Mulher negra e pobre, Maria quase nunca é lembrada por seus feitos.
Ela nasceu escrava, não se sabe bem o ano. Quando liberta, levou isso como o maior bem da vida. Moradora da Ilha de Itaparica, desde cedo trabalhava coletando mariscos. Aprendeu a lutar capoeira e se defender.
Maria queria um Brasil livre dos portugueses, responsáveis pela escravização do povo africano e da sua família. Após o grito de Dom Pedro I, portugueses resolveram atacar com armas.
Maria participava em defesa da Independência. Primeiro espiava a movimentação das caravelas e depois tomava uma jangada para Salvador, onde passava as informações para o Comando do Movimento de Libertação.
Cansada do papel de vigia, resolveu entrar no combate. Ela sabia que uma frota de 42 embarcações se preparava para atacar os lutadores na capital baiana. Então, convidou mais 40 companheiras para a ação.
Elas e as outras mulheres seduziram a maioria dos soldados e comandantes. Após leva-los para um lugar afastado, esperavam até que começassem a tirar as roupas. Quando finalmente os homens ficavam pelados, elas davam uma surra de cansanção (planta que dá uma terrível sensação de ardor e queimadura na pele), para depois incendiar todas as embarcações.
Essa ação foi decisiva para a vitória sobre os portugueses em Salvador, permitindo que as tropas vindas do Recôncavo entrassem sob os aplausos do povo, no dia 2 de julho de 1823.
Só que Maria Felipa foi além: continuou liderando um grupo armado e reindivincando direitos mesmo após o fim da guerra.
Na primeira cerimônia de hasteamento da bandeira nacional, após a derrota definitiva dos portugueses, na Fortaleza de São Lourenço em Ponta das Baleias, Felipa e seu grupo invadiram a Armação de Pesca de Araújo Mendes, um português rico, e bateram em um vigia, mostrando que as lutas da população itaparicana não haviam terminado.
Maria Felipa continuou sua vida de marisqueira e capoeirista, admirada pelo povo. Faleceu no dia 4 de janeiro de 1873.
Ela é citada por alguns autores, como Xavier Marques no romance “O Sargento Pedro”, e pelo historiador Ubaldo Osório em A Ilha de Itaparica. A professora Eny Kleyde Vasconcelos de Farias escreveu um livro sobre sua vida, intitulado ” Maria Felipa de Oliveira: heroína da independência da Bahia”.