpo é apenas o corpo; para o ocultador, certas das suas partes são motivo de vergonha, a sexualidade é motivo de vergonha.

No areal das praias do Rio de Janeiro, se uma mulher retirar o  tapa-sexo superior, haverá quem chame a polícia, para reprimi-la por ato de despudor, como ocorreu com uma estrangeira, acostumada, no seu país, à exposição das mamas e que se perplexou com a atitude do brasileiro, que admite a nudez integral no carnaval, masculina e feminina, que suporta temperaturas de quarenta graus e para quem os bons costumes dependem de se encobrir o bico do seio.

Na Alemanha, pratica-se o nudismo integral há cerca de 120 anos. A nudez total integra os costumes alemães. Anda-se nu, em pelo, em público, nas áreas verdes de toda a Alemanha, sem que tal seja motivo de escândalo nem de atentado à moral e aos bons costumes. Para o alemão, o corpo não é motivo de vergonha nem a nudez é sexual: é natural. Na França, na Espanha, em Portugal (em parte), na Itália (em parte), na Alemanha, na Inglaterra,  na Grécia, na Croácia, na Dinamarca, na Finlândia, na Noruega, na Suécia, na Califórnia e alhures, as mulheres apresentam-se, nas praias, de mamas ao vento e ninguém se escandaliza com isto nem se põe a mirá-las como objetos sexuais, exceto os brasileiros, bisonhos em tais costumes de liberdade.

Na Europa pratica-se o nudismo doméstico: todos nus, pai, mãe, filhos; 42% dos franceses o fazem. Na Espanha, há 230 praias de nudismo. Na Alemanha, há mais de uma centena de campos e praias de nudismo; há dezenas deles na Inglaterra e na França. Nos E.U.A.,  passa de 200 o número de centros de bem-estar (“resorts”) nudistas.

Na Universidade de Berkeley (Califórnia), é tradicional a corrida dos nus, em que estudantes correm pelos corredores dela, nus, rapazes e moças, alacremente. Em Roskilde (Dinamarca), realiza-se, desde 1971 festival musical, em que há uma corrida de nus; também em Aahrus, na Suécia, em festival popular, correm os nus. Nas Filipinas, a fraternidade Alpha Pi Omega, presente na Universidade de Manilha, promove, anualmente, a corrida e passeio dos seus integrantes, nus. Em Londres, os estudantes das altas escolas promovem o banho no Tâmisa, nus. Na Califórnia, há décadas há escolas nudistas: todos nus, alunos e professores.

Nestes países, quem quiser, é livre de andar nu na rua, no mercado, na praça, no metrô. E as pessoas fazem-no. Reconhece-se: 1- a ausência de obrigatoriedade de vestir-se; 2- a liberdade de nudez, como soberania sobre o próprio corpo.

Liberdade de nudez, de andar nu, de não se vestir; direito de não encobrir o próprio corpo. É liberdade que as populações européias reconhecem e praticam e que o brasileiro ainda sequer concebe.

“Mas o que é que uma criança vai pensar disto?”. É exclamação (com forma de interrogação e intuito de censura) típica de brasileiros, que perguntam o mesmo em relação às manifestações homoafetivas. Perante dois homens de mãos dadas, o brasileiro convencional exclama: “O que vai se dizer para uma criança, disto?” (diga-lhe que há homens que amam homens). Perante a possibilidade da nudez total na praia ou na cidade, o brasileiro convencional preocupar-se-á (sincera e também hipocritamente) com a formação das crianças e manifestará escândalo (digo hipocritamente porque a maioria dos pais jovens negligencia a formação dos seus filhos, papel que atribui à escola, como se o professor devesse fazer de pai dos filhos alheios. Outros são hipócritas porque usam a saúde moral das crianças como pretexto com que dissimulam o seu moralismo).

Se uma criança, na praia, na cidade, no campo de nudismo, vir o pênis, o escroto, os pentelhos, as nádegas, a vagina, as mamas, terá visto o corpo como ele é  e terá aprendido que tudo isto integra os seres humanos (inclusivamente ele próprio) e que  nada disto merece, razoável nem justificadamente, ocultação como critério de moralidade.

“Se eu ficar nu, toda a gente vai me olhar”. Muita gente olhá-lo-a por curiosidade, por não estar acostumada com a nudez. A nudez individual, isolada, é atrativa; deixará de sê-lo se, a pouco e pouco, as pessoas exercerem a sua liberdade e tornar-se, gradualmente, costumeira a exposição, a começar pelas praias.

Na praias francesas, portuguesas (em parte), italianas (em parte), espanholas, gregas, alemãs, francesas, croatas, e mais na Áustria, na Suécia, na Dinamarca, na Finlândia, na Noruega, na Inglaterra, na Califórnia, na cidade de Nova Iorque e em outras,  as mulheres andam de mamas ao vento e ninguém lhes liga. Liga-lhes o brasileiro que nunca viu tal: observa-as, por curiosidade, uma vez; outra vez, ainda com curiosidade. Da terceira por diante, já viu. Na quarta, é mais do mesmo. Assim é na Europa há décadas: o europeu abandonou o preconceito de que o tapa-sexo é indispensável à moralidade, aos bons costumes, à salvaguarda da família e dos mais valores da civilização ocidental, de deus e da evitação do pecado.

Neste momento, a mentalidade dos brasileiros, quanto à nudez, é demasiadamente conservadora, convencional, rotineira, mesmo arcaica. Já foi pior, quando o cristianismo, religião repressora por excelência da sexualidade, preponderava com o seu etosEm décadas pretéritas inexistia o banho de mar: que imoralidade uma mulher expor o tornozelo. O tornozelo! Poderá piorar, na medida em que se propagarem as formas evangélicas de cristianismo, atualmente em avanço no Brasil. Manter-se-á estacionária enquanto não se despertar a atenção do público em relação a tal matéria: hostilizam a nudez as gerações supra-50, cinquentagenários, sexagenários, septuagenários, octogenários, gente formada em décadas passadas, em modelos mentais de acentuada austeridade e repressão de costumes. Gente velha, de mentalidade arcaica. Também a hostilizam os religiosos de todas as idades, para quem toda nudez deve ser negada. Gente de mente fechada, submetida aos mandamentos bíblicos.

O preconceito contra a nudez, a vergonha do corpo, o automatismo do seu encobrimento constituem, propriamente, heranças católicas: padrões de pensamento, de comportamento, de reação emocional, em suma,  mentalidades e costumes que se incutiu no brasileiro mercê da pregação insistente, reiterada, efetuada pelo clero católico e, agora, pelo evangélico, com aplicação de dizeres da Bíblia.

Como sempre, a Bíblia justifica o arcaísmo de comportamentos e a negação das liberdades. Daí, a existência, em décadas pretéritas, do padrão católico de vestimenta feminina e o padrão atual de vestimenta evangélica, em Curitiba, pelo menos, em que as crentes (normalmente da classe C) usam cabelos compridos, presos na nuca, a que não aplicam shampoos nem condicionadores (tampouco se pintam); vestem camisa de mangas compridas ou blusa; saia de brim azul ou semelhante, até a altura dos joelhos; calçam sandálias. Vista uma mulher trajada por esta forma, como forma de identificação de pertencimento à sua classe social, identifica-se nela mulher evangélica.

Também os jesuítas concorreram para a formação da mentalidade anti-nudez. Nos seus manuais, no século XVIII ensinava-se, nos colégios, a trocar de camisa sem se olhar para a própria genitália e de forma a que nenhuma parte do corpo se expusesse, mesmo quando o aluno estivesse sozinho: a nudez torna-se vergonhosa mesmo perante o próprio indivíduo, independentemente de olhares alheios.

Em 1920, José Tomaz de Almeida, na revista Ave Maria, publicada em São Paulo, escrevia: “escravizar-se uma senhora digna ou uma donzela, à moda indecorsa, apresentando-se de pernas expostas, tão curtas usam as saias, de braços nus, com colo e costas à mostra, provocando maus sentimentos, excitando pecados, é contra a moral, é tudo que pode haver de anti-cristão, de condenável, de verdadeiro paganismo!”

            Adiante: “O corpo da mulher deve andar velado, pois ele é o templo vivo do santuário da divindade. O dernier cri do nu, como a desfaçates da impudica e leviana, avilta e desonra a virtude nas suas exibições”.

            “O pudor, a modéstia e a timidez, são o encanto da mulher.”

            “Encompridae as saias curtas, que exibem as pernas; levantae os decotes que expõem vosso corpo; baixai as mangas que descobrem os braços; sede discretas no trajar para não vos confundir com as heroínas do vício”.

            Por sua vez, o padre Ascânio da Cunha Brandão, na mesma revista Ave Maria, em 1936, verberava os costumes de liberdade dos alemães:

Aí está por exemplo a Alemanha, mandando buscar nas ruínas da Grécia pagã o fogo sagrado para a suas Olimpíadas e prestando à carne e aos deuses pagãos um culto que excede as raias da estupidez e do ridículo.

            Os deuses! A Grécia! As Olimpíadas! O nudismo! O atletismo!”

Adiante: “Não é condenável, por exemplo, este espetáculo de vergonha e despudor de nossas praias de banho? Este nudismo escandaloso está reclamando uma medida enérgica. É incrível!”.

            Em 1944, o mesmo padre, em outra colaboração com a revista, asseverava:  “Sim, a Igreja, ou melhor, a moral católica reprova como ocasião de pecado e de escândalo, o nudismo exagerado nas praias e o banho em comum na promiscuidade dos sexos”. Pretendia ele que as mulheres usassem maiô (peça de vestuário que lhes velava o tronco, das mamas à virilha) e que os homens e as mulheres frequentassem o areal da praia separadamente, à maneira do regime de segregação da Africa do Sul, em que se isolavam os brancos dos negros.

O etos católico de velamento do corpo perpetuou-se, como dado da formação dos costumes brasileiros; o que há de mais imbecil, mais retrógrado, mais tacanho, mais obtuso, mais burro da igreja católica inveterou-se nos costumes do brasileiro. As pessoas já não se lembram de pregações deste tipo, porém praticam os comportamentos correspondentes porque se lhes criou uma verdade e uma ética, que considero verdadeira porcaria mental e moral.

O exercício da nudez e o uso da vestimenta compreendem formas de liberdade. Na Alemanha e em outros países europeus, há a liberdade de vestir-se e a de não o fazer. Veste-se quem o quer fazer e anda nu quem entende fazê-lo: isto é liberdade.  Não significa que os alemães exibam-se preferencial ou corriqueiramente desnudos, porém a desnudez não os escandaliza. Não é que prevalece no Brasil.

A moralidade liga-se aos valores, ao senso de verdade, de solidariedade, de probidade, à disciplina pessoal, à generosidade, à paciência, à compreensão, à empatia, à perseverança, ao estudo, ao cultivo de si próprio, à aquisição da cultura, aos bons modos, à colaboração. A moralidade não se prende à repressão da sexualidade (até certo ponto) nem ao velamento de certas partes do corpo, tampouco à obediência à textos da Bíblia nem a padrões de comportamento baldos de sentido.

Há moralidade e há moralismo. Aquela envolve a liberdade pessoal e de costumes; este compreende, também, padrões de comportamento liberticidas e irracionais. É o caso, a segunda, do brasileiro, em relação à nudez. Oxalá evoluam eles do moralismo para a moralidade; da censura que praticam por rotina para a liberdade de que aprendam a usufruir.

Na Inglaterra, Alexandre Sutherland Neill (1883-1973) criou a escola Summerhill, em que os próprios alunos criavam as regras porque nela se regiam (auto-regulação). Laico, o seu ensino era destituído de inculcação religiosa (pelo que os seus  alunos desenvolviam-se fora do conceito de pecado e do sentimento de culpa que ele origina) e fora da repressão da masturbação e da nudez, pelo que os seus alunos adquiriam a saúde psicológica de que tão frequentemente eram privadas as crianças e os jovens educados com censura da sexualidade, em geral, e com obrigação de ocultarem o seu corpo.

A nudez, observava Neill, jamais deveria ser desencorajada. O bebê deveria ver seus pais despidos, desde o princípio”. Em Summerhill,  prevalecia “atitude absolutamente natural” (Liberdade sem medo, p. 213. São Paulo, Ibrasa, 1977), acerca da nudez, em resultado do que os seus alunos não desenvolviam curiosidade mórbida por corpos (femininos nem masculinos), não se tornavam mixoscopistas, não se envergonhavam diante do desnudamento alheio, não  se vexavam por serem vistos nus por outrem.

Um casal, pais de filhos crianças, adotou, com hábito, o desnudamento doméstico, ao que A. Neill observou à mãe: “A nudez no lar  é excelente e natural. Seus  filhos, mais tarde, evitarão muito o sexo doentio.  É improvável que um deles se torne um `voyeur´, pois que terão visto tudo quanto há para ver” (Liberdade sem excesso, p. 64. São Paulo, Ibrasa, 1976).

É hora de os brasileiros perceberem a falta de sentido da mentalidade anti-corpo; a ausência de inerência entre nudez e sexualidade, entre sexualidade e culpa, entre nudez e vergonha do corpo, entre velamento das mamas e do pênis e moralidade. É altura de os brasileiros descobrirem o direito à nudez natural, de manifestarem-se a respeito, por palavras e gestos.

Na prática, julgo que: 1) deve-se revogar o artigo 233 do Código Penal (ato obsceno); 2) autorizar-se a nudez total em todas as praias do Brasil. Quando menos, o monoquini; 3) autorizar-se que as mulheres possam expor as mamas em público, conforme, aliás, decisão do Tribunal de Justiça de SP, de 2015; 4) criar mais praias de nudismo; criar campos de nudismo.

Se gostou, divulgue esta idéia.

Quanto às fotografias, não é questão de se preferir homens ou mulheres vestidos ou nus ou semi-nus; não é questão de gênero nem de sexualidade.
É este, precisamente, o ponto: não é questão de sexualidade (homossexualidade nem heterossexualidade) e sim de naturalidade. Homens e mulheres, mulheres e homens, nus, são igualmente naturais; não se trata da atração erótica e sim, precisamente, de retirar a erotização do nu: eis a grande lição da Alemanha nua.

(Em ginásios de musculação de Curitiba, os homens despem-se nos vestiários, porém não de todo: exceto a cueca, com que ingressam na cabine do chuveiro. Os chuveiros constituem compartimentos em que cada indivíduo acha-se isolado dos demais. Ninguém vê ninguém no banho. Os homens retiram-se da cabine do chuveiro de cueca: não querem expor a sua genitália. Será, talvez, porque se masturbam durante o banho e desejam ocultar a tumescência do seu pênis, efeito para o qual a cueca é providencial. Provavelmente, contudo, não é por isto que entram na cabine de cueca e dela se retiram, também de cueca, e sim porque prevalece, em Curitiba, a pudibundaria, a necessidade de os homens ocultarem o seu corpo, a vergonha da genitália, a genitália como parte indecente. No vestiário masculino, entre homens, os homens ocultam a genitália uns dos outros. Parece convento. E tal se passa em , em Curitiba, onde é comum a gabolice de é cidade “européia”. “Européia” com mentalidade e usos de terceiro mundo. Nos E.U.A. e alhures, os chuveiros são abertos, destituídos de paredes entre os seus usuários que, assim  veem a nudez do seu vizinho, com naturalidade, sem a introdução, mesmo inconsciente, de que certas partes do corpo devem ser ocultadas. Menos mentalidade bíblica e mais naturalidade. Curitibano atrasado).

Vide, da minha autoria, “Mamas ao vento e pênis à mostra”, “A nudez é inocente”, “A favor da nudez” (em que trato, também do artigo 233 do Código Penal), “Envergonhar-se do próprio corpo é obrigatório!? Prédica nudista” (sermão de pregador nudista); sobremodo, “A favor da nudez” (em que trato, também, do artigo 233 do Código Penal, relativo ao atentado ao pudor), todos neste sítio.

por .

El grito de un Garimpeiro

Para este “Día Internacional de los Trabajadores”, quiero recordar a los trabajadores de la “Serra Pelada” (1980-1989), en particular mi relato sobre esta imagen inmortalizada.
_______________________________________

Filas indias de cientos de obreros garimpeiros que cargaban a cuestas costales repletos de barro con minerales, subían por rústicas escaleras hechas de varas improvisadas que se tambaleaban por el peso, mientras otros, con costales vacíos y húmedos, bajan por pendientes de tierra en espiral procesión rumbo al hueco del dolor.

Desde la cúspide, donde Marcelo comía casaba cocida y carne pellejuda de cebú ahumado, se podían ver varios uniformados que patrullaban en circular cadencia, apuntando con inercia sus rifles como si fuese la rutina coactiva mejor pagada de un sistema semiesclavista contra aquellos hombres empapados de barro, sudor y desventuras que subían y bajaban semejando un dantesco paisaje, en ese lugar apocalípticamente llamado Serra Pelada.

El calor amazónico iba en aumento, y su lodosa camisa transpiraba el agrio sabor de sus verdades.
Su abuelo era socio de una garimpa en los años de gloria, durante la fiebre de oro en los años 50, tenía su propia máquina hidráulica y empleaba a varios garimpeiros en la extracción del dorado aluvión.

Muerto por intoxicación al quedarse dormido totalmente ebrio en su tenderete de fundición, inhaló altas dosis de vapor de mercurio, perdiendo, además de su vida, el derecho de asociación. Así, el padre de Marcelo heredó de su madre las creencias místicas del Candomblé y la Umbanda: una síntesis de ritos, magia y misticismo traidos por los esclavos africanos y que se convirtió en un sincretismo religioso de los marginados. Ella era una negra proveniente de familias dedicadas a estas prácticas religiosas en los morros de Rocinha, una poblada favela al sur de Río de Janeiro. De su padre heredó el sabio conocimiento de la minería artesanal, pero desafortunadamente no alcanzó las herramientas ni legalidad empresarial, por lo que el legado de Marcelo fue ser un triste creyente buscador de piedras preciosas. La alquimia genuina de la miseria y la dignidad.

A sus 15 años, trabajaba de vez en cuando como arreador de ganado cebú y cría de vacunos, donde ganaba menos del salario mínimo de un jornalero en las fazendas dispersas en todo el estado de Pará.

En una ocasión, mientras estaba en el establo, reclamó a su patrón por el ridículo pago de una jornada y éste le apuntó con su escopeta Winchester. Marcelo, con el corazón de fuera pero con nervios de acero, como en un vahído similar al de un sueño del que despiertas súbitamente con el alma a mil años luz, movió su mano izquierda con precisión de jinete y le quitó la escopeta a su explotador, acto seguido le apuntó en la sien y cobró su salario oprimiendo el gatillo.

Desde ese momento huyó al norte de Brasil, frontera con Venezuela para trabajar en las quebradas donde aprendió con su padre el arte de la minería artesanal. Trabajó mucho tiempo como ayudante de pequeñas garimpas paracaídas que llegaban desde todos los rincones del país y en 1980, a sus 25 años, migró cual cazador de fortunas, a los asentamientos de Serra Pelada para trabajar en esta colosal montaña rica en oro aluvial convertida en un olímpico hoyo en tan pocos años.

Su robusto cuerpo negro intimidaba a los policías cuando éste pasaba temerariamente golpeando con su costal las puntas de sus rifles sin el menor signo de espasmo. Además solía mirarlos con sus desafiantes ojos, como fundidos en cianuro, exponiendo dos partículas temibles de oro al rojo vivo.

Colocó el endeble plato de plástico rojo con puntiagudas quemadas en sus orillas, tomó un trozo de periódico viejo postrado bajo sus zapatos de cuero pútrido y con esfuerzo analfabético descifró las siglas CVRD. Sabía que el aumento de la presencia policial no era casual, y aunque varios de sus compañeros planeaban tomarse el mega-puente construido sobre el río Tocantins para exigir la expulsión de la compañía minera Valle do Rio Doce, él tenía claro que los abusos de los militares irían aumentando cada vez más.

En las noches Marcelo escuchaba en silencio las reuniones clandestinas en los campamentos, y entre las demandas del emergente movimiento sindical de los Garimpeiros, era pedir mayor presencia del gobierno de Brasil para que les ceda mayores derechos a los trabajadores en la extracción y así profundizar la explotación sin intermediarios. Aunque Marcelo estaba consciente que esa forma de lucha gremial era objetiva y formal, él ya había iniciado una modalidad alternativa y anárquica de lucha. Pues, desde hacía algunos años, había iniciado acciones clandestinas robando oro para contrarrestar que la corporación minera acaparara toda la extracción, y así permitir que los trabajadores iniciaran procesos de negociación de minerales en bruto desde y fuera del área en un contrabando cooperativista bien organizado a menor escala.

Una noche, luego de sacar oro de unas fundidoras que distribuyen su producción a un costo irrisorio a la compañía Valle do Rio Doce, organizado con el apoyo de varios garimpeiros de su anónimo movimiento; fue visto de lejos por policías que patrullaban sobre el único camino polvoriento que conduce a la ciudad de Curionópolis.

Al día siguiente, se levantó temprano de unos troncos cubiertos con trapos mohosos que usaba como cama y salió de entre unos metros de ásperas tablas a medio clavar recubiertas con plástico negro que usaba como dormitorio compartido con cuarenta garimpeiros. Advirtió el cielo gris, se persignó y le rezó a Oxalá y a Oxúm como le enseñó su padre.

Al fragor de la faena, en una inclinada superficie que bordea la mina Serra Pelada, un policía lo detuvo apuntándole con el fusil. Marcelo, como recobrando un viejo eco de su ira emancipadora, sujetó cual mártir el fusil del policía y soltó el primer grito indignado de los garimpeiros.

“El grito de un Garimpeiro”
Larry Montenegro Baena ©
Colección narrativas del fuego, 2012.
Fotografía de Sebastião Salgado /

A imagem pode conter: 4 pessoas, atividades ao ar livre

Mbya-Guarani

⚠ URGENTE 

Retomada Mbya-Guarani da Ponta do Arado precisa de apoio!

Já se passaram dois meses desde que a Arado Empreendimentos (Fazenda do Arado) mantém a comunidade Mbya Guarani como refém, isolados por uma cerca ilegítima e ilegal, vigiada por seguranças armados e sob ameaças constantes de morte. 
Na madrugada de 11 de janeiro sofreram a primeira tentativa de homicídio, quando homens mascarados atiraram em direção as barracas e ameaçaram voltar para matar à todos, inclusive as crianças. Submetidos à prisão física e psicológica, entre a cerca e a lagoa, os Mbyas sobrevivem ao terror cotidiano.
Mesmo com investigação da Polícia Federal e inúmeros boletins de ocorrência, nada foi feito para garantir a segurança dos Guaranis. Um segundo ataque aconteceu na madrugada do dia 25 de janeiro, quando novamente houveram tiros de armas de fogo, uma nova tentativa de causar pânico nas famílias que ali vivem há oito meses.

Por conta das ameaças constantes, apoiadores da Retomada Mbya Guarani das terras do Arado Velho organizaram vigílias noturnas, dificultando a ocorrência de novos ataques. Privilegiando os interesses da propriedade privada e de grandes empresários, colocando o empreendimento acima do direito à vida, o juiz de primeira instância Osmar de Aguiar Pacheco concedeu uma liminar proibindo qualquer pessoa de prestar apoio aos guaranis, e se quer levar alimentos, água e outros recursos essenciais à vida, sob pena de multa de 5 mil reais. Ou seja, além de isolados e mantidos em cárcere privado, pois qualquer barco é proibido de chegar a praia, os guaranis estão sendo submetidos à um tratamento desumano, e obrigando os que ainda resistem a morrer de fome.
A comunidade do Belém Novo vive sob tensão. Moradores, pescadores da região e qualquer pessoa que presta apoio aos mbya está sujeito à sofrer denúncias falsas e até ameaças de morte.
Há uma necessidade urgente de uma vigília constante, principalmente à noite quando acontecem os ataques na retomada. Hoje, segunda-feira(25 de fevereiro), dando início à nova vigília, estaremos realizando uma roda de conversa para compartilhar a situação e somar esforços junto aos Mbya pela resistência. Não há organizadores, somos todos auto-convocados nessa luta. A vigília será na Prainha de Copacabana! Traga sua barraca, comida para compartilhar e iniciativa, a conversa é aberta para todos que lutam pela preservação das terras do Arado Velho e da Retomada Guarani de um território ancestral que é seu por direito!

Fonte: Retomada Mbya Guarani.

Povos no Ceará

A Secretaria da Educação (Codea/Diversidade e Inclusão Educacional), produziu uma série de vídeos protagonizados por lideranças dos povos e comunidades tradicionais do Ceará, dentre eles: os Povos Indígenas, Quilombolas, Cigano e de Matriz Africana (Candomblé). Essa produção tem o intuito de contribuir para o atendimento de uma das exigências do Plano Nacional de Implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Informamos que os links de acesso aos vídeos já estão no e-mail de todas as escolas. Divulguem com os professores e alunos!

Ⓐ Solidariedade à grega

Em Atenas, anarquistas invadem embaixada do Brasil

Membros do grupo anarquista “Rubikon” invadiram, picharam e espalharam folhetos na embaixada do Brasil em Atenas nesta quarta-feira, 20/02, como sinal de solidariedade “aos combatentes sociais e antifascistas brasileiros, à base social que é atacada pelo Estado e ao lutador Cesare Battisti, e contra a ascensão da extrema-direita que se espalha pelo mundo”.

“Estamos lutando diariamente por estruturas políticas e de classe autônomas. Sabemos que o mundo está conectado, as semelhanças entre Bolsonaro e seus pares no resto do mundo (e na Grécia mais cedo ou mais tarde) não são meramente acidentais.Sabemos que o Estado e o capital, vendo que a resistência social não é tão poderosa quanto deveria ser, amplia seus campos de poder absoluto e não pretende deixar de se expandir”, diz, entre outras coisas, um texto longo que foi postado pelo grupo “Rubikon” no portal antiautoritário “Athens Indymedia”.

>> Veja vídeo (01:13) com parte da ação aqui:

https://www.liveleak.com/view?t=smvbc_1550677673

Fonte: https://athens.indymedia.org/post/1595812/


Admirável aquele
cuja vida é um contínuo
relâmpago

Bashô


By 

Carne Negra

Gentem, sou negra e celebro com orgulho a minha raça desde quando não era “elegante” ser negro nesse país. Desde a época em que preto não usava o elevador dos “patrões”. Da época em que os pretos motorneiros dos bondes eram substituídos por portugueses brancos quando haviam festividades na cidade com a presença de estrangeiros ou autoridades de pele branca. Desde a época em que jogadores de um famoso clube carioca passavam pô de arroz no rosto para entrarem em campo, já que não “pegava bem” ter a pele escura. Desde que os garçons de um famoso hotel carioca não atendiam pretos que estavam no restaurante. Éramos invisíveis. Celebro minha cor e minha raça desde o tempo em que as gravadoras não davam coquetel de lançamento para os “discos dos pretos”. Desde a época em que preto na capa de disco “atrapalhava” as vendas do álbum. Celebro minha origem ancestral desde que “música de preto” era definição de estilo musical, não importasse o ritmo do artista. Grito pelo meu povo desde a época em que se um homem famoso se separasse de sua mulher para ficar com uma mulher negra, essa ganhava o “título” de vagabunda, o que não acontecia se próxima esposa tivesse a pele “clara como a neve”. Sou bisneta de escrava, neta de escrava forra e minha mãe conhecia na fonte as histórias sobre o flagelo do povo negro. Protesto pelos direitos da minha raça desde que preta não entrava na sala das casas das sinhás. Gentem, essas feridas todas eu carreguei na pele, na alma e trago comigo até hoje as cicatrizes. Eu e a maioria do povo negro brasileiro. Feridas que ainda não se curaram e todo santo dia são cutucadas para mantê-las abertas, sangrando, como uma forma de demonstrar que lugar de preto é na Senzala, nessa Senzala moderna, disfarçada, à espreita, como se vigiasse o nosso povo. Povo aliás que descende em sua maioria dos negros que colonizaram e construíram o nosso país.
Hoje li sobre mais uma “cutucada” dessas na ferida aberta do Brasil Colônia. Nem faço juízo de valor sobre quem errou ou se teve intenção ou não de errar. Faço um alerta! Quer ser elegante? Então pense no quanto pode machucar o próximo, sua memória, os flagelos do seu povo e suas origens, ao escolher um tema para celebrar uma festa ou “enfeitar” um momento feliz de sua vida. Felicidade às custas do constrangimento do próximo, seja ele de qual raça for, não é felicidade, é dor. No fundo é fácil perceber esse limite tênue. Elegância é pensar antes de agir, por mais inocente que sua ação pareça ser.
A carne mais barata do mercado FOI a carne negra e agora NÃO é mais. Continuaremos “desenhando” isso pra quem não compreendeu ainda. Escravizar, nem de brincadeira. De que planeta você veio?
Seguimos em luta✊

Elza Soares (cantora brasileira)

✒ Carta a um guerreiro ✉

Amigos!
Hoy más que núnca Mauricio necesita saber que no está solo , por eso una carta, una tarjeta, un mensaje de apoyo, le dará fuerzas para seguir resistiendo este encarcelamiento injusto!!

Mauricio Hernández Norambuena
Penitenciaria Dr. Luciano Campos
Avenida Salim Antonio Curiati, 333 – Braz I
Avare Sao Paulo – CEP 18701-100
Brasil

La Tucuypaj Resiste !!!

TUCUYPAJ es un espacio recuperado y ocupado desde hace ya 17 años. En el predio donde antes funcionaba una fabrica de caucho, actualmente funciona un centro social y cultural donde familias e individualidades encontraron un techo y un campo de accion donde plantear otras maneras de construccion social.
Durante todos estos años se han creado distintos talleres, espacios y actividades. Como por ejemplo: talleres de armado y reparacion de bicicletas , apoyo escolar, una sala de cine, una huerta, ropero comunitario, una biblioteca, talleres de idiomas, de guitarra, de serigrafia, de circo y recreacion para niñas y niños ( malabares, tela, manualidades), de panaderia, de carpinteria, funciono un gimnasio para pitbulls ” el pitbull club Tablada”, una sala de ensayo, etc…

Actualmente funciona un merendero y dos gimnasios donde niñas y niñxs, adolescentes y adultos practican boxeo, king boxing y entrenamiento funcional. Todas estas actividades son de manera gratuita y autogestiva, sin depender de partidos politicos ni del Estado.
En estos momentos somos 14 adultos y 18 menores conformando 8 grupos familiares los que habitamos esta hermosa fabrica recuperada.
Hoy esa busqueda, esos deseos y todo lo realizado corren peligro gracias a la especulacion inmobiliaria. En estos momentos se encuentran amenazados los derechos a una vivienda digna, cultura, proteccion integral de las y los niños.
Una vez mas se desconocen el lugar de participacion y contencion que se ofrece para el barrio, dando prioridad a los intereses comerciales y lucrativos.
Esperamos poder seguir construyendo y compartiendo en este lugar tan maravilloso tanto para las y los que vivimos aqui como para todo el barrio.

???? El martes pasado nos llego una notificacion de aviso de desalojo de la tucuypaj.

????Necesitamos que nos acompañen este martes 16 en los tribunales de moron a las 8 de la mañana. Vamos a presentsar una cautelar y dos escritos. Necesitamos meterle presion al juzgado. Si podes venir seria muy importante.

Não ao desalojo de La Fabrika Tucuypaj!!!

https://www.facebook.com/analix.amargapunx/videos/366415904096804/?__tn__=%2CdlC-R-R&eid=ARDaCj8p4syKclhXoQUF9mdLq9RcbjbnWOX2ZLr-sDWAWrQlVjHA8BrXM8_lg2–6wHb0vY4kRVc8jmA&hc_ref=ARQMcSf1xev7hS2XA8r93R-eh4Fu-Ag_yyMDiaXSLNlK_U_VEvKJMQoexlpc69bbfDE

Meninas cobaias …

Meninas pobres da periferia do RS são usadas como cobaias humanas

Imagem: Wikipedia

Por Lark Lapato.

Adolescentes que vivem em abrigos de  Porto Alegre estavam sendo testadas como cobaias pela empresa farmacêutica Bayer com consentimento da Prefeitura, do estado (do RS) e de hospitais da Capital. Os testes consistiam na aplicação de dispositivos diretamente no útero das meninas que gradualmente liberam um hormônio para impedir a gravidez.

O termo de cooperação foi firmado entre Ministério Público Estadual, Bayer, Prefeitura de Porto Alegre, Hospital de Clínicas e Hospital Materno-Infantil Presidente Vargas. Segundo o acordo, a única responsabilidade da empresa era ‘doar’ 100 unidades do SIU-LNG (Sistema Intra-Uterino). O medicamento foi rejeitado pelo SUS – (Sistema Único de Saúde) em 2016. O defensor público, Felipe Kirchner, que participou do caso divulgou em sua rede social o seguinte depoimento:  “As adolescentes em situação de vulnerabilidade serviam como cobaias humanas para treinamento de profissionais na aplicação de método contraceptivo desenvolvido pela Bayer”.

O termo foi assinado no dia 6 de junho deste ano pelo próprio Ministério Público em parceria com os abrigos, que se comprometeu a selecionar as adolescentes e encaminhar para receber os dispositivos.

O acordo foi suspenso nessa semana pela Defensoria Pública da União, Defensoria Pública do Estado do RS e a ONG Themis. Diversas falhas foram apontadas no caso entre elas, o fato de que a bula do medicamento recomenda que as usuárias recebam acompanhamento anual de um ginecologista. Além disso o dispositivo vence após 5 anos, e não há nenhuma garantia de acompanhamento das jovens durante ou após esse período.

Para justificar a ação, o Ministério Público alegou que o método já foi testado e é eficaz, e que as meninas eram livres para escolher usar ou não o dispositivo.  A Bayer disse que agiu de boa fé “cumprindo seu papel social” ao fornecer os medicamentos gratuitamente. A prefeitura de Porto Alegre afirmou que as meninas receberiam acompanhamento médico, apesar de não haver nada a respeito disso no documento assinado.

Com esse caso fica claro entender os interesses de quem o Estado burguês defende. Para não se indispor com a indústria farmacêutica, o poder público colocou em risco a saúde de meninas pobres, sem orientação. As adolescentes estavam colocando a sua saúde em risco sem receber nada em troca! Enquanto a Bayer se preparava para aumentar a lucratividade assim que comprovasse que o remédio era eficiente para ser fornecido pelo SUS.

Fonte: 

O silêncio dos Verdes

QUANDO CORPORAÇÕES FINANCIAM O ATIVISMO SOCIAL

YURI SANSON

Este ano, o Fórum Social Mundial (FSM) será realizado em Montreal, reagrupando ativistas sociais comprometidos, coletivos antiguerra e intelectuais proeminentes.

A maioria dos participantes não sabe que o FSM é financiado por fundações empresariais, incluindo Ford, Rockefeller, Soros, etc. Grande parte deste financiamento é canalizado para os organizadores do FSM sob o comando do Conselho Internacional do FSM.

Esta é uma questão que tem sido levantada em várias ocasiões por organizações progressistas e ativistas do FSM: você não pode efetivamente confrontar o neoliberalismo e as elites globalistas e ao mesmo tempo esperar que eles financiem suas atividades.

FINANCIANDO O DISSENSO

A Fundação Ford (com estreitas ligações com a CIA¹) proveu financiamento através do programa de “Fortalecimento da Sociedade Civil Global” durante os três primeiros anos do FSM. Em 2004, quando Mumbai, na Índia, recebeu o fórum, o comitê negou doações da Ford. Isso não mudou absolutamente nada. Com a Fundação Ford formalmente retirada, outras fundações se realocaram com o financiamento.

Hoje o FSM é financiado por um consórcio de inúmeras fundações corporativas sob o guarda-chuvas supervisionado da Engaged Donors for Global Equity (EDGE) “Doadores Engajados pela Igualdade Global”, numa tradução livre.

