Muita gente pensa que “Gaúcho” é quem nasceu no Rio Grande do Sul, porém esta informação não procede. Gaúcho é o caboclo do Pampa e da região platina, mestiço do indígena com o espanhol. Quem não tem ancestralidade nativa não é gaúcho, não importa onde tenha nascido. Outra evidência desse vínculo é o termo “china”, hoje deturpado como sinônimo de “prostituta”. Chinas eram as mulheres caboclas, que tinham a pele um pouco mais clara que as mulheres indígenas, mas tinham traços indígenas marcados, dentre eles os olhos puxados, por conta disso eram apelidadas de “chinesas” (“china(s)” em espanhol). Hoje, vemos pessoas que não tem ligação étnica e cultural alguma com os gaúchos se valendo de uma “tradição” criada na década de 1960 para se dizerem o que não são (e o que nunca serão). Quando os descendentes de italianos e alemães chegaram à região Sul, o Gaúcho já existia e estes (que hoje se reivindicam gaúchos) imprimiam nele o estigma de “bandoleiro”, “ladrão de gado”, “selvagem”, “xucro”, “não confiável”. A apropriação que eles fazem deste termo é incoerente e até injusta. Resgatar o sentido original de quem é o gaúcho não é só um ato de justiça histórica, é reaver um bem que foi usurpado de um povo que não está morto ou extinto, mas que re-existe no cholo e no caboclo do Sul (o verdadeiro gaúcho).