ZUMBI só se for DOS PALMARES
Por políticas públicas inclusivas e cuidado em liberdade
O MNPR-RS (Movimento Nacional da População de Rua do RS) lançou neste dia 11 de julho uma contracampanha chamada: “ZUMBI só se for DOS PALMARES – Por politicas públicas inclusivas e cuidado em liberdade”
Porque uma contracampanha? Vivemos no Brasil desde meados de 2009 um bombardeio de campanhas contra o uso de crack utilizando zumbis para representar as pessoas que usam a droga. De lá pra cá são inúmeras noticias, vídeos e até intervenções nas ruas onde os usuários de crack são relacionados aos mortos vivos, seres que foram possuídos e já não são mais humanos, são monstros insaciáveis atrás da pedra e para isso são capazes de qualquer coisa. Zumbis não têm direito a nada, no videogame e nas séries de TV, zumbis precisam ser mortos com um tiro na cabeça! Essa é a ideia que estas campanhas passam diariamente a todas e todos nós.
E daí? Acontece que as pessoas que usam crack e até mesmo as que não usam, mas pelo seu modo de viver são associadas diretamente ao uso como as pessoas em situação de rua, têm sido alvo de crescente violência – mais discriminação, preconceito e estigma – afastando assim todas as parcas possibilidades do cuidado em saúde. O resultado disso são mais e mais ações de politicas higienistas, onde o “cuidado” oferecido são internações forçadas (compulsória nos termos técnicos e outras), onde a solução mágica é retirar as pessoas da rua e isolá-las em lugares trancafiadas e afastadas do olhar da sociedade. Isso já é sabido que tem uma baixa resolutividade, tornando-se uma porta giratória com custos altos e por isso gerando uma crescente onda de novas comunidades terapêuticas surgindo todos os dias, sendo que muitas vezes são alvos de investigações por manterem práticas de tortura e violações de direitos. Quando as pessoas saem de lá, não tem para onde voltar, retornando assim para as ruas, justamente porque os governos não oferecem outras políticas de inclusão a essas pessoas.
O que as pessoas que usam crack e outras drogas precisam? Primeiro a possibilidade de serem escutadas, de não serem vistas como seres sem vida, além de políticas públicas inclusivas como: moradia, geração de emprego e renda, educação, saúde, ou seja, acesso aos serviços como CRAS, CREAS, CAPS ad, serviços estes que estão cada vez mais precarizados em Porto Alegre e no estado do RS como um todo. Chega dos governos se utilizarem do uso de drogas como uma cortina de fumaça que mascara o que realmente eles devem fazer!
Por isso falamos de um outro Zumbi, líder de seu povo, símbolo de luta pela liberdade e autonomia de Palmares. Para o MNPR-RS, ZUMBI só se for dos Palmares!