Em 2013 , o representante da Fundação Rockfeller, Tom Kruse co-presidiu o comitê da EDGE. Na Fundação Rockefeller, Kruse foi responsável pela “Governança Global” no âmbito do programa “Prática Democrática” . As doações da Fundação à ONGs são aprovados no âmbito do programa de “Fortalecimento da Democracia na Governança Global”, que é muito semelhante aos praticados pela United States Agency for International Development (USAID), Agência Americana para o Desenvolvimento Internacional do Departamento de Estado dos EUA. Um representante da Open Society Foundation, de George Soros, atualmente se encontra no Conselho de Administração da EDGE. O Fundo Global Wallace também está no seu Conselho de Administração . O Fundo Global Wallace é especializado na prestação de apoio às ONG “mainstream” e “meios alternativos”, incluindo a Amnistia Internacional e Democracy Now.

Um documento chave do FSM de 2012 diz:

“Do levante Zapatista em Chiapas (1994), à Batalha de Seattle (1999) e à criação do Fórum Social Mundial em Porto Alegre (2001), os anos de Não Existe Alternativa com Reagan e Thatcher foram substituídos pela convicção que ’um outro mundo é possível.’ Desconferências, campanhas globais e fóruns sociais têm sido cruciais para articular forças locais, compartilhar experiências e análises, desenvolver expertise e construir formas concretas de solidariedade internacional, com movimentos progressistas para justiça social, econômica e ecológica.”

Ao mesmo tempo, há uma óbvia contradição: um outro mundo não é possível quando a campanha contra o neoliberalismo é financiada por uma aliança corporativa de doadores comprometida com o neoliberalismo.

Eles não só financiam as atividades, mas também influenciam a estrutura do FSM, nominalmente descentralizado, em um mosaico disperso de workshops “faça você mesmo”.

Travestida de “descentralizada”, de “horizontal” e de outros termos pós-modernos, a estrutura destes workshops, com sua independência, são servos muitas vezes inconscientes de seus financiadores.

As corporações financiariam dissidentes buscando o controle de sua “Agenda”. E as redes progressistas e anticapitalistas, assim como as de ambientalistas, acabam por ter inúmeras de suas atividades sendo moldadas pelos financiadores.

“Tudo o que a Fundação [Ford] fez pode ser dito como “tornando o mundo seguro para o capitalismo”, reduzindo tensões sociais por ajudar a confortar os aflitos, provendo válvulas de segurança para a raiva, e melhorando o funcionamento do governo.”

(McGeorge Bundy, Assessor de Segurança Nacional dos presidentes John F. Kennedy e Lyndon Johnson (1961-1966), e Presidente da Fundação Ford (1966-1979), em tradução livre.

MARCO CIVIL DA VIGILÂNCIA EM MASSA

Em 2012 o diretor geral da Google foi preso no Brasil. Desde então, corporações estrangeiras passaram a investir milhões de dólares em lobby no congresso, em instituições acadêmicas como Fundação Getúlio Vargas, e em coletivos ativistas, com intuito de influenciar leis e processos políticos na proteção de seus interesses.

A Carta de Olinda, um documento colaborativo por direitos digitais, foi transformada em “um projeto de lei que permite a rastreabilidade habilitada à indústrias obsoletas entrincheiradas contra o futuro e seus sucessores” (Falkvinge, Rick) chamado ironicamente de Marco Civil da Internet. O processo de lobby de grandes corporações, de coletivos financiados e acordos costurados a portas fechadas dá o tom da construção de uma lei que jogou no lixo direitos fundamentais.

A primeira fase do projeto foi lançada pelo Ministério da Justiça, em parceria com o Centro de Tecnologia e Sociedade da Escola de Direito (ITS) da Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro em 2009. As Escolas de Direito da Fundação Getúlio Vargas foram criadas com investimentos da USAID (United States Agency for International Development), com o intuito de doutrinar países em desenvolvimento com os grandíssimos sentimentos de Democracia e Justiça dos Estados Unidos, e adequarem o Brasil para os investimentos da maior potência imperialista global.

A Escola de “Direito Getúlio Vargas”, lançou um concurso com o nome de “Prêmio Marco Civil da Internet e Desenvolvimento – patrocinado pela Google Brasil”. A ideia do concurso foi premiar em dinheiro as melhores ideias para o processo “colaborativo” de criação do Marco Civil. O critério, óbvio: patrocinado pela Google, promovido pela FGV, e com a presença, é claro, de membros ilustres do Ministério da Justiça.

Foi demonstrado, com os vazamentos de Snowden, que a Google (chamada de “NSA corporativa”), ao lado de outras gigantes da informática, trabalha em espionagem e vigilância global de forma bem semelhante ao governo americano.

O Facebook, o Google e o MercadoLivre declararam apoio ao Marco Civil da Internet. O interesse explicitamente óbvio: o Marco Civil estabelece que “provedores de aplicações na Internet” não são responsáveis pelo conteúdo publicado por seus usuários. Algo que livraria o diretor da Google da injusta prisão de 2012. Em troca da garantia de direitos para empresas e corporações, outros direitos civis foram retirados.

corporações tecnológicas com estreitas relações com NSA investem milhões em lobby político, chegando a superar a indústria farmacêutica e de armas.

O resultado foi um texto aprovado completamente diferente do colocado em debate público desde 2010. O Marco Civil determinou a retenção de dados de telecomunicações por um ano. A invasão da privacidade de todo e qualquer internauta passou a ser, mais do que um modelo de negócio questionável, uma obrigação legal imposta pelo Estado. O texto ainda facilita a retirada e bloqueio de conteúdos e aplicativos ao enfatizar os procedimentos e criar um “mapa da mina da censura” para juízes de primeira instância. E por fim, a neutralidade de rede, um conceito de que empresas não poderiam vender pacotes de acessos restritos, passou ao largo, ainda permitindo pacotes de “zero rating”, com parceiros de operadoras vendendo “pacotes grátis” para determinados aplicativos.

Segundo o fundador do Partido Pirata, Rick Falkvinge:

“O Marco Civil deixou de ser um projeto de lei que garantia à próxima geração de indústrias o terreno fértil de que precisavam, além da garantia de acesso aos serviços públicos e à liberdade de expressão aos cidadãos . Passou a ser apenas um projeto de lei que permite a rastreabilidade habilitada à indústrias obsoletas entrincheiradas contra o futuro e seus sucessores. Foi um desastre.”

Em recentes documentos vazados da Open Society Foundation de George Soros e disponíveis na Internet, o “coletivo” Mídia Ninja recebeu, apenas no último ano (de agosto de 2015 a agosto de 2016) o valor de US$ 80 mil (R$ 250.000,00)

Outras instituições brasileiras também receberam financiamento de George Soros, como o Instituto Fernando Henrique Cardoso (R$ 350.000,00), Actantes – Ação Direta pela Liberdade, Privacidade e Diversidade na Rede (R$ 190.000,00), Casa Fluminense (R$ 640.000,00), Instituto Tecnologia e Sociedade (ITS) / Mudamos.org (R$ 1.100.000,00) e Rede Nossa São Paulo (R$ 1.600.000,00).

Com ativistas financiados por corporações e um forte lobby no congresso, o resultado não poderia ser tão diferente. Afinal, as prioridades dos investidores são seus próprios negócios.

Pablo Capilé (Fora do Eixo/Mídia Ninja) e George Soros (Open Society)

O SILÊNCIO DOS QUE SE PINTAM DE VERDE

O ativismo patrocinado por corporações gera contradições que por fim engessam ou imobilizam as organizações ativistas. Um exemplo é um caso que ocorreu nas Olimpíadas do Rio.

Há vários campos de golfe no Rio de Janeiro.

Mas, por que usar os existentes se podemos destruir uma reserva ecológica e lá fazer um novo campo com dinheiro público, extinguir espécies raras e ainda construir condomínios de luxo, para depois entregá-los para a especulação imobiliária?

A destruição da área ambiental é equivalente ao bairro do Leblon.

O Ocupa Golfe, completou meses acampado em frente à reserva ecológica, em uma ocupação contra as obras do Golfe Olímpico Rio 2016 na APA de Marapendi.

Pessoas se manifestaram em frente às obras do Campo de Golfe Olímpico desde no final 2014, sendo constantemente hostilizadas por agentes do Estado e de empreiteiras. A Guarda Municipal diariamente “apreendia” pertences de quem ali ainda resistisse.

Após claras ameaças serem feitas contra a integridade física de ativistas durante o réveillon daquele ano, elas finalmente se materializaram nos últimos dias com pessoas sendo presas e feridas.

ativistas no “Ocupa Golfe”

O Greenpeace e o Partido Verde (PV) são instituições consagradas no meio ecológico, conhecidos por sua atuação ativista. Além disso contam com recursos financeiros, capital humana e poder político.

Mas por que se calaram em relação ao Campo de Golfe e à perseguição de ativistas?

Nos anos 90, o PV e o Greenpeace foram muito relevantes. E, na Europa, chegaram ao poder. Sua bandeiras de liberdades individuais: humanistas, ecológicas, legalização da maconha, respeito à diversidade sexual, estado laico.

Fora deste ranço fanático pós-URSS, estávamos na Era de Ouro do neoliberalismo econômico.

No quesito marketing viral (“artivismo”, ação direta e todas essas modernices), ao por mulheres gostosas peladas invadindo campos de futebol e carregando cartazes “salvem os pandas”, o Greenpeace foi pioneiro; ou desafiando a morte ao confrontar enormes embarcações de baleeiros com pequenos barquinhos – esteticamente forte.

Porém, em alinhamento com o poder econômico, esse ativismo profissional feito por publicitários, apesar do apelo ecológico e humanista, acabou se tornando uma pura e simples máquina de propaganda. Foi abraçado por todo o seguimento liberal da indústria, especialmente financistas bilionários e filantropos.

O Partido Verde sempre foi o braço institucional do Greenpeace – ecologicamente. Assim como o Partido Pirata está para o Anonymous e a liberdade de expressão.

No Brasil, o Greenpeace está ativo nos grandes centros, fazendo seu ativismo profissional, angariando fundos para financiar seu marketing, atuando sobre questões globais, ou melhor, problemas bem distantes de onde vivem os principais doadores, pessoas normalmente simpáticas ao tema, mas que não vão a fundo no que de fato fazem com seu dinheiro – ou de seus impostos.

Índios na Amazônia, Apocalipse do Aquecimento Global e Créditos de Carbono. Em todos lugares, Verdes passaram a dar consultoria para empresas transnacionais, cargos em grandes prefeituras (como a de São Paulo) e aliança com políticos tradicionalmente conservadores. Pintando todos de verde.

POIS VERDE É AQUILO QUE SE PINTA DE VERDE

Os gigantes da indústria química fazem sua publicidade na cor verde e as madeireiras, os latifundiários e os bancos lavam sua imagem, repetindo a palavra ecologia em cada página de seus informes e tingindo de verde seus empréstimos. (Sempre em constante atualização, o marketing verde: hashtag Rede Sustentabilidade.)

Empresas que lançam veneno no ar e poluem as águas sacaram, subitamente, da recém-comprada máscara verde e gritaram sua verdade em termos que poderiam ser resumidos assim: “os defensores da natureza são advogados da pobreza, dedicados a sabotarem o desenvolvimento econômico e a espantarem o investimento estrangeiro.” (Eduardo Galeano)

O prefeito Eduardo Paes (Dudu, sem você nada disso seria possível!), foi filiado ao Partido Verde e é chairmain de um grupo transnacional de “direitos urbanos ambientalistas”; ou seja, é verde também.

Na última década, as máscaras verdes foram caindo na Europa e gradativamente suas bandeiras propagandísticas sendo absorvidas pelo Sistema.

Enquanto os verdes perdem sua relevância, surgem distintos movimentos nos últimos anos que ocupam essa lacuna dos anos 90: Piratas, o Partido X, o Podemos, entre outros.

Independentemente da simpatia e humor de financistas da Fundação Ford, Soros e filantropos bilionários, nem todos cruzam os braços. Grupos autônomos de ativismo pipocam todos os dias, aqui e no mundo. E, na era do Big Brother, do WikiLeaks (e do GlobaLeaks) muitos querem ver os vexames (e verdades) dos políticos.

Recentemente, Nadia Tolokonnikova, líder do grupo punk Pussy Riot, se correspondeu com Slavoj Žižek, de dentro do cárcere. Ela havia sido presa por “vandalismo” ao fazer um protesto performático contra o governo de Vladimir Putin, na Rússia. Em trecho da carta de Žižek, explicitam-se os motivos pelos quais uma máquina capitalista como o Greenpeace não ousa apoiar iniciativas autônomas como a do Ocupa Golfe:

“Todos estavam torcendo por vocês enquanto vocês eram tidas como mais uma versão de protesto democrático-liberal contra o Estado autoritário. No momento em que ficou claro que vocês rejeitavam o capitalismo global, a relação com o Pussy Riot ficou muito mais ambígua. O que é mais perturbador para o olhar liberal é que vocês deixam visível a continuidade escondida entre Stalinismo e o capitalismo global contemporâneo.”

E Nadia respondeu:

“Nós somos parte desse movimento que não possui respostas finais ou verdades absolutas, nossa missão é questionar. Há os arquitetos da estética apolínea e há as cantoras punk da dinâmica e da transformação. Um não é melhor que o outro. Mas apenas juntos podemos garantir as funções do mundo da forma como Heráclito definiu: ‘Este mundo tem sido, e eternamente será, vivido no ritmo do fogo, inflamado de acordo com as ações, e morrendo de acordo com as ações. Essa é a função da respiração eterna do mundo’”.

Nós somos os rebeldes pedindo pela tempestade, e crendo que a verdade só pode ser encontrada numa busca sem fim. Se o “Espírito do Mundo” o toca, não espere que seja sem dor.”

Laurie Anderson cantou: “Apenas um especialista pode lidar com o problema.” Seria bom se eu e Laurie pudéssemos reduzir esses especialistas e resolver nossos próprios problemas. Porque o status de expert não garante acesso garantido ao reino da verdade absoluta.

No momento certo, sempre acontecerá um milagre nas vidas daqueles que infantilmente acreditam no triunfo da verdade sobre a mentira, da assistência mútua, daqueles que vivem de acordo com as economias da dádiva.”

Créditos:

Adaptado de:

Rockefeller, Ford Foundations Behind World Social Forum (WSF). The Corporate Funding of Social Activism

Pirate Times: New Brazilian Law Strips Citizen’s Rights

O silêncio dos Verdes

notas:

¹John J. McCloy, presidente da Fundação Ford entre 1958 e 1965, empregou intencionalmente vários agentes e, baseado na premissa de que uma relação com a CIA era inevitável, criou uma comissão de três pessoas responsável por lidar com essas instâncias. Saunders, Frances Stonor (1º April 2001). Quem Pagou a Conta? A CIA na Guerra Cultural. ISBN 978-1565846647

Há frestas coloridas no “muro do apartheid”?

Israel – No solo de onde jorrariam leite e mel, escorre o sangue dos inocentes. A segregação ocorre a olho nu, na Terra Santa. Uma cerca de 700 km de extensão – com partes feitas de concreto e passagens vigiadas por soldados fortemente armados – está em construção e isola a Palestina (Cisjordânia e Jerusalém Oriental) de Israel, desde 2002.

A presença da cerca não é unanimidade em Israel. Quem a apoia chama-a de “cerca de segurança”. Segundo o governo atual, mortes em atentados terroristas em Israel diminuíram após sua instalação. A narrativa palestina vê o muro como símbolo do apartheid e do colonialismo israelense. Palestinos com menos de 14 anos não conhecem a paisagem sem muro e já nasceram privados da liberdade de ir e vir.

O MURO QUE SEPARA ISRAEL E PALESTINA ESTÁ EM CONSTRUÇÃO E DEVE CHEGAR A 700 KM

 

De qualquer ângulo que se olhe, a vida e os direitos são desiguais dos dois lados do muro. Essas diferenças impactam em toda a população, com peso especial sobre as minorias, como a LGBT, que em qualquer contexto precisam lutar em dobro pela liberdade.

Separadas por alguns quilômetros, as duas nações vivem realidades distintas. Enquanto Tel Aviv é considerada capital gay do Oriente Médio, com 25% da população homossexual e uma famosa parada LGBT, amar alguém do mesmo sexo pode ser fatal na Palestina.

Esse tipo de relação não é contra a lei na região, como ocorre em alguns países muçulmanos, mas o tabu permanece. Há uma nova geração de palestinos que luta contra essa repressão (veja em Para saber mais). Como em diversas sociedades, porém, há uma parcela da população que pensa e age de maneira conservadora e radical. A presença de grupos como o Hamas, que persegue homossexuais com crueldade, torna a situação extrema.

ISRAELENSES E PALESTINOS VIVEM UM COMPLEXO CONFLITO POR DIVERSAS QUESTÕES

 

As contradições fazem parte da rotina das duas nações. O exército israelense (FDI) aceita homossexuais e inclusive paga pela cirurgia de mudança de sexo de soldados transgêneros. Mas também já foi denunciado por chantagear homossexuais palestinos para que se tornassem espiões.

A ocupação dos territórios palestinos por Israel é apontada por ativistas gays como o principal fator a dificultar que minorias ganhem voz e lutem por direitos nessa parte do mapa. No resultado final dessa complexa equação, o conflito tem mais peso até que as questões religiosas, na visão da ONG Al-Qaws, principal liderança palestina LGBT. O Metrópoles visitou a Palestina e Israel e mostra nessa reportagem narrativas sobre a vida dos dois lados do muro.

“Minha mãe, como mulher, não tem direitos. Como vou confrontá-la sobre me aceitar?”

Abdallah Rawashda, de 28 anos, hoje tem liberdade para ir a qualquer lugar do mundo, menos para casa. Há 6 anos, ele deixou Hebron, na Palestina, onde nasceu, para poder sobreviver. A polícia secreta palestina monitorou conversas entre ele e um amigo, que deixavam claro a orientação sexual dos dois.

Resultado de imagem para Abdallah Rawashda

Numa manhã de janeiro de 2010, ele foi levado a uma sala de interrogatório e acusado de colaborar com Israel, mesmo sem nunca ter pisado lá. “Qualquer gay que é identificado é imediatamente acusado de ser um espião do inimigo”, diz Abdallah.

Depois de 16 horas de espancamento e tortura, Rawashda não cedeu e se recusou a assinar uma confissão. Os torturadores, então, ligaram para o pai do garoto e contaram que o filho era gay. Na ligação, a mãe o aconselhou a não voltar para casa. Os irmãos e o pai estavam à sua procura, pois ele havia desonrado a família e isso poderia custar-lhe a vida.

Com ajuda de amigos, ele conseguiu fugir para Israel. Menos de duas semanas depois, porém, foi pego pela polícia, em Tel Aviv. Teria permissão para ficar, caso se tornasse informante. Ao se recusar, foi devolvido à terra onde estava ameaçado de morte. “Quando palestinos entram em Israel se tornam um alvo. Eles sabiam da minha situação e se aproveitaram”, lembra.

Rawashda entrou ilegalmente em Israel algumas vezes e foi obrigado a voltar à Cisjordânia em todas as tentativas, até receber ajuda de advogados e da Organização das Nações Unidas (ONU), que providenciou sua mudança para Oslo, na Noruega, em agosto de 2010. “Falo pouco com minha família pelo telefone e é muito triste não poder ir para casa”, disse em entrevista ao Metrópoles.

“O governo israelense usa os direitos LBGT para esconder a sua postura de apartheid. Tel Aviv não é toda Israel. O restante do país está afundado em homofobia e racismo. Os fundamentalistas judeus são mais radicais que os muçulmanos”

                 Abdallah Rawashda

Os amigos dele que ficaram na Palestina e são gays vivem sua sexualidade em segredo. “Tive notícias de um amigo que se assumiu, em Belém (Palestina), e os pais aceitaram bem. Mas eles são muito educados, são uma exceção. Ainda temos um longo caminho pela frente, estamos falando de uma sociedade inteira e não de apenas um país”, afirma.

Rawashda relata que a pobreza e a opressão na Palestina são um grande obstáculo. “As pessoas precisam de autorização para tudo. É uma situação muito difícil. Não há direitos básicos na Palestina. É preciso liberar as pessoas da ocupação, para então nos libertarmos de todo o resto. Minha mãe, como mulher, não tem direitos. Como vou confrontá-la sobre me aceitar?”, questiona.

Histórias semelhantes à de Rawashda repetem-se diariamente, em todo o Oriente Médio. Há dois meses, Ahmed, 21 anos, que é gay, mudou-se de Nablus, a 63 quilômetros ao norte de Jerusalém, para o Canadá, com a ajuda de uma ONG.

“Fiz essa escolha para poder ser livre e também para encontrar um trabalho. O desemprego é muito grande na Palestina. Sem trabalho, sem independência, é impossível sair do armário”, lamenta.

Uma das primeiras atitudes ao chegar ao Canadá foi tatuar no braço uma linha semelhante à registrada em monitores que acompanham os batimentos cardíacos de um paciente. Ahmed quis eternizar o momento em que renasceu.

“Se minha família descobre que sou gay, eles me matam. Meus amigos que são gays vivem vidas secretas, combinando encontros pelo Facebook e longe de lugares públicos”

                                        Ahmed, 21 anos, de Nablus

Entenda o conflito

Para compreender o contexto da construção do muro é preciso ter noção das disputas territoriais entre judeus e árabes na região da Palestina. Essa disputa, que ocorre há centenas de anos, intensificou-se a partir de 1949, quando a ONU iniciou a partilha da região.

Israel e Palestina vivem uma disputa territorial motivada por complexas questões históricas, religiosas e políticas. O movimento sionista defende o direito à existência de um Estado judaico, no território onde historicamente existiu o antigo Reino de Israel.

Séculos antes, judeus foram expulsos dali e sofreram com a escravidão. Também viveram o holocausto, o que os motivou ainda mais a retornar à Terra Santa, com a justificativa de estar em segurança no novo estado. Na mesma terra, porém, viviam milhares de palestinos, que foram expulsos para a formação de Israel.

Acordos internacionais para a formação de dois estados para dois povos foram negociados, mas a solução não se concretizou. A Palestina não aceitou os limites territoriais, que considerou opressores, e Israel não respeitou a delimitação ao construir colônias (assentamentos onde vivem judeus, com forte vigilância militar) dentro da Palestina, empurrando o conflito para cada vez mais longe do fim.

Do outro lado do muro

Shahar nasceu em uma tradicional família judia em Israel. Primogênita, com dois irmãos menores, foi criada em um kibutz, uma pequena comunidade agrícola onde a propriedade coletiva é incentivada. Aos 2 anos, pediu aos pais que raspassem a sua cabeça. Não se identificava com nada do que era apresentado como “coisa de menina”.

Teve o pedido prontamente atendido. “Eu não tinha a aparência esperada de uma garota. Me vestia como um garoto e, se é que se pode dizer isso, agia como um garoto a minha infância inteira. Sempre soube que eu me sentia diferente”, relata.

Somente aos 16 anos, Shahar conheceu o termo transgênero – que é quando uma pessoa não se identifica com o gênero designado no nascimento.

“Entendi que meus sentimentos tinham um nome. Que não era algo que só existia na minha cabeça, era comum outras pessoas se sentirem como eu”
                             Shahar, 22 anos, judeu e transgênero

Os pais e amigos mais próximos reagiram bem e Shahar passou a viver plenamente como um garoto adolescente. “Tive muita sorte por ter a minha família. Em geral, a sociedade israelense não aceita tão bem essas questões.”

Aos 17, Sharar começou a preparação para servir ao exército. “Nesse momento, percebi que não seria nada simples. Como vou me apresentar? O que vou dizer às pessoas sobre mim? Como vou me vestir? Na minha identidade, eu ainda era uma mulher”, lembra.

Não importa o gênero, aos 18 anos, todos devem alistar-se, em Israel. É nessa idade também que, pela lei do país, quem está em desacordo com seu gênero biológico pode optar pela cirurgia de redesignação sexual, popularmente chamada de mudança de sexo.

Ele decidiu, então, contar somente aos comandantes da unidade onde servia sobre sua identidade de gênero. Sua aparência, porém, mostrava que ele não era uma garota como as outras.

“As mulheres não ligavam para a minha aparência. Elas não se importavam tanto. Meu comando me apoiou, permitiu que eu usasse o uniforme unissex e me viu como bom candidato a oficial. Durante o curso de formação, comecei a entender que não poderia guardar esse segredo, não poderia esconder dos meus soldados algo tão básico sobre mim”, afirma.

O EXÉRCITO ISRAELENSE ACEITA HOMENS E MULHERES, QUE FICAM EM PELOTÕES DIFERENTES

 

Atualmente, Shahar é tenente e responsável por uma unidade inteira. Em maio de 2016 passou pela cirurgia de redesignação de gênero. Optou por manter o mesmo nome – que é unissex – na certidão de nascimento.

A coragem de Shahar mudou as coisas dentro da Forças de Defesa de Israel (FDI). Há cinco anos, quando ele se assumiu, não havia qualquer regra sobre como receber soldados transgênero. “Outras pessoas começaram a me procurar para pedir conselhos, gente que já estava no exército ou acabara de entrar. A partir da minha experiência, criaram-se regras para receber melhor pessoas como eu”, diz.

Atualmente, o militar faz parte de uma comissão sobre questões de gênero, dentro do exército – onde há 60 transgêneros. “A cada ano mais pessoas têm se declarado trans. De dois anos para cá, tivemos que lidar com mais situações assim. É nosso papel garantir os direitos de todos dentro da FDI”, explica a Major Merav Stoler, porta-voz de Recursos Humanos da corporação.

O exército de Israel arca com os procedimentos cirúrgicos nesses casos e banca todos os tratamentos. “É como qualquer outro procedimento médico aprovado pela lei israelense”, diz Merav.

Mulheres servem ao exército, obrigatoriamente, durante 2 anos, e homens ficam por 2 anos e 8 meses. Em caso de troca de sexo, o soldado pode escolher a opção que o deixar mais confortável.

Uma ilha chamada Tel Aviv

Corpos sarados e suados, beijos entre pessoas do mesmo sexo, bandeiras com arco-íris e cartazes com dizeres como: “sinta orgulho de si mesmo” e “não tenho nada a esconder”. O dia em que homossexuais vão às ruas em Tel Aviv para celebrar suas conquistas e exigir direitos é simbólico pela localização da cidade israelense, no Oriente Médio. Na mais recente edição, em maio de 2016, quase 200 mil participaram.

Não existe casamento civil, em Israel, somente cerimônias religiosas. Portanto, casais gays que desejarem casar-se precisam sair do país e validar a união posteriormente, na Justiça. Homossexuais que desejam adotar uma criança também deixam Israel – geralmente recorrem a barrigas de aluguel em países asiáticos ou na América do Sul.

Leilane Menezes/Metrópoles A Parada Gay de Tel Aviv é uma das maiores do mundo: 25% do povo é homossexual

 

Tel Aviv, em toda sua diversidade, porém, não representa todo o estado de Israel. Em 2015, na Parada Gay de Jerusalém, um judeu ortodoxo matou a facadas uma menina que participava do ato. A homofobia ainda é uma realidade no país.

Cinco perguntas para:


 

Shai Doitsh, 37 anos, nascido em Tel Aviv, ativista LGBT, ex-presidente da força tarefa pelos direitos LGBT The Aguda.

 

O que diferencia Israel de outros países do Oriente Médio com relação à homossexualidade?

Em alguns aspectos, Israel é como os outros países da região: religioso e conservador. O regime político democrático é a principal diferença. Usamos nossa voz para lutar pelos nossos direitos. Se não nos aceitam pela porta, nós entramos pela janela. Em nenhuma parte do mundo ninguém deu nada de presente à população LGBT.

Qual é a principal batalha dos LGBT, em Israel?

Os direitos são frágeis. Lutamos para transformá-lo em leis. Mas é muito difícil graças às coalizões de governo, à bancada conservadora de direita. Israel não tem Constituição, mas tem uma Corte Suprema que defende os Direitos Humanos. A idade média em que uma pessoa sai do armário, em Israel, é aos 12 anos. No resto do mundo, essa média é de 15 anos. Nosso trabalho é para educar a população.

Juliana Russomano/reproduçãoGrafite na parada de Tel Aviv. Palestinos acusam Israel de usar direitos LGBT

Qual é o papel da comunidade Palestina ou árabe-israelense nessa luta?

Tenho certeza de que a liberdade em Israel tem impacto nos países vizinhos. Eles também têm comunidades gays e buscam avanços. No Líbano e na Síria, as ONGs operam de maneira clandestina. A comunidade LGBT nos territórios palestinos está em pior situação: Israel não tem uma política de recepção de refugiados homossexuais. Há duas décadas, nós, como ONG, tentamos ajudá-los a ir para outros países, mas a maioria gostaria de ficar em Israel. Mas nós também entendemos os dilemas das forças de segurança.

Com frequência, Israel é acusado de “pink washing”, ou seja, de usar os direitos LGBT para melhorar sua imagem diante do mundo, com relação ao conflito com a Palestina. O que você pensa sobre isso?

Para quem fala em pink washing, o fato de eu estar aqui falando com você é só para disfarçar a ocupação. Uma coisa não tem nada a ver com a outra. O fato de Israel ser bom para os LGBT não quer dizer que não existam problemas. Todos acham que devemos olhar para a nossa vida pelo prisma do conflito. Para mim, é como pedir aos gays dos EUA que parem de lutar pelos seus direitos até que o país saia do Afeganistão.

A The Aguda ajuda os homossexuais ameaçados de morte na Palestina? Vocês têm notícias de chantagem por parte de Israel com relação a esse assunto?

Nós soubemos de alguns casos de chantagem, sim, e nós saímos contra esse fenômeno. Nos últimos anos, não ouvi nenhum caso, mas, se houver, sairemos contra, sempre. Nos preocupamos com os árabe-israelenses. Até pouco tempo, havia pouca informação LGBT em árabe e nós traduzimos. Buscamos as lideranças árabes, pois esse processo não acontecerá sem eles. Nosso país foi fundado sob as bases do holocausto: uma perseguição de minoria. Na declaração de independência diz que não deve haver discriminação.

Para saber mais

 

O documentário Oriented é uma janela para a vida de uma nova geração de palestinos. A câmera registra o cotidiano de três palestinos gays, que vivem em Tel Aviv.

 

“É uma nova geração de palestinos que você não teve a chance de conhecer. Acho que muitas pessoas que viram o filme mudaram sua mente sobre como é ser um árabe gay e palestino. Saiam das suas bolhas e deixem os “funky” árabes abrirem a sua mente”
  Khader Abu-Seif, um dos personagens de Oriented

 

Indicação de filme

Oriented é um documentário que relata a vida de três amigos palestinos gays e fala sobre identidade nacional e sexual. O trio vive em Tel Aviv. Khader vem de uma família muçulmana e mora com o namorado judeu. Fadi é um nacionalista palestino que acaba se apaixonando por um israelense sionista. Naim quer confrontar a família sobre a verdade a respeito de sua sexualidade. Os três estão em conflito pelo desejo de mudança perante uma situação aparentemente sem esperança. Enquanto isso, uma guerra é fabricada. Do diretor Jake Witzenfeld

Veja o filme aqui.


Indicação de leitura

 

Apesar de pequeno, o movimento gay palestino tem uma grande visão. Inclui vários grupos dentro da diversidade, que trabalham de maneira autônoma

Linah Alsaafin

Ler mais

 

 

 

Há oito questões que os gays palestinos estão cansados de responder. Vamos esclarecê-las de uma vez por todas.

Ghaith Hilal

Ler mais

 


*A repórter viajou para Israel e participou do curso Meios de Comunicação para a Paz, a convite da Histadrut, Federação da União dos Trabalhadores em Israel, e do Ministério das Relações Exteriores.

Fonte:  Metrópoles

Imagens: iStock

Desalojo del CSO A Insumisa

Desalojo del CSO A Insumisa en A Coruña. «Reflexiones sobre la carnicería de ayer»

 El miércoles 23 de mayo la policía municipal ha desalojado el centro social A Insumisa en A Coruña (Galiza). El espacio pertenecía al ministerio de Defensa hasta que fue cedido al Ayuntamiento, después de más de 15 años de abandono.

En noviembre de 2016 es recuperado por vecinas de A Coruña y desde entonces ha venido realizando diferentes actividades sociales y culturales organizándose a través de asambleas abiertas para toda la ciudad.

Después de ser ocupado el Ayuntamiento del supuesto “cambio”, hace una propuesta para reformarlo para hacer un proyecto cultural con bases similares a las que tenía la Insumisa llamado “Naves do metrosidero”. Los vecinos y vecina participantes de A Insumisa rechazan la propuesta del Ayuntamiento, defendiendo la autogestión vecinal de un proyecto que ya funciona sin la intervención del ayuntamiento y sin gastar dinero público. Es entonces cuando el ayuntamiento inicia el proceso para el desalojo el 16 de marzo de este mismo año.

La mañana del miércoles, quince horas de que se cumpliera el plazo para el desalojo, la policía local se ha presentado en la puerta mientras varias personas solidarias con el espacio se concentraban en la puerta. Durante el desalojo ha habido cargas policiales que se han saldado con varias personas heridas, algunas con golpes en la cabeza. Es importante señalar que durante las cargas la policía, además de golpear en la cabeza, lo ha hecho con porras extensibles, utilizando también gases lacrimógenos.

Imágenes de La Voz de Galicia

Dos mujeres se han subido al tejado de la Insumisa y han resistido a los intentos policiales de hacerlas bajar mientras una concentración de apoyo permanecía a las puertas. Hasta las cinco la policía no permitió dar agua y algo de comida a las dos personas que permanecían elevadas en el tejado del Centro Social, a pesar de las reiteradas peticiones por parte de las manifestantes. Bajo un sol y una temperatura importantes.

A las ocho de la tarde había convocada una manifestación en rechazo al desalojo y en apoyo a las personas que estaban en el tejado. Nada más desplegar la pancarta la policía realizó una nueva carga. A las once de la noche se pactó que las mujeres que resistían en el tejado lo dejaran sin ser detenidas ni identificadas.

La Marea Atlántica emitió un comunicado en el que lamenta la violencia acontecida a lo largo de la jornada, hablando de “fracaso colectivo”. Las ocupas, por su parte, hacen un llamado la una manifestación el sábado 26 de mayo por la tarde, pendiente de concretar por el momento el lugar y hora de dicha convocatoria y señalan al Ayuntamiento como responsable de la situación

Traducimos a vuelapluma del gallego una carta publicada en Airmandade da Costa:

Reflexiones sobre la carnicería de ayer

Todavía es difícil escribir después de lo vivido  de ayer. Los mercenarios de Marea Atlántica han superado todas las expectativas. La vivida ayer fue la mayor carnicería en nuestra ciudad en décadas. La policía local no dudó en cargar con porras, barras de hierro (no, no estoy exagerando, mira las porras extensibles empleadas, son barras de hierro propias de auténticos psicópatas), para la primera vez que recuerde se utilizó gas pimienta, se impidió pasar comida y bebida a compas en el tejado con la única intención de que les diera una insolación y se mareasen en el tejado, se tomó las matrículas de las solidarias que tocaron la bocina en apoyo a la concentración, se intimidó a periodistas  para que no registraran la carnicería y un largo etcétera.

A pesar de que he grabado en la retina las cabezas abiertas, las 9 grapas que abarcan casi la totalidad de la cabeza de una compañera, manchas de sangre por toda la acera, colegas llorando porque un rociadas salvajes con aerosol directamente a los ojos, innumerables brazos, manos, muñecas y piernas magullados, incontables moratones, dos compas al borde de la insolación encima del tejado cuya integridad física llegó a peligrar  por culpa de estos terroristas, un compa toda la noche internado en el hospital con un golpe en la cara, otro detenido por no hacer nada que tendrá que hacer frente un nuevo montaje policial, los gritos, las lágrimas de la ira y la impotencia … YA NO AGUANTO MÁS.

Dicen que Marea es lo mismo que el PP. Completamente falso. El PP no nos conoce, para ellos somos perroflautas, radicales o simplemente extraterrestres. Vivimos en mundos opuestos y es por eso que apenas nos reconocemos. Con Marea es distinto. Ellos saben lo que sientes cuando construyes un proyecto entre todas trabajando de modo conjunto. Saben lo que pasa en un desalojo. Han estado con nosotros desde hace muchos años, saben exactamente lo que somos: nuestros deseos, nuestros sufrimientos, nuestra ansiedad, el miedo, incluso nuestro pánico, tener que calcular lo que nos puede costar una simple error, esto no es una broma, nos jugamos mucho. Saben todo esto y lo traicionan, lo liquidaron a golpes de porra y chorros de sangre.

¡Ay qué risa les da!

Dos comunicados de Marea que dicen poco, no valen una mierda y no merecen que perdamos el tiempo analizando su verborrea política que no tiene otro propósito que el de minimizar la pérdida de votos. Sólo decir dos cosas: Estoy completamente de acuerdo que ayer fue un día oscuro porque hemos perdido un centro comunitario tan noble como el CSO A Insumisa y porque hemos visto cómo la gente más digna de aprecio de esta ciudad fue masacrada por unos pocos descerebrados armados hasta los dientes. Pero es totalmente falso que se trate de un fracaso colectivo, al contrario, todos los movimientos sociales de la ciudad hicieron piña dando un bello ejemplo de rebeldía y solidaridad, un ejemplo de los cuales sólo se excluyó la basura mareante, y eso que todo lo que tenía que hacer para Unirse fue algo tan simple como detener esta barbaride.

Nosotros, como personas pacíficas que somos, estamos haciendo un esfuerzos titánicos para no reventar a ostias a estos canalllas, algo que evidentemente todos lamentaríamos si sucediese , pero no nos podrían culpar de ello, porque si hay algo que tenemos claro es que a partir de ahora los concejales de Marea Atlántica son los únicos responsables de TODO lo que suceda.

Fonte: alasbarricadas.org


Mais info:

A toma pola forza da Insumisa esfarela o soño da Marea

200 anos de Marx

Minha lembrança aos 200 anos de Marx…

No aniversário do nascimento de Karl Marx, quero lembrar Helena Demuth (1820-1890), a sua criada. A garota foi uma proletária de origem pobre captada pelos Marx com a idade de 15 anos para o serviço doméstico. Passou toda a sua vida na casa dos Marx, e aparece na correspondência de pessoas que os visitavam. Além disso, Marx fez-lhe um filho às escondidas (abusava dela), sendo um homem casado e para evitar a “Vergonha”, Marx encomendou o bebê ao seu amigo Engels, que era solteiro. Que criou a criança (pô-lo a trabalhar na sua fábrica de ferramentas em Manchester). E quando o Marx morreu, ele também se encarregou de Helena (a fez trabalhar em sua casa).

Os restos de Helena foram enterrados a pedido das filhas de Marx (Eleanor e Laura), no túmulo da família (já que fazia parte da mesma). Ela deixou em herança o seu filho freddy 95 libras esterlinas.

Os arbitrário modos machistas de Marx também foram dirigidos em outra ocasião contra bakunin e Antonia:

Na Primeira Internacional dos trabalhadores bakunin enfrentou Marx e seus seguidores que não hesitaram em ridicularizar as suas posições em relação à emancipação da mulher, como parte de seus argumentos para tentar quebrar a influência de bakunin e dos anarquistas na internacional.
Marx usou adjetivos contra bakunin e Antonia (sua companheira sentimental); apontando a bakunin como ” pouco homem ” ou ” Hermafrodita “, quando ambos assinaram o programa da aliança socialista internacional. Ridicularizou a Antonia por “Ter-se atrevido a assinar o documento” e apontou o quão mau era que a Antonia tivesse amantes e que bakunin não dissesse nada a respeito e que além de cuidar e agir como um pai afetuoso com os filhos dela.

Recordemos também que Marx celebrou a morte da sua própria mãe, já que por isso ia cobrar a sua herança…

“… empregada ou esposa, é sobre a mulher, agora e sempre, com a que conta o homem para se libertar do trabalho do lar. Mas por fim também a mulher reclama a sua parte na emancipação da humanidade. Já não quer continuar a ser a besta de carga da casa. Já é suficiente com todos os anos da sua vida que tem que dedicar à criação dos seus filhos. Já não quer continuar a ser a cozinheira, a remendona, a varredora da casa!…”

Piotr Kropotkin

Argumentos anti-oi

O mais doido é que uma parte da galera que se diz antifascista aqui de Fortaleza/Ceará parece ter chamado a polícia, que age de modo explicitamente fascista, pra prender a galera punk neh?! Uma parte dessa menor de idade inclusive, tornando o ato ainda mais absurdo…

É o que parece mais provável até pelo que se sucedeu nas redes sociais , afinal depois disso perfis fakes dessa mesma galera ficaram caçoando nos perfis de outros punx chamando-os de sujos/imundos , em claro tom higienista e preconceituoso, além de perguntarem se foi bom ser preso ou correr da polícia…

Contradição em cima de contradição em cima de contradição.

Até então eu não tinha muito a falar dos RASH e segmentos que reivindicam uma ideia de um skinhead puro ou não fascista mas existem diversas camadas que não ficam tão expostas e que demonstram contradições e escrotices enormes, falta de caráter e ética. Coesão não existe.

Uma época até tentei dialogar com alguns conhecidos que se assumem nesta nomenclatura de RASH e tentar entender e respeitar seus argumentos. Apesar de não achar que seja uma cultura interessante de ser enaltecida me mantive na minha por achar que eles estavam na deles e não perpetuavam qualquer espécie de problema de fato.

Já fui alvo de perseguição de grupos skinheads fascistas quando era punk, fui espancado por uma parte desses covardes, até hoje o processo legal não andou pra frente e o que tem avançado é o surgimento de mais indivíduos e grupos, dos que se dizem RASH ou dos que dizem Carecas, passei a perceber que é uma violência e desrespeito enorme que tal cultura exista sobre qualquer argumento.

Para uma pessoa que já foi violentada por Skinhead de qualquer espécie,a existência da mera visualidade já é um fator de gerar nojo e uma espécie de medo psicológico. Passei dois anos pra superar o andar na rua e ver uma careca qualquer e pensar que era a porra de um fascista, nem precisava ser um skinhead, bastava ter um pouco das características sabe? Cabeça raspada,uma botinha ou jeitinho operário caricato.

Acredito que visualmente o fato de existirem já influencia o surgimento de outros grupos de caráter fascista. Toda vida que um moleque de ideia torta cruza com uma figura dessa na rua e não entende do que se trata pode ser uma influência pra surgir um novo fascistinha que foi pesquisar na net e se deparou com as vertentes mais violentas. Outra coisa que não esta sendo explicitada é que os carecas estavam andando no Benfica em parte por conta do pub que os RASH têm em frente a praça da Gentilândia né?! Que já havia rolado trocas de farpas e que no fim das contas quem se fudeu foi um jovem negro e homossexual que estava na praça de boas, ou seja, o fato de uma cultura existir se dizendo não fascista mas se executando de modo territorialista e demarcador fez a rebaba da merda soar pra uma outra pessoa que nem é do rolê deles. Os caras adoram queimar os punx mas não assumem a parte que lhes cabe na merda, agem de modo covarde e coercitivo moralmente para tirar o deles da reta.

É uma cultura que exacerba um modo de executar de macho, com princípios meio hooliganistas e de ganguismo, com cultura de rua violenta que eles próprios admitem fazer parte do seu cerne, com frases como “jovens que não dispensavam uma boa briga” (ai dentro!!!!), enaltecem uma suposta cultura operária , ou seja que no fundo reconhece também a submissão das classes aos patrões ao invés de propor um rompimento com esta lógica submissa inclusive na visualidade, no gestual e etc. Enfim, passei a perceber que não tem essa, skinhead é um cultura PAIA e que não tem que ser enaltecida de jeito nenhum!!!

Os skinheads que se incomodam muito com os anarco-punx que de fato tentam romper com uma lógica de reverência submissa, de execução de macho e com diversos princípios toscos e contraditórios… É lógico que esses punx, principalmente a parte mais nova (que ainda vai crescer, amadurecer e aprender com os próprios vacilos na caminhada) e visceral (que se emputece muito com estes gestos estranhos de execução dos skinheads), tem suas contradições e cometem vacilos estratégicos mas acredito que isso se dá muito por não conseguir lidar com o fato da existência de uma cultura que agrega tantas qualidades dispensáveis pra evolução de um pensamento social mais ativo e coeso!!!

Anônimo

Solidariedade Urgente!

URGENTE!!! pra quem já sabe e pra quem não sabe ainda, nosso amigo Dhan Knup Cdo, vulgo KOKEIRO, está preso acusado de assassinato de um abusador de crianças, desde 31 de outubro… ele está em um presidio na Bolivia, mas está “bem” no momento, mas está precisando de ajuda financeira, sua família não tem condições de ajuda-lo, principalmente a essa distância… sua companheira Farydde Burgoa Rodriguez está sozinha fazendo o possível pra ajuda-lo… outros dois “punx”???? que foram presos com ele, tão colocando tudo nas costa dele, já que são de famílias com dinheiro e tem advogado privado… ele está com advogado publico (que é uma merda) que arrumou um jeito de ele responder em liberdade e depois agitar o resto do processo (que vai precisar de mais grana)… mas ele precisa de uma grana/valor/$ inicial pra poder agitar isso.. eu e mais um mano já doamos uma parte mas ainda falta uma quantia razoável, então estamos pedindo doações, vaquinhas e quem puder organizar eventos pra arrecadar grana tbm…


*Atualização, ajuda financeira pro kokeiro Dhan Knup Cdo , preso desde dia 31 de outubro, no presidio Mocovi – Bolivia, acusado de assassinato de um pedófilo/estuprador…

URGENTE!!! um video nas próprias palavras do kokeiro, bagulho tá doido lá, tá precisando de levantar grana o mais rápido possível pra pagar os “requisitos” antes de ser julgado,
pra poder responder em “liberdade”,
porque depois de julgado vai ser mais difícil conseguir liberdade, caso a condenação se confirme.

uns poucos chegaram junto até agora, então quem puder ajudar o mais breve possível, entra em contato ai comigo Borges Kxias pra pegar a conta…
quem eu já passei só avisar quando depositar…
quem quiser saber mais tbm sobre o que ta acontecendo entra em contato com a Farydde e se informa…

pessoal (punx e afins) quee quiserem somar com alguma movida pra arrecadar fundo$ som entra em contato e caso queiram tbm saber mais detalhes

whatsapp do kokeiro +591 73387238
pra quem quiser entrar em contato direto com ele, mandar mensagens de amor e solidariedade

https://www.facebook.com/100007674853943/videos/1939004099698733/?fref=gs&hc_ref=ARTdqstFONv0xGTThaw3Aqe24VUtJoRRTNjDAbGW6-9Ely2fiHGgkYAbMCM-ni0Htjc&dti=442997675874131&hc_location=group


O que é x Punk?

Umx estética?
Umx movimiento?
Umx filosofía?
Umx política?
Umx sonoridades?
Umx cultura/contracultural?
Nx minhx opinião x punk é umx sentimento, umx compromiso.
Umx sentimento de revolta, indignação e repulsa a todxs xs maselas da humanidade, contra tudo aquilo que nos transforma em seres mediocres, que nos rouba a dignidade, humanidade, animalidade, nossa exência, tudo aquilo que nos impede de ser nós mesmos em nossa natureza.
Umx compromisso de contraposição a tudo isso, a tudo que proveniente e vivificador dessx mediocridade, umx compromisso com essx sentimento que não busca eterna existência mas sim x própria destruição al busca destruir x própria origem que é x caos social, ou melhor, x sua falsa ordem e naturalidade.

 Umx compromisso de destruir e matar a si mesmo para poder realmente viver x totalidade da exitência.
X punk para mim é x forma que nos impulsiona a encontrar um sentido em meio a umx existência vazia e assim descubrir x verdadeiro sentido das palabra viver/existir.
Êra punx!!!
Axé!!!

Dhan Knüp Cdo

Mês de agitação!

mes-de-agitacao-antiautoritaria-pela-ofensiva-an-1

Solidariedade insubmissa à todxs anarquistas perseguidxs na região sul do território dominado pelo estado brasileiro.

Nós fazemos um chamado para ação extensiva nos meses de fevereiro e março em resposta à “Operação Érebo”.

No ano de 2017, a polícia civil de Porto Alegre (RS) iniciou a chamada “Operação Érebo” para perseguir anarquistas e espaços libertários. Está claro que o estado quer derrubar a cada um que faz das suas ideias uma autêntica ameaça

Nenhuma agressão ficará sem resposta. Perante a isso, apelamos para respostas imediatas que venham de todos os cantos visando o inimigo. Não ficaremos na defensiva covarde, aguardando o próximo movimento jurídico-policial nos atingir.

Que a ideia se difunda e se espalhe como o fogo da revolta incontida por todos os territórios dominados. Que as palavras de rebelião soprem junto ao vento pelo mundo.

Sejamos criativxs.

COMUNICAÇÃO É ARMA!

PELA SOLIDARIEDADE APÁTRIDA!

LIBERDADE PREVALECERÁ!

Somos o que somos e nisso não vamos retroceder: somos anarquistas, amamos a liberdade e sim, desprezamos a todos os valores e instituições que compõem essa máquina de guerra chamada capitalismo, civilização

By  on 2 de Fevereiro de 2018

Verde vendetta

V(er)de Vingança

Homem se vinga do prefeito pela morte de sua árvore favorita.

“Olá, eu sou arborista. Isso significa que eu me dedico profissionalmente à criação, cuidado e estudo das árvores. Eu amo árvores. Para mim, elas estão entre as coisas mais lindas, altas e antigas do nosso planeta.

Hoje, eu vou lhes contar uma história sobre morte, nova vida e vingança. Há três anos, a prefeitura de Redondo Beach ordenou que minha árvore de 30 anos, Clyde, fosse cortada.

Suas raízes tinham começado a sair pelo pavimento da calçada em frente à minha porta. A administração da cidade percebeu isso e ordenou a morte da minha árvore. Eles também me fizeram pagar pela remoção da árvore e pelos danos à calçada.

Eu amava Clyde. Eu estou ficando cada vez mais velho, e por isso é importante para mim plantar algo que ainda viverá muito tempo depois da minha morte. Eu cuidei bem dele. Eu o reguei, o apoiei quando ele ainda era um arbusto, e o vi crescer.

Apenas no momento em que Clyde se tornou uma planta forte e saudável, expandindo suas raízes, construindo um dossel e levando a vida em suas próprias mãos, o prefeito veio e arruinou meu filho magnífico.

Prefeito Steve Aspel, você assassinou meu filho.

Você pagará por isso. Há dois anos e sete meses, eu plantei secretamente, em diferentes parques, jardins e propriedades públicas da cidade, mais de 45 sequoias sempervirens e 82 sequoias-gigantes.

Até agora, seus sistemas radiculares têm em média 9 metros e estão bem fixos no solo. Talvez você tenha notado as árvores crescendo em frente à câmara municipal ou as novas em seu jardim. São sequoias-gigantes e seu crescimento acelerará nos próximos meses.

Você matou Clyde, mas eu o substitui por outros mais de 100 gigantes vivos. E elas ficarão gigantes. Em poucos anos elas chegarão a uma altura de 30 a 60 metros e viverão mais de 2500 anos. Isso é mais tempo do que o nascimento de Cristo até hoje. E para cortar cada uma, você precisará gastar (convertido em reais) mais de R$ 4800. Eu vou te deixar com essa conta da mesma forma que você fez comigo 3 anos atrás.

Tenha um bom dia! Que sua cidade seja dominada por árvores. Que Clyde descanse em paz.”

Quem poderia ter imaginado? Alguns amantes das árvores parecem ter vínculos emocionais mais fortes do que pensávamos. Como será que o prefeito reagiu?

fonte: Não Acredito

Desalojo em Manacapuru

Faz 15 anos que esses agricultores humildes trabalham lá, aí aparece um fazendeiro e diz que as terras são dele, aparece um juiz que nem se deu ao trabalho de ir conhecer a comunidade e desapropria 180 famílias, expulsando-os dos seus lares! Desapropriação injusta, feita pelos donos da Fazenda Exata, sendo que não havia nada, nem cerca, nem picada, nenhum tipo de demarcação quando essas pessoas chegaram naquelas terras. Depois de mais de uma década? Cadê o direito ao usucapião? Cadê a função social da terra? Cadê a mídia? Cadê o protesto pelos mais humildes? Sim, isso aconteceu essa semana, do outro lado da ponte do Rio Negro, próximo a Rodovia Manoel Urbano. Não permita que o choro dos humildes seja abafado. Compartilhe!

La imagen puede contener: cielo, árbol, exterior y naturaleza

La imagen puede contener: árbol y exterior

La imagen puede contener: una o varias personas, personas de pie y exterior

La imagen puede contener: una o varias personas y texto

La imagen puede contener: cielo, árbol, nube, exterior y naturaleza

La imagen puede contener: 2 personas, exterior

La imagen puede contener: una o varias personas, cielo, nube, árbol, exterior y naturaleza

La imagen puede contener: 3 personas, personas de pie y exterior

La imagen puede contener: árbol, cielo, exterior y naturaleza

La imagen puede contener: una o varias personas, personas caminando, personas de pie, exterior y naturaleza

Pablo Nahuel Giusto

“una viktima mas del sistema de rikos para rikos,enkarcelado,humillado y separado de mis seres keridos x ser kontraventor de la injusticia y la avaricia dw los rikos,orgulloso de serlo.
Sekuestrado x el estado estoy aka en un sistema karcelario kon los demas detenidos x negarse a ser explotados y humillados bajo una politika karcelaria dnd la mayoria ae hace komplice dw ella.
La mente te engaña hay imagenes fugaces, la kondena es psikologika.
El preso al ke la sociedad lo kondena y kastiga en miseras kondiciones dnd el odio y el resentimiento krecen y krecen.
Nuestra situacion es injusta y miserable lo ke lo hace mas insoportable,@ pesar de todo esto la rebeldia,el odio y la ira estan mas fuerte ke nunka, la solidaridad de los kompañeros y rebeldes me llenan de fuerzas xke es el arma mas fuwrte ke tenemos ayudando a no klaudikar nunka.

Un fuerte abrazo a todos los ke sientan ke este sekuestro es injusto y degradante..
libert@d a todos los presos politikos!
Solidaridad resistencia apoyo lutxa y accion direkta a todos que lutxan kontra el sistema!
Solidaridad lutxa y fuerza a los pueblos originarios!.
Pablo Nahuel Giusto

(kresta)

 

ZUMBI

ZUMBI só se for DOS PALMARES

Por políticas públicas inclusivas e cuidado em liberdade
 
O MNPR-RS (Movimento Nacional da População de Rua do RS) lançou neste dia 11 de julho uma contracampanha chamada: “ZUMBI só se for DOS PALMARES – Por politicas públicas inclusivas e cuidado em liberdade”
Porque uma contracampanha? Vivemos no Brasil desde meados de 2009 um bombardeio de campanhas contra o uso de crack utilizando zumbis para representar as pessoas que usam a droga. De lá pra cá são inúmeras noticias, vídeos e até intervenções nas ruas onde os usuários de crack são relacionados aos mortos vivos, seres que foram possuídos e já não são mais humanos, são monstros insaciáveis atrás da pedra e para isso são capazes de qualquer coisa. Zumbis não têm direito a nada, no videogame e nas séries de TV, zumbis precisam ser mortos com um tiro na cabeça! Essa é a ideia que estas campanhas passam diariamente a todas e todos nós.
E daí? Acontece que as pessoas que usam crack e até mesmo as que não usam, mas pelo seu modo de viver são associadas diretamente ao uso como as pessoas em situação de rua, têm sido alvo de crescente violência – mais discriminação, preconceito e estigma – afastando assim todas as parcas possibilidades do cuidado em saúde. O resultado disso são mais e mais ações de politicas higienistas, onde o “cuidado” oferecido são internações forçadas (compulsória nos termos técnicos e outras), onde a solução mágica é retirar as pessoas da rua e isolá-las em lugares trancafiadas e afastadas do olhar da sociedade. Isso já é sabido que tem uma baixa resolutividade, tornando-se uma porta giratória com custos altos e por isso gerando uma crescente onda de novas comunidades terapêuticas surgindo todos os dias, sendo que muitas vezes são alvos de investigações por manterem práticas de tortura e violações de direitos. Quando as pessoas saem de lá, não tem para onde voltar, retornando assim para as ruas, justamente porque os governos não oferecem outras políticas de inclusão a essas pessoas.
O que as pessoas que usam crack e outras drogas precisam? Primeiro a possibilidade de serem escutadas, de não serem vistas como seres sem vida, além de políticas públicas inclusivas como: moradia, geração de emprego e renda, educação, saúde, ou seja, acesso aos serviços como CRAS, CREAS, CAPS ad, serviços estes que estão cada vez mais precarizados em Porto Alegre e no estado do RS como um todo. Chega dos governos se utilizarem do uso de drogas como uma cortina de fumaça que mascara o que realmente eles devem fazer!
Por isso falamos de um outro Zumbi, líder de seu povo, símbolo de luta pela liberdade e autonomia de Palmares. Para o MNPR-RS, ZUMBI só se for dos Palmares!

Ahed Tamimi livre já!!!

Jovem palestina que desafiou soldados israelenses aos 13 anos em 2012 é presa pelo exército

La imagen puede contener: 2 personas, personas de pie y texto

Redação | São Paulo – 20/12/2017 – 14h44

Ahed Tamimi, hoje com 17 anos, foi presa sem motivo oficial, mas, segundo pai da jovem, detenção veio após vídeo em que ela enfrenta novamente forças de Israel viralizar.

No dia anterior, no entanto, um vídeo de Tamimi em que ela brigando com dois soldados israelenses, exigindo que eles saíssem da vila de Nabi Saleh, viralizou na internet. Os militares estavam na região reprimindo palestinos que protestavam contra a declaração do presidente dos EUA, Donald Trump, que reconheceu Jersualém como capital de Israel.

Segundo o exército israelense, a família de Tamimi teria permitido que um grupo de palestinos usasse a casa dela para atirar pedras nos soldados. Bassem disse à Jazeera, no entanto, que a versão de Israel não conta toda a história – e que o vídeo passou a ser registrado após os militares atirarem bombas de gás lacrimogêneo diretamente contra a residência.

A mãe de Tamimi, Nariman, foi presa na tarde do mesmo dia, quando foi visitar a filha na prisão.

Punho em riste

Em 2012, uma imagem de Tamimi correu o mundo. No meio de uma estrada deserta, cercada de paisagem árida, ela, com a insígnia da paz estampada no peito, enfrentou dezenas de soldados, protegidos com capacetes e metralhadoras. O contraste da imagem chocou, mas nem as armas em punho foram capazes de amedrontar a então criança, que continuou a gritar e empurrar os oficiais em busca de respostas. A única resposta recebida foram balas de borracha.

“Eu lembro que o pior período da nossa vida foi quando prenderam o meu pai pela primeira vez. As autoridades israelenses não nos deram autorização para visitá-lo”, contou ela então a Opera Mundi. Detido por oficiais israelenses por seu papel de liderança nos protestos pacíficos, Bassem teve de enfrentar a corte militar de Israel por 13 vezes e chegou a passar mais de três anos no cárcere, sem nenhum julgamento.

Active Stills

Ahed, aos 13 anos, desafiando soldados israelenses

Fonte: Opera Mundi.

O voto secreto?

La imagen puede contener: 1 persona, sombrero
A POLÍTICA NÃO ME INTERESSA (1)

(Por: Maria Lacerda de Moura*)

“Obedecer é a escola de quem quer mandar.”

O voto? — Nem secreto, nem masculino, nem feminino. O voto secreto? — A confissão pública da covardia, a confissão pública da incapacidade de ostentar a espinha dorsal em linha reta, a confissão pública de servilismo e da fidelidade aviltante de uns, do domínio das mediocracias legalmente organizadas. Democracia? — Ferrero a definiu: “este animal cujo ventre é imenso e a cabeça insignificante”. O voto não é necessidade natural da espécie humana: é uma das armas do vampirismo social. Se tivéssemos os olhos abertos, chegaríamos a compreender que o rebanho humano vive a balar a sua inconsciência, aplaudindo a miséria parasitária que inventou e representa a tournée da teatralidade dos governos, da política, da força armada, da burocracia e afilhados — para complicar a vida cegando aos incautos, a fim de explorar todo o gênero em proveito de interesses mascarados nos ídolos do patriotismo, das bandeiras, da defesa sagrada dos nacionalismos e das fronteiras, da honra e da dignidade dos povos. Depois, a rotina, a tradição, a escola, o patriotismo cultivado, carinhosamente, para que a carneirada louve, em uníssono, o cutelo bem afiado dos senhores. A religião, a família encarregam-se do que falta para desfibrar o indivíduo. O voto, a legislação interesseira e mesquinha dos pais da Pátria, Parlamentos, Senados, Consulados, Ditaduras, Impérios, Reinos, Repúblicas, Exércitos, Embaixadas, Liga das Nações, Paz Armada, Alexandre, Césares, Mussolini — “escultores de montanhas”, símbolos de cegueira do rebanho humano, ídolos que substituem e equivalem, brinquedos perversos de crianças grandes, sonhos transformados em “verdades mortas”, infância, atavismo de paranóicos. A política é um trapézio. Direitos do povo, sufrágio universal… palavras. Dentro do demagogo há uma alma de tirano. Caída a máscara que atrai o rebanho humano, o ditador salta no picadeiro da política, as duas mãos ocupadas: em uma o “manganello” [cacete]; na outra, o óleo de rícino. Tem razão Aristóteles: “O meio de chegar à tirania é ganhar a confiança da multidão: o tirano começa sempre por ser demagogo. Assim fizeram Pisistraste em Atenas, Téagéne em Mégara, Denys em Siracusa”. Assim fez Mussolini. Quando um Rui Barbosa, por exemplo, falava tão alto contra os nobres pais da pátria, é porque tinha na alma o despeito louco de não ter sido elevado ao pico máximo da vontade de poder. Em política, age-se de modo inverso: os tribunos demagogos adulam o povo, elogiam a soberania do povo, proclamam os direitos do povo, prometem a felicidade do povo e sobem, empurrados pela embriaguez nacionalista e pelo servilismo e docilidade do povo, mas representado pela “população de cima”. Quem quiser subir aos picos da vontade de poder, não procura as vozes desassombradas e nem toma decisões sem ouvir a direção do seu partido. Obedecer é a escola de quem quer mandar. O político é um acrobata, e para alguém ser um acrobata tem de participar cedo a deslocar todas as juntas. O político quando sobe às culminâncias da glória e do poder, já se dobrou tanto, já se curvou, já se humilhou, já fez de tal modo o corpo em arco e a alma em camaleão que é capaz de se identificar com o molusco. Como deve ser difícil engolir a liberdade de opinião, a liberdade de consciência, a liberdade da imprensa, a coragem de proclamar alto as convicções — se fazemos parte de um partido definido, com declaração de princípios e afirmações categóricas e ação metodicamente organizada para derrubar partidos contrários ou dogmas religiosos que vêm ferir os nossos dogmas e pôr diques à nossa desenvoltura apostólica! Quando a imprensa é só louvor aos “eleitos” de cada partido político, se ninguém quer ouvir senão o que interessa aos seus planos e aos projetos e decisões do seu partido, se todos se preocupam com o cidadão e desprezam o homem livre, trata-se de ser sempre contra alguém, para subir, para vencer, custe o que custar; se obedecemos a lei em prejuízo da consciência; se fechamos os olhos para não ver e nos servimos da lógica como instrumento para abafar as vozes sinceras! Se semeamos ódio e as ambições, nas farsas patrióticas dos nacionalismos de partidos a se digladiarem pelo osso da vontade de poder, pelo osso do domínio e da glória política — abrimos alas a uma ditadura mussolinesca com todas as arlequinadas do “manganello”, batuta da orquestração paranóica do atavismo elevado à altura do gênio, e que há de representar condignamente a dignidade de Cônsul, como aquele cavalo célebre. Também nós, insensivelmente, pouco a pouco, preparamos o ambiente para que surja, neste país, um capataz, rebenque em punho, para gáudio dos acrobatas moluscos das democracias de demagogos. Somos uma nação de leis. E Sócrates já dizia: “É a lei que corrompe os homens. Quem quer que aconselhe: ‘Obedeça à lei’ — é corruptor aos olhos do filósofo. Mas, quem quer que aconselhe: ‘Obedeça à sua consciência’, é corruptor aos olhos do povo e dos magistrados.”(2) E, a propósito da liberdade da imprensa, nos lembremos ainda de Sócrates: “Parece-me bem insignificante a coragem que acha temíveis certas verdades.” Que será preciso para ser político ou servir a amigos políticos? Ouvir, observar, acatar, obedecer, curvar-se ante os paredros da política, louvar ao povo, cantar a soberania do povo, prometer liberdade e… fazer ginástica. Cada um de nós só tem o direito de governar a si mesmo. Ninguém pode exigir da consciência de outrem. Os homens se esqueceram da própria realização interior, para cuidar de todas as necessidades perfeitamente desnecessárias, criadas pela cupidez do capitalismo absorvente e pela perversidade inominável do industrialismo, de tudo, inclusive das consciências — organização social de cáftens e de vampiros do sentimento humano, mantida pela política, pelo capital, pelas religiões dominantes, que separa os humanos em vez de os unir, e pela força armada, escola de chacina para formar almas de canibais condecorados. Cada um de nós tem o seu governo interior: tudo o que vem de fora, não constituindo uma nota de beleza, de harmonia vibrando em uníssono com a nossa harmonia, é violência que gera violência, é ódio que gera ódio. Mandar, como obedecer, é covardia: degrada, avilta, imbeciliza o gênero humano.

*Maria Lacerda de Moura (1887-1945): anarquista brasileira de grande destaque nas lutas antifascistas, anti-clericais e feministas do século XX. Autora, entre outros, dos livros A mulher é uma degenerada?, Amai-vos e não multipliqueis.

(1) Extraído de A Plebe, São Paulo, nº19, 08/04/1933.
(2) Han Ryner. Les véritables entretiens de Socrate.

in: http://www.nu-sol.org/verve/pdf/Verve10.pdf (pp. 231-235).

por Jeca Sopro.

Kerexu Yxapyry

Ataque à Aldeia: Povo Guarani do Morro dos Cavalos pede socorro

Comunidade foi atacada a tiros na madrugada de domingo, depois de no feriado de finados a mãe da cacique ter sido barbaramente esfaqueada

“ESTAMOS À BEIRA DE UM MASSACRE” – Habitantes indígenas estão vivendo desde o início de novembro momentos de terror na aldeia Guarani do Morro dos Cavalos, situada em Palhoça, há 30 quilômetros de Florianópolis. A líder Kerexú Yxapyry está clamando por socorro de todas as entidades e pessoas em defesa dos povos indígenas e dos direitos humanos. Na madrugada de sábado para domingo (19), a aldeia enfrentou um novo ataque a tiros de revólver, depois de ter, no dia 2 de novembro, sofrido a máxima violência quando pessoas ainda não identificadas atacaram a mãe da cacica, Ivete de Souza, 59 anos, torturaram, cortaram todo o corpo a golpes de faca, deceparam uma de suas mãos e só pararam quando avaliaram, por engano que ela já estava morta, conforme relatam as entidades apoiadoras da luta indígena em carta aberta.

Os “não índios maus” (como os Guarani) os chamam, que costumam atacar a comunidade nos feriados e fins de semana, “compraram” e ameaçaram adolescentes para agredir a idosa. Desde o dia 2 de novembro, Ivete foi internada em estado grave no Hospital Regional de São José e ainda não teve alta. “Ela está bem agora, mas perdeu a mão”, diz a filha Kerexu (Eunice Antunes) por telefone. Conforme a ex-cacica, que é também professora da Escola Indígena Itaty, não estão esclarecidas as circunstâncias em que um grupo de menores de idade foi envolvido na tentativa de homicídio do Dia dos Finados.

Voluntários fazem vigília para reforçar a segurança e também para que os indígenas possam descansar, relata Elisa Jorge, arquiteta e integrante do gabinete do vereador Lino Peres (PT), apoiador da comunidade, composta por cerca de 300 habitantes. Como a situação financeira é precária, os moradores da aldeia têm passado muita necessidade. “Estão exaustos e impedidos de trabalhar por estarem ocupados cuidando de cada entrada vulnerável no meio da mata, das casas, principalmente da cacica e da Escola Indígena Itaty”, explica Elisa.

Apesar de muitas solicitações para que a Policia Federal faça seu trabalho de proteção, até o momento não tomaram nenhuma atitude mais decisiva, limitando-se a investigar e expor os adolescentes supostamente envolvidos no crime contra a idosa, relata Kerexú. Ela diz que não consegue obter com a polícia os documentos relativos às investigações, nem o Boletim de Ocorrência. A procuradora federal Analúcia Hartmann está tentando interceder nesse caso, que envolve disputa de terras com moradores da Enseada de Brito, estimulados pelo interesse do Agronegócio e de políticos conservadores que defendem a expulsão dos indígenas de suas terras para duplicação da Br-101.As entidades, parlamentares, profissionais e pessoas solidárias estão fazendo uma campanha de doação financeira, alimentos e produtos de higiene. Reunião com os apoiadores do povo Guarani ocorre amanhã, terça (21), às 17 horas, no Sintespe, em Florianópolis. “Essa crueldade dos não índios está respaldada e encorajada por esse período de trevas instalado no país”, avalia Elisa, lembrando que nunca houve, em tempos mais recentes, uma agressão tão violenta contra os Guarani, que é um povo pacífico e afetuoso. Desde o início de novembro o povo do Morro dos Cavalos têm sofrido violência, amputações de membros, tortura de mulheres e ataques com arma de fogo que têm uma conotação fascista, misturando interesses particulares na propriedade das terras, investidas políticas e ideologia etnocida, analisa Daltro de Souza, liderança da Comunidade Amarildo, que está entre as entidades defensoras do povo Guarani. “Estamos à beira de um massacre. Precisamos de apoio nacional!”.

***

Terra Indígena Morro dos Cavalos, 19 de novembro

(Carta da líder Kerexu Yxapyry)

Eu, Kerexu Yxapyry, liderança indígena guarani, estou passando para dar mais um relato de atentado dessa madrugada do dia 18 para dia 19 de novembro de 2017. À 1:30h, houve vários disparos de tiros nas Tekoa Itaty, Tekoa Yaka Porã e Centro de Formação Tataendy Rupa, os três pontos de vigília da Terra Indígena, sendo que na Tekoa Yaka Porã, um amigo nosso que estava de vigília cuidando do portão de entrada da aldeia quase foi acertado com o tiro. Quando uma pessoa que passava no carro gritou: “Já era” e atirou em direção a aldeia, nesse mesmo momento houve os disparos nos outros pontos. Xondaro Kuery (parentes) precisamos ficar atentos, pois os Juruá kuery (não índios maus) estão organizados e eles estão sabendo dos pontos de vigília.

Já recorremos todos os meios legais de proteção e até agora não obtivemos respostas. Promessas e notas de apoio também não estão valendo de nada os atentados estão cada dia mais dentro das nossas Tekoas em nossas casas em nossas famílias.

Vamos ficar cada vez mais alertas e chamar apoiadores que venham somar nessa luta de vigília.

Kerexu Yxapyry, liderança indígena e professora: “Precisamos de apoio: a violência chegou ao extremo”

***

Terra indígena Morro dos Cavalos,  2 de novembro de 2017

(Carta das entidades apoiadoras)

Nós, lideranças e membros da comunidade Guarani do Morro dos Cavalos, localizada no município de Palhoça (Santa Catarina), vimos por meio deste documento denunciar mais um violento ataque a membro de nossa comunidade, com profundas agressões físicas e exigir providências das autoridades.

Na madruga da quinta-feira dia 2 de novembro a senhora Ivete de Souza, 59 anos, pertencente a nossa comunidade, foi violentamente agredida com golpes de facão, dentro de sua própria casa. Trata-se de uma tentativa de assassinato. Testemunhas afirmam ter visto dois adolescentes nas proximidades da residência da senhora Ivete. Esses menores foram conduzidos à delegacia da polícia civil em Palhoça e detidos antes mesmo do laudo da perícia ser divulgado. Os menores, que estão sendo investigados, estão sendo expostos de maneira irresponsável por setores da imprensa, sem ao menos uma informação mais precisa dos fatos ou a conclusão do laudo pericial. Que sai em 5 dias.

Requeremos uma investigação séria e isenta, porque acreditamos que existem pessoas não indígenas envolvidas. Não é a primeira vez que nossa comunidade é atacada e nem a primeira vez que os ataques ocorrem em véspera ou dias de feriados. No dia 2 de novembro de 2015, nessa mesma casa houve um ataque de não indígenas. Na verdade, vivemos som de ameaça constante, sejam elas físicas ou verbais proferidas por políticos, que estão empenhados em impedir a devolução de nossa terra e usam suas câmeras para incitar a violência contra nós povo Guarani do Morro dos Cavalos. Basta lembrar que ocorreu Audiência Pública na Câmara Municipal de Palhoça e mais pronunciamento a exatamente há uma semana atrás que a população foi incentivada a impedir a demarcação de nossa terra, em seguida no sábado passado no dia 28 de outubro foram realizadas manifestações próxima da tekoa Yaka Porã na Enseada do Brito contra nosso povo com faixas contra a Funai e contra a demarcação repetindo a fala do pronunciamento na câmara de vereadores do município de Palhoça.

Acreditamos que essa atrocidade foi feita por não indígenas com cúmplices indígenas; não foi assalto, pois não roubaram nada.

Por esse motivo pedimos o empenho das autoridades competentes para elucidar os fatos.

Ivete Souza, mãe da líder Guarani Kerexú Yxapyry, internada depois de ter a mão decepada. Foto: Ramiro Funquim

Enviada para Combate Racismo Ambiental por Raquel Wandelli, do Jornalistas Livres

mais: jornalistaslivres.org

Simón Radowitzky

EL AJUSTICIADOR
14 de noviembre

“Maté porque el 1º de mayo de 1909 el coronel Falcón, al frente de los cosacos americanos, dirigió la masacre contra los trabajadores. Mi indignación llegó al paroxismo cuando sufrí la vergüenza de comprobar que los representantes del pueblo en las cámaras aplaudían la actitud del citado jefe de policía. Soy hijo del pueblo trabajador, hermano de los que cayeron en la lucha contra la burguesía, y como la de todos, mi alma sufría por el suplicio de los que murieron esa tarde, solamente por creer en el advenimiento de un porvenir mas libre, mas bueno para la humanidad…” Simón Radowitzky

Ⓐ Solidariedade Anárquica Ⓐ

Solidariedade a partir de Sydney – no território conhecido por Austrália – com anarquistas em Porto Alegre, perante a repressão exercida sobre elxs pelo estado brasileiro. As fotos foram tiradas em frente da biblioteca e livraria anarquista Jura Books, em Petersham (Sydney).

Recebido em 04.11.17

——————————————————————————————————————–

Córdova, Espanha: Faixa em solidariedade com xs compas de Porto Alegre (Brasil)

“Quebrando a apatia. O fogo da revolta Arde. Solidariedade com xs insubmissxs de Porto Alegre”

De Córdova até Porto Alegre – 1 de Dezembro

Que nada detenha o nosso passo firme, a nossa solidariedade combativa, as nossas piscadelas de olho cúmplices, a nossa afinidade sem fronteiras. Se a terra se move estaremos prontos para bailar nos escombros e preparados para os ataques inimigos.

Força e solidariedade com xs compas de Porto Alegre!!!

Umas gotas de caos.


Algumas palavras em solidariedade com xs anarquistas perseguidxs pela operação Erebo em Porto Alegre (RS), desde algum lugar, no território controlado pelo estado brasileiro e o capitalismo global.

Há quase 4 meses, uma operação policial liderada pelo delegado Jardim invadiu casas particulares e espaços coletivos na cidade de Porto Alegre. Várias pessoas e espaços acabaram sendo alvo dessa operação e alguns livros editados pela biblioteca anárquica Kaos foram usados como elementos comprobatórios para perseguir xs anarquistas.

Não pretendemos, nesse texto, voltar sobre a maneira como a imprensa brasileira levou o caso, mesmo se vale a pena ressaltar a pertinência com a qual a imprensa manipula as massas com o objetivo de manter uma paz social titubeante.

Mesmo com todos os esforços do aparato policial-midiático por despolitizar algumas propostas anarquistas- buscando encontrar alguma “legitimidade” política em perseguir xs anarquistas “do mal” aproveitando diferenças e buscando criar divisões entre tendências diversas do anarquismo- a solidariedade combativa anarquista se manteve em pé, e os punhos ficaram fechados aos inimigos!

Como acreditamos que a solidariedade é uma arma contra as tentativas repressivas e contra o esquecimento e que também sabemos que ela deve ser mais do que palavra para vibrar nos corações dos rebeldes, mandamos essa mensagem simples mas, acreditamos, importante.

Penduramos uma faixa em solidariedade com xs anarquistas perseguidxs de Porto Alegre. Para todxs aqueles que estão brigando contra as tormentas da solidão e as intempéries da incerteza. Para todxs aqueles cuja vida foi/está sendo perturbada por essa onda repressiva e que não baixaram nem os braços, nem a cabeça!

Para todxs aqueles que, fazem frente as dificuldades despertando-se cada manhã com a convicção de ter cruzado o ponto de não retorno. Nunca nos poderão parar!

O contexto político-econômico no Brasil e da América Latina está cada vez mais repressivo com os movimentos sociais. O clima político tem sabor um sabor amargo para todxs xs que se opõem, de maneira geral, aos avances do capitalismo devastador. Há uns dias, 12 famílias indígenas do sul do Brasil foram torturadas, atingidas por balas de borracha e balas de verdade pelo simples fato de reivindicar suas terras, que por certo, lhes foram prometidas há quase 30 anos*!

Também tem esse sabor para as grandes “minorias” dessa sociedade doente, que se vêm alvos de uma cada vez maior “limpeza social” em prol de grandes empreendimentos, frutos do “progresso” e do “desenvolvimento”. O governo mata “legalmente” mandando as forças armadas do exército “limpar” as favelas** e o faz também organizando “feiras agrícolas” cujo dinheiro é investido na “segurança” dos
fazendeiros podres e na matança dos índios e camponeses que se atrevem a retomar, com suas próprias mãos, suas terras invadidas***.

Que não se enganem, terrorista é o Estado e violento o sistema que quer
nos impor uma vida que nunca escolhemos.

Os debates sobre a legitimidade da violência são um falso debate. Nunca
estaremos do lado de quem gosta de viver como escravo…

Os mesmos que celebram insurreições passadas, hoje condenam qualquer impulso de violência libertadora, isso, sob pretextos diversos como o fato de nos vivermos em uma “democracia”. Democracia, tecnocracia, Ditadura, todos os regimes político-econômicos merecem de ser atacados, nunca são e nunca poderão ser outra coisa que a expressão do poder coercitivo e da dominação de uns poucos sobre o resto.

A articulação entre poder centralizado e capitalismo é inerente a qualquer sociedade moderna globalizada e achar que se pode destruir o capitalismo sem, junto, destruir as estruturas do poder estatal é uma ilusão que nutrem alguns partidos de esquerda para seduzir almas revolucionárias e assim ganharem alguns votos a mais nas próximas
eleições. Sejam de esquerda ou de direita quem governa, para eles, as vidas dos Guarani Kaiowá, sempre valerão menos que a os benefícios da exportação de toneladas de soja.

Se, no governo “Dilma” a limpeza social, a lei antiterrorismo, a correria rumo a cada vez mais progresso e a perseguição política contra os anarquistas estavam à ordem do dia, hoje, militantes do PT e do MST e de toda a esquerda “radical” partidária tornam-se também alvos de perseguição política.

Se ultimamente nos encontramos nas ruas para lutar, não esqueçamos porém das profundas diferenças ideológicas e políticas que nos separam. Mesmo se acreditamos que devemos repensar estratégias e tácticas de luta no contexto atual, é interessante que nos questionemos sobre o papel/lugar que jogamos no tabuleiro de xadrez da política regional, nacional (e internacional), isso, justamente para não acabar sendo um dos peões usados para ganhar a partida. A história tem muito a nos ensinar sobre isso…

Mais que repostas, apontamos a provocações para refletir o panorama atual e imaginar estratégias e ações que sigam espalhando a guerra social.

As ondas repressivas contra xs que lutam buscam amedrontar e paralisar qualquer tentativa de oposição ao sistema. É justamente o que não podemos deixar que aconteça. Buscaremos os jeitos para, de qualquer maneira, seguir lutando contra um sistema e um modo de vida que além de não nos satisfazer enquanto indivíduos, baseia seus valores na dominação e na exploração de uns poucos contra o resto.

A opressão, a dominação e a exploração devem ser atacadas desde suas raízes e de forma radical. Não existem métodos prontos para isso, só se tem a combinação da memória histórica com a imaginação criativa para inventar, pensar, experimentar estratégias de luta em esse contexto cada vez mais adversos.

Que essa pequena mensagem, como uma chama de revolta, ilumine o coração dxs companheirxs perseguidxs….

Força e solidariedade combativa com xs anarquistas perseguidxs pela Operação Érebo!

Com, na memória insurreta Guilherme Irish e Samuel Eggers presentes!

Viva a anarquia

Viva a Insurreição!

*No dia 17 de fevereiro de 2018, 12 famílias Kaingang em Passo Fundo foram espancadas pelo BOE. Estavam ocupando uma aera do DNIT reivindicando a demarcação das suas terras:

http://desacato.info/familias-kaingang-sao-espancadas-pela-policia-militar-em-passo-fundo-rs/

e https://www.cimi.org.br/2018/02/policia-militar-agride-e-tortura-familias-kaingang-no-rio-grande-do-sul/

**
http://anovademocracia.com.br/noticias/8264-intervencao-no-rio-militares-querem-invadir-arbitrariamente-casas-de-moradores-em-favelas

e http://anovademocracia.com.br/noticias/8254-intervencao-no-rio-forcas-armadas-vao-comandar-a-guerra-civil-contra-o-povo

*** Sobre esse tema ver o filme Martírio, ele traz informações interessantes sobre os vínculos entre seguranças privados nas fazenda, políticos e fazendeiros.

Invasão policial em Poa

Polícia invade residências e espaços de anarquistas na véspera da Feira do Livro Anarquista de Porto Alegre (RS)

A polícia civil gaúcha cumpriu na manhã desta quarta-feira (25 de outubro) diversos mandados de busca em residências e espaços coletivos na região metropolitana de Porto Alegre (RS) para coletar materiais para investigação. A polícia afirma que os endereços estão vinculados a um grupo que teria realizado ataques a viaturas, sedes de partidos políticos, delegacias, bancos e concessionárias de veículos. A ação foi truculenta e os policiais agrediram as pessoas que residem nesses espaços e levaram algumas delas para a delegacia.

Foram ao todo 10 mandados de busca e apreensão, onde foi apreendido material anarquista (cartazes, livros, faixas, etc.), máscaras de fantasia, latas de spray e outros objetos comuns, inclusive garrafas de plástico cheias de saco plástico, que a polícia relatou serem coquetéis molotov. Nem mesmo policiais são tão ignorantes a ponto de achar que pode-se fazer coquetéis molotov com garrafas plásticas e sem um líquido inflamável. De fato essas garrafas seriam utilizadas como tijolos ecológicos para bioconstruções.

A polícia tenta fazer colar acusações de tentativa de homicídio, organização criminosa e formação de quadrilha sem qualquer evidência que conecte os alvos das investigações com os supostos crimes. Como em outras ocasiões, plantam evidências e distorcem os fatos para que a opinião pública se encarregue de julgar e condenar sem qualquer prova. Buscam embasar graves acusações com provas circunstanciais como ter livros ou materiais anarquistas.

A ação da policia acontece apenas dois dias antes da 8ª Feira do Livro Anarquista de Porto Alegre, numa clara atitude intimidatória.

Escrevemos esse relato para fazer um chamado à solidariedade com as pessoas atingidas por esse operação. A repressão não é local, não está limitada a fronteiras espaciais. Quer seja na Europa, com a repressão às pessoas envolvidas nos protestos contra o G20, ou no sequestro e assassinato de nosso companheiro Santiago Maldonado na Argentina, estaremos juntxs fazendo frente a esses avanços do Estado. Nossa luta não vai ser dobrada, domesticada ou freada.

Nós estamos em todos os lugares!

> Reportagens que saíram na grande mídia (ler com olhos críticos):

http://jcrs.uol.com.br/…/592750-grupo-anarquista-que-atacou…

https://gauchazh.clicrbs.com.br/…/policia-civil-investiga-g…

https://g1.globo.com/…/policia-faz-operacao-contra-grupo-su…

agência de notícias anarquistas-ana

aqui também essa desconhecida

e ansiosa e breve coisa

que é a vida

Jorge Luis Borges

Fonte: Agência de Notícias Anarquistas

Saartjie

Mostrar nossa bunda não é empoderamento!

Não só de acordo com as minhas vivências, mas também analisando as redes sociais percebi que:

TODAS NÓS MULHERES NEGRAS AINDA SOMOS SARAH BAARTMAN.

Quem?

Também conhecida como Saartjie, Vênus Negra, Vênus Hotentote…Nada ainda? Nunca ouviu falar? Então mesmo esqueminha de sempre, senta aí que a gente conversa.
Sarah nasceu em 1789 na região da Africa do Sul, perdeu os pais muito cedo, e aos 10 anos de idade foi trabalhar em uma fazenda holandesa fazendo serviços domésticos. Chamou a atenção dos patrões por suas formas ”inusitadas e anormais” (percebam que nesta época a medida do mundo era dada pelo homem branco europeu, tudo que fugia disso era considerado desumano e anormal.Quer dizer..era? Ou ainda é?). Então prometeram levar ela para Inglaterra, para se tornar uma ARTISTA que ficaria rica, e ela mesmo analfabeta supostamente assinou um contrato.

Mas o que fizeram da vida breve dessa mulher foi desumano. Não existe outra palavra para descrever o que aconteceu. Ela se apresentava com uma roupa colada da cor de sua pele, fumando um cachimbo, e a história contada era de uma selvagem que foi capturada e domada. Ela era ensaiada a emitir barulhos animalescos e fingir que iria atacar os brancos da platéia, usava uma COLEIRA e as pessoas que pagavam um dinheiro extra podiam tocar em suas nádegas avantajadas. A condição de Sarah era nunca ter que exibir seus órgãos genitais. Mas ao ser vendida para um novo dono que era muito mais duro com ela, foi obrigada a se exibir totalmente nua, inclusive em festas noturnas onde homens bêbados se divertiam apalpando o seu corpo.

O racismo ”cientifico” estava em seu auge, logo o corpo de Sarah despertou interesse e curiosidade nos estudiosos da época. Ela chegou a ser ‘estudada’ ainda em vida, era medida, cutucada, apalpada e constantemente comparada com orangotangos. Começou a beber e fumar com muita intensidade para suportar estas apresentações torturantes, no entanto um grupo de ativistas da época ficaram horrorizados com a forma como ela era tratada e iniciaram um processo judicial contra os ‘empresários’ da mesma, porém ela os defendeu e afirmou receber metade do lucro do que eles faturavam, e mesmo que provavelmente estivesse sendo coagida, o processo foi arquivado, afinal era apenas uma negra. Por motivos políticos, as apresentações se tornaram impossíveis, Saartjie foi levada a se prostituir e tornou-se alcoólatra. Faleceu aos 26 anos de idade, (provavelmente) de sífilis.

Enfim descansou, deixaram o corpo dela em paz né? Claro que não! Um naturalista fez um molde do corpo, antes de dissecá-la. Ele foi usado para definir uma fronteira entre a mulher branca ‘normal’ e a mulher africana ‘anormal’. Foi preservado o cérebro e os genitais dela que depois seriam expostos por muito tempo, até 1974 faziam parte do acervo público da França, sendo o ÓRGÃO GENITAL dela exibido ao lado do CÉREBRO de grandes homens pensadores, como Descartes. Eu não destaquei essas duas palavras a toa. Se vc já entendeu é isso mesmo! Caso contrário vou explicar: O homem branco e a mulher negra seriam os dois extremos da humanidade, ele sendo representado pelo cérebro, um ser racional, capaz de produzir o saber, ela sendo representada pela vagina, um ser sexual, e primitivo.

Várias tentativas foram feitas para se resgatar os restos mortais de Sarah (o molde de gesso de seu corpo tb) e devolver ao continente africano para um enterro digno. Em 1994 o então presidente da África do Sul, Nelson Mandela mais uma vez fez o pedido ao governo francês, e somente em 2002 a solicitação foi atendida (demorou pq os caras de pau entraram na justiça para não devolver), assim 192 anos depois ela retorna ao lar, e é enterrada humanamente.
Depois de saber, que nossa objetificação sexual é histórica, que nossa suposta falta de aptidão intelectual vem de muito longe e ainda hoje esse estereótipo continua, em 2017 vc se depara com uma página dita de empoderamento negro, com mais de 8 MILHÕES de seguidores onde a mulher negra sempre é retratada de costas para que se possa admirar bem o seu PODER.

Não sou eu que estou falando! O mecanismo de empoderamento deles é esse! Colocam fotos de negras com bundas avantajadas e escrevem:

Já viu o poder de uma negra? Conhece o poder das negras?
Centenas de comentários nauseantes de machos negros e brancos, e de mulheres negras se sentindo admiradas e superiores as brancas ”sem bundas.”
Nessas horas eu peço para Dandara me levar daqui. Risos.
Mas falando sério, a critica não é baseada no puritanismo, e sim na dinâmica que continua a mesma. Somos vistas como seres sexuais incapazes de produzir conhecimento, e quando produzimos somos invisibilizadas, e as obras não são reconhecidas e nem recebem a importância devida, que o diga Beatriz Nascimento, Lélia Gonzalez..

Então ACORDA filha! Nosso poder não está em nossa BUNDA e sim em nosso CÉREBRO! As pretas começaram este movimento intelectual lá atrás, cabe a nós continuarmos e propagarmos o legado delas. Com esse saber, que vamos lutar e conseguir mudar nossa atual condição, enquanto base da piramide social.

E isso sim é o verdadeiro poder de uma negra, meus caros.

(Por Alessandra Eduardo)

Fonte: Pela Ótica da Mulher Negra

Sobre Santiago Maldonado…

Hace unos días te escuché decir que no habías elegido esto. Te tocó por ser el hermano mayor de un pibe con muchos ideales y pocos miedos. Lo buscas sin importar nada. Estas cansado, triste. Lloras sin vergüenza. Todos los días pones la cara, pones el cuerpo, el corazón. Custodiaste 7 horas un cuerpo sin vida porque sabes que no se puede confiar en nadie. 7 horas parado junto a un cuerpo que puede ser tu hermano o no. No logró imaginar una aberración más grande que tener que cuidar un cadáver para que los “buitres” no se lo coman. Podría algunx de nosotrxs buscar hasta el cansancio y más? Podríamos resistir bajo una lluvia de mentiras? Podríamos permanecer de pié custodiando el cuerpo de un hermano?… sólo el verdugo más perverso podría someter a alguien a semejante aberración, nuestro país es una cloaca inmensa, llena de zombies que defienden al verdugo patrón. … Yo te pido perdón, porque ni tirando mil piedras, ni quemando mil regimientos podría ajusticiar tu dolor… perdón hermano, estamos con vos…

De Germán Maldonado a su hermano Sergio.


Palabras de un compañero amigo:

Que era una trampa, que iba a haber estado de sitio, que organizaban el acto agrupaciones oligarquicas, que iba a haber represion gravisima, que era una provocación, “una falta de respeto a la familia”. Fui ayer a la marcha en plaza de mayo. No pasó nada de toda la sarta de boludeces que dijeron sobre todo de sectores k. Con lo del “respeto” la familia de Maldonado se refería básicamente al papel nefasto de la prensa, no a que marchemos o no. La familia solo dijo que esta vez no convocaba, no que no marchemos, por otra parte Santiago Maldonado nunca le pidió permiso a su familia para cortar rutas. Sintió una injusticia y salió. Listo. Por lo demás todo mi respeto a esa familia. La figura de este chico trasciende a sus familiares, el odio que cada cual siente que lo exprese lo mas libremente posible. Algunos están tan domesticados y necesitados de jefes que si no hay orden de alguien que le diga qué hacer, no sale. Que qué dijo tal o cual, que si este o aquel. Loco, tenés odio, impotencia, salí a la calle cuando se te cante. Por lo demás es muy llamativo que hablen de “respeto a la familia” los mismos que en actos anteriores le quisieron negar el micrófono a la hermana de Arruga, desaparecido por la yuta de Scioli. Hablan de respeto a la familia los mismos que decían que los piqueteros se mataron entre ellos y que nunca recibieron al padre de Darío Santillán o a la familia de Daniel Solano, desaparecido con los Kirchner en el sur. “Respeto a la familia” los que aún justifican a Insfrán, quien silencia la voz de los familiares del otro Santillán, el que está preso en Formosa. Están tan domesticados que ven una capucha o un anarquista y sienten miedo, olvidándose que Maldonado era anarquista y que estaba encapuchado. Por otra parte la politiquería berreta de diversos partidos, que en su miseria buscan una migaja de votos o miles, negociando siempre la sangre derramada. Respetamos a la familia y sobre todo a Santiago, por eso salimos a la calle, somos el reflejo de lo que dejó ese chico. Los que leímos los mismos libros, oímos las mismas canciones, escuchamos las mismas historias. Somos sus compañeros. Cercanos, lejanos, sus compañeros, los anarquistas. Unos desaparecieron su cuerpo, otros quieren desaparecer sus ideas. El día que los pastores y los rebaños se terminen Macri no dura un segundo y ojo, Cristina tampoco. Y el que se vayan todos volverá a oírse, profunda voz libertaria que se ahogó desde el duhaldismo a esta parte. Muchos se jactaban de que había vuelto la gobernabilidad gracias a Néstor, lo que se olvidaron es que todo gobierno trae muertos y desaparecidos. Y que votando no solo legitiman al que votan sino también al que le sigue, porque aún creen en la gran mentira sin la que los Maldonado serían imposibles. Cuando vayan a votar sepan que votando a quien fuera vendrán otros Maldonados. Que entre tanta inmundicia se olvidaron de las calles, donde realmente se tiran las cartas si es que queremos ser libres. Si quieren seguir siendo esclavos vayan y voten. Y no se olviden que bajo el “respeto a la familia” se esconde el turbio deseo de algunos de dirigir la cosa. Empecemos a tirar abajo a todos los dirigentes. A vivir libremente, entre iguales, sin arriba ni abajo. Lo mismo y no otra cosa pensaba Maldonado, que era ni más ni menos un ANARQUISTA.

Joane Florvil

¿Por qué la muerte de Joane Florvil, mujer negra asesinada en Chile, no importa a las feministas?

Joane Florvil unos días antes de ser asesinada

Joane florvil mujer negra haitiana de 28 años de edad, caída a manos del estado chileno racista, xenófobo y misogino. Con el falso pretexto que había abandonado a su bebé, se lo quitaron  sin verificar dicha información. Los carabineros de Chile decidieron detenerla sin posibilidad de al menos tener un abogado e investigar los hechos reales. Días después Joane apareció en la posta central (Hospital público de Chile) con graves lesiones, en donde según los médicos le dieron un medicamento no apto para su cuerpo y murió. Y me pregunto ¿por qué las feministas esta vez no salieron a las calles a marchar y gritar NI UNA MENOS?

La muerte de la hermana negra Joane poco importó a las feministas chilenas. No hubo pronunciaciones, marchas, velatones, reuniones o similares por esta mujer migrante negra, aunque ellas estén en una lucha por la “igualdad” de la mujer. Aquí nos damos cuenta que luchan por un feminismo blanco, un feminismo donde no rinde clase social ni raza, donde poco importa la hermana negra migrante que lucha por sus derechos y si la matan o muere, mala suerte.  ¿Por qué no se devolvió a su país?.

La hermana Joane murió en las peores condiciones, recordando que ella no hablaba español y se fue con el dolor de no tener a su hija cerca. Esta no es una muerte cualquiera, es una muerte bastante violenta y abusiva, pero poco importó porque ella no era nacional, era migrante, negra y pobre o no era la novia de algún vocalista importante.

Las compañeras feministas blanca-mestizas les falta compartir con las mujeres afrodescendientes y negras que habitamos aquí; que exigimos derechos y estamos organizadas. Necesitamos que entiendan que si hablamos de racismo no estamos víctimizándonos, pues con esta muerte nos damos cuenta del racismo institucional que hay en el país. ¿Por qué no se convocó una marcha nacional y/o regional por Joane como se realizó en anteriores veces, inclusive actos cívicos en donde se apoya la palabra de la víctima? ¿Acaso la muerte de Joane vale menos por ser mujer negra y migrante?  ¿Tenemos que ser amigas para que nos duela la muerte de otra mujer? ¿Dónde están todos los comunicados de las más de 10 organizaciones de feministas informando que repudian este acto? No están porque su lucha nos está invisibilizando, no está siendo igualitaria y  es un tema de raza. Desgraciadamente Joane murió por ser mujer Negra y migrante. Eso no hay que callarlo.

Soy activista por la negritud y afrodescendencia en Chile y ninguna organización feminista se me ha acercado o al colectivo al que pertenezco para preguntar que estamos haciendo por las mujeres negras en Chile, si hemos decidido realizar algún acto o cómo nos sentimos con esta muerte. La lucha tiene que ser igual para todas, si se grita ni una menos se grita por todas, y si se aborrece una muerte de una mujer se aborrecen todas.

El feminismo de algunas organizaciones no es un feminismo interserccional e incluso me atrevo a decir que está mal enfocado. Queremos que se den cuenta que las mujeres negras estamos aquí en Chile y también nos matan,violan, torturan y esto duele. La muerte de Joane duele, la pérdida de su bebé duele y no se tiene que evadir.

Ni Una Menos: Joane Florvil, Mujer negra que el estado Chileno ha matado.
DESCANSA EN PAZ

 

Autora: Juliette Micolta

Más textos de Juliettte

Modelo afrocolombiana

Reside en Chile

Fonte: Afroféminas.com

Theresa Kachindamoto

Líder feminina no Malawi anula 850 casamentos infantis e envia meninas de volta para a escola

There sa Kachindamoto, supervisora de um distrito em Malawi, país da África, se destaca como uma líder feminista ajudando mulheres e garotas de sua comunidade. Nos últimos 3 anos, ela já anulou mais de 850 casamentos forçados, colocou meninas na escola e começou uma luta para abolir rituais que iniciam crianças sexualmente.

Mais da metade das mulheres em Malawi acabam se casando antes dos 18 anos. Além disso, o país ainda conta com um baixo Índice de Desenvolvimento Humano. É por essas e outras que o trabalho de Kachindamoto é tão importante.

Ela já trabalha na área há 27 anos e ainda assim não para de conquistar vitórias para sua sociedade. Foi só no ano passado que ela conseguiu instituir a maioridade de 18 para casamentos (mesmo com assinatura dos pais). É comum meninas de 12 anos grávidas por conta disso. E agora ela briga para que essa idade seja elevada para os 21 anos.

Por ser uma região muito pobre, é grande a incidência de famílias que arranjam casamentos para meninas a fim de aliviarem os gastos da casa, deixando as despesas para o futuro marido. E as consequências de comportamentos como esses que diminuem a voz feminina na sociedade são drásticas. Uma em cada cinco mulheres são vítimas de abuso sexual. O que é extremamente preocupante, uma vez que os índices de HIV só crescem no país. 

Por conta de sua conduta e postura, Theresa já foi até ameaçada de morte por outros políticos que são contra suas políticas públicas. Mas ela rebate e diz que continuará lutando até morte. E deixa uma mensagem quando entrevistada: “se elas forem educadas, podem ser o que quiserem”. Ou seja, até esposas e mães. Mas se elas quiserem.

por: Redação Hypeness

Simón Radowitzky

Un día como hoy pero de 1891 nacía en Ucrania el anarquista Simón Radowitzky encargado de ajusticiar al pueblo obrero Argentino tras volar con una bomba al jefe de policía el coronel Ramón Falcón,quien había mandado a reprimir y matar a los trabajadores tras una protesta en plaza Lorea (congreso).
La historia oficial te ha olvidado y borrado, más yo te reivindico compañero!!!
Muere falcón muere…
SIMÓN VIVE(((A)))

Por que se llevaron a Santiago Maldonado?

Santiago, el lechuga, es un compañero anarquista. No estaba por
casualidad apoyando la lucha de la comunidad mapuche. Estaba poniendo el
cuerpo por sus convicciones. Cuando hablamos de solidaridad, en parte
hablamos de estar. El apoyo mutuo y la acción directa son valores que
los anarquistas tratamos de llevar todo el tiempo como practica. Pero no
estaba apoyando cualquier lucha. Su forma de ser y pensar lo llevo a ver
en la resistencia de la comunidad la sinceridad, el compromiso y la
dignidad de una lucha por otro tipo de vida. Una vida que necesariamente
tiene como enemigo al patrón, a la grandes empresas y terratenientes.
Las luchas que ataquen los problemas de raíz sin lugar a dudas son
enemigas del Estado y el Capital. Por eso estaba ahí, por esas razones
estamos también en otras luchas. Como uno más. Ni vanguardia, ni grupo
radicalizado ni guerrilla, ni todas las boludeces que digan en la
prensa. Mucho menos infiltrado. Se lo llevaron en Cushamen, pero podría
haber pasado en otro lado, en un conflicto de laburantes, una lucha
contra la Megamineria, o en una protesta en cualquier barrio.
No es difícil de entender. Cuando se lucha por otro tipo de vida,
cuando la idea es genuina y sincera estas cosas pueden pasar. Los
compañeros de Santiago, el lechuga, lo sabemos. No es la primera vez
que pasa y lamentablemente no será la última.
No vamos a dejar de luchar por el lechuga y sus ideas, que son las
nuestras. Buscamos crear un mundo donde podamos vivir en libertad.
No pedimos nada.


Ateneo anarquista de Constitución.

Semana de Agitación

A real União de Cores da Benetton é: Vermelho Terra Mapuche roubada, com Vermelho Sangue Maldonado derramado. Boycot United Colors of Benetton! Boicot a la Benetton! Boicote a Benetton!!! Marichiwei!!!

Sacco e Vanzetti por Múmia

Já se passaram 90 anos desde a eletrocussão de dois anarquistas de origem italiana em 23 de agosto de 1927, em Massachusetts.

Ferdinando Nicola Sacco e Bartolomeo Vanzetti, foram acusados de assassinar dois homens durante um assalto à mão armada de uma fábrica de sapatos em South Braintree, Massachusetts, em 1920. Várias pessoas depuseram em vários lugares, sobre a data e hora do roubo e dos assassinatos. De acordo com estas testemunhas, Sacco estava no extremo norte de Boston, e Vanzetti, em Plymouth. Mas tais testemunhos foram em vão.
Tanto o juiz quanto a imprensa destacaram o pensamento anticapitalista e anarquista dos acusados, que foi apresentado como prova não só de seu radicalismo, mas de culpa.
Houve consideráveis evidências conflitantes sobre balística e testemunhas oculares, mas todas foram irrelevantes.
Sim, é verdade que, quando presos, os dois homens deram nomes falsos, provavelmente por temer a deportação. Além disso, eles andavam armados. Ao serem pressionados no tribunal para dizer por que portavam armas, explicaram

que eram anarquistas e, ao fazer isso, talvez alentaram os prejuízos do júri ainda mais.

Quando os dois homens apresentaram petições de demissão depois de condenados para conseguir um novo julgamento, como esperado, o juiz Webster Thayer disse a um professor da Universidade de Dartmouth:

“Você viu o que eu fiz para aqueles bastardos anarquistas alguns dias atrás?”
O que ele fez foi negar um novo julgamento.
Entre as muitas pessoas que apoiaram Sacco e Vanzetti, uma foi o professor de Direito na Universidade de Harvard, Felix Frankfurter, que mais tarde tornou-se juiz da Suprema Corte da Nação. Ele escreveu um artigo que mostrou a sua inocência, que foi publicado na revista The Atlantic.

Em seu discurso no tribunal, Vanzetti fez as seguintes observações comovedoras: “Eu fui forçado a conter as lágrimas dos meus olhos e segurar a batida do meu coração na minha garganta para não chorar diante dele. Mas o nome de Sacco vai viver nos corações das pessoas como seu. Suas leis, suas instituições e seu falso deus não são mais do que uma vaga lembrança de um passado maldito em que o homem era lobo do homem”.

Sacco e Vanzetti foram executados em 23 de agosto de 1927.
Em 1977, o governador de Massachusetts emitiu uma proclamação exonerando os dois anarquistas – 50 anos depois de sua eletrocussão.
Da nação encarcerada, sou Mumia Abu-Jamal.
*
O áudio para ouvir a voz de Mumia, aqui:
*
[1] A Biblioteca e Centro Social Sacco e Vanzetti havia existido como okupa antes de vários membros do grupo serem presos em uma caça à anarquistas em agosto de 2010, resultando em um processo conhecido na imprensa como o “Caso Bombas”. Depois de 9 meses em uma prisão de segurança máxima, uma greve de fome de 65 dias e um julgamento que durou seis meses, foram absolvidos de todas as acusações de conspiração e associação terrorista. Em 14 de agosto passado inaugurou as novas instalações da biblioteca, onde se encontra como parte de seu acervo um livro de Mumia Abu-Jamal, “Queremos liberdade: Uma vida com os Panteras Negras”.
obs: essa matéria é de 2013, modifiquei algumas coisas pra lembra esse dia de hoje que é tido internacionalmente como o dia em que Sacco & Vanzetti foram assassinados pelo estado americano.
 

DANDARA LIVRE JÁ!

 

A transativista Dandara Zainabo está presa desde fevereiro.
Antes de sua prisão, já tinha sido vítima de várias agressões e ameaças por parte da polícia do Rio de Janeiro.

Meses se passaram e ela continua dentro de um presidio MASCULINO, tendo o direito de ser chamada pelo nome social sendo negado.

A testemunha do caso disse em depoimento que a Dandara não estava durante o crime, mas assim mesmo o Estado continua mantendo-a em cárcere, principalmente pela sua classe, cor e por ser travesti.

Além do pedido por assistência de advogad@s, Dandara precisa de doações.

Lista de necessidades:

– Cigarros em saco plástico transparente
– Sabonete (phebo glicerina amarelo / transparente)
– Shampoo
– Top branco (M e G)
– Camisa branca sem nada escrito (M e G)
– Bermuda jeans sem marca, sem bolso (38 / 40 / 42)
PODE ENTRAR SHORT
– Calcinha branca
– DINHEIRO
– Desodorante roll on com o frasco e o LÍQUIDO transparentes
– Sabão em pó em saco plástico transparente
– Papel higiênico sem o rolo do meio em saco plástico transparente
– Biscoitos, bolos e chocolates em sacos plásticos transparentes
– BOMBINHA DE ASMA

Quem puder doar, favor entrar em contado com a pagina, que combinamos.

Foto foi tirada em um Sarau Pela Liberdade de Rafael Braga.

fonte: Liberdade aos Presos Politicos RJ.

Sumiu Santiago Maldonado

Procuram intensamente por Santiago Maldonado desaparecido na repressão contra o Lof Cushamen na província de Chubut na Argentina. Está sendo realizado uma intensa busca por Santiago Maldonado de 28 años, que ta desaparecido desde de a repressão de segunda-feira onde o viram pela última vez sendo baleado pela Gendarmería (polícia militar argentina).

Na segunda-feira, 1°de agosto, levou-se adiante um operativo a cargo da Gendarmería Nacional no território da comunidade Lof em Resistência Cushamen, em Chubut, com um desdobramento repressivo inusitado onde mais de 100 agentes fortemente armados dispararam balas contra os membros da comunidade, bateram em crianças e mulheres, além de destroçar, queimar os seus pertences e suas rukas (casa indígena). As organizações que vem se solidarizando com a luta da comunidade denunciaram que o chefe de Gabinete do Ministério de Segurança da Nação, Pablo Nocetti, viajou de Buenos Aires a fim de encabeçar esse operativo.


Santiago Maldonado, se encontrava no acampe em solidariedade com a luta da comunidade onde passou a noite e se encontrava presente no momento da repressão. Em um comunicado de imprensa asseguraram que “vários dos integrantes da comunidade o viram correr no momento em que os gendarmes começaram a disparar. Logo, escutaram a voz de um gendarme referindo-se a uma pessoa que estava detida e puderam observar que davam golpes num jovem”. E denunciaram que uma camionete da Gendarmería saiu rumo a Esquel.
A denúncia sobre a desaparição é de desde esse momento já que se perdeu o rastro de seu paradeiro logo depois da repressão. Santiago se encontrava vivendo na cidade de El Bolsón. A comunidade fez um intenso rastreamento no território investigando diferentes dependências policiais e da gendarmería, sem obter nenhuma informação sobre sua pessoa. Assim mesmo apresentaram diversos habeas corpus a seu favor. Sua mãe e familiares também estão procurando desesperadamente.

SOLICITAMOS MÁXIMA DIFUSÃO E SOLIDARIDADE

Participaram deste operativo:
Esquadrão de Gendarmeria N°34 de Bariloche
(294) 442-2711 / 443-4927

Esquadrão de Gendarmeria N°35 de El Bolson
(02944) 492-290

Esquadrão de Gendarmeria N°36 de Esquel
(02945) 45-0527

Esquadrão de Ramos Mejia

Esquadrão de Rawson

Fazemos responsáveis a BENETTON (multinacional assassina), MAURICIO MACRI (presindente do estado Argentino), PATRICIA BULLRICH, PABLO NOCETI, EUGENIO BURZACO, GOBERNADORES, MINISTROS E TODOS OS QUE SEGUEM SUAS ORDENS COMO AUTORES E COPARTICIPES DO QUE ESTA SUCEDENDO COM ESTA PESSOA.

Lá e aqui

Lá e aqui é o mesmo lugar
Nossos ideais se encontram mais ou menos
No mesmo lugar
Se matam e sequestram lá
Choramos e atacamos daqui
Se não, qual sentido estar aqui?

Pola Lotta ago./2017

mais informações e atualizações: https://www.facebook.com/ApoyoMap/

HISTORIA DE 22 MASACRES

HISTORIA DE 22 MASACRES A MOVIMIENTOS SOCIALES E INDÍGENAS EN CHILE:

1) PACIFICACIÓN DE LA ARAUCANIA (1860-1883)o hasta la actualidad?: la mal llamada pacificación, consiste en la toma a través de la fuerza y engaño el posicionamiento del Estado Chileno de las tierras pertenecientes a Mapuche que estaban situados al sur del río Bio-Bio. Miles de Mapuche son asesinados y otros miles son despojados de sus tierras.2) GENOCIDIO SELK’NAM (mediados siglo XIX, principio siglo XX: exterminio generado en tierra del fuego, éste se inicia por el conflicto que tenían los colonos poseedores de grandes compañías ovejeras con las tribus selk’nam quienes al ver ganado mataban para poder subsistir. Las compañías ovejeras llegaban a pagar 1 libra esterlina por cada selk’nam muerto. La matanza llevo a la extinción del pueblo.3)LA HUELGA GRANDE (1890): Es la primera huelga general en Chile y Latinoamerica, inició en Iquique por trabajadores portuarios y se extendió hasta lota y coronel. La petición era supresión de la ficha, mejores condiciones laborales. Esta huelga fue brutalmente reprimida dejando tan solo en Valparaíso 12 muertos y 500 heridos.

4) HUELGA DE VALPARAÍSO (1903): obreros del puerto de Valparaíso inician una huelga pidiendo mejores condiciones laborales y la disminución de horas laborales. Sus peticiones no son escuchadas y la manifestación es reprimida dejando 50 obreros asesinados y más de 200 heridos.

5) HUELGA DE LA CARNE (1905): Huelga originada por el elevado precio que adquirió la carne tras cobrarle un impuesto a la carne Argentina que llegaba al país, esto hacía imposible la compra de carne por la clase popular. Esta huelga termina con una cifra de asesinados que va desde los 200 a 250, no se sabe exactamente.

6)MASACRE EN ANTOFAGASTA (1906): Trabajadores del ferrocarril Antofagasta-Bolivia solicitan aumento en la hora de colación debido a que no alcanzaban a almorzar y estos eran multados además de castigados. A la huelga se le unen mineros y trabajadores portuarios, la respuesta de la oligarquía fue nuevamente mandar a reprimir el movimiento obrero. Esta manifestación término con más de 100 trabajadores asesinados.

7) MATANZA DE SANTA MARIA DE IQUIQUE (1907): Esta es una huelga multitudinaria donde los obreros salitreros pedían la eliminación del sistema de fichas, escuela para los hijos de los mineros y mejores condiciones laborales. Las cifras de la brutal represión que sufrieron los obreros dejo un saldo de aproximadamente 3600 obreros asesinados. Los diarios de la época hablaban que las muertes habían sido 126 y 135 heridos.

8 MATANZA MAPUCHE DE FORRAHUE (1912): 15 Mapuche son asesinados a manos de carabinernos tras un intento de recuperar tierras a un latifundista

9) MASACRE DE PUERTO NATALES Y PUERTO BORIES (1919): huelga generada por los obreros del frigorífico de Puerto Bories exigiendo 8 horas de trabajo. Esta manifestación obrera terminó con 6 obreros muertos, 20 heridos y 27 detenidos.

10) MASACRE DE LA FEDERACIÓN OBRERA DE MAGALLANES (1920): El edificio de la Federación Obrera de Magallanes es atacado e incendiado por civiles y militares, deja un saldo de 30 obreros muertos a balazos y quemados.

11) MATANZA DE SAN GREGORIO(1921): los dueños de la mina deciden cerrarla y parar la producción, los obreros deciden quedarse en ella hasta que le paguen el desahucio, lo cual no se realiza. Esta huelga de la oficina salitrera deja 65 obreros asesinados y 34 heridos.

12) MASACRE DE MARUSIA(1925): En la oficina salitrera Marusia se inicia una huelga exigiendo mejoras en las condiciones laborales y de vida. Esta huelga termina con el asesinato de aproximadamente 450 obreros.

13) MATANZA DE LA CORUÑA (1925): obreros salitreros inician una huelga por la captura de 24 compañeros, a esta salitrera se le unen más oficinas en apoyo. Ante esta movilización la respuesta de la oligarquía es el asesinato total de la gente habitante en la oficina (niños mujeres hombres). La cifra de obreros asesinados ronda desde los 2000 a 3000 personas. La cifra de los dueños de la mina fue que hubo 600 asesinados esa jornada.

14) PASCUA TRÁGICA DE VALLENAR Y COPIAPÓ (1931): son asesinados 45 miembros del Partido Comunista tras falsas acusaciones orquestada por militares.

15) MATANZA DE RANQUIL (1934): un grupo numeroso de campesinos e indígenas Mapuche se revelan por la falta de tierras para poder subsistir (sus tierras habían sido expropiadas y entregadas a colonos). El resultado de este alzamiento fue una brutal represión que acabó con aproximadamente 500 campesinos e indígenas.

16) MATANZA DEL SEGURO OBRERO (1938): Jóvenes nacis intentan dar un golpe de Estado apoyando a Carlos Ibañez del Campo. Este intento de golpe es controlado mediante una brutal represión,los jóvenes huyen al edificio de la Caja de Seguro Obrero que se encuentra frente a la casa de gobierno y ahí son acribillados. Las víctimas fatales fueron 58

17) MASACRE DE PLAZA BULNES (1946): Se realiza una reunión política convocada por ala CTCH (central de trabajadores de Chile) en apoyo a los compañeros de las oficinas salitrera el norte. La concentración es reprimida y son asesinadas 6 personas. Entre ellas Ramona Parra.

18) MATANZA DE SANTIAGO Y VALPARAÍSO (1957): El 2 y el 3 de abril se realizan a lo largo del país protestas en contra de la inflación y su consecuencia el aumento del precio de los productos. La represión fue a lo largo del país y tan solo en Valparaíso dejó 20 muertos y 500 heridos.

19) MATANZA EN LA POBLACIÓN JOSÉ MARÍA CARO (1962): tras el llamado de la CUT a manifestarse pidiendo mejores condiciones de vida para los obreros y campesinos. En la actual comuna de lo Espejo es duramente reprimida la manifestación. Mueren 6 pobladores y decenas son heridos. (El hermano de Violeta Parra es detenido y ella por esta situación crea la canción LA CARTA)

20)MATANZA DEL SALVADOR (1966): se realiza una protesta en la oficina salitrera el salvador, buscando mejoras salariales. Este movimiento paralizó el país en favor a la demanda de los obreros, el resultado en la represión a lo largo del país fueron 6 obreros asesinados y 2 mujeres.

21) MATANZA DE PUERTO MONTT (1969): alrededor de 90 familias pobres hicieron ocupación de un terreno para construir sus casas y ranchas, está ocupación recibido como respuesta el desalojo violento que terminó con el asesinato de 10 pobladores y 50 heridos.

22) Dictadura Cívico-Militar (1973): Tras la llegada de Salvador Allende a la presidencia de la república, Estados Unidos y la derecha chilena inicia la campaña directamente para derrocar al presidente, no olvidar que la ayuda de Estados Unidos no solo se inició al salir electo Salvador, ya en los gobiernos anteriores venía financiando a la democracia cristiana y la derecha en Chile, pero es con Allende donde se va a intensificar esa intervención es así como la CIA se encarga de asesinar al general apegado a la constitución René Schneider y posteriormente financiar a grupos terroristas de derecha como Patria y Libertad, además de los camioneros, todo esto para desestabilizar el gobierno de Salvador Allende. Es así como el 11 de Septiembre inicia la dictadura mas sanguinaria que ha tenido Chile, donde se torturó, desapareció gente, asesinó y robó.

Maria Felipa de Oliveira

Mulher negra e pobre, Maria quase nunca é lembrada por seus feitos.

Ela nasceu escrava, não se sabe bem o ano. Quando liberta, levou isso como o maior bem da vida. Moradora da Ilha de Itaparica, desde cedo trabalhava coletando mariscos. Aprendeu a lutar capoeira e se defender.

Maria queria um Brasil livre dos portugueses, responsáveis pela escravização do povo africano e da sua família. Após o grito de Dom Pedro I, portugueses resolveram atacar com armas.

Maria participava em defesa da Independência. Primeiro espiava a movimentação das caravelas e depois tomava uma jangada para Salvador, onde passava as informações para o Comando do Movimento de Libertação.

Cansada do papel de vigia, resolveu entrar no combate. Ela sabia que uma frota de 42 embarcações se preparava para atacar os lutadores na capital baiana. Então, convidou mais 40 companheiras para a ação.

Elas e as outras mulheres seduziram a maioria dos soldados e comandantes. Após leva-los para um lugar afastado, esperavam até que começassem a tirar as roupas. Quando finalmente os homens ficavam pelados, elas davam uma surra de cansanção (planta que dá uma terrível sensação de ardor e queimadura na pele), para depois incendiar todas as embarcações.

Essa ação foi decisiva para a vitória sobre os portugueses em Salvador, permitindo que as tropas vindas do Recôncavo entrassem sob os aplausos do povo, no dia 2 de julho de 1823.

Só que Maria Felipa foi além: continuou liderando um grupo armado e reindivincando direitos mesmo após o fim da guerra.

Na primeira cerimônia de hasteamento da bandeira nacional, após a derrota definitiva dos portugueses, na Fortaleza de São Lourenço em Ponta das Baleias, Felipa e seu grupo invadiram a Armação de Pesca de Araújo Mendes, um português rico, e bateram em um vigia, mostrando que as lutas da população itaparicana não haviam terminado.

Maria Felipa continuou sua vida de marisqueira e capoeirista, admirada pelo povo. Faleceu no dia 4 de janeiro de 1873.

Ela é citada por alguns autores, como Xavier Marques no romance “O Sargento Pedro”, e pelo historiador Ubaldo Osório em A Ilha de Itaparica. A professora Eny Kleyde Vasconcelos de Farias escreveu um livro sobre sua vida, intitulado ” Maria Felipa de Oliveira: heroína da independência da Bahia”.

Solidariedade Ⓐ na Grécia

 

Pode parecer paradoxal, mas os anarquistas da Grécia estão se organizando como nunca antes.
Sete anos de políticas de austeridade e a mais recente crise de refugiados deixaram o governo com cada vez menos recursos, oferecendo cada vez menos aos cidadãos. Muitos perderam a fé. Alguns que nunca tiveram fé para começar estão resolvendo os problemas por conta própria, para irritação das autoridades.

Tasos Sagris, um membro de 45 anos do grupo anarquista grego Void Network e do grupo de teatro “auto-organizado” Embros, está à frente de um ativismo social ressurgente que está preenchendo um vácuo na governança.

“As pessoas confiam em nós porque não as usamos como clientes ou eleitores”, disse Sagris. “Cada fracasso do sistema comprova que a ideia dos anarquistas é verdadeira.”

Atualmente essa ideia não se resume a caos e demolir as instituições do Estado e da sociedade (a longa e dura crise econômica do país cuidou de grande parte disso), mas também a uma autoajuda não filtrada e ação do cidadão.

Mas o movimento permanece díspar, com algumas partes enfatizando a necessidade de ativismo social e outras priorizando a luta contra a autoridade, com atos de vandalismo e batalhas nas ruas com a polícia. Alguns estão buscando combinar ambos.

Memorial na parede de prédio homenageia Alexandros Grigoropoulos, que foi morto pela polícia em 2008 no bairro de Exarchia em Atenas

 

Quaisquer que sejam os meios, desde 2008 um grande número de “centros sociais autogerenciados” surgiu por toda a Grécia, financiados por doações privadas e pela receita dos concertos e exposições realizados regularmente e pelos bares no local, a maioria aberta ao público. Agora são 250 em todo o país.

Alguns ativistas estão focados na distribuição de alimentos e medicamentos, já que a pobreza aumentou e os serviços públicos entraram em colapso.

Nos últimos meses, grupos anarquistas e esquerdistas dedicaram energia especial a moradias aos refugiados que inundaram a Grécia em 2015 e que ficaram retidos no país desde que a União Europeia e os países dos Bálcãs reforçaram suas fronteiras. Cerca de 3.000 desses refugiados agora vivem em 15 prédios abandonados que foram tomados pelos anarquistas na capital.

O aumento de ação por parte dos cidadãos é apenas o mais recente capítulo na longa história do movimento anarquista na Grécia.

Os anarquistas exerceram um papel ativo nos levantes estudantis que ajudaram a derrubar a ditadura na Grécia em meados dos anos 70, incluindo uma rebelião na Politécnica de Atenas em novembro de 1973, que as autoridades esmagaram com policiais e tanques, resultando em várias mortes.

Desde o final dos anos 70 e início dos anos 80, os anarquistas se juntaram aos grupos esquerdistas na ocupação de partes das universidades gregas para promoção de seu pensamento e estilo de vida; muitos desses espaços ocupados existem até hoje, e alguns são usados como bases para os anarquistas produzirem as bombas incendiárias rudimentares arremessadas contra a polícia durante protestos de rua.

Ao longo dos anos, os anarquistas também apoiaram várias causas, como a oposição à reforma “neoliberal” da educação ou a campanha contra os Jogos Olímpicos de Atenas de 2004.

O movimento continua sendo em grande parte tolerado pelo público em geral, refletindo a profunda desconfiança em relação às autoridades entre os gregos, aumentada nos últimos anos pelas medidas de austeridade impostas ao país endividado pelos credores internacionais.

Lauren Lapidge, no centro, uma ativista social britânica que veio para a Grécia em 2015, ajuda refugiados em apartamento em Atenas

Em Atenas, o epicentro dos anarquistas continua sendo o bairro boêmio de Exarchia, onde a morte de um adolescente por um policial em 2008 provocou duas semanas de distúrbios, que ajudaram a revigorar o movimento e produziram vários grupos guerrilheiros que lideraram uma ressurreição do terrorismo doméstico na Grécia.

A polícia e as autoridades circulam com cuidado na área.

Policiais recentemente realizaram batidas em alguns dos prédios ocupados ilegalmente pelos anarquistas em Atenas, na cidade de Salônica, no norte, e na ilha de Lesbos, um portal para centenas de milhares de imigrantes nos últimos dois anos. Mas as autoridades não chegaram a promover uma repressão, o que seria difícil para o partido esquerdista Syriza do primeiro-ministro Alexis Tsipras permitir.

Em uma entrevista, o ministro da Ordem Pública, Nikos Toskas, disse que varreduras policiais são “sistemáticas” e batidas são realizadas “onde são necessárias”.

O prefeito de Atenas, Giorgos Kaminis, condenou as ocupações, dizendo que comprometem a “qualidade de vida dos refugiados”.

“Ninguém sabe por quem são controladas e em que condições estão submetidas as pessoas que vivem nos prédios ocupados”, ele disse em resposta às perguntas de um repórter.

Os anarquistas dizem que as ocupações são uma alternativa humana aos campos administrados pelo Estado, cheios com mais de 60 mil imigrantes e requerentes de asilo. Grupos de direitos humanos condenam os campos como esquálidos e inseguros.

Em Exarchia, um dos prédios ocupados é uma antiga escola pública do ensino médio que foi abandonada por causa de problemas estruturais. Estabelecida no primeiro semestre do ano passado com a ajuda dos anarquistas, a ocupação agora conta com cerca de 250 refugiados, a maioria da Síria, que montaram um galinheiro da cobertura. Muito mais refugiados estão em uma “lista de espera” para outros prédios ocupados.

Antipa com Abdulah Arifay, um refugiado sírio, no teto do novo lugar para refugiados, onde construíram um galinheiro

As ocupações funcionam como comunidades auto-organizadas, independentes do Estado e de organizações não governamentais, disse Lauren Lapidge, uma ativista social britânica que veio para a Grécia em 2015, no auge da crise dos refugiados, e está ativamente envolvida em várias ocupações.

“São organismos vivos: as crianças vão à escola, algumas nasceram na ocupação, ocorrem casamentos lá dentro”, ela disse.

Outra iniciativa em Exarchia envolve anarquistas e moradores locais, que colocaram um contêiner de carga na praça central do bairro, a chamaram de quiosque político e de onde distribuem alimentos e medicamentos, assim como vendem literatura anarquista.

Vassiliki Spathara, 49 anos, um pintor e anarquista que mora em Exarchia, disse que a iniciativa foi necessária porque as autoridades locais não interveem “nem mesmo para substituir as lâmpadas” na praça, conhecida como ponto de venda de drogas, apesar da atividade ter diminuído recentemente.

“As autoridades desejam uma degradação da área, porque é o único local em Atenas que tem uma identidade organizada, anti-establishment”, disse Spathara.

Kaminis disse que as autoridades locais estão cooperando com os moradores “para rejuvenescer a área” e insiste que os moradores de Exarchia têm os mesmos direitos que todos os atenienses.

Mas na paisagem política em ruínas da Grécia, os anarquistas parecem se apresentar como uma alternativa política ao governo.

“Queremos que as pessoas contra-ataquem, de todas as formas, desde cuidando dos refugiados até incendiando os bancos e o Parlamento”, disse Sagris, o membro da Void Network e do grupo de teatro Embros, que levanta dinheiro para financiar as ocupações para abrigar os refugiados. “Os anarquistas usam todas as táticas, violentas e não violentas.” Ele notou, entretanto, que os anarquistas tem uma “obrigação moral” de assegurar que tragédias, como as mortes de três pessoas em maio de 2010, quando um banco de Atenas foi atacado com bomba incendiária durante um protesto contra a austeridade, não aconteçam de novo. Apesar dos anarquistas terem sido responsabilizados, nenhum foi condenado em um julgamento que terminou com três executivos condenados por homicídio devido a negligência nas medidas de segurança. (Eles foram soltos sob fiança e aguardam a apelação.)

Outro grupo anarquista, o Rouvikonas, está olhando além da violência, apesar de seus membros já terem invadido e vandalizado repartições públicas e empresas.

Na semana passada, membros do grupo, armados com grandes bastões de madeira enfeitados com as bandeiras pretas anarquistas, realizaram uma patrulha noturna em um grande parque na região central de Atenas, dizendo que a polícia não interveio para impedir a venda de drogas e a prostituição envolvendo jovens imigrantes.

Toskas, que supervisiona a força policial grega, disse que as autoridades conseguiram uma grande redução na venda de drogas em Exarchia. “Alguns grupos anarquistas querem dizer que expulsaram as drogas na área para que possam controlá-la”, ele disse.

Os membros do Rouvikonas requisitaram recentemente a um tribunal local a fundação de uma “sociedade cultural”, para ajudar a organizar eventos de arrecadação de fundos, e no sábado o grupo apresentou sua “identidade política” em uma ocupação em Exarchia. (Os anarquistas insistem que não estão formando um partido político.)

“Anarquistas obviamente não podem formar um partido político”, disse Spiros Dapergolas, 45 anos, um designer gráfico que pertence ao Rouvikonas. “Mas temos nossos próprios meios de entrar no centro político”, ele disse. “Nós queremos nos tornar maiores.”

A meta de longo prazo do grupo é um “sindicalismo militante”, disse Dapergolas. Mas ele reconheceu que não é fácil as pessoas se auto-organizarem. Enquanto isso, ele disse, “o que o Rouvikonas está fazendo pode ser feito por qualquer um”.

Por Niki Kitsantonis

Tradutor: George El Khouri Andolfato

-mais sobre:

Agência de Notícias Anarquistas – Exarchia o bairro anarquista de atenas…

observador – Exarchia o bairro sem governo…

Soledad Rosas

23 de maio de 1974 – Maria Soledad Rosas, militante anarquista argentina e membro do movimento de posseiros italianos, tirou sua própria vida após a morte auto-infligida de seu parceiro Edoardo Massari aka ‘Baleno’ enquanto eles aguardavam Julgamento (junto com seu companheiro Silvano Pelissero) em absurdas acusações de “associação terrorista” em conexão com a campanha NO TAV, nascido. Preso, junto com Silvano Pelissero e Edoardo Massari, em 5 de março de 1974 pela polícia italiana sobre graves acusações de associação subversiva com o propósito de constituir uma gangue armada, são acusados de vários casos de ação direta ligados à luta popular contra a construção do projeto do comboio de alta velocidade (TAV) através do Val Di Susa no Piemonte. Edoardo Massari, 38 anos, anarquista de Ivrea, morreu na prisão de Vallette, em Turim, em 28 de março de 1998. As autoridades alegam que ele se enforcou com uma folha de cama. Maria Soledad Rosas, continuaria a enforcar-se, escolhendo o mesmo dia da semana e hora de morrer como seu sócio e camarada Eduardo. O prisioneiro sobrevivente, Silvano Pelissero, empreendeu uma greve de fome de um mês até que em 22 de julho de 1998 ele foi finalmente transferido da prisão de segurança máxima de Novara para prisão domiciliar. Em 31 de janeiro de 2000, ele foi condenado a seis anos e 10 meses. Em apelo em janeiro de 2001, sua sentença foi reduzida em nove meses, mas em novembro de 2001 o Tribunal de Cassação de Roma invalidou a acusação principal (de atividade terrorista com propósitos subversivos). Lançado em março de 2002, o Tribunal de Cassação em Roma no final reduz a pena de Silvano para 3 anos e 10 meses.

Ⓐnarquize-se

…Saímos provocⒶndo!!!

GAYS TORTURADOS E MORTOS NA CHECHÊNIA.

cecenia gay

Parece notícia falsa dado que estamos em 2017 mas infelizmente é verdade! Na Chechênia o ódio (e a ignorância) são tão grandes que ali existe o primeiro campo de tortura para gays do mundo.

Uma coisa que ocorreu na época do nazismo e que não pode haver lugar nos dias de hoje.

A Chechênia é uma das repúblicas da federação russa. Ali, centenas de homens estão sendo detidos em uma prisão ilegal em Argum, cidade vizinha à capital Groznyj.

cecenia gay 2

A investigação

A prisão secreta fora descoberta por duas jornalistas do Novaya Gazeta, que apesar de não terem entrado no campo, investigaram através de várias testemunhas. Não se sabe quantas pessoas ao longo dos anos passaram por ali mas muitas testemunhas descreveram o horror que está acontecendo naquilo que vem sendo chamado de “campo de concentração gay”.

Segundo o jornal, choque elétrico, tortura, violência física e mental (“diziam que não merecemos viver”) fazem parte da rotina da prisão ilegal. Espancados com mangueiras de borracha, obrigados a sentar em garrafas, deixados sem comida ou água, às vezes até a morte. Pelo menos três homens teriam sido mortos ali, na Auschwitz de 2017.

“Em nosso país não existem gays”

O presidente checheno Ramzan Kadyrov ao ser indagado sobre o fato, negando-o, acabou por confirmá-lo através da sua declaração homofóbica: “Em nosso país não existem gays. E se houvesse tais pessoas – continuou, referindo-se aos homossexuais – a polícia não precisaria fazer nada com eles, porque seus familiares os mandariam para um lugar do qual não há retorno”.

Igualmente preocupante foram as palavras de um dos membros daquilo que deveria ser o Conselho para os Direitos Humanos na Chechênia, Kheda Saratova: “Em nossa sociedade chechena, qualquer um que respeite as nossas tradições e a nossa cultura faria caça a este tipo de pessoa sem a necessidade da ajuda das autoridades, e fariam de tudo, para que essas pessoas não existam na nossa sociedade “, disse ele durante uma transmissão de rádio.

cecenia gay 3

Revolta internacional

A investigação das jornalistas fora publicada no início do mês mas somente agora está dando o que falar. Ao início, disseram os representantes sociais dos direitos humanos, foi necessário verificar a veracidade dos fatos dado o absurdo deles e a comum divulgação de notícias falsas.

Mas agora estão todos perplexos pois realmente trata-se do primeiro campo de concentração para homossexuais desde a queda de Hitler. ILGA, a mais importante associação lésbica, gay, transexual europeia, as redes GBLT russa e norte-americana contataram as autoridades para denunciarem os evidentes crimes contra a humanidade.

As associações para os direitos humanos e as comunidades LBLT dos EUA e Itália aproveitaram que nestes dias, respectivamente o Secretário de Estado Rex Tillerson e o presidente Sergio Mattarella, estão em visita oficial à Rússia para pedir às autoridades uma pressão diplomática sobre Vladimir Putin para que uma investigação seja iniciada, para que as autoridades de Grozny sejam responsabilizadas pelos desaparecimentos e perseguições aos chechenos gays.

Clique aqui para assinar a petição da Avaaz.

fonte: https: www.greenme.com

Camilo Ignacio

Entre lágrimas, punks e cães, Valpo se despediu de jovem assassinado por defender um cachorro vira-latas.

Na madrugada de sábado, um vendedor ambulante tentou atacar um cachorro vira-latas. Um jovem saiu na sua defesa, foi apunhalado e faleceu. Hoje quase mil pessoas deram seu último adeus no cemitério Nº3 de Playa Ancha, em Valparaíso.

Faltando alguns minutos para ás 2 da tarde e depois de uma missa em Cerro Baron, uma comitiva se dirigiu para o outro lado da cidade para enterrar e se despedir do filho, amigo e irmão que deixou este mundo por defender a vida de um vira-latas no dia 1° de abril em Valparaíso.

“Na sua família, desde que nasceu era a alma da festa. Seu sorriso e alegria não se apagaram ainda”, expressa entre lágrimas sua prima. “Morreu por convicção”. “Lutou por seus ideais, os defendeu de coração”, disse outro familiar e um amigo. Acertadas palavras que resumem, sem dúvida, a razão de vida de Camilo Ignacio Navea del Canto 19 anos e também, parte do porquê se desencadeou em uma discussão com Alex Bravo Verdejo 33 anos, quem tentava agredir um cachorro que, segundo ele, o incomodava no trampo de venda de “sopaipillas” na praça Aníbal Pinto da cidade Puerto.

Punk, animalista e Portenho

Depois de saber do trágico acontecido, os autoconvocados e os amigos da vítima se reuniram na citada praça para realizar um velório. Um pouco mais pra lá, trabalhavam diariamente dois amigos que conheciam o jovem. “Sempre o via passar, nunca trazia problemas, era muito simpático e apesar de que muitos possam pensar, jamais o vimos fazendo alguma bobagem”, coincide Angel Vera y Francisco Soto, comerciantes que foram dar seu adeus na Playa Ancha no bairro Bellavista, território reconhecido por ser zona de descanso de um grupo de punks, que pedem uns trocados, comem e bebem em jornadas onde parece não existir tempo.

Oriundo de Cerro Barón, seus pais Glenda e Richard o inculcaram valores cristãos que o levou a aproximar-se da igreja local. No decorrer de sua adolescência, seus interesses mudaram, tal como suas vestes y corte de cabelo. Munido de jeans rasgados e patches costurados e animal-print, algumas correntes e metais, as ruas de Valparaíso o albergaram uma que outra vez. A abundância de cães vira-latas o despertou a consciência animal, imprimiu um novo anseio e destinou seu tempo para ajudar os seres peludos e de quatro patas que iriam parar num canil ou perambulavam pela cidade. Queria profissionalizar a sua afeição e fazia pouco que havia começado a estudar uma carreira técnica vinculada a medicina veterinária.

Catherin Toledo, voluntária do Centro de Ajuda Animal Anubis, compartilhou pouco com Camilo, mas ainda assim só tem boas palavras ao recordar o estudante. “Era respeitoso, muito boa pessoa. Durante fevereiro veio quase todos os dias para limpar os canis, levar a passear os que estavam melhores. Se nota que o fazia de coração. Não há palavras para descrever o que se sente, só viemos dar um pouco de apoio a família”, expressou.

Enquanto os bandos de papagaios gritam sobre nossas cabeças, os irmãos punks de Camilo lançam algumas frases que recordam ao amigo de intermináveis jornadas. A música e a cultura que os uniu, hoje se vestem de luto, mas nem por isso impede que se desenrole uma improvisada tocata, com três bandas (Disgusto, Los Conchatumadres e Careputa), que em um de seus intermédios lembrou a trágica sina da juventude atual: “Nossas mortes costumam ser tão violentas como as nossas vidas”, apontou no microfone, a vocalista de uma das agrupações presentes.

A dor se faz evidente, com lágrimas escorrendo pelo rosto. O caixão está coberto de flores e animais de pelúcia. Alguns vira-latas que habitam o cemitério aproveitam a multidão para ter um pouco de sombra e cochilar. Outros conseguem algum carinho. O grasnido das gaivotas nos faz recordar que o mar está ao fundo, a vida deve continuar, o punk não está o morto e já não basta rezar.

(livre tradução do texto de Gabriel Muñoz para o site El Ciudadano)

FESTIVAL DE FILMES Ⓐ

“Não há necessidade de ser aprovado pela indústria para criar cinema radical!”

 

canada-convite-a-submissoes-para-o-festival-de-f-1
Convite a submissões:
O Festival de Filmes Anarquistas (FFA) está de volta em seu terceiro ano! Em maio de 2017, o coletivo Insurgent Projections organizará o FFA com o objetivo de promover meios de comunicação independentes radicais e espaços onde as discussões e ideias subversivas possam florescer. Neste ano, o FFA acontecerá durante o segundo fim de semana de maio com várias noites de projeções temáticas. Nos envie seus filmes agora!Este ano, gostaríamos de incentivar as pessoas de comunidades radicais, pessoas de comunidades indígenas, BIPOCs, mulheres/queer/trans, a produzir filmes sobre temas de interesse para o FFA. Não há necessidade de ser aprovado pela indústria para criar cinema radical!

Se você decidir criar um filme para o FFA e enfrentar desafios técnicos, por favor, sinta-se livre para nos escrever por ajuda: projectionsinsurgees@riseup.net.

Condições de submissão
– Filmes podem ser em francês, inglês ou espanhol ou legendado em uma dessas línguas.
– Por favor, preencha o formulário de submissão: (em breve)
– Priorizaremos filmes copyleft.
– Os filmes submetidos não precisam ter sido feitos ou produzidos por pessoas que os enviaram!

O que é um filme anarquista? Que tipo de filme posso enviar?
Você decide! Aceitaremos ficção e não-ficção, curtas ou filmes completos, amadores ou profissionais que contribuam para o surgimento de ideias subversivas e emancipatórias, seja no conteúdo ou no formato. Não aceitamos nenhum filme promovendo ideias sexistas, racistas, capacitistas, homofóbicas/transfóbicas, ou glorificando o imperialismo, colonialismo e capitalismo

Para enviar um filme:
– Uma cópia numerada ou uma cópia em papel do formulário de submissão.
– Um link para assistir ou fazer o download do filme, incluindo a senha, se necessário, na melhor qualidade disponível.
– E/ou duas cópias em formato DVD enviadas para o endereço no formulário de envio. Certifique-se de que o DVD está claramente identificado com o nome do diretor e o nome do filme.
Contato: projectionsinsurgees@riseup.net
Para enviar uma cópia impressa do filme ou cópia em papel, envie-a para o QPIRG e escreva “FOR INSUGENT PROJECTIONS” no envelope.

GRIP-Concordia
C/o Université Concordia
1455 de Maisonneuve O.
Montréal, Québec H3G 1M8
Canadá

Gostaríamos de informar que não responderemos os e-mails antes de abril, já que somos uma equipe muito pequena de ativistas não remunerados!
Tradução > Moana

Conteúdo relacionado:
https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2016/05/19/canada-2o-festival-do-filme-anarquista-de-montreal-acontece-neste-fim-de-semana/

A mãe aflita
diante da incubadora.
Pinguinho de gente.
Gladston Salles

LIBERTEM Ⓐ DANDARA!

Amores, a idéia é séria …

A mana Dandara Zainabo está presa desde Quinta-feira sob acusação de roubo, porte de arma branca e formação de quadrilha. A prisão aconteceu na Lapa.
Ela está no momento no presídio Evaristo de Moraes, em São Cristovão, RJ.
Amanhã estaremos no local pra sabermos sobre visitação e quais especificações pra entrar com a custódia.
Ela não recebeu nenhuma visita de advogados até o momento, quem se disponibiliza a acompanhar o caso dela???
Farei um ponto de coleta aqui em casa, assim que possível publico a lista de necessidades que são permitidas entrar lá. Também estou colocando minha conta à disposição pra quem puder fortalecer, eu mesma entregarei no presídio e farei prestação de contas aqui no face.
A Dandara é militante preta e trans e participava até então da Casa Nem, local que luta pela sobrevivência LGBTQI.
Eu tô tonteada ainda e em breve escrevo mais a respeito, dando mais informações.
Conto com vocês!
Por uma sociedade sem prisões!
Pelo combate ao racismo!
Pela nossa irmã!
Nós por nós!
LIBERTEM A DANDARA!
Atualização:
Recebi contato da Lorena Martins, que se colocou a disposição para ajudar. Uma advogada irá amanhã ao presídio ver a situação inicial da Dandara e orienta-la. Assim que tiver notícias eu posto!

Solidariedade a Rafael Braga

CAMPANHA INTERNACIONAL PELA LIBERDADE DE RAFAEL BRAGA

A Campanha pela Liberdade de Rafael Braga convoca coletivos, movimentos e organizações populares de todo mundo a se juntarem a nós na Campanha Internacional pela Liberdade de Rafael Braga.

Fazemos uma chamada para que em novembro de 2016 sejam organizadas atividades por todo o Brasil e no exterior com o intuito de divulgar o caso do Rafael e debater temas como racismo, genocídio do povo Negro, encarceramento em massa, seletividade penal, luta anticárcere etc. As atividades podem ser de caráter variado: culturais, atos, mesas, debates, colagens, stencil, propaganda, acadêmicas e outras. Pedimos que os grupos e/ou indivíduos que organizem algo, nos enviem detalhes no FORMULÁRIO (https://goo.gl/forms/03jxAYsTCsdZGmeT2) para que possamos divulgar e montar um calendário. Além de atividades, também é possível apoiar a Campanha enviando fotos com cartazes em apoio ao Rafael Braga ou notas de solidariedade assinadas por coletivos.

Facebook: https://www.facebook.com/liberdaderafaelbragavieira/

rafaelbraga

Rafael é um jovem Negro, pobre, que até junho de 2013 trabalhava catando material para reciclagem nas ruas do Centro do Rio de Janeiro. Vivia em situação de rua e, para não gastar muito dinheiro de passagem, voltava somente às vezes para sua casa, na Vila Cruzeiro. Porém, no dia 20 de junho, sua rotina mudou.

Nesse dia, aconteceu no Rio de Janeiro a maior das manifestações que ocorriam na época contra o aumento das passagens de ônibus. Já durante a dispersão do ato, na Rua do Lavradio, Lapa, Rafael, na época com 25 anos, foi detido quando chegava a um casarão abandonado, onde por vezes dormia. Rafael não participou da manifestação e carregava consigo duas garrafas de plástico, uma de Pinho Sol e outra de desinfetante. Na delegacia, os policiais que o prenderam apresentaram as garrafas abertas e com panos. Ele foi acusado de portar material explosivo, que seriam coquetéis-molotov. Ele foi condenado a 5 anos e 2 meses de reclusão. Em 1° de dezembro de 2015, ele progrediu ao regime aberto e saiu da prisão, sendo monitorado por uma tornozeleira.

Voltando a morar na Cascatinha, Vila Cruzeiro, com sua família, no dia 12 de janeiro de 2016, Rafael saiu pela manhã para ir à padaria a pedido de sua mãe, Dona Adriana, e no caminho foi abordado por policiais da UPP de lá. Os PMs diziam que ele tinha envolvimento com o tráfico e pediam que ele desse informações e assumisse que era bandido. Ele foi espancado no caminho à delegacia, sendo inclusive ameaçado de estupro caso não assumisse participação no tráfico. Os PMs emputaram ao Rafael um kit flagrante com 0,6g de maconha, 9,3g de cocaína e um rojão. Assim, desde janeiro Rafael responde por tráfico de drogas, associação para o tráfico e colaboração com o tráfico.

Uma das principais bandeiras levantadas pela Campanha é o motivo de Rafael ter sido e ainda estar preso. Rafael Braga foi detido e condenado em 2013 mesmo sem ser manifestante. Ele foi detido por ser Negro e pobre. Como não é militante, nenhuma mobilização ocorreu à época da sua prisão, tendo sido rapidamente julgado e condenado. Mesmo após sua condenação, as mobilizações pelo Rafael Braga nunca obtiveram tanta atenção como as lutas para libertação de outros presos das manifestações de 2013 e 2014. Rafael é símbolo da seletividade penal e racismo estrutural que permeia a justiça brasileira. A nova prisão de Rafael em 2016 veio para reforçar esses pontos. Vivendo em uma área militarizada, Rafael foi abordado e acusado de tráfico. O kit flagrante forjado pelos PMs para incriminar o Rafael é comumente utilizado em áreas de favela e periféricas. A guerra aos Negros camuflada de guerra às drogas segue fazendo novas vítimas diariamente, exterminando o povo Negro e impulsionando o encarcermento em massa.

foto0002 fixed-dsc-0114-1_large

(imagens acima, solidariedades em Novo Hamburgo e Porto Alegre)

13876266_1838504976377681_302242322243351223_n

Libertem Rafael Braga!

Ⓐnarquia GaúchⒶ

Os Expropriadores da Rua da Praia.

Porto Alegre, 1911.
A violência é a conseqüência lógica da situação criada pelos governos, que teimam em tratar como escravos homens que tem aspiração da liberdade. A Anarquia não conduz à prática da violência. A lenda que diz ser um movimento organizado para assassinar e destruir é uma infâmia espalhada com o fim de denegrir seus partidários. Nenhum anarquista prega a revolta pela revolta nem jamais pratica algum ato de violência que não responda a alguma grande injustiça por parte do poder. Os anarquistas praticam a resistência contra a violência contra eles dirigida.

Stefan, Pablo, Alexander e FeodorStefan, Pablo, Alexander e Feodor


PORTO ALEGRE 1911.
OS EXPROPRIADORES DA RUA DA PRAIA

“Quando se vê algum fato levado a cabo por algum anarquista ou a ele atribuído, surge a antiga lenda de um movimento de terror, organizado exclusivamente para praticar a violência contra tudo e contra todos, com a pretensão de transformar a sociedade. Não fosse essa concepção arbitrária e sem fundamento e os nossos adversários não poderiam sentenciar: os anarquistas querem transformar a sociedade à força de bombas de dinamite. Logo, segundo essa lógica manipuladora, os anarquistas são criminosos vulgares e doentes perigosos, que devem ser imediatamente eliminados da sociedade. E é justamente nesse falso raciocínio, nessa desleal alteração de princípios que está a força de sua bárbara argumentação contra os anarquistas. Reconhecer este antigo erro seria nobre e digno, mas então sob que pretexto iriam reclamar o cárcere e a forca para os partidários da Anarquia? Como justificar o extermínio dos pretensos forjadores do terrorismo?

A violência é a conseqüência lógica da situação criada pelos governos, que teimam em tratar como escravos homens que tem aspiração da liberdade. A Anarquia não conduz à prática da violência. A lenda que diz ser um movimento organizado para assassinar e destruir é uma infâmia espalhada com o fim de denegrir seus partidários. Nenhum anarquista prega a revolta pela revolta nem jamais pratica algum ato de violência que não responda a alguma grande injustiça por parte do poder. Os anarquistas praticam a resistência contra a violência contra eles dirigida.”
Reynaldo Frederico Geyer. Redação de A Luta.

Terça-feira, 5 de setembro de 1911.

O empregado Alcides Brum deixa a pensão onde morava e dirige-se até o Centro de Porto Alegre para as 8hs abrir a casa de câmbio do Sr. Virgílio d’Oliveira Albuquerque, na Rua da Praia.
Os prédios daquela quadra tinham a mesma fisionomia. Sobrados de duas ou três portas, estabelecimentos comerciais no térreo e residências no segundo piso. A casa de câmbio, no número 210, tinha duas portas, uma delas transformada em vitrine. Ao se aproximar da loja, Alcides constatou que os outros estabelecimentos permaneciam fechados.
Depois de instalado avista a chegada dos primeiros clientes do dia. Quase oito e quinze. Percebeu que os quatro visitantes eram bem diferentes dos senhores bem trajados e de aspecto “respeitável” que freqüentavam a casa.
Os três que se aproximaram do balcão usavam bonés de viagem e tinham fisionomia parecida, quase o mesmo porte físico robusto e um reconhecível traço estrangeiro. Dois vieram na direção do balcão, um permaneceu na porta em flagrante agitação e o quarto homem ficou do lado de fora. Parecia ser o mais velho, sugeria uns 30 anos. Em segundos sacaram as pistolas automáticas.
Na Barbearia Brazil, defronte a casa de câmbio, um freguês era atendido quando interrompe o serviço o estampido de um tiro, seguido de mais dois. Dali se enxerga um homem gritando da porta para o interior da casa de câmbio num idioma estranho. Através da vitrine duas mãos nervosas recolhendo os valores ali expostos, usando o próprio feltro como sacola.
Quatro homens armados deixaram o estabelecimento. Um deles empunhava uma pistola mauser alemã ainda fumegante. Estava consumado o primeiro assalto a mão armada deste tipo ocorrido em Porto Alegre.
Vizinhos de todos os lados já se punham em alvoroço. Os atracadores fugiram em direção a Rua do Comércio a passos regulares, com as pistolas enfiadas nos bolsos. O interior da casa de câmbio deixava cheiro de pólvora. Atrás do balcão, diante do cofre aberto, Alcides Brum gemia ensangüentado no chão.
O delegado Chico Flores, chefe do 3° posto da Polícia Judiciária e inscrito no Partido republicano foi acionado. Era avisado do assalto que acabara de ocorrer em plena Rua da Praia. Os assaltantes fugiam em disparada.
Dobrando a esquina em carreira ruma a Praça XV, um guarda mira quatro vultos. Os fugitivos já de armas em punho alcançaram o largo do Mercado Público, esquivando-se das carretas, carroções de todos os tamanhos e alguns poucos automóveis que trafegavam por ali. Empregados das lojas e operários que construíam o segundo piso do Mercado paralisaram seu trabalho para dar atenção ao que acontecia.
Quatro homens corriam pelo meio da rua, seguidos de uma multidão de populares e alguns guardas municipais armados de facas. Os fugitivos pularam sobre o carro de aluguel n°21, o primeiro da fila da Companhia de Carruagens, estacionado na ponta da Praça XV.
Com o cocheiro rendido, um dos homens tomou as rédeas da carruagem. Em vez de seguir em frente, subindo a Marechal Floriano, decidiu fazer meia-volta e jogar o veículo contra os perseguidores, abrindo uma clareira.
O vendedor da loja de armas da Rua Marechal Floriano pôde reconhecer os dois homens que se postaram na boléia e as pistolas que empunhavam. Três dias antes, sábado de manhã, eles estiveram na loja. O balconista desconfiou dos estranhos. Durante cerca de meia hora manusearam armas de caça, de tiro ao alvo, fuzis flobert, rifles winchester de repetição e pelo menos uma dúzia de pistolas de várias marcas e calibres. Demonstravam falta de intimidade com as armas de fogo.
Apresentaram-se como argentinos, falavam em espanhol, mas conversaram entre eles num idioma desconhecido. Escolheram uma pistola mauser alemã 7.63 milímetros de 10 tiros, ao preço de 120 mil réis, e um revólver browning norte-americano de seis tiros por 80 mil. Compraram também cerca de 200 balas. Pagaram com notas autênticas.
Na terça-feira os estranhos compradores estavam disparando com as armas para cima montados na boléia da carruagem depois da expropriação do câmbio. Na esquina da loja Tabak, o veículo dobrou bruscamente à direita, tomando velocidade na Rua Voluntários da Pátria.
Antes das oito e meia da manhã, a Rua Voluntários da Pátria fervilhava. Nos dois lados da rua, carruagens, carroças puxadas a boi, charretes e automóveis buscavam ou descarregavam mercadorias nas pequenas indústrias e no intenso comércio local. O espaço já congestionado da rua foi repentinamente rasgado por uma carruagem, ziguezagueando a toda velocidade. Dois homens disparavam para o alto. Atrás dela, dezenas de curiosos e guardas da Polícia Administrativa de facões, soprando os apitos.
Depois de andar duas quadras desviando e esbarrando em outros veículos, o cocheiro perdeu o controle e a carruagem dos homens armados foi de encontro a um carroção estacionado na Praça dos Bombeiros, diante do Teatro Colyseu, um pouco adiante da Usina Elétrica. O cavalo foi jogado à traseira do outro veículo, sendo atingido pelo varal da carroça que lhe atravessou o peito. Os quatro expropriadores foram derrubados.
Logo do tombo disparam rumo à Rua da Conceição, com os perseguidores nas costas. O pânico agita as ruas de Porto Alegre.
O bonde número 35 da linha Navegantes deveria chegar ao abrigo da Praça Senador Florêncio pontualmente as 8 e 40 da manhã. Os foragidos armados se acercam do bonde. O motorneiro tenta acelerar quando é interrompido pelas ordens dos quatro homens que pulam no vagão em movimento e mandam acionar o freio. Calçado pela pistola o motorneiro inverte o sentido da manivela e movimenta o bonde de volta na direção do bairro. As senhoras que restavam como passageiras eram acalmadas pelos expropriadores com a promessa que nada lhes aconteceria.
A manivela chegava aos sete pontos, velocidade fora da rotina. Quando o bonde dobrou a esquina da Voluntários da Pátria com a Rua do Parque, no trecho onde se entroncavam os trilhos das linhas Navegantes e São João, o motorneiro propositadamente deixou de abrir a chave, fazendo com que a carretilha se desprendesse dos fios elétricos. Sem força, o vagão andou mais alguns metros, movido por inércia até parar completamente.
A fuga volta para a Voluntários da Pátria rumo à zona norte. Um jovem leiteiro vê de relance desde a porta do armazém quatro homens correndo assustados pelos trilhos.
O rapaz curioso sobe na carrocinha e se põe a persegui-los. Ao ganhar proximidade e percebido sozinho pelos fugitivos, foi rendido pelo revólver apontado de um dos homens. Dominado o entregador de leite, fogem em sua carroça.
O leiteiro conduzia a carroça puxada por um cavalo, espremido entre dois estranhos e calçado pela pistola. A carrocinha tomou o rumo do extremo norte, quando a Voluntários da Pátria mudava o nome para Avenida Navegantes, sobraram algumas chácaras e plantações de arroz e cevada.
Diante de uma das chácaras situadas no final da Rua Dona Teodora, a carroça estaciona no pátio. Os ocupantes partem para os matos em direção ao Rio Gravatahy.
A identidade dos fugitivos ainda é desconhecida. O delegado Chico Flores é informado de uma prisão feita uns meses atrás de quatro judeus. Eram estrangeiros como os assaltantes e no interrogatório se declaravam anarquistas. A polícia passa a organizar as operações de busca.
A Estação Ferroviária de Gravatahy é feita de quartel-general, pela localização, facilidade de acesso e por dispor de telefonia. Patrulhas percorrem a Rua São José e vigiam a estrada de Canoas e a ponte de Gravatahy. As lanchas da Brigada Militar foram usadas para ronda no rio de ponta a ponta, retirando as canoas das margens. Chico Flores ganha o comando oficial das forças policiais.

Não são criminosos comuns…

O crime da casa de câmbio e a fuga espetacular dos atracadores abrem um debate na capital. Cada qual procura explorar os fatos e ganhar força nas disputas políticas e sociais daqueles anos. Na esfera da política dominante “A Reforma”, órgão dos federalistas procura atacar as fraquezas do governo do Partido Republicano sob a sombra de Borges de Medeiros e recuperar-se do desprestígio.
Da parte dos republicanos vem a pressa de resolver este caso pelas mãos da sua polícia e atravessar a turbulência sem perder credibilidade na opinião pública. Borges quer preso todos os suspeitos para repor a ordem pública, enganando a sensação de desgoverno no centro da cidade.
O movimento dos trabalhadores marca em junho a vitória do anarquismo classista nas eleições da Federação Operária do RS. Desde a greve dos 21 dias em 1906 vinham se fortalecendo, se dedicando, freqüentando as fábricas e mobilizando o operariado. Aos poucos os anarquistas foram ganhando posição, conquistando a direção de importantes uniões sindicais, engrossando suas filas e alijando os socialistas, entre eles o líder Xavier da Costa. Para o socialista Carlos Cavaco o novo acontecimento era oportunidade, pelas vinculações suspeitas dos seus protagonistas com o anarquismo, de fazer propaganda contra seus adversários no movimento operário.
As especulações sobre o caso corriam nas bocas. “Não são, definitivamente, criminosos comuns, desses que se movem pela ambição mais rasteira de enriquecer às custas do crime. São agitadores anarquistas agindo, quiçá, por motivações políticas, o que fornece outros ingredientes que ainda não consegui aquilatar.” Ponderava o delegado Chico Flores numa dessas conversas investigativas. “Durante a fuga, não se dispersaram, mesmo nas horas mais dramáticas. Pelo menos duas vezes, algum deles caiu ao chão e os outros o socorreram. Não resta dúvida que os tipos estão unidos, para o que der e vier. Talvez até exista um pacto entre eles.”
Na sala da FORGS, pela noite, depois de uma palestra do médico Reynaldo Geyer na Escola Racional Eliseu Reclus, iniciava a reunião de um grupo de militantes operários de filiação anarquista. Estavam presentes o pedreiro italiano Luigi Derivi, o alfaiate polonês Stephan Michalski e os gráficos Lucídio Prestes, Polidoro Santos e José Rey Gil com o jornal republicano aberto sobre a mesa.
Preocupados pela repercussão, tinham dúvidas se a autoria do assalto era mesmo de anarquistas. De qualquer modo precisavam defender suas idéias e a influência que haviam conquistado entre os trabalhadores. Comentava-se entre eles que o assalto tinha semelhanças com várias ações de expropriação realizadas por companheiros da Europa e que seria conveniente se informar melhor. A reunião decidiu então por um artigo encomendado a Reynaldo Geyer para a imprensa libertária. Algo genérico, marcava a linha Derivi, relacionando a luta de classes, a violência institucional. Historicamente, acusam os anarquistas de prática de terrorismo. O texto deveria dizer que os anarquistas não são violentos, mas apenas reagem à violência inerente ao poder, à existência da autoridade.

Flores aos rebeldes que tombaram…

O comandante das operações de busca já contava com o apoio de 30 agentes policiais, 10 soldados do piquete policial, uma equipe do segundo distrito e alguns oficiais da Brigada Militar. Pelas 5 horas da tarde era enviado mais um reforço do 1° Batalhão da Brigada com 34 soldados. O chefe republicano Borges de Medeiros queria mais.
Os judeus foram alçados a condição de principais suspeitos e as forças policiais passaram as prisões sumárias. A pequena comunidade judaica de Porto Alegre era formada por alguns desgarrados alemães, poloneses e austríacos vindos especialmente à Argentina, onde o governo fazia restrições aos estrangeiros. A eles, vinham se somando imigrantes russos que, aos poucos, deixavam a Colônia Philippson, por não conseguirem se adaptar a vida agrícola. Em geral haviam emigrado da Europa para fugir ao recrudescimento dos pogroms e buscavam novas oportunidades no Novo Mundo.
A polícia investigava uma loja de judeus chamada La Flor de Buenos Aires. Quatro irmãos de sobrenome Zweible, caixeiros-viajantes da loja, foram detidos um tempo atrás por suspeita de contrabando ou passar dinheiro falso e soltos em seguida. Um deles havia se declarado anarquista. Mas a informação revelava que os irmãos Zweible eram três e não quatro.
A imprensa tinha outra pista. O incêndio de uma loja na Andrade Neves feito por quatro russos. Um jornalista das páginas policiais se apresentou na Loja Franceza, um empório de tecidos da dita rua. Perguntado o dono da loja explicava que havia despedido um empregado de conduta inadequada que fazia exigências descabidas. Era russo e se chamava Pincus Isner. Dizia que o patrão é um chupador de sangue e queria reduzir o horário de trabalho e aumentar o salário de todos os seus companheiros. Alguns dias depois, outros quatro russos estiveram na loja fazendo ameaças de morte ao dono, caso não fosse atendida a reivindicação. Mais um tempo e sucedeu um misterioso incêndio na loja, no setor de tecidos mais finos. Deram prejuízo. O dono soube que eram todos anarquistas com ficha na polícia de Buenos Aires.
Depois de demitido Pincus Isner havia partido para São Paulo. O repórter policial tendo o procurado na pensão pobre que vivia chega até outro russo que andava com ele. Yurian Kirienko, trabalhava no Mercado Público e freqüentava a escola dos sindicalistas Eliseu Reclus. Foi um dos tantos que emigrou da Rússia, logo após o fracasso da Revolução em 1906, quando o regime czarista intensificou a perseguição aos socialistas e aos anarquistas. Embarcou clandestinamente em um navio estrangeiro e passou a vaguear de porto em porto. Na Argentina conheceu gente da Federação dos Trabalhadores Russos, a qual passou a freqüentar. Quando o governo começou a hostilizar os estrangeiros e reprimir com violência os que se envolviam com política, um dos amigos, Alexander Grauberger, o Sasha, o convidou para se mudarem a Porto Alegre, onde viviam os familiares dele.
Yurian Kirienko trabalhou como pedreiro e participou da greve vitoriosa de junho pela redução da jornada de trabalho, mas foi demitido logo depois. O amigo Sasha conseguiu para ele um emprego na fiambreria onde também trabalhava e ensinou o ofício. Além disso o levava para as aulas da Escola Racional. Os outros russos envolvidos no incêndio da Loja Franceza eram Pablo, Fedko e Stefan.
Alexander Grauberger, o Sasha, era feito suspeito principal. Morava no fundo da cantina onde trabalhava. Segundo o patrão era anarquista, o melhor empregado que já teve. Guardava no baú livros bem cuidados sobre socialismo, anarquismo e doutrinas revolucionárias de autores como Errico Malatesta, Mikhail Bakunin, Pierre-Joseph Proudhon e Max Nettlau, escritos em russo, alemão e espanhol. O jornalista não o encontrara na visita feita ao seu quarto neste dia em que se consumara o assalto.
Chegada a noite e os expropriadores permaneciam refugiados nos banhados do Gravatahy, sem chances de fuga. Todos os acessos por terra e pelo rio estavam bem vigiados. O capitão José Maria Vianna fora destacado para a operação, protagonista de feitos épicos durante a guerra de republicanos e federalistas em 1893. As forças policiais contavam com o piquete presidencial, uma força de elite com 20 praças; mais um batalhão da Brigada Militar e uma equipe da Polícia Judiciária com 43 agentes. Duas horas antes, haviam chegado mais 24 agentes do 1° posto. Haviam decidido manter o cerco pela madrugada e iniciar a ofensiva final nas primeiras horas da manhã.
No processo da investigação os irmãos Zweible tinham sido presos e descartados. Não conferiam as suspeitas. Os atracadores se fizeram passar pelas suas identidades. Alexander Grauberger era o foco agora.
Por volta das quatro horas da madrugada, os fugitivos se aproximaram da ponte do Rio Gravatahy, arrastando-se sorrateiramente pelo chão, mas foram percebidos e rechaçados a tiros pelo comandante da escolta. Um pouco mais tarde, tentaram passar a linha de baionetas montada ao longo da estrada de ferro. Investiram contra um dos soldados e chegaram a disparar contra ele, mas foram repelidos e retornaram a mata.
Às seis horas da manhã, quando o cinza da noite úmida começava a clarear, as forças policiais estavam de prontidão. Uma equipe ficaria responsável pelo policiamento externo e outras duas lideradas pelo delegado Chico Flores e pelo capitão José Maria Vianna, ingressariam na mata a partir de dois pontos diferentes. A ordem era atirar ao menor gesto de reação dos bandidos, fazer fogo à vontade!
O maricazal dos banhados do Gravatahy ainda permanecia envolto por uma névoa densa e escura que dificultava a visão além de dez metros de distância. Em muitos trechos soldados e policiais eram obrigados a caminhar com água pelo peito. Assim que um cabo se perdeu do resto da patrulha.
O cabo Manoel andava perdido, gritava pelos colegas sem resposta esse deixava dominar pelo medo até que enxergar o esboço de uma figueira com algumas vozes imprecisas. À sua frente surgiu um vulto corpulento, quando percebe que o homem estava armado. Empunhou a corneta e começou a tocar.
O estranho apontou a arma e errou o tiro, enquanto que o cabo segurou a corneta pelo bocal e acertou a cabeça do agressor, que cambaleou. Era Sasha, acusaram os gritos de seus companheiros.
Em poucos minutos os soldados da Brigada acercaram-se da figueira, localizada numa pequena ilha em meio ao banhado, e se lançaram na água de carabina em punho. Iniciaram uma artilharia pesada contra o homem estonteado e os demais entrincheirados na figueira. Os fugitivos revidaram com suas pistolas de repetição.
O tiroteio durou menos de três minutos. Ao se certificar de que não havia mais reação dos fugitivos, o capitão Vianna ordenou o cessar-fogo. Os corpos caídos no barral ainda eram sacudidos por novos disparos. Por fim, emudeceram as mauser. Oito e quinze da manhã.
Chico Flores mandou então que fossem removidos os corpos, amarrados pelas mãos uns aos outros e puxados por dentro d’água pelos soldados a cavalo. Os cadáveres foram amontoados em uma carreta e transportados até a estação de Gravatahy.
Na noite anterior, o jornal republicano e governista A Federação publicava que já havia perto de vinte judeus presos, parecendo que se trata de uma terrível quadrilha, estando a polícia na sua pista.
No 3° posto, na Rua da Floresta, autoridades políticas e policiais junto da imprensa recebia a expedição com fogos de artifício. Antes que os corpos fossem transferidos para o desfile pelas ruas no carro fúnebre da assistência municipal Edward Grauberger reconhece seu irmão entre os mortos. Apontou junto de Sasha: Stefan Sedoresky, Pablo Pavlowsky e Feodor…
Operários de origem russa, segundo a viúva que os tinha como inquilinos, mas não eram judeus revelava o laudo médico ao não encontrar sinal de circuncisão. Sasha, como reconhecia Reynaldo Geyer, dentro do anarquismo se filiava aos grupos de ação direta, defendia que a politização dos operários nascia de momentos de choque, nas táticas de greves e mobilizações.
Os quatro corpos haviam sido transferidos para o Cemitério da Santa Casa e enterrados na madrugada de quinta-feira, para evitar tumultos. Eram lápides de pedra bruta que mostravam números em lugar dos nomes. Logo de manhã estavam cobertas de flores, mais alguns dias pétalas de rosas e velas acesas. Sem ninguém ter sido visto.

Livre adaptação do livro Tragédia da Rua da Praia. Uma história de sangue, jornal e cinema. Rafael Guimaraens. Editora Livretos. 2005.


A Greve Geral de 1917 e a LDP

Contribuição à memória de luta da classe operária

No inicio do século XX, foi de muita importância a participação dos anarquistas e do sindicalismo revolucionário no sentido de construção de uma cultura de combate, ação direta e de mobilização permanente. Muitas das várias entidades do movimento operário brasileiro do período: os sindicatos por ramos e ofícios, as ligas e uniões operárias, as federações estaduais, a Confederação Operária Brasileira (fundada em 1906) estavam sob forte influência dos anarquistas.

Concentração do movimento grevista na Rua da Praia. Porto Alegre 1917.
Concentração do movimento grevista na Rua da Praia. Porto Alegre 1917.


A GREVE GERAL DE 1917:
Contribuição à memória de luta da classe operária*Anderson Romário Pereira Corrêa
A efervescência do operariado brasileiro, que culmina no movimento grevista de 1917, tem na inter-relação de vários fatores econômico-sociais suas possíveis explicações: a ação organizativa e propagandista do sindicalismo revolucionário – ou seja, o processo implementado pelos militantes anarquistas ao movimento operário; e a conjuntura econômica proporcionada com a crise gerada pela forma com que a economia brasileira estava inserida ao capitalismo internacional durante a Primeira Guerra Mundial. O seguinte trabalho se desenvolverá descrevendo primeiro a cultura combativa de segmentos da classe operária, e em seguida a conjuntura de crise econômica do período da Primeira Guerra Mundial acirrando-se em 1917 e a “luta e organização” das mobilizações populares em 1917 no Rio Grande do Sul.

Além da conjuntura de crise econômica, os operários gaúchos também agiram em reflexos as mobilizações nos outros estados do centro do país (alguns historiadores apontam inclusive as primeiras noticias da Revolução Russa como motivadores das mobilizações proletárias). Aqui no sul destaca-se o papel dos militantes anarquistas, dos operários da Viação Férrea, a Liga de Defesa Popular de Porto Alegre, o Comitê de Defesa Popular em Pelotas.

Cultura combativa e luta de classes: De nada adianta haverem conjunturas de acirramento das contradições, crises econômicas etc.; estes “momentos” de crise somente proporcionam ações de caráter reivindicativo e de acúmulo revolucionário se houverem ambientes e cultura popular com “identidade de classe” que saibam aproveitar estas conjunturas e acirrarem as lutas. Destacamos o papel de incansáveis militantes, abnegados na luta de classes. É fundamental o nível de conscientização, o grau de mobilização e capacidade de organização do movimento social no que se refere a sua ação política e social. Estes elementos estão inter-relacionados.

No inicio do século XX, foi de muita importância a participação dos anarquistas e do sindicalismo revolucionário no sentido de construção de uma cultura de combate, ação direta e de mobilização permanente. Muitas das várias entidades do movimento operário brasileiro do período: os sindicatos por ramos e ofícios, as ligas e uniões operárias, as federações estaduais, a Confederação Operária Brasileira (fundada em 1906) estavam sob forte influência dos anarquistas. Implementavam um sindicalismo revolucionário na maioria das entidades que tinham condições de estabelecer hegemonia política: Consideravam que o sindicalismo não deveria envolver-se na disputa eleitoreira da “democracia burguesa”, não deveria atrelar-se à partidos políticos, em fim, preconizavam a independência de classe em relação à agenda burguesa e aos patrões. Seus métodos eram os da ação direta e a greve geral com propósitos revolucionários, orientados a um objetivo de construção de uma nova sociedade socialista e libertária, ou como eles diziam na época: comunismo libertário (anarquista).

Os militantes operários buscavam abarcar todos os espaços possíveis do cotidiano da família proletária. Além do companheirismo nos locais de trabalho, de passarem as mesmas dificuldades, sofrerem juntos os mesmos problemas: salários baixos, jornadas cansativas e insalubridades – os militantes operários (anarquistas) proporcionavam através dos sindicatos, centros de cultura social, escolas e universidades populares, jornais, teatros, piqueniques, em fim, várias oportunidades de cultura, lazer e luta. Assim construíam uma “cultura de classe” e identidade de luta permanente. No Rio Grande do Sul muitos dos militantes de 1917 foram “formados” nas escolas racionalistas mantidas pelos militantes libertários.

A conjuntura e crise: O Brasil inseriu-se na 1º Guerra Mundial como fornecedor de gêneros alimentícios às populações civis e às tropas da “Entende”. As exportações de bens de primeira necessidade cresceriam de forma acelerada a partir de 1915. O aumento das exportações dos gêneros de primeira necessidade deslocou uma parcela ponderável da produção tradicional que era voltada para o mercado interno, e passou a atender as demandas externas. O preço dos produtos acabou encarecendo para o consumo interno – dos brasileiros. A esta ascensão dos preços correspondiam salários nominais estanques e a política oficial de “apertar os cintos”, a freqüente instituição de contribuições “pró-pátria” descontados em folha e outras formas de socializar a crise. Portanto, a elevação do custo de vida fez-se acompanhar do declínio constante do salário real.

Abaixo está reproduzido um quadro que procura demonstrar quantitativamente a industrialização e o número de operários no Brasil, três anos após a Greve de 1917. No levantamento de informações, é a representação mais próxima que podemos ter da realidade daquele ano.

Estatística Industrial – 1920.
Estado Número de estabelecimentos Número de Operários
Distrito Federal 1.451 56.229
Minas Gerais 1.243 18.552
Rio de Janeiro 454 16.794
Rio Grande do Sul 1.773 24.661
São Paulo 4.145 83.998
Demais Estados 4.180 75.278
Total 13.336 275.512

Observamos que o Rio grande do Sul em 1920 ocupava o segundo lugar em relação aos outros estados no tocante ao número de indústrias e o terceiro em relação ao número de operários.

No Rio Grande do Sul, durante a Primeira Guerra Mundial, instaura-se um processo de substituição de exportações, concentrando no setor de bens de consumo não-duráveis: têxteis, calçados, bebidas, produtos alimentares, etc. Ou seja, a elevação dos preços dos gêneros de primeira necessidade se deu graças à produção voltada para o mercado externo. Os principais compradores dos nossos produtos eram os países em Guerra. Produzíamos para alimentar as potências em guerra e o nosso povo passava fome. A expansão industrial dá-se à custa da intensificação da força de trabalho: a jornada de trabalho situava-se entre 10 e 12 horas diárias nas fábricas, oficinas e construção civil: no comércio têm-se notícia de jornadas diárias ainda mais prolongadas. Também era alta a percentagem de mulheres e crianças empregadas em fábricas. O trabalho feminino e infantil percebia uma remuneração ainda mais baixa do que o trabalho operário masculino adulto.

Estatística Industrial do Rio Grande do Sul (1905 – 1919)
Ano Número de Fábricas Capital (contos de réis) Produção (contos de réis) Operários Força Motriz
1905 314 49.200 99.780
1908 314 14.434 99.778 15.426
1915 2.787 101.586 220.551 29.617 25.969
1916 9.477 119.801 265.963 38.488 30.930
1917 11.787 142.792 371.707 52.444 37.583
1918 12.770 155.556 399.718 58.680 43.230
1919 12.950 160.000 420.000 65.000 43.600

Demonstra-se através do quadro acima, que houve um elevado crescimento econômico (em todos os sentidos: número de indústrias e operários inclusive) no ano de 1917, em relação à tendência de crescimento ano a ano verificada no período.

Fica claro que a crise era para as classes mais baixas, os trabalhadores e operários em geral. Alguém estava lucrando com a conjuntura de Guerra e crise “econômica e social”: a burguesia industrial.

Sobre Porto Alegre o quadro que segue é bem interessante, podemos ver que nos anos próximos 1917 o número de oficinas, era bem maior do que o número de indústrias. Mostra assim outro perfil do período. Demonstra que a classe operária não era formada por “proletários” industriais de linhas de produção, mas com mestre de ofícios, artesãos, aprendizes de artesãos, etc.

Anos Número de Fábricas Número de oficinas
1908 100 18
1907 126 24
1908 112 38
1909 117 33
1910 129 37
1911 154 149
1912 180 172
1913 180 172

O censo de 1920 registrou em Porto Alegre um total de 179.263 habitantes, porém a população economicamente ativa era de 53.178 pessoas. Este número subestima demais a realidade, pois muitos trabalhadores que participavam da economia urbana não apareceram nos registros oficiais. A economia informal, que naquela época era representativa, está fora dos registros estatísticos. Destes trabalhadores aferidos, 74,7 % eram nacionais e 25, 3 % eram estrangeiros.

Destaca-se no quadro acima, a representação gráfica do proporcional de habitantes em Porto Alegre e os trabalhadores economicamente ativos. Outro destaque é possível fazer quanto à questão do papel do imigrante no movimento operário do período. Percebemos a mínima quantidade da representação imigrante – cerca de um quarto do total de trabalhadores, e os trabalhadores de nacionalidade brasileira representavam três quartos do proletariado. Na greve de 1917, a maioria dos militantes operários, como já dissemos, conviveu e foi “formada” nas ações políticas e culturais do próprio movimento operário. Eram em sua maioria militantes nascidos no Brasil, e gaúchos. Podemos considerar também, que embora não tenhamos dados sobre o total da população do Estado e o número de operários, pode-se ter uma idéia a partir do momento que Porto Alegre era, junto com Rio Grande e Pelotas, as cidades com um maior número de oficinas e indústrias.

Distribuição setorial do pessoal economicamente ativo (1919) Número de pessoas Proporção
Indústria 16.880 31,7%
Transporte 4.189 7,9%
Comércio 12.458 23,4%
Agricultura 9.390 17,7%
Exploração do subsolo 171 0,3%
Administração/prof. liberais 10.090 19,0%
Total população economicamente ativa com profissão definida
53.176
100,00%

Luta e organização: As organizações operárias no rio Grande do Sul começam a surgir nas últimas décadas do século XIX. Destacamos um ponto importante neste aspecto que é a constituição de organizações operárias esparramadas por todo interior do Estado. Pode-se ver no primeiro congresso operário, no ano de 1898 a participação de várias cidades como: Porto Alegre, Rio Grande, Pelotas, Alegrete, Cruz Alta, entre outras. Assim destacamos que existiam organizações operárias em Alegrete, Uruguaiana, Quarai, Livramento, Dom Pedrito, Bagé, São Francisco de Assis, São Gabriel, Santa Maria, Passo Fundo, Cachoeira do Sul, etc.

A redução no nível e condições de vida, o agravamento nas condições de existência do operariado durante a Primeira Guerra atingiu seu clímax no ano de 1917. O descontentamento se generaliza no meio operário e seus efeitos começam por São Paulo. A partir do mês de junho eclodem várias greves que se alastram e ampliam no mês de julho. Atingiram seu ponto alto entre os dias 12 e 15 de julho, quando se forma um Comitê de Defesa Proletária que negocia aumentos salariais.

As notícias da “Greve Geral” chegam pela imprensa, noticiando a paralisação dos operários de São Paulo, Distrito Federal, Rio de Janeiro, Curitiba, etc. No Rio Grande do Sul a greve de 1917, de acordo com Silvia Petersen, em termos organizativos foi obra da Liga de Defesa Popular, pois a FORGS, pouco ou nada fez para mobilizar os trabalhadores. A greve foi fruto da insistência de grupos de operários, militantes que tomaram para si a responsabilidade de organizar os trabalhadores. A pesquisadora Silvia Petersen aponta que em nota publicada na imprensa, a FORGS declara que: “(…) não cogita de greve, tendo até mesmo se esforçado junto às associações que lhe são federadas para que esta capital nada venha sofrer na sua tranqüilidade.” Sobre este aspecto relacionado à participação da FORGS, também colabora Adhemar Lourenço da Silva Jr . Destacando que: “Há indícios de que os cargos da diretoria da Federação Operária não eram então ocupados por anarquistas e que tais militantes eram inclusive contrários a uma greve geral.” Estes “tais militantes” a que se refere Adhemar, só para ficar bem claro, eram os não anarquistas. Existia no entanto a União Operária Internacional, organização anarquista que se empenhava pela greve. No dia 26 de julho começa a ocorrer alguns incidentes. Operários da viação Férrea percorrem a linha propagando a greve. No dia 30 de julho era feita uma convocação assinada pela União Operária Internacional marcando uma concentração pública para o outro dia na Praça da alfândega. No final desta concentração ao clamor e gritos de Greve! Greve! – foi eleita uma “Liga de Defesa Popular”. Os principais organizadores da greve em Porto Alegre, eram membros da Liga: Luis Derivi, secretário do sindicato dos pedreiros, carpinteiros e classes anexas e o líder tipógrafo Cecílio Vilar, o qual entre outras coisas afirma:

“…mas o momento não é para conciliações, é de luta. A luta mais justificável, a luta pela vida. Os operários devem se erguer como um só homem, para sair às ruas e conquistar o pão que nos está sendo roubado e a fim de protestar contra a exploração de que é vítima a classe trabalhadora (…)

À noite a Liga reuniu-se e divulgou uma nota, com uma a seguinte pauta:

  1. Diminuição dos preços dos gêneros de primeira necessidade em geral;
  2. Providências para evitar o açambarcamento do açúcar;
  3. Estabelecimento de um matadouro municipal para fornecer carne à população a preço razoável;
  4. Criação de mercados livres nos bairros operários;
  5. Obrigatoriedade da venda do pão a peso e fixação semanal do preço do quilo;
  6. A intendência deve cobrar pelo fornecimento da água 10 % sobre os aluguéis e reduzir para 5% as décimas dos prédios cujo valor seja inferior a 40$000.
  7. Compelir a companhia Força e Luz a estabelecer passagens de 10 réis de acordo com o contrato feito com a municipalidade;
  8. Aumento de 255 sobre os salários atuais;
  9. Generalização da jornada de 8 horas;
  10. Estabelecimento a jornada de 6 horas para as mulheres e crianças.”

No dia 1º de agosto uma comissão é recebida por Borges de Medeiros que iria estudar as reivindicações operárias. Naquele inicio de agosto, Porto Alegre viveu momentos de empolgação revolucionária, pois a Liga de Defesa Popular constitui-se num verdadeiro poder paralelo, expressão de um “poder popular”. A força da Liga de Defesa Popular é bem ilustrada nos casos dos Salvo-condutos. Instituições, repartições púbicas, empresários além é claro, dos operários que recorriam à Liga de Defesa Popular para tratarem de assuntos de gestão da cidade e de algumas empresas que procuravam permissão da Liga. Nenhum veículo pôde circular sem salvo conduto.

Houve confrontos entre os operários e a brigada militar, como é possível afirmar a partir da pesquisa de João Batista Marçal , na biografia de “Djalma Fettermann, a bomba que assustou os brigadianos”:

Djalma Fettermann teve uma atuação importantíssima na Greve geral de 1917 e nos movimentos que precederam e sucederam, principalmente nas ações de rua, contra a policia e os fura-greves. Adepto da ação direta, juntamente com Reinaldo Geyer e Zenon de Almeida, aperfeiçoou um dispositivo de detonação de bombas que aterrorizou a brigada militar.

Além desta referência a enfrentamentos com a policia, o livro sita vários outros exemplos referentes a estes fatos da greve de 1917 em Porto Alegre.

“Concentração de grevistas na Rua da Praia por ocasião da greve de julho de1917”, este é o comentário abaixo da foto. A pesquisadora Sandra J. Pesavento , acrescenta: “Piquetes de operários cruzavam as ruas com praças da policia administrativa e da Brigada Militar, que patrulhavam a cidade.” Segue ela: “as ruas onde se situava o alto comércio da capital, onde nos dias normais era intenso o movimento, se encontravam paralisadas (Correio do Povo, 03/08/1917).”

No dia dois Borges de Medeiros baixa dois decretos atendendo boa parte das reivindicações feitas pela Liga de Defesa Popular: O Decreto 2.287 estipula aumentos salariais para todos “proletários ao serviço do Estado”, enquanto o decreto 2.288 regula a exportação de produtos alimentícios do estado. Segundo Miguel Bodea “Um veículo, portando, uma bandeira branca com as iniciais da Liga, L.D.P., estampadas em vermelho, percorria as ruas da cidade. A Liga concitava os operários a não voltarem ao trabalho, apesar das concessões já obtidas pelo governo estadual.” Na noite do dia 3 de agosto, o chefe de polícia Firmino Paim Filho comunica à Liga que as reivindicações dos operários serão atendidas. No dia 4 de agosto o Intendente municipal José Montaury Leitão baixa o Ato 137, estabelecendo o tabelamento de preços de gêneros de primeira necessidade com preços reduzidos ou tabelados: arroz, banha, açúcar, cebola, erva-mate, ovos, leite, pão, salame, manteiga, sal, charque, querosene, vela de sebo, massa branca, milho, fósforo, polvilhos, etc. Também é reeditado o Ato 107, de 1914, que regula as normas de venda de carne verde. Cedendo à pressão do movimento operário quase todas as firmas concedem aumentos de 25% e jornadas de trabalho de 8 horas. Alguns dos acordos seriam depois descumpridos. No dia 05 de agosto a Liga de Defesa Popular resolve encerrar a greve (em Porto Alegre). Porém permaneceram em greve os operários cujos patrões não tinham concedido a diminuição da jornada de trabalho e o aumento salarial. No boletim de 05 de agosto da Liga de Defesa popular lemos: “…examinando as conquistas feitas pelo proletariado local no atual movimento e o alcance das medidas tomadas pelos poderes públicos … cessa o motivo da greve geral e a Liga de Defesa Popular aconselha a volta ao trabalho a todas as classes que julgarem conveniente. Aos que quiserem prosseguir em greve, por não terem conseguido seu objetivo, a Liga e a Federação Operária hipotecam sua solidariedade…”

Para listar as categorias e cidades em que trabalhadores gaúchos aderiram as greves de 1917 utiliza-se o levantamento feito por Silvia Petersen “Relação das Greves no Rio Grande do Sul” :
Ano/duração: 1917 – 30 de julho/ 9 de agosto.
Local: Santa Maria, Bagé, Livramento, Carazinho, Porto Alegre, Gravataí, Cruz Alta, Julio de Castilhos, Passo Fundo, Caxias, Pelotas, Santa Cruz, Rio Grande, São Leopoldo, Montenegro, Caí, Cachoeira, Cacequi, São Gabriel, São Jerônimo, D. Pedrito.
Categorias: Operários da Viação Férrea.
Motivos: Aumento Salarial, jornada de 8 horas, Semana Inglesa.
Observações: Dela participaram todos os municípios servidos pela Viação Férrea.

Ano/duração: 1917 – 01 a 05 de agosto.
Local: Porto Alegre
Categorias: Condutores de veículos e motores, empregados da Cia. Força e Luz, tipógrafos, estivadores, chapeleiros, operários do estaleiro Mabilde, empregados da Cia Telefônica, empregados moinho Rio-grandense, empregados das casas de Domingos Felippeto e Caetano Fulginatti, operários da fabricação de tamancos, empregados da destilaria Scalzilli, empregados da fabrica Castor, empresa de carruagens, União de ferros, Casa Singer, Victor Fischel, alfaiates, Gerdau, Cia Fabril Porto Alegrense, carpinteiros e marceneiros, Usina elétrica municipal e Cia Fiat Lux.
Motivos: Custo de vida e aumento Salarial
Observações: Vitória Parcial

Ano/duração: 1917 – agosto?
Local: Montenegro
Categorias: Operários da Fábrica de banha de J. A. Renner.
Motivos: Aumento de salário: jornada de 8 horas, solidariedade com companheiros de Porto Alegre.
Observações: Conseguem aumento salarial.

Ano/mês/duração: 1917 – 8 a 20 de agosto.
Local: Pelotas
Categorias: Motorneiros e condutores de bondes elétricos.
Motivos: Aumento Salarial, diminuição da jornada.
Observações: Greve Geral coordenada pela Comissão de Defesa Popular.

Ano/duração: 1917 – 8 agosto.
Local: Caxias
Categorias: Empregados de Amadeu Rossi.
Motivos: Aumento salarial, diminuição da jornada.
Observações:

Ano/duração: 1917 – agosto.
Local: Jaguarão
Categorias: Estivadores
Motivos: Aumento Salarial
Observações: Vitória

Os ferroviários haviam se adiantado ao movimento e no dia 31 de julho pela tarde começa a greve nas estações de Porto Alegre, Santa Maria, Pelotas, Rio Grande, Bagé, Gravataí, Passo Fundo, Couto, Cacequi e Rio Pardo.O inspetor geral da VFRGS Mr. Cartwrigth, começa a despedir funcionários e solicita a intervenção das tropas da 7ª Região militar. No dia 2 de agosto é feita a ocupação da estação de Santa Maria. Em represália os operários arrancam trilhos, derrubam pontes e bloqueiam a via com os dormentes e postes telegráficos em vários pontos do estado. Em Passo Fundo ocorrem violentos choques entre ferroviários e as forças militares. No dia 5 termina a greve dos ferroviários devido a forte intervenção militar. O movimento retorna em 1918.

Em alguns núcleos urbanos do interior ocorreram conflitos bem mais sérios dos que ocorreram na Capital. Em Pelotas, segundo maior núcleo urbano do Rio Grande do Sul (60 mil habitantes na época) o poder público resolveu o enfrentamento aberto ao movimento operário. A greve começa em 04 de agosto com várias categorias entrando em greve, e em atitude semelhante à de Porto Alegre e São Paulo criaram o Comitê de Defesa Popular. No dia 10 de agosto o movimento se radicaliza:

Uma passeata realizada no centro da cidade culmina com um comício na Praça 7 de julho. Durante o comício ocorre a violenta intervenção da policia, provocando tiroteios entre policiais e grevistas. A seguir intervém o 11º regimento de cavalaria: o conflito degenera em verdadeira batalha campal, que terá como resultado vários feridos.

Os operários se concentram na sede da Liga operária e novamente a polícia se envolve. Os operários resistem à ação da polícia que busca prendê-los e fechar a sede operária. O chefe de polícia tem seu cavalo abatido a tiros pelos operários e um funcionário da intendência municipal é mortalmente ferido. Depois de muita resistência os operários são finalmente desalojados da sede da liga operária. Ocorre uma radicalização cada vez maior das lutas e os operários de orientação anarquista, em boletins proclama: “companheiros! Não vos qualifiqueis: companheiros se já tendes título rasgai-o a fim de não dar a esses régulos o vosso voto. (…)”

O chefe de polícia da capital é deslocado para Pelotas em 12 de agosto para mediar a situação. No dia 15 de agosto a greve termina com a baixa dos preços dos gêneros de primeira necessidade.Também houve greves importantes em Rio Grande, Passo Fundo, Santa Cruz, Montenegro e Bagé.

A origem dos vários direitos que os trabalhadores possuem hoje, foram conquistados na luta, no enfrentamento contra os patrões e o governo. Quanto à greve de 1917: destacamos a conquista por algumas categorias das 8 horas de trabalho diárias e para Porto Alegre ficou o começo das “Feiras Livres” que existem até hoje.

Depois das mobilizações de 1917 o governo de Borges de Medeiros desencadeou uma série de ações de repressão, perseguição, prisões, deportações e morte de militantes operários anarquistas em porto Alegre e no Rio Grande do Sul. Conseguiu assim diminuir a influencia destes militantes e dessa ideologia de luta no seio do movimento operário, além de outros fatores conjunturais das décadas seguintes. Em relação às mobilizações de Julho/agosto de 1917, percebemos:
– Que a classe operária representava um número relativamente pequeno em relação ao restante da população, principalmente em relação ao interior do estado (além de visualizarmos as limitações operárias em um Estado eminentemente agro-pecuário, percebemos a força do proletariado em vergar o governo e os patrões );
-Que esta classe operária não era composta em sua maioria de operários industriais, mas sim de pequenos artesões e mestre de ofícios – de oficinas, inclusive no interior do Rio Grande do Sul (a formação da classe operária, como já demonstrou E. P. Thompson, não é um derivado automático das estruturas econômicas, nem fruto da grande indústria moderna);
– Que a pauta de reivindicações contemplava questões que abarcavam as demandas daqueles setores que não apareciam na economia formal, ou seja, as demandas da população excluída do mercado de trabalho: moradia, transporte, preço dos gêneros alimentícios, etc. (traz naquela época, a preocupação da articulação das lutas dos oprimidos, como vivenciamos atualmente, porém não tiveram possibilidades de articular a luta camponesa e os trabalhadores rurais /Contestado/ – De acordo com o pesquisador Jorge Telles de Rosário do Sul, algumas tentativas foram feitas com Honório Lemes em 1923 mas não surgiram efeito);
– Que a mobilização grevista foi fruto de um processo acumulativo da cultura política operária, seus métodos de luta eram alicerçados na orientação anarquista;
– Papel fundamental dos organismos de gestão populares criados tanto em São Paulo, quanto em Porto Alegre e Pelotas (cabe aprofundar estudos sobre estas iniciativas e tecer paralelos com propostas de Poder Popular);
– Deixa claro a necessidade de um instrumento político anarquista que implementasse a partir de uma estratégia revolucionaria, táticas de luta na condução, na articulação e unificação das lutas – assim como preparar-se para a conjuntura de perseguições aos militantes operários que viriam a seguir.

Notas Bibliográficas:
* Este trabalho é uma introdução ao tema – GREVE GERAL DE 1917 – a partir de uma revisão bibliográfica.
Graduado em História, URCAMP/Alegrete – 2000. Especialista em Gestão Educacional – URCAMP/Alegrete -2002. Mestrando PPG – História PUCRS/POA – 2007. E-mail: arpcorrea@bol.com.br
2 BODEA, Miguel. A Greve de 1917: As origens do trabalhismo gaúcho.L&PM, POA, s/d;p.21. Tem quadro com números. Ver outras fontes.
3 REICHEL, Heloisa J. A Industriali2zação no Rio Grande do Sul na República Velha. In: RS; Economia e política; por Guilhermino César e outros. Org. Hildebrando Dacanal e Sergius Gonzaga. S ed. Porto Alegre. Mercado Aberto, 1993.p.267.
4REICHEL, Heloisa J. A Industriali2zação no Rio Grande do Sul na República Velha. In: RS; Economia e política; por Guilhermino César e outros. Org. Hildebrando Dacanal e Sergius Gonzaga. S ed. Porto Alegre. Mercado Aberto, 1993.p.17.
5 BODEA, Miguel. A Greve de 1917: As origens do trabalhismo gaúcho.L&PM, POA, s/d;p.25.
6 PETERSEN, Silvia Regina Ferraz. “Que a União Operária Seja Nossa Pátria!”: hitória das lutas dos operários gaúchos para construir suas organizações. Santa Maria: editoraufsm; Porto Alegre: Ed. Universidade/UFRGS, 2001. p329.
7 SILVA Jr. Adhemar Lourenço. A bipolaridade política rio-grandense e o movimento operário (188? – 1925). Estudos Ibero-Americanos. PUCRS, v.XXII, n.2, dez.1996, p.19. Faz-se necessário incluir, mesmo que em “nota”, os importantes estudos do Professor Adhemar Lourenço Silva Jr. Professor Adhemar possui várias pesquisas sobre a classe operária gaúcha, com destaque para os acontecimentos de1917. É indispensável o estudo de seu trabalho inclusive para percebemos as contradições que ocorriam no próprio movimento e no fazer-se da classe operária e “movimento anarquista”.
8 BODEA, Miguel. A Greve de 1917: As origens do trabalhismo gaúcho.L&PM, POA, s/d;p.31.
9BODEA, Miguel. A Greve de 1917: As origens do trabalhismo gaúcho.L&PM, POA, s/d;p.32.
10 MARÇAL, João Batista. Os anarquistas no Rio Grande do Sul: anotações biográficas, textos e fotos de velhos militantes da classe operária gaúcha. Porto Alegre, EU/ Porto Alegre, 1995.p.76.
11 PESAVENTO, Sandra Jatahy. O espetáculo da Rua. 2 ed. Porto Alegre: Ed. Universidade/UFRGS, 1996. p.82.
12 Ibidem, p.41.
13MARÇAL, João Batista. Os anarquistas no Rio Grande do Sul: anotações biográficas, textos e fotos de velhos militantes da classe operária gaúcha. Porto Alegre, EU/ Porto Alegre, 1995.p.46.
14 PETERSEN, Sílvia R. Ferraz. As Greves no Rio Grande do Sul. In: RS; Economia e política; por Guilhermino César e outros. Org. Hildebrando Dacanal e Sergius Gonzaga. S ed. Porto Alegre. Mercado Aberto, 1993.p.290.
15 BODEA, Miguel. A Greve de 1917: As origens do trabalhismo gaúcho.L&PM, POA, s/d;p.47.
16 BODEA, Miguel. A Greve de 1917: As origens do trabalhismo gaúcho.L&PM, POA, s/d;p.48.

Bibliografia consultada:
BODEA, Miguel. A Greve de 1917: As origens do trabalhismo gaúcho.L&PM, POA, s/d.
MARÇAL, João Batista. Os anarquistas no Rio Grande do Sul: anotações biográficas, textos e fotos de velhos militantes da classe operária gaúcha. Porto Alegre, EU/ Porto Alegre, 1995.
PESAVENTO, Sandra Jatahy. O espetáculo da Rua. 2 ed. Porto Alegre: Ed. Universidade/UFRGS, 1996
PETERSEN, Sílvia R. Ferraz. As Greves no Rio Grande do Sul. In: RS; Economia e política; por Guilhermino César e outros. Org. Hildebrando Dacanal e Sergius Gonzaga. S ed. Porto Alegre. Mercado Aberto, 1993.
PETERSEN, Silvia Regina Ferraz. “Que a União Operária Seja Nossa Pátria!”: hitória das lutas dos operários gaúchos para construir suas organizações. Santa Maria: editoraufsm; Porto Alegre: Ed. Universidade/UFRGS, 2001.
REICHEL, Heloisa J. A Industriali2zação no Rio Grande do Sul na República Velha. In: RS; Economia e política; por Guilhermino César e outros. Org. Hildebrando Dacanal e Sergius Gonzaga. S ed. Porto Alegre. Mercado Aberto, 1993.
SILVA Jr. Adhemar Lourenço. A bipolaridade política rio-grandense e o movimento operário (188? – 1925). Estudos Ibero-Americanos. PUCRS, v.XXII, n.2, dez.1996.

Fonte: www.anarkismo.net

Anarcopunk foi assassinado pela polícia em Oaxaca

Na madrugada de 26 de junho o companheiro anarcopunk Salvador Olmos “Chava” respondeu a um chamado para resguardar a rádio comunitária “Tu’un Ñuu Savi” da qual era colaborador, e que se encontrava em alerta em razão de uma possível agressão. Nessa mesma madrugada o companheiro foi detido, torturado e assassinado pela polícia municipal de Huajuapan de León, em Oaxaca.

A caminho da rádio “Chava” ainda fez uma pichação que dizia “queremos obras públicas, não remodelações de fachada” nos muros do recém construído “Hemiciclo a Juaréz”.

Minutos depois Salvador foi detido pela patrulha 004 da polícia municipal. Depois da detenção, Salvador não foi apresentado ante o Ministério Público ou qualquer outra autoridade municipal. Seu corpo foi encontrado sem vida e com claros indícios de tortura por volta das 04h40 da manhã, na região de Las Huertas.

https://soundcloud.com/subversiones/cronica-del-asesinato-de-salvador-olmos-chava

Salvador Olmos “Chava” foi promotor e pioneiro do movimento anarcopunk em Huajuapan, colaborador da rádio comunitária e sempre se mostrou solidário com os diferentes movimentos sociais e culturais, organizando atividades autogestionárias, debates, conversas libertárias e oficinas.

imagpro zine

Desde o momento que o projeto do “Hemiciclo a Juaréz” foi divulgado e iniciado, “Chava” manifestou seu desacordo em razão da quantidade de irregularidades que apresentava a obra, assim como o gasto público de maneira geral.

Até o momento as autoridades municipais não avançaram em esclarecer o assassinato. Os familiares seguem esperando que se faça justiça nesse caso. O assassinato do companheiro nas mãos da polícia se soma à larga história de abuso de autoridade e impunidade no estado de Oaxaca e em todo o país.

Ante tais fatos, dezenas de pessoas convocadas pelo Bloco Libertário de Huajuapan realizaram um ato em memória de “Chava”. Depois de marchar pelas ruas da cidade, chegaram ao citado “Hemiciclo” onde Salvador realizou a pichação que desencadeou sua detenção e posterior assassinato, local no qual realizaram alguns grafites e acenderam barricadas em memória de Salvador.

Fonte, mais fotos: http://subversiones.org/archivos/124366

Tradução > Liberto

Conteúdo relacionado:

https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2016/06/29/mexico-policia-assassina-salvador-olmos-ativista-libertario/

agência de notícias anarquistas-ana

o pouso silente
da borboleta de seda
celebra a manhã

Zemaria Pinto

L1004467

MG_6416MG_6578

Policia invade a ocupa Auditorio Che no méxico

Nuestrx amigx-hermanx Pier secuestradx por el Estado Mexicano:
El dia 31 de Julio recién pasado la okupa Auditorio Che ubicada en la universidad UNAM en DF Mexico, fue objeto de confusos insidentes orquestados por los guardias del reciento. Varios compas fueron detenidxs. golpeadxs y entregados a la asquerosa policia. Al pasar los días todxs fueron liberadxs luego de imponerse una altisima suma que se deberá recaudar antes de 15 días pues la Universidad solicita por medio de un proceso judicial el pago de daños a propiedad privada o en su defecto prisión efectiva. Sin embargo, nuestro compa no fue liberado, sino que trasladado al Centro nacional de Migración “Las agujas” donde se encuentra incomunicado, negandosele incluso la atención telefónica. Si bien esta siendo apoyado por un abogado solidario, por la Cruz negra y varias individualidades, en este punto estamos muy preocupadxs, pues desde hace dos días no permiten que la persona autorizada entre a visitarle.
El día de ayer, la negativa fue porque no era día de visita, además de que comentaron que Migración tiene de uno a quince días hábiles para resolver su situación jurídica. Situación que en teoría esta resulta (según información del abogado y del cónsul de $hile ) planteando claramente que Pier no será deportado, pues el motivo de su detención no tiene nada que ver con otros motivos o situaciones que legalmente ameritarían una deportación.
Sin embargo el día de hoy al intentar entrar a la visita los compas fueron informados que no se podía acceder nuevamente, argumentando que Piere fue llevado a una “diligencia”; sabemos, que esto no fue en ningún momento notificado al abogado que esta llevando el caso y tampoco al Cónsul.
La información que hasta el momento han dado es muy poca y contradictoria.
El Centro Nacional de Migración a pesar de que su nombre no se evidencia es en realidad una cárcel mas, con todo lo que conllevan estos centros de exterminio,
Es por lo cual hacemos un llamado a solidarizar y difundir esta información con objeto de visibilizar la situación de Pier y obtener respuestas claras lo antes posible.
Llamamos a mantenerse atentos pues se estarán realizando actividades para recaudar fondos.
*Si quieres un canal más directo para solidarizar económicamente puedes comunicarte con la cruz negra anarquista México.
*Para mayor información al mail fanzinoteka@riseup.net

Por la libertad inmediata de nuestrx compa Pier
Fuego a la cárcel y a las Universidades!!!!

13880250_1777376405807359_8676068859935694089_n 13887098_1777376472474019_4752469518634792938_n 13892233_1777376459140687_1824552908661603686_n 13892259_1777376505807349_3753982491061611532_n 13895102_1777376465807353_3794992213927909976_n 13902630_1777376499140683_9087676634657627062_n 13920679_1777376495807350_2228430030529624947_n 13920707_1777376435807356_6845948555008034597_n 13920754_1777376452474021_4804892362812625353_n

Nueva Información sobre la situación de los compas de la okupa Che en DF México:

Siendo 05 / 08 Los seis compas que habían sido apresadxs por el estado Mexicano se encuentran en libertad, los 5 chicxs okupantes de la Che salieron libres debiendo comparecer en 15 días más con una suma exorbitante para no realizar prisión efectiva. Mientras que nuestrx amigx y compa Pier <3 fue puesto hoy en libertad siendo retornado a Chile anoche a las 23:00 hrs arribando esta mañana a las 7 AM a Santiago, golpeado y malogrado , pero firme y sin miedo!
Por supuesto estamos contentos!, pero ahora toca seguir solidarizando con los compas que deben reunir el monto de chantaje que el sucio Estado exige.
Por lo que anticipamos que estarán circulando bonos solidarios y se realizarán actividades de las que pronto circularán afiches Kutre Punk!
Porque la solidaridad no es solo palabra
Fuego a la cárcel y a las Universidades!!!!

Carta de Piere, una ves deportado 
Aclaración de los hechos ocurridos en mexico
Este domingo 31 de Julio fuimos detenidos 6 jóvenes dentro de las instalaciones de la Universidad autónoma de México, luego de ser golpeados y torturados por funcionarios internos de seguridad de la Unam. Debo aclarar que este hecho no es un hecho aislado ya que se debe a la constante persecución y acoso que recibe el espacio de trabajo autonomo y autogestivo llamada Okupa Che.
Después de dos días de estar detenidos dentro de las instalaciones del ministerio publico nombrado Camarones, los 6 jóvenes fuimos puesto en libertad, bajo la condición de pagar la suma de 40.000 pesos mexicanos, dentro de un plazo de 15 días, para conseguir la libertad absoluta. en mi caso por ser extranjero y encontrarme sin pasaporte en ese momento, fui dirigido hacia las instalaciones de migración llamado Las Hagujas, donde permanecí detenido e incomunicado de mis cercanos desde el martes en la tarde. Estando encerrado en este lugar a mis amigos se les fue negada la entrada y la posibilidad de entregar mi pasaporte solo con el objetivo de entorpecer mi procedimiento, donde todo momento los chicos se encontraron afuera preocupado por mi situación, diciéndoles que yo me encontraba en diligencias preocupando mas a mis amigos al negarles entregar informacion sobre mi.
Después de dos días de llevarme seguido hacia el hospital y mantenerme hay varias horas sin ser atendido, el jueves por la noche al devolverme hacia migración me encontré con la sorpresa que el carro se dirigió hacia el aeropuerto, explicándome que solo iban a cargar un celular, después de varias horas retenido dentro de una camioneta, llegan agentes de migración para decirme que seré retornado a mi país, sin explicarme bien las razones y motivos por lo cual seré devuelto a este podrido pais llamado $hile.
Las razones de esto son mas que claras y obvias, criminalizar el hecho de que me estaba desenvolviendo dentro de un espacio antiautoritario y autonomo, que me quedo mas que claro con las constantes preguntas hechas por la policía tanta mexicana como $hilena por mi relación con este espacio y el movimiento okupa.
Después de 8 horas de vuelo fui entregado a policía de investigación (si la maldita PDI) donde seguía el acoso por pertenecer a espacio okupados, dándome la libertad alrededor de las 7:30 de la mañana, dejándome a mi suerte dentro del aeropuerto, donde me vi en la necesidad de pedir dinero para llegar a santiago, para así poder tomar un bus hacia Valparaiso.
Una vez ya en Valparaiso me fui hacia mi lugar de seguridad y pude reencontrarme con mis amigxs/cercanxs/hermanxs/compas, quienes fui como una sorpresa ya que nadie sabia de mi situación ni como me encontraba en ese momento. Hoy ya en la tranquilidad de un hogar, me doy la libertad de aclarar estos hechos y agradecer a todos aquellos quienes se preocuparon por nosotros y nuestra situación.
Puedo decir en este momento que me encuentro bien, solamente golpeado, pero que el dolor no se debe a su brutal golpiza, si no mas bien al hecho de separarme de mis compañeros con quienes compartí grandes momentos y sentimientos. Pero que quede claro que nuestro rebelde e indomitxs corazones no se dejaran doblegar ni por las mas brutales palizas ni los constanes acosos que se reciben a diario. Nunca daremos el brazo a torcer, ni aquí ni en ningún lugar.
Solo queda decir para despedirme, mucha gracias a todas las personas a quienes constantemente estuvieron preocupados por nuestra situación, a los chicxs que estuvieron fuera del ministerio publico día y noche sin importar la lluvia, la tristeza, el frio y la angustia. A quienes a pesar de ser la mayoría liberados, no dejaron de preocuparse por mi y estuvieron presente todos los días que me encontré detenido en migración, sin dejarme solo por ningún momento a pesar de yo no poder verlos (no daré nombres pero ustedes saben muy bien quienes son). Gracias de corazón a todos ellos. También a las personas que desde la distancia se preocuparon por nuestra situación y se movilizaron y se siguen movilizando para ayudarnos en todo lo que fuera posible.
Esta semana estaremos moviendo bonos para poder juntar dinero para enviar a nuestros compas mexicanos en forma de solidaridad por lo que están pasando, estos pueden ser comprados a mi directamente o con la gente del Komedor Vegetariano.
Que la solidaridad destruya las fronteras.
Basta de Represión y Hostigamiento de los espacios autónomos y okupados.
Fuego a todas las cárceles y universidades
Por la constante revuelta e insurrección de nuestras vidas
A cuello contra toda autoridad
Sin miedo a la muerte.
Abrazos apretados y besos mojados a todos los compas del Okupa che, los extrañare, pero pronto nos volveremos a ver, ustedes saben bien claro que siempre guardaran un lugar dentro de este indomito corazón.
un maldito punx llamado pier
seguiremos molestando
seguiremos siendo punx!

Biblioteca Käos

Salve Companheirxs e amigxs.

Os projetos que se constroem desde uma posição de confronto e conflito percorrem por águas de constante mudança e inovação. A biblioteca Kaos, desde o início, ao se construir num espaço okupado, tinha esta possibilidade e escolha.

Faz uns dias, chegou até nossa porta a ordem de desalojo da casa onde moramos e onde levamos diante a biblioteca, a farmacinha natural, e muitas outras atividades, conspiras e encontros. O despejo foi marcado para o dia 4 de agosto de 2016 as 8 da manhã, com uma ordem judicial e a disposição da polícia para fazer efetiva a reintegração da posse.

Este ano, outras duas ocupações foram desalojadas, a Semente e a Kuna, Outras nasceram, e outras resistiram às tentativas de desalojo com várias estratégias. O contexto está ficando mais e mais opressivo para a okupação, porem isso também significa, como bem foi dito por um compa da okupa Nadir, que as okupações são um perigo para a dominação.

Nós não vamos fazer nenhum tipo de negociação judicial. Para nós a okupação era e é parte da proposta política do espaço e vamos manter essa posição.  Acreditamos que a okupação é uma pratica de confronto contra o capitalismo e a dominação, em conseqüência, legalizar uma prática subversiva não vai ser a nossa resposta. Também não vamos a usar o caminhão, os empregados de mudanças, nem as ferramentas que anunciaram nos darão. As mãos dos que oprimem não vão escrever nossos destinos.

DSC0118_large

O dia 4 de agosto, quinta feira, às 8 da manhã, vamos estar aqui, preparadxs para o confronto. Não vamos deixar a biblioteca antes desse dia. Vamos defender a Kaos, nosso espaço de expansão da anarquia.

Convidamos a todxs que lutam contra a dominação, e se sentem afins pra lutar e dar uma força ao espaço, a nos apoiar com sua presença desde a rua.

Pelas Okupações em conflito, a única resposta… o confronto!

Um desalojo, outra okupação!

Okupa e resiste!

Biblioteca Kaos

kaos-003

——————————————————————————————————————–

Sobre o desalojo da biblioteca Kaos

Galera. Companheirxs, amigxs…

Antes de tudo, estamos bem…

O dia do desalojo passou, e esperando que baixe a poeira, queremos dar um salve a todxs xs compas que estiveram com nós, que são parte da Kaos e com quem continuaremos caminhando juntxs.

Também queremos compartilhar os gestos de solidariedade que tem voado até nós nos fortalecendo nestes momentos. Nosso companheirismo anárquico vai se construindo com estes atos, com estas afinidades, e com este estar juntxs traspassando as distâncias, os idiomas e as fronteiras.

Em breve estaremos contando como foi nossa “despedida” do espaço e lhes convidando a nossa próxima atividade.

Com espaço, sem espaço, seguiremos incomodando!

Biblioteca anárquica Kaos (5 de agosto de 2016)

Komotini, Grécia: Afixação de cartazes e faixa em solidariedade com a Biblioteca KAOS

Chile: Solidaridad con la Biblioteka Kaos de Brasil

Solidariedade desde Tessalônica pela biblioteca Kaos e Aggeliki Spiropoulo, recebida no email:

De algum lugar….

Heraklion, Ilha de Creta: Solidariedade incendiária com as Okupas

“Você Não É Punk”


Foto por David Titlow.

Não tenho qualquer tipo de lealdade ao punk como forma de música. Nunca tive. O punk como eu conhecia tinha um propósito político. O que é classificado como música “punk” hoje em dia é algo absolutamente vazio e covarde.

Eu realmente acredito que se não fosse pelo Crass e o movimento que cresceu dele, o punk só seria lembrado como uma velha senhora fazendo a pantomima do rock and roll; as mesmas velhas atitudes vestidas com uma fantasia diferente. Os Pistols com certeza não fizeram nada mais radical do que o Elvis Presley, a única diferença é que o Elvis lidava melhor com as drogas do que eles.

O Crass queria mudar o mundo e, em certos aspectos, mudamos, mas não chegamos nem perto do que tínhamos nos proposto. Queríamos minar as instituições do Estado e tudo que elas representavam. Fomos muito longe para fazer isso. A ostentação rock and roll de ter uma banda era simplesmente a plataforma que usávamos.

O que fizemos como ativistas foi muito mais importante para nós do que a música. Estávamos sempre procurando um jeito de ir além de ser apenas uma banda. Em nossa história, tivemos negócios e desentendimentos com todo tipo de gente: o Baader Meinhoff, a KGB, a CIA, o IRA, M16, Margaret Thatcher. É só dizer um nome, todos eles tentaram. Quando você compara isso a tocar num palco, você vê aonde a gente estava. Acho que nosso interesse em tocar era secundário.

O punk nas mãos do mundo do entretenimento é uma farsa absolutamente sem sentido. Isso não significa nada. Claro, o rock pode ser divertido, você pode ter uma noite legal, mas o que isso tem a ver com o punk? Todas essas bandas punks reformadas e grandes gravadoras gostam de pensar que são punks, o que é OK para dar umas risadas, mas não faz sentido imaginar que isso tem alguma coisa a ver com o que o punk realmente significa. O punk era um modo de vida, não uma modinha pop.

Se você tem uma banda, você vai ter que se comprometer até certo grau com sua imagem pública, e a única maneira de fazer isso é manter uma frente pessoal. No final, descobrimos que era impossível manter essa frente, o que é uma das razões para termos parado em 1984. Bem orwelliano.

As letras, músicas e a imagem do Crass estavam envolvidas com a política global, mas, no final das contas, acho que o efeito que tivemos nas pessoas foi mais na política pessoal delas. O punk costumava ser um grito contra a desigualdade e a injustiça, mas acabou incorporado ao mainstream. Detesto as pessoas que permitem que essa incorporação aconteça. Isso me deixa puto. De novo, de novo e de novo, você ouve a juventude expressando sua voz. De novo, de novo e de novo, você vê essa voz destruída por drogas, autoindulgência, idiotice e gente vendida. É triste.

Mas, além de tudo isso, você tem que seguir acreditando nas possibilidades, acreditando que as pessoas querem algo melhor da vida, vendo algo além da feiura, vulgaridade, crueldade e exploração; algo que tenha um significado, que tenha uma conexão. Mas toda vez que parece haver uma possibilidade de isso acontecer, ela é esmagada. Foi assim com o The Clash. Todo mundo ficou empolgado porque finalmente tinha alguém falando de política e dizendo coisas como “I’m bored with the USA” e daí, no mês seguinte, o que eles estavam fazendo? Eles estavam cheirando cocaína e fazendo shows enormes nos Estados Unidos: valeu, caras.

As pessoas são sempre decepcionadas por seus heróis, mas acho que isso é culpa delas. Elas não deviam ter heróis, mas essa é a sociedade em que vivemos: grandes heróis, pessoas pequenas. Claro, reconheço que tem gente que nos vê como heróis, mas essas pessoas perderam nossa mensagem central: “Não há autoridade além de você mesmo”. No entanto, sei pelas cartas que continuamos recebendo do mundo todo, que muitas pessoas são motivadas profundamente e do jeito certo, não por meio de seus bolsos, mas de suas almas. Isso porque não estávamos dizendo: “Venham, comprem nosso maldito disco”, não, estávamos tentando fazer com que as pessoas percebessem que a vida delas era importante, que era a única que elas tinham e que elas deveriam vivê-la do jeito delas, seja lá qual fosse.

Oferecíamos informação, e acredito que boa parte dessa informação era real e correta. Quando digo correta quero dizer que isso apresentava algo de valor, algo a que as pessoas pudessem se apegar e dizer, “É, talvez eu possa fazer algo da minha vida”. A coisa que queríamos ajudar as pessoas a entenderem era um senso de autonomia e autenticidade da alma humana individual. Assim como a alma é constantemente exigida na mídia, para ser minada com drogas, por dentro e por fora; mas no final, isso é a única coisa que realmente temos. Como personalidade, somos apenas uma série de declarações escolhidas em nossa jornada pela vida, e, infelizmente, isso se torna o que achamos que somos. Mas por baixo de tudo isso, temos algo com que nascemos, algo com que morremos, algo que existe além do tempo, que é nossa alma interna profunda. Acho que estou falando de um tipo de imortalidade. Para mim, o propósito da vida é se conectar com essa alma, porque quando nos juntamos a ela, nós nos tornamos parte do contínuo da vida. Se existimos como entidades separadas, como personalidades individuais, não há realidade na vida, nem continuidade além disso.

Há uma conexão entre todo mundo, e todos nós respiramos, comemos, dormimos e temos uma alma que permite que façamos isso. É tudo muito óbvio e natural. Esse é um ponto de partida, e era isso que estávamos (bom, pelo menos eu estava) tentando promover por meio do Crass. Sim, as letras do Crass tinham muito a ver com “a bomba” ou “o Estado”, mas o que nossa música estava dizendo era “veja além de tudo isso, onde você se encontra?”. Se você pode fazer isso, se você pode encontrar sua alma, você se conecta com toda a humanidade, com toda a vida.

Todos nós nos existimos numa realidade de mentiras e traições cotidianas, e ninguém nunca vai conseguir achar um sentido nisso. É por isso que precisamos nos abrir para a ternura, o silêncio, a contemplação. Precisamos encontrar nossa própria alma dentro dessa bagunça. Deixamos que nos tornassem produtos, peões do mercado. A única maneira de sair disso é perceber que nossa personalidade, a própria coisa que achamos que somos, não é nada além de uma fantasia de ideias. Todos gostamos de pensar que somos alguém especial, então, dizemos as palavras certas, vestimos a coisa certa; mas tudo isso é apenas projeção, tudo irrelevante.

Mas fora isso, acredito que as pessoas querem se conectar. No fundo, elas estão cansadas de ser apenas uma ideia de si mesmas. É por isso que as pessoas procuram por mais, é por isso que elas fazem sexo, por isso que usam drogas, por isso cometem excessos. Elas provavelmente não vão encontrar a resposta dessa maneira, mas todas querem se conectar. As pessoas querem saber se estão vivas, mas vamos encarar a verdade, numa sociedade de consumo, isso não é trabalho fácil.

PENNY RIMBAUD

fonte: anarcopunk.org

Okupa La Turbina

Okupa y resiste compxs

“PANAS TENEMOS LA INFORMACION VERIDICA ACERCA DE LA SITUACION DE LA KSA OKUPA LA TURBINA… El motivo de la detencion es por: INVACION A LA PROPIEDAD PRIVADA (LO QUE ES FALSO PORQUE LA SITUACION LEGAL DE LA CASA SE ENCUENTRA EN LITIGIO). ADEMAS SE LES ACUSA POR RECEPTACION (LOS INSTRUMENTOS EQUIPOS CAMARAS Y DEMAS OBJETOS SON DE ” DUDOSA PROCEDENCIA”) LO CUAL TAMBIEN ES FALSO PORQUE ES PERTENENCIA DE TODXS LXS QUE HEMOS OKUPADO EL ESPACIO ASISTIENDO Y DANDO TALLERES COMPARTIENDO MUSICA IDEAS Y SABERES SIN FINES DE LUCRO
CABE DECIR QUE EN EL ALLANAMIENTO NO SE ENCONTRARON NINGUN TIPO DE DROGA NI ARMAS AUNK CONOCEMOS LA LABOR DEL ESTADO Y SUS FORMAS DE REPRESION Y AUTORIDAD. POR LO MISMO NOS MANTENEMOS EN PIE DE GUERRA Y CON LAS IDEAS CLARAS DE QUE EL ESPACIO HA SIDO UN MEDIO PARA COMPARTIR Y CONFLUIR CON QUIENES HEMOS SENTIDO AFINIDAD E INTERES POR LAS ACTIVIDADES QUE SE HA LLEVADO A CABO. NUESTRA ESCENCIA INDOMITA ESTA LATENTE!!!! por aki se comunicara la informacion veridica de la situacion. Son 14 detenidos. si alguien tiene fotos o algo que de constancia de las aktividades realizadas compartanlas con este comunicado.”

57630100a8206Aki a noticia em um dos meios sensacionalistas de desinformação:

http://www.elcomercio.com/actualidad/desalojo-jovenes-molinoselcenso-operativo.html

Un beso, cincuenta muertos

Era noche de fiesta y fue de sangre. La masacre de Orlando es la suma de todos los odios contra los que oponemos nuestros cuerpos disidentes, sudacas, travas, maricas, tortas, cada vez que salimos a la calle tiznados de brillo y abrigados de besos. Nuestros besos disidentes, aquí y allá, dan espanto. Escribe Marta Dillon.

Manifiesto_MartaDillon_masacreOrlando

Dolor y rabia. Todas las palabras que fluyen y las que no fluyen están atravesadas por el dolor y la rabia. Los nombres de las víctimas, sus rostros, sus barbas candado sobre la piel marrón, y los rostros que no vemos, los de los pocos nombres femeninos que quedaron ocultos detrás de la palabra “gay”, que siempre quedan ocultos detrás de esa palabra. ¿Habrá sido Kimberly una lesbiana? ¿Habrá sido Shane una trans? ¿Cuántas trans perdieron su nombre con su vida? ¿Amanda era Amanda o su nombre era en masculino hasta que una bala se llevó su pulso y dejó a la intemperie su cadáver y su documento? La masacre de Orlando es la suma de todos los odios contra los que oponemos nuestros cuerpos disidentes, sudacas, travas, maricas, tortas, cada vez que salimos a la calle tiznados de brillo y abrigados de besos. Era noche de salsa y de merengue, de bachata y reguetón, noche latina, una noche para que disfruten quienes saben que sus vidas valen menos aun en Orlando donde el español o el espanglish es lengua mayoritaria, esos cuerpos racializados saben que  importan infinitamente menos que los blancos, mucho menos aun si no cumplen con la heterosexualidad obligatoria. Era noche de fiesta y fue de sangre. Y un hilo de rabia y dolor se tensa a lo largo del continente y con los nombres que empiezan a aparecer de las víctimas de Orlando recitamos también los nuestros, los que sabemos porque comunitariamente rescatamos del olvido: Pepa Gaitán, Diana Sacayán, Noelia Ruiz –trava asesinada en Mendoza la misma noche en que masivamente dijimos ¡Ni una menos!. Y los que no sabemos pero nos debemos, los diez cadáveres apilados después de que un macho entrara a disparar en un boliche queer de Xapala, en México; otras dos travestis asesinadas en este país a los largo de mayo, cada adolescente que se suicida en silencio porque no tolera la máquina de violencia de la heterosexualidad obligatoria aun con matrimonio igualitario, aun con los gestos lavados mil veces del supuesto “gay friendly”.

No en nuestro nombre. Nuestros besos espantan y también por eso nuestros besos son tan dulces. Nuestros besos disidentes, nuestros aquí y allá, dan espanto. Los nombró el padre del asesino, dijo que el espanto latía en el dedo de su hijo cuando apretó el gatillo aunque esto se intente sepultar bajo el nombre del país de origen –Afganistán- del padre en cuestión, detrás de una posible vinculación con el Estado Islámico, en busca de nombrar éste como un acto terrorista que pueda ser reprimido con más policías, invasiones armadas, militarización de la vida cotidiana, más odio racializado contra musulmanes. Vaya oportunidad que encontraron para decir ahora que no importa si eran putos, travestis, trans o tortas los cuerpos que faltan, ahora resulta que somos todos. Justo en el mes del orgullo lgbtiqp, justo a tiempo para militar las marchas, para meter miedo a quienes estaban preparando sus brillos para salir a la calle, cuidado que pueden dispararte. Nunca importamos pero ahora sí podríamos servir para cerrar fronteras, poner a salvo valores occidentales, bañar de sangre otros territorios. No en nuestro nombre, nuestras luchas, las de los cuerpos disidentes, están enlazadas con las luchas de todos y todas los oprimidos.  No hay orgullo en el odio al islam. Y sí nos importa qué clase de vidas fueron amputadas: eran vidas disidentes, eran maricas, travas, trans y tortas; esas que dan espanto porque a pesar del dolor seguimos bailando, porque sabemos tanto de la pérdida que cada vez que nos besamos en plena calle y a la luz del día o de la discoteca estamos mellando un poco más el cielo de la normalidad que insiste en nombrarnos como diversidad, como excepción que confirma la regla de a cada hombre una mujer y a cada mujer su media naranja que si no quedará sola y a la deriva, media mujer sin destino.

a-solidao-do-homem-negro-gay-300x200No es fobia. Nuestras vidas siempre fueron relatadas mayoritariamente por el diagnóstico o la judicialización. Se habla de homofobia y de xenofobia, pero se trata de odio. Las fobias están descriptas en los manuales médicos o psiquiátricos, el odio es lo que campea en la calle, lo que se lee en el cuerpo de las y los masacrados. Qué importa si el asesino era de origen afgano o había coqueteado con el fanatismo religioso, era sobre todo era un hijo sano del patriarcado que ya había descargado su violencia contra la mujer con quien se había casado. No es un monstruo, es un hombre que supo escuchar lo que la sociedad susurra en su oído: que hay un modo correcto del estar en el mundo, que contra lo que te da miedo se puede disparar –y comprar armas en el gran país del norte es tan fácil como llevarte un café del starbuck. Que el “estilo de vida” se defiende con sangre, que la paz se conserva con muerte. No hablemos más de fobias, no hay medicación ni tratamiento para esto. Lo que hay es un sistema heterosexual, patriarcal, capitalista que pretende modelar nuestros deseos –y tantas veces lo consigue-, que otorga privilegios a los varones blancos, privilegios que no se resignan y que se suponen naturales, que nos obliga a organizar la vida cotidiana en la lógica de la acumulación de objetos, prestigio y supuesto amor filial para que sigamos reproduciendo fuerza de trabajo y buenas anteojeras que impidan mirar al costado, sentir empatía con el dolor, conjurar la tristeza con pastillas. Hablemos de odio. Lo que susurra este sistema en el oído de los ejecutores es odio, lo que pone en sus manos convirtiendo a las armas letales en un objeto más de consumo es herramientas de disciplinamiento que tal vez después se disparen contra ellos mismos pero con el acto de descontar unos cuerpos más que desde antes no contaban ya consumado. ¿Qué diferencia hay entre esto y el paraíso prometido por el Estado Islámico para quienes den su vida por la causa? Ninguna. El asesino de Pulse no hizo más que realidad los sueños clandestinos de tantos y tantas que odian todo aquello que podría poner en riesgo la seguridad de que hay un “estilo de vida” en el que estar a salvo de las revoluciones posibles del deseo.

Sobre las lágrimas, nuestros besos. Las imágenes del duelo llegan rápido desde el norte hasta este confín helado, las redes sociales las reproducen igual que reproducen las respuestas airadas de quienes no van a cuadrarse en la lógica punitivista que busca capitalizar nuestro dolor para seguir armándose y alimentando el odio. Despertar no fue fácil el domingo, la noche del sábado todavía me rodeaba con sus brazos, habíamos compartido el primer fes-teje de la Colectiva Lohana Berkins, en la boca tenía bordados los besos dados y los recibidos, en el cuerpo los abrazos. Travas, maricas, tortas, trans, bailamos y cada vez que tomamos aliento se escuchó el grito de “Justicia por Diana Sacayán” y la memoria en el “¡presente!” por Lohana Berkins. En los cuerpos de las dos el odio y la exclusión podían leerse cuando las despedimos, desgarrados nuestros corazones y nuestras comunidades. Y sin embargo de esas ausencias esa fiesta, del silencio de sus voces esta organización que cada vez que toma la calle deja huella. La noticia de la masacre de Pulse fue un baño de lágrimas sobre el rastro de las caricias de madrugada. Y enseguida hubo comunicaciones urgentes, enseguida los hilos que nos atan empezaron a tensarse entre quienes nos sentimos parte de esas comunidades disidentes de la heterosexualidad obligatoria que sigue preguntando a niños de cuatro años si ya tienen noviecita como si fuera un juego inocente. Estas comunidades en las que me inscribo sabemos del dolor, sabemos de velorios tempranos, sabemos del odio y sabemos sobre todo de la potencia del deseo. Ese que nos hace reír cómplices aun frente a los cadáveres amados porque sabemos que así honramos sus trayectorias vitales, besándonos sobre la muerte, bailando contra el miedo, abrazándonos muy fuerte, aquí y allá porque todo lo que tenemos es a nosotr*s, un tejido amplio y abierto que no marca género, que no termina de nombrarse como comunidad en singular porque todavía está tejiendo sus redes pero que sí sabe nombrar a quienes faltan y no vamos a permitir que ahora se diluya nuestro dolor en un duelo políticamente correcto. No. Estos muertos, estas muertas, las reconocemos como propias.

Y por ellas y por ellos volveremos a besamos, con furia y con deseo, porque viv*s nos queremos.

Imagen de portada: © Hernán Marina, Abrazo (naranja), 2012, Tubos de neón 9 mm, 92 x 97 cm, Edición 2/3. Gentileza Galería Henrique Faria Buenos Aires.

Foto de interior:

www.geledes.org.br/solidao-e-falta-de-esperanca-do-preto-gay/

Fonte: www.revistaanfibia.com

atirar de volta

Represión en Oaxaca

Tras noche de represión en Oaxaca, semana será de movilización en todo México

Represion-Oaxaca-11deJunio-6

Por Renata Bessi y Santiago Navarro F.

El día sábado 11 de junio del año 2016 aproximadamente a las 11 de la noche, más de 1000 elementos de la policía estatal desalojaron con lujo de violencia a los profesores del sindicato de los profesores de la sección 22, pertenecientes a la Coordinadora Nacional de los Trabajadores de la Educación (CNTE). Los docentes se encontraban en plantón frente a las instalaciones del Instituto Estatal de Educación Publica de Oaxaca (IEEPO) como exigencia para que se instale una mesa de negociación con el gobierno federal para discutir la Reforma Educativa implementada en México. Los profesores de la CNTE están en paro desde 15 de mayo.

Los agentes de la policía atacaron a los profesores por diversos puntos disparando las cápsulas de gas lacrimógeno de forma frontal hacia los profesores. Mientras tanto, los docentes se reorganizaron inmediatamente, junto con vecinos y jóvenes anarquistas, quienes resintieron con piedras y barricadas. Tras la represión, los maestros se reorganizaron en el Zócalo de la ciudad, donde se mantiene el plantón desde hace más de 20 días.

En el centro histórico se fueron concentrando vecinos, padres de familia, amigos y familiares de los profesores. Inmediatamente levantaron barricadas para resistir un posible desalojo del plantón en el Zócalo. La solidaridad se hizo presente rápidamente con botellas de agua, refrescos, café y música.

El segundo desalojo no ocurrió pero los profesores se mantienen en alerta máxima, hay riesgo de desalojo a cualquier momento.

https://vimeo.com/170358399

Intensificación de las movilizaciones

Después de la fuerte represión, en rueda de prensa en la mañana de este domingo, representantes de la comisión política de la Sección 22 afirmaron que no van a aceptar una reforma educativa impuesta por el Estado. “Sabemos que el sistema de educación necesita de cambios, pero exigimos participar de estos cambios”, dijo uno de los representantes.

Sostienen además que están en el camino correcto, están en el camino de la defensa de la educación pública, gratuita y laica. “Desde la Costa hasta la Sierra estaremos dando el combate. Peña Nieto no sabe que nosotros, pueblos originarios, tenemos una ley que es de hermandad, de unidad. Tú y tú reforma nefasta no llegará hasta Oaxaca. Cercaremos la ciudad si es necesario, tomaremos acciones determinantes y contundentes para defender nuestra educación”, afirma un representante de la comisión.

De acuerdo con representantes de la comisión política, padres de familias y maestros de todo el estado se están dirigiendo a la ciudad de Oaxaca para reforzar el movimiento.

Además, en todo el estado e incluso en la ciudad de Oaxaca se registraron movilizaciones y apoyo al movimiento magisterial en este domingo, 12 de junio.

Acción coordinada

El desalojo se produjo después de que por la tarde un equipo de fuerzas especiales detuvo en la ciudad de Tehuantepec a Francisco Villalobos Ricárdez, secretario de organización de la sección 22 de la CNTE, por robo en 2015 de libros de texto gratuito propiedad de la Secretaría de Educación Pública, hechos en los que además resultó lesionada una persona. En la madrugada del mismo domingo de la represion en Oaxaca, se ejecutó la orden de detención del Secretario General de la Seccion 22, Rubén Núñez, por supuesto uso de recursos de procedencia ilícita.

En las primeras horas de este domingo 12 de junio fueron trasladados al Centro de Readaptación Social Número 11 localizado en Hermosillo, Sonora.

Próximos días

Abajo están las determinaciones de la CNTE, quién convocaa todos los trabajadores de la educación a generalizar la Huelga Nacional Magisterial en todo el país:

– Considerando que el epicentro de esta jornada de lucha es la capital del país, incorporar al mayor número de compañeros al plantón nacional representativo de la CNTE que se encuentra en la Plaza de la Ciudadela en la Ciudad de México.

– Continuar exigiendo la mesa central de negociación.

– Fortalecer y consolidar el proceso de trabajo de la Comisión Nacional de Intermediación.

– Libertad inmediata e incondicional al Compañero Francisco Villalobos Ricardez, Secretario de Organización y a Rubén Nuñez Ginés, Secretario General, ambos de la Sección 22 de Oaxaca.

El plan de acción:

– Recorridos políticos en caravanas motorizadas en el país y brigadeo en la zona metropolitana.

– Domingo 12 de junio, conferencias de prensa en todos los estados.

– Lunes 13 de junio, bloqueos carreteros en todo el país y en la Ciudad de México mitin-concentración. Reunión de dirección política Nacional 20h.

– Martes 14 de junio, información, volanteo y boteo en plazas y mercados públicos. En la CDMX a partir de las 12h valla humana en defensa de la educación pública y la estabilidad laboral contra la represión del Estado y exigiendo la mesa central de negociación. A las 16h recibimiento en el antimonumento a los 43 la marcha del FASU que parte del Ángel de la Independencia.

– Miércoles 15 de junio, bloqueos y mítines en las empresas transnacionales.

– Viernes 17 de junio, marcha nacional magisterial popular en defensa de la educación pública a las 16h del Ángel de Independencia al Zócalo de la CDMX. A partir de las 10h, visita a las embajadas de diferentes países.

– Sábado 18 de junio, Asamblea Nacional Representativa Ampliada 10h en la Sección IX democrática, sede nacional de la CNTE.

– Domingo 19 de junio, reunión de articulación mayor con trabajadores de la ciudad y el campo 10h en la Sección IX democrática sede nacional de la CNTE.

Una version de este texto fue publicada en Subversiones

Fonte: avispa.org

20 anos da Morte de Urubu

(anarquista da região dominada pelo estado argentino)

CE2

Intentando siempre hacer aportes a la lucha anarquista, es que buscamos rescatar y al mismo tiempo mantener intacta nuestra negra memoria, la que nos habla de compañerxs, grupos, acciones, que de un modo u otro determinan nuestro presente, pues nos consideramos continuidad historica, con nuestras innovaciones y nuestro contexto actual, de una lucha que no olvida ni traiciona.

En esta ocasión, y aunque la idea inicial era publicar este escrito el 6 de junio (fecha de la caida en combate del compañero), gustamos de compartir un escrito recordando a Sergio Urubu Terensi, anarquista que actuo en la región argentina.

Urubu nacio en la provincia de Santa Fe, a orillas del rió Paraná. Hijo de obrerxs, querido y recordado por muchxs compañerxs, no solo del ambito local, sino de otras regiones dado sus conocidos viajes.

El creia en cosas que nosotrxs no compartimos, o que tal vez en algun pasado creimos pero ahora no. Sergio era un anarquista inmerso en la mas amplia y difusa lucha social, comenzó en la época del gobierno de Alfonsin con diversas actividades culturales, profundizando sus planteamientos y sus posiciones, intervino en diversas obras de teatro callejero, (por ejemplo en una oportunidad se plantó en el centro de la Plaza de Mayo disfrazado de obispo en clara provocación a la iglesia y evidenciando su complicidad con los poderes de turno) militando a su vez de manera activa en la FORA (Federación Obrera Regional Argentina), organizando actividades de difusión y mas tarde participando en choques contra lxs milicxs, se acerco a lxs presxs de la Tablada (1) cuando desde todos los sectores solo había silencio en torno a ellxs, solidarizo con diferentes causas que hoy vemos como ajenas a la ofensiva anarquica, pero que en ese contexto de la realidad socio – política argentina (época de Menem/Cavallo), tenían otra connotación.

El creía en la revolución social, en el pueblo explotado, en lxs trabajadorxs, en el levantamiento de lxs pobres. Cosas, como mencionamos antes, de las cuales nosotrxs no creemos, y ademas criticamos y combatimos.

Sin embargo, eso no nos ciega la posibilidad de constatar su integridad como luchador, su coherencia, su dignidad y sus convicciones…hoy día tan carentes en muchxs compañerxs que discursos incendiarios y manos gélidas…

“Mientras que lxs políticxs roban a lo grande, nosotrxs vamos a la cárcel por nada…, morimos por nada, absolutamente por nada… por un “gatillo fácil” (2) planificado. Tenemos hambre de alegría, de dignidad: tenemos hambre de pasión, de amor, de justicia y de libertad… ¡tenemos hambre!”. Decía el compañero.

Urubu murio en combate un frio mes de junio del año 1996.

Cubriendo la retiradas de sus compañerxs durante el transcurso de una expropiación en la zona de Mataderos frente a la policia federal, que despues de balearlo lo dejo sin la mas mínima atención medica desangrándose en la calle. No podemos esperar menos de nuestrxs enemigxs, frente a ellxs solo odio y golpes certeros.

Por eso es a lxs individualidades refractarias a quienes va dirigido este aporte, buscando el potenciar nuestro presente, para que los hechos en vida y la sangre derramada de lxs que nos antecedieron no sea agua que se estanca, sino manantiales que fluyen con el correr de nuestras acciones.

Urubu fue consecuente hasta el final con sus elecciones, armado fue a buscar la libertad en la que creía, y pago con su vida por ella.

Olvidar también es traicionar.hqdefault

 “Aprendí aprender
a estructurar mi calma
soy un jaguar
jadeando el sol a la sombra
si este árbol ardiera
mi vida será un incendio
Saltando invisible entre los pajonales
daré un rodeo hasta cercarlos
voy a sorprender la espalda
de los que matan por la espalda”

 

¡COMPAÑERO URUBU PRESENTE!

imagesBFEVY0Z5

Colectivo de Agitación y Difusión Por la Anarquia

 

(1) El 23 de enero de 1989, diversxs integrantes de grupos guerrilleros de izquierda, esta vez nucleadxs en el MTP, atacaron y ocuparon parcialmente el regimiento militar de La Tablada, en la zona oeste de Buenos Aires. La acción se enmarcaba en un plan para evidenciar maniobras militares que apuntaban a recuperar los puestos de poder perdidos desde el fin de la dictadura reciente. En el hecho murieron 32 guerrillerxs (muchxs fusiladxs despues de ser desarmadxs o rematadxs en el piso una vez heridxs) y 11 defensorxs del orden actual (policias y militares). 13 de lxs participantes de esta acción pasaron largos años en las celdas del estado argentino.

(2) “Gatillo fácil” es un término acuñado principalmente por sectores de izquierda o coordinadoras antirepresivas de la región argentina para señalar la práctica sistematica de asesinatos que la policia lleva adelante sobre todo contra la parte de la población mas marginal, esto es jovenes de barrios marginales o villas de emergencia. El significado alude a la condena del homicidio en tanto la victima es inocente, y solo se le dispara por ser negro o marginal. Nosotrxs diferimos con esta terminologia pues creemos que  no hay “gatillo fácil” ni “gatillo dificil” o “blando” de parte del enemigo, solo armas dispuestas a dispararnos, no importa las razones, o si estas son justificadas o no por el codigo de convivencia de la sociedad vigilante. Por decirlo claro y con un ejemplo concreto, si solo nos posicionamos en contra del “gatillo fácil”, nada deberiamos decir del compañero Urubu, pues el cae en ocasión de un robo,al igual que tantxs otrxs seres valiosos (compañerxs o no), situación indefendible para todxs esxs defensorxs de los derechos humanos. Sin embargo, consideramos apropiado mencionarlo en el texto actual ya que contextualiza toda una epoca que se extiende claramente hasta el presente.

PUIG ANTICH

O ÚLTIMO ANARQUISTA A SER ASSASSINADO PELO GARROTE VIL EM ESPANHA

Salvador_Puig_Antich_02

Num dia como este (2 de março), em 1974, era barbaramente assassinado pelo Estado Espanhol o anarquista catalão Salvador Puig Antich. Foi o último preso do franquismo executado pelo método do garrote vil.

Puig Antich tinha 25 anos e pertencia ao MIL (Movimento Ibérico de Libertação), um grupo anarquista criado para apoiar a luta dos sectores mais radicais dos trabalhadores, nomeadamente através de métodos de acção directa.

Alvo de uma emboscada em Setembro de 1973, por parte da polícia, em Barcelona, Puig Antich e um companheiro resistem e tem lugar um tiroteio no qual Puig Antich acaba ferido e um guarda civil, Francisco Anguas Barragán, é morto.

Puig Antich é preso e acusado de ser o autor dos disparos que causaram a morte de Anguas Barragán e posteriormente julgado em conselho de guerra e condenado à morte por um dos regimes mais bárbaros de toda a Europa.

Em muitos países realizam-se manifestações e pedidos de comutação da pena capital, mas Franco mantém-se inflexível e não concede o indulto.

A 2 de Março de 1974, às 9:40 da manhã, numa cela da Cadeia Modelo de Barcelona Salvador Puig Antich é a última pessoa da história da Espanha a ser executada pelo garrote vil e mais um das muitas dezenas de anarquistas assassinados desta maneira pelo regime franquista.

No mesmo dia, embora alguns minutos antes, na prisão de Tarragona, também foi garrotado o alemão (da RDA) Heinz Chez, a quem não se conhecia qualquer actividade política, mas que foi acusado de matar um guarda civil. (aqui)

Em Portugal nos meios oposicionistas e de jovens libertários –a pouco mais de um mês do 25 de Abril de 1974 – o assassinato de Puig Antich causou também uma profunda consternação e revolta.

puig-antichUm ano depois, a 3 de Março de 1975 – para assinalar a morte de Puig Antich e em solidariedade com os trabalhadores espanhóis ainda sob o jugo franquista – realizou-se em Portugal uma manifestação promovida por diversos grupos e sectores anarquistas que juntou alguns milhares de manifestantes na baixa lisboeta.

Meses depois, na noite de 26 e madrugada de 27 de Setembro de 1975, quando foram fuzilados cinco outros antifascistas, presos pelo regime franquista, acusados de pertencerem à ETA e à FRAP (Frente Revolucionária Antifascista e Patriótica, maoista) muitos anarquistas participaram no assalto ao consulado e embaixada de Espanha em Lisboa, conjuntamente com militantes e simpatizantes de outras correntes políticas. O consulado na Rua do Salitre é destruído e a embaixada na Praça de Espanha é incendiada. As vidraças dos escritórios da Ibéria na Avenida da Liberdade e de outras empresas espanholas são estilhaçadas. Também no Porto houve uma manifestação de protesto junto ao consulado de Espanha, que foi reprimida a tiro e com gás lacrimogéneo por forças da PSP e do Exército.

Ainda nesse dia, em Évora realizou-se também uma manifestação antifranquista de protesto contra a execução dos cinco antifascistas.

sobre Puig Antich: http://www.soliobrera.org/pdefs/cuaderno3.pdf

Garrote vil  é uma peça, utilizada como instrumento de tortura, que provocava a morte lentamente, à medida que se vai apertando. O garrote era aplicado no pescoço da vítima, mantida imóvel amarrada a uma cadeira. Era frequemente utilizado em Espanha, onde a sua prática foi legal entre 1820 e 1978, altura em que foi abolida a pena de morte em Espanha.

Um exemplo de garrote vil

Garrote vil

RAFAEL BRAGA

SEQUESTRADO PELO ESTADO COM FLAGRANTE FORJADO NOVAMENTE

Segundo advogado e uma testemunha, jovem negro foi preso a caminho da padaria, torturado e ameaçado de estupro. PMs teriam colocado rojão e drogas com ele.

 

9705-rafael-braga-e-preso-com-novo-flagrante-forjado-diz-advogado

Via Ponte Jornalismo

Sequestrado pelo estado desde a grande manifestação de 2013 no Rio de Janeiro, o catador de latas Rafael Braga Vieira, de 27 anos, que, desde 1º de dezembro cumpria sua pena em regime aberto e usando uma tornozeleira eletrônica, foi preso por policiais militares da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da Vila da Penha, comunidade da zona norte do Rio, onde vive com sua família. Rafael se dirigia a uma padaria, por volta das nove horas da manhã de hoje, quando cinco PMs o abordaram com violência na rua conhecida como “Sem Terra”, próxima à casa de sua mãe.

“Os policiais já chegaram xingando, pondo a mão no peito dele, dizendo que ele era bandido, para ele falar logo que era bandido, e ele dizia que não, que era trabalhador”, conta o advogado Lucas Sada, do Instituto de Defensores de Direitos Humanos (DDH), que atua em defesa de Rafael desde dezembro de 2013. Segundo ele, os agentes o conduziram então a um beco, onde o agrediram com socos no estômago, apontaram-lhe um fuzil e o ameaçaram de diversas formas para que ele fornecesse informações sobre o tráfico local, a despeito de Rafael alegar repetidas vezes que nada sabia.

“Ameaçaram-no de estupro, dizendo ‘fala se não a gente vai te comer!’, e que iam ‘dar porrada’, matá-lo, que iam ‘jogar arma e droga na conta’ dele”, afirma Sada. Após as agressões, Rafael foi algemado e levado à UPP local, onde, também segundo o advogado, ainda sofreu deboches e levou um chute, já sentado no chão.

Em seguida, Rafael foi conduzido à 22ª Delegacia de Polícia (Penha). Somente ali, de acordo com o advogado, ele se deparou com 0,6 g de maconha, 9,3 g de cocaína e um rojão, cujo porte lhe foi falsamente atribuído pelos policiais que o prenderam. Ele foi autuado por tráfico de drogas, associação para o tráfico e colaboração com o tráfico. A audiência de custódia, na qual se decidirá se Rafael será preso preventivamente ou terá liberdade provisória, ocorrerá amanhã, segundo Sada.

Ação fraudulenta reforça caráter seletivo do sistema penal, diz advogado

Uma testemunha, que não será identificada por questão de segurança, afirmou que, no momento em que foi abordado e levado ao beco, Rafael não levava nada nas mãos e os policiais o trataram de forma violenta gratuitamente. Em seu depoimento, o catador de latas afirmou que tudo o que levava consigo eram os três reais com os quais compraria pães, a pedido de sua mãe, Adriana.

“Essa ação fraudulenta da polícia somente reforça o caráter seletivo do sistema penal, que identifica em um estereótipo a figura do criminoso. Rafael é um jovem negro, pobre, que estava numa região de varejo de drogas, usando chinelo, camiseta, bermuda e uma tornozeleira eletrônica à mostra”, afirma Sada, em entrevista à Ponte Jornalismo. “Ele carrega na pele esse estereótipo criminal, e ao ser confrontado e não dar aos policiais o que eles queriam, ele é uma vítima muito fácil para a criminalização, afinal, quem vai acreditar na palavra de um negro, pobre e reincidente? Uma seletividade classista e racista”, critica.

Para o advogado Thiago Melo, coordenador do DDH, a Súmula 70, do Tribunal de Justiça, “que possibilita que qualquer pessoa seja condenada criminalmente apenas por um depoimento policial”, é um complicador em casos como o de Rafael. “É uma súmula flagrantemente inconstitucional, e que provavelmente leva muitas pessoas a serem presas com base em depoimentos arbitrários de policiais, com prisões a esmo, com resultados que a polícia tenta construir de estatísticas em delegacias que não correspondem à realidade”, diz. “Acredito que muitas pessoas farão o raciocínio de ‘ah, mas tudo com ele é assim?’, mas, infelizmente, parece que tudo, com certas pessoas, é assim”, lamenta o advogado, referindo-se ao fato de Rafael estar sendo vítima de flagrante forjado pela segunda vez.

Fonte: http: anarcopunk.org

Mauricio Norambuena

Mauricio Hernández Norambuena, também conhecido como Comandante Ramiro, Rolando, José Miguel, Pepe, o vovô ou Tata tem sido um dos mais significativos Comandantes da Frente Patriótica Manuel Rodríguez.

Mauricio nasceu em 23 de abril de 1958 em Valparaíso. Em 1976, Maurício se junta à Juventude Comunista, durante a ditadura. Em 1981 vai para estudar Direito e Pedagogia em Educação Física na Universidade Arcis, mas em 1983 ele se juntou ao projeto Frente Patriótica Manuel Rodriguez, participando de sua fundação.

Entre as muitas ações que participou, de acordo com vários meios de comunicação, deve incluir: o ataque ao ditador Augusto Pinochet Ugarte (Setembro de 1986); o assassinato do ex-diretor de comunicações de Carabineros/Polícia (Dicomcar)  Coronel Luis Fontaine; o assalto para capturar los Queñes (1988) e do assassinato do ex-agente de segurança Roberto Fuentes Morrison, conhecido como Wally, conhecido torturador de homens e mulheres durante a ditadura.

Preso em 1993 no Chile é condenado a duas prisões perpétuas pela responsabilidade intelectual das ações da FPMR do início dos anos 90.

Os 30 de dezembro de 1996 às 15:45 horas, através de uma operação que envolveu o uso de um helicóptero, a FPMR resgatou Maurício junto com outros três membros da organização da prisão de segurança máxima, em Santiago. A fuga de Maurício e outros Rodriguistas fez o mundo todo comentar a fuga “cinematográfica”.

Em fevereiro de 2002, Maurício foi preso em São Paulo (Brasil) e é condenado pelo sequestro do publicitário Washington Olivetto a 30 anos de prisão.

Há mais de treze anos, o governo brasileiro tortura Maurício com regime prisional desumano conhecido como Regime Disciplinar Diferenciado – RDD.

A campanha internacional está apostando que o governo brasileiro não vai seguir torturando ou um outro País ofereça asilo político a alguém que deu sua vida para os outros.

brasil-tortura-mauricio-hernandez-norambuena

 

¡ Escreva agora a Mauricio Hernández Norambuena !

Aniversário: 23 de Abril 1958

fonte: Cruz Negra Anarquista – Rio de Janeiro

mais informações:

Maurício Hernandez Norambuena, preso subversivo, a 13 anos nas masmorras brasileiras, e a 8 anos no regime RDD, o infame regime brasileiro, similar ao FIES espanhol, a “cárcere dentro da cárcere”. Entre na página abaixo para mais informações sobre o caso e sobre seu histórico de luta. Uma forma massa de solidarizar é enviando cartas; segue o endereço:

Mauricio Hernández Norambuena
Penitenciária Federal de Porto Velho/RO
Av. Presidente Dutra, 2701, Caixa Postal 521
Porto Velho – Rondônia, CEP 76801-974
BRASIL

ou

para o correio electrónico: hernandezmauricio802@gmail.com

Visite o site!

https://libertadamauricio.wordpress.com